PF prende 14 por exploração de jogo do bicho eletrônico

RIO e RECIFE – A Polícia Federal desarticulou uma quadrilha que explorava o jogo do bicho eletrônico em seis estados. A quadrilha teria sonegado entre R$ 135 milhões e 140 milhões num período de cinco anos, apenas com máquinas caça-níqueis. Cerca de 200 policiais federais cumprem mandados de prisão e de busca e apreensão na Grande Recife, no Rio de Janeiro, na Bahia e em São Paulo. Catorze pessoas foram presas desde que a operação foi deflagrada. A quadrilha é especializada em lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e contrabando.

Entre os presos pela chamada Operação Zebra, está o empresário Carlos Alberto Ferreira da Silva, 48 anos, dono da rede de loterias eletrônicas Monte Carlo´s. Outra casa lotérica acusada de envolvimento no esquema é a Sonho Real. Na manhã desta quinta-feira, agentes prenderam o advogado Reniê Coelho, que estaria ligado a Carlos Alberto no esquema do jogo do bicho.

Policiais civis e militares de Pernambuco tinham forte participação no esquema. Segundo a PF, cabia a eles fazer a segurança das casas de jogos ilegais e da movimentação do dinheiro da organização.

– Desmontamos a maior rede de jogo do bicho eletrônico fora do eixo Rio-São Paulo – afirmou o superintendente da PF em Pernambuco, delegado Jorge Pontes.

Durante a operação, foram apreendidos um jato, um helicóptero, dois iates e 20 carros de luxo, entre eles um Porshe e dois BMW. A Justiça Federal determinou o bloqueio de dez imóveis do grupo em Pernambuco e em São Paulo. Os bens retidos pela polícia estão avaliados em R$ 50 milhões.

Segundo a PF, a quadrilha possui uma fábrica de máquinas caça-níqueis em São Paulo, que aluga os equipamentos para casas de bingo. A organização também é acusada de distribuir os equipamentos no mercado clandestino do jogo em São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

As investigações a respeito de Carlos Ferreira começaram em abril deste ano, quando ele foi detido no Aeroporto Internacional do Recife, vindo de São Paulo, com R$ 750 mil em caixas de papelão, mas o dinheiro não tinha origem comprovada. Uma perícia feita pela polícia em computadores do empresário mostrou indícios de que ele participava de uma organização criminosa acusada de contrabando, sonegação de impostos, corrupção de agentes públicos e lavagem de dinheiro. Os integrantes da quadrilha podem ser condenados a penas que variam de 6 meses a 12 anos de prisão.

Além do empresário, também foram presas outras dez pessoas: a ex-mulher de Carlos Ferreira, Terezinha de Jesus Bandeira de Melo; a tesoureira da empresa Verônica da Silva Branco; os advogados João Bosco Viera de Melo e Carlos Antônio Bussadi; o gerente da Monte Carlo, Luiz Tiernes Tenório de Andrade; a irmã do empresário e funcionária da empresa Vera Lúcia da Silva Santos; Otávio Bandeira de Melo; a ex-cunhada Celina Lúcia Bandeira de Melo; Isael Severino dos Santos e Paulo Sérgio Wanderley Barbosa da Silva, marido de Verônica.

A PF suspeita que Paulo Sério e Isael Severino participavam do esquema como “laranjas”. A investigação também abrange possíveis negócios da quadrilha na Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo.

MPF denuncia 13 envolvidos na Operação Tsunami

O Ministério Público Federal denunciou à Justiça as 13 pessoas investigadas na Operação Tsunami, desencadeada em novembro passado pela Polícia Federal contra traficantes de LSD e ecstasy. Segundo a denúncia, feita em dezembro pelo procurador da República José Augusto Vagos, eles participavam de uma organização criminosa que atuava há pelo menos um ano no tráfico internacional de drogas.

A quadrilha trocava entorpecentes com outros grupos criminosos, inclusive no exterior, e vendia drogas sintéticas importadas da Holanda a uma ampla rede de consumidores em vários estados. O comércio, principalmente de ecstasy e LSD, era feito no varejo e no atacado.

A pedido do MPF, a juíza da 8ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, Valeria Caldi, decretou a prisão preventiva dos 13 denunciados: Jorge Luiz Dias Piraciaba, Daniel Rego Barros Piraciaba, Luis Marcelo Ciorciari Alonso, Lilia Rejane Marinho Jordão Januário, Julio Cesar Marinho Jordão Lage, Vivian Ribeiro Abdala, André Mussi Figueiredo, Carlos Henrique Fowler Moscoso, Raimundo Pimentel Correa, Alberto Moraes Neto, Leonardo de Paula Fernandes da Silva, Pablo Pelosi Ramos e Francisco Barroso Júnior. À exceção do último, todos estão presos. Eles vão responder pelos crimes de tráfico de entorpecentes (pena de três a quinze anos de reclusão, acrescida de um a dois terços por envolver transação com o exterior) e de associação para a prática do tráfico (três a dez anos de reclusão, a ser aumentada de um sexto a dois terços por causa da transnacionalidade do delito).

Durante as investigações, foi preso, em setembro passado no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, Yuri Kulesza, contratado pelos denunciados para transportar um quilo de cocaína até Amsterdã e de lá trazer ao Brasil mais de 20.000 pontos de LDS, em apreensão recorde desse tipo de alucinógeno.

““Todos os denunciados são pessoas de classe média, a maior parte formada de jovens residindo em bairros na zona sul do Rio de Janeiro ou na Barra da Tijuca, ostentando um padrão de vida não condizente com qualquer atividade econômica lícita””, afirma o procurador José Augusto Vagos.