O que é a Igreja do Evangelho Quadrangular, que teve avião apreendido com quase 300 kg de drogas no Pará

Igreja Quadrangular confirma que é dona da aeronave, mas alega desconhecer origem da droga após prestador de serviço acessar avião sem permissão. Polícia Federal investiga o caso.

Após um avião ser flagrado com quase 300 quilos de skunk no aeroporto internacional de Belém, a Igreja do Evangelho Quadrangular do Pará informou ser a dona da aeronave.

O avião é da igreja há 3 anos e é usado principalmente no transporte de pastores pelo estado, segundo a própria Quadrangular, que alega que um prestador de serviço terceirizado acessou a aeronave sem permissão. A Polícia Federal não confirma a versão, mas também não detalhou quem é o preso ou o dono da aeronave. Um inquérito foi aberto para investigar o caso.

A Igreja do Evangelho Quadrangular foi fundada em 1923 em Los Angeles, na Califórnia. No Pará, a Quadrangular completa 50 anos de fundação em 2023.

A primeira igreja Quadrangular no estado foi aberta em 1973 no bairro do Reduto, em Belém. O seu fundador no Pará é o pastor e ex-deputador federal Josué Bengtson, conforme o site da instituição evangélica. Ele é tio de Damares Alves.

A senadora se manifestou dizendo que a própria igreja levou o caso ao conhecimento da PF. Mas para a jornalista Andréia Sadi, a Polícia Federal informou que já acompanhava as movimentações do avião.

Bengtson teve mandato cassado pela Justiça Federal em 2018 por envolvimento no caso conhecido como ‘máfia das ambulâncias’. Em 2020, o pastor foi alvo de críticas em redes sociais após dizer durante uma pregação transmitida pela internet que ‘não voaria em avião pilotado por cotista’. Josué Bengtson também já foi presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).

O pastor Josué também é pai do ex-deputado federal Paulo Bengston, que atualmente é membro do conselho nacional e estadual da Igreja Quadrangular, além de secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme).

Segundo Paulo, o avião é da igreja há três anos para transporte de pastores pelo estado. “Durante a pandemia, foi utilizado de forma intensa para o traslado de enfermos (coisa que ocorre até os dias de hoje)”, disse.

Ainda segundo ele, a aeronave já foi usada para “pequenos transportes de terceiros” por meio de “permutas de voos”. “É a primeira vez que algo semelhante a esse caso acontece. Aguardamos a conclusão dessa investigação, na certeza da punição de todos os envolvidos”, disse.

Por que psicóloga praticando crime de homofobia no Rio não foi presa em flagrante; entenda

Agentes públicos devem dar voz de prisão em flagrante ao constatarem crimes de homofobia e racismo. Suspeitos devem ser levados para delegacia e não devem ter fiança estipulada. Especialistas apontam falta de segurança e treinamento das forças policiais.

Pessoas que cometam os crimes de racismo e homofobia em situação de flagrante devem ser presas pelos agentes públicos que presenciarem o fato. A explicação é do advogado criminalista e mestre em direito penal Lázaro Guilherme.

“O policial militar que está na rua presenciando o crime em flagrante tem o dever de dar voz da prisão em flagrante e encaminhar essa pessoa para a delegacia. O delegado confirma ou não esse flagrante. E pessoas que não sejam agentes públicos, pessoas comuns da sociedade, têm o direito de dar voz de prisão para situações de flagrante”, disse Lázaro Guilherme, professor das universidades PUC-MG e Newton Paiva.

A questão gerou dúvida depois que a psicóloga Juliana de Almeida Cézar Machado, que proferiu ofensas homofóbicas a funcionários de um restaurante no Rio de Janeiro, passou a responder pelas acusações em liberdade. Ela responde por injúria por preconceito, ameaça e lesão corporal.

Questionada pelo g1, a Polícia Civil alegou que Juliana Machado não foi presa em flagrante porque o primeiro delegado que analisou a situação registrou o caso como lesão corporal (considerado de menor potencial ofensivo). Ainda segundo a polícia, o delito de injúria por preconceito foi observado posteriormente, depois que a situação de flagrante havia terminado.

A advogada criminalista e professora de Direito Penal do Ibmec Carla Silene afirmou que ainda não há uma certeza dos policiais militares em relação ao que deve ser feito.

“A gente tem observado que os policiais não estão seguros para fazer a atuação correta em situações como esta. São crimes recentes no ordenamento. Isso tem impedido que eles cumpram com o dever deles em casos de flagrante. Eles teriam que deter a pessoa e encaminhar para a delegacia”, afirmou Carla Silene.

“Enquanto não houver uma capacitação dos profissionais que estão lá na ponta para esse tipo de ocorrência, nós continuaremos a ver casos acontecerem e as pessoas não serem presas em flagrante”, completou a especialista.

Não há fiança para homofobia e racismo em flagrante

O professor Lázaro Guilherme afirmou ainda que não se deve estipular fiança para casos de racismo e homofobia constatados em flagrante.

“Quando uma pessoa é presa em flagrante, ou seja, o delegado entende que a pessoa estava em situação de flagrante. Sendo o racismo ou a homofobia crimes inafiançáveis, o delegado não pode estipular uma fiança para que a pessoa responda em liberdade. Neste caso, o delegado deve encaminhar num prazo de 24 horas a pessoa para um juiz realizar a audiência de custódia. Nesta audiência de custódia, o juiz vai avaliar se a pessoa responderá ao processo em liberdade ou se será decretada uma prisão preventiva”, afirmou o professor.

Influenciadoras que entregaram banana e macaco de pelúcia para crianças negras serão investigadas pela polícia do RJ

Caso foi divulgado pela advogada Fayda Belo. Especialista em direito antidiscriminatório diz que registro apresenta ‘racismo recreativo’, que ocorre quando alguém usa de “discriminação contra pessoas negras com intuito de diversão”. Não há informações sobre o local exato dos registros.

A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) abrirá nesta quarta-feira (31) um inquérito para apurar a conduta de Kerollen Cunha e Nancy Gonçalves, mãe e filha, influenciadoras digitais que publicaram no TikTok vídeos nos quais elas aparecem entregando um macaco de pelúcia, uma banana e até dinheiro para crianças abordadas nas ruas.

O caso veio à tona após a advogada Fayda Belo, especialista em direito antidiscriminatório, denunciar o fato. A advogada destacou que o vídeo apresenta o chamado “racismo recreativo”, que ocorre quando alguém usa de “discriminação contra pessoas negras com intuito de diversão”. Não há informações sobre o local exato dos registros.

No inquérito que será aberto na Decradi, os investigadores vão apurar se Kerollen e Nancy praticaram crime de racismo ou injúria racial e se também infringiram algum crime do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Os vídeos que circulam nas redes sociais são de Kerollen, que tem um canal no qual publica vídeos junto com a filha, Nancy. As duas vivem no Rio de Janeiro. A dupla tem mais de 1 milhão de seguidores no Instagram e 13 milhões de inscritos no Tiktok.

Em um dos registros, Kerollen conversa com um menino negro em uma calçada e questiona se ele gostaria de ganhar um presente ou R$ 10. Ele opta pelo presente, mas, ao perceber que se tratava de uma banana, responde “só isso?”, afirma que não gostou, sai andando.

Em outra gravação, a mulher para uma menina na rua e faz uma proposta similar, oferecendo a opção de a criança escolher entre R$ 5, ou uma caixa. A criança opta pelo “presente”, abre a caixa, vê que se trata de um macaco de pelúcia, aparenta ter ficado feliz, abraça o brinquedo e agradece a influencer.

A advogada Fayda Belo protestou sobre o vídeo e disse que a situação faz piada e animaliza crianças negras.

“O nome disso é racismo recreativo. Usar da discriminação contra pessoas negras com intuito de diversão, de descontração, de recreação, agora é crime, anjo. Você pode receber uma pena de até quase 8 anos de cadeia, que é o que eu espero que aconteça”, afirmou Fayda Belo.

“Paralelo a isso, é bom lembrar: que o artigo 17 do Estatuto da Criança Adolescente diz que é inviolável a integridade moral do menor, bem como a sua imagem deve ser preservada. Pode sair por aí usando imagem de criança, não. Embaixo, o 18 diz que é proibido. Expor menores de idade a constrangimento, a vexame, a humilhação, a ridicularização em público”, completou.

 

Turista é encontrado morto em hotel na Lapa; suspeito é preso em flagrante

Vítima era da Geórgia e foi encontrada amarrada dentro de um quarto de hotel nesta terça (30).

Um turista foi encontrado morto em um quarto de hotel na Rua do Lavradio, na Lapa, região central do Rio, nesta terça-feira (30). Ele estava acompanhado de outro homem, que foi preso em flagrante pouco depois de deixar o estabelecimento.

Wallace de Oliveira Gomes deu entrada no hotel com o turista Ilia Kakhaberidze, de 31 anos, por volta das 2h. Pouco antes das 6h, Wallace deixou o local, segundo o recepcionista que atendeu os homens.

O recepcionista desconfiou e foi conferir o quarto. Foi quando encontrou Ilia amarrado na cama e já morto.

A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) foi acionada e fez a perícia.

Algumas pessoas reconheceram Wallace nas imediações do hotel e ele acabou preso por policiais militares do 5º BPM (Praça da Harmonia), sendo o principal suspeito da morte do turista.

Além de ser reconhecido pelo recepcionista, o suspeito foi flagrado pelas câmeras de segurança do local.

O homem, que tem outras nove passagens pela polícia, foi encaminhado para a delegacia, onde estava sendo ouvido até metade da tarde desta terça. O corpo do turista será encaminhado para o Instituto Médico Legal.

Ilia era oficial de engenheiros de navios, trabalhava embarcado viajando por países e morava na Geórgia, na Europa.

 

Polícia afasta PM que agrediu com socos idosa e homem rendido no interior de SP

PMs haviam sido chamados para conter discussão entre vizinhos, mas acabaram agredindo família que alegava ter tido terreno invadido. Delegacia de Igaratá, interior de SP, abriu inquérito para investigar o caso.

O policial militar Kleber Freitas da Silva, que foi flagrado agredindo um homem rendido e algemado e dando um soco no rosto de uma idosa no interior de São Paulo, foi afastado das atividades operacionais, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP). Veja acima o vídeo do momento da agressão.

O caso aconteceu na tarde da última terça-feira (30), no bairro Água Branca, em Igaratá. O vídeo gravado por uma testemunha mostra o PM agredindo um homem que estava rendido, deitado no chão, e dando um soco no rosto de uma idosa, que é deficiente auditiva e tentava intervir.

Ainda de acordo com a SSP, foi instaurado um inquérito Policial Militar (IPM) para apurar todas as circunstâncias do ocorrido. Até a publicação desta reportagem, o outro policial que participou da ação não havia sido afastado.

A pasta informou também que os policiais algemaram e agrediram a família porque foram hostilizados e agredidos pelo grupo durante uma discussão de vizinhos por demarcação de terra

Agressão após chamado para conter discussão
A Polícia Militar havia sido acionada para controlar uma discussão entre vizinhos. O g1 apurou que tudo começou devido a um desentendimento por demarcação de terra.

O vizinho de Vilma de Oliveira, idosa que aparece sendo agredida no vídeo, estava construindo um muro que invadia a propriedade dela. A senhora, então, reclamou com ele da situação.

A reclamação evoluiu para uma discussão acalorada entre o vizinho e os filhos de Vilma. Para controlar a briga, a Polícia Militar foi acionada, mas a situação ficou ainda pior.

“Para não ter exaltação, chamei a Polícia, mas tomei [um soco] no nariz. Em vez de defender, a polícia me agrediu”, explica dona Vilma que tem 80 anos.
De acordo com Benedito Rodrigues de Oliveira, um dos filhos da idosa que foi algemado, as agressões da polícia continuaram dentro da viatura, quando não havia mais ninguém filmando. Ele conta que levou golpes de cassetete na cabeça e vários socos no rosto.

“Eles prenderam a gente, algemaram, deram mata-leão. Até aí, tudo bem, mas no meio do caminho [na viatura] fizeram isso. Pode até ver que foi só de um lado, porque eu estava encostado na viatura”, diz o homem.

A idosa foi levada ao pronto atendimento da cidade e liberada em seguida. Além dela, todos os envolvidos, incluindo os policiais, também passaram por exames de corpo de delito.

O caso foi registrado na delegacia de polícia de Igaratá, onde também foi aberto um inquérito para investigar o caso.

Vereador é suspeito de injúria racial em manifestação durante sessão na Câmara de Vacaria;

Caso aconteceu durante sessão na terça-feira (30), enquanto o político fazia críticas ao governo federal. Vereadora registrou boletim de ocorrência por injúria racial e racismo e prepara denúncia destinada à comissão de ética. Câmara aguarda documento para se posicionar.

O vereador Moacir José Bossardi (PSDB) é suspeito de crime de injúria racial durante uma manifestação na sessão da Câmara de Vereadores de terça-feira (30) em Vacaria, na Serra do Rio Grande do Sul. “Vão comer picanha, negrada, é o que vocês merecem”, disse o político. Vídeo cima.

Ao g1, a assessoria de Bossardi informou que o vereador seria consultado sobre se queria se posicionar ou não. Até a publicação desta reportagem, ele não havia se manifestado.

Conforme a Câmara, a frase foi dita durante uma ocasião da sessão chamada de “explicações pessoais”, em que os vereadores têm cinco minutos para falar sobre qualquer assunto. Alguns parlamentares usaram o tempo para criticar ações do Governo Federal. Bossardi criticava a gestão da saúde municipal e ao Governo Federal.

“A população não consegue mais acreditar em mentiras, em promessas. Tanto que o presidente aí prometeu picanha para a pobreza, agora tá dando abóbora. Os caminhões de abóbora. Vão comer picanha, negrada, é o que vocês merecem. O Brasil merece o presidente que tem. É, o Brasil merece o presidente que tem. O Brasil merece. Porque para ajudar o Brasil, é pouca gente que ajuda”, afirmou Bossardi.
Após a fala, Bossardi tem a atenção chamada por alguém que não aparece no vídeo. Ele fica em silêncio e, então, se desculpa. Durante as desculpas, é interrompido pelo vereador André Luiz Rokoski (PP), que pede à presidência da Câmara que exija uma retratação do colega.

“Quero pedir desculpas… O senhor me respeite que eu não usei o seu espaço, o senhor me respeite”, pede Bossardi, dirigindo-se a Rokoski.

A Polícia Civil informou que um inquérito deve ser aberto na tarde desta quarta e que a investigação será feita pela Delegacia de Proteção a Grupos de Vulneráveis (DPGV) de Vacaria.

Investigação policial e medidas administrativas

A vereadora Selmari Etelvina Souza da Silva (PT) procurou uma delegacia de polícia ainda na terça-feira (30) para registrar uma ocorrência de injúria racial e racismo contra o vereador. De acordo com a 25ª Delegacia Regional de Polícia de Vacaria, o documento deve ser distribuído para uma delegacia distrital durante a tarde, ocasião em que deve ser instaurado um inquérito policial para investigar o caso.

Além disso, a vereadora Selmari trabalha na elaboração de uma denúncia destinada à comissão de ética da Câmara. Ela planeja pedir a retratação do vereador, bem como a cassação do seu mandato.

De acordo com a presidência da casa, é aguardada a denúncia para que a direção possa se manifestar a respeito do caso.

Quem é Moacir José Bossardi
Moacir José Bossardi nasceu em São José do Ouro. Em 1986, ingressou como funcionário do município de Vacaria na administração do ex-prefeito Marcos Palombini. Trabalhou na Secretaria de Assistência Social e, depois, como motorista do Conselho Tutelar e da Secretaria Municipal da Saúde.

Em 2020, foi eleito vereador em Vacaria com 675 votos.

 

Auditor fiscal é preso em SP com dinheiro na cueca após cobrar propina de empresário

Jorge Davi Júnior, auditor fiscal da secretaria estadual da Fazenda, inventou investigação contra empresário do setor de informática e e pediu dinheiro para encerrar falso processo. Ele começou exigindo R$ 200 mil, mas fechou negociação por R$ 20 mil.

O auditor fiscal Jorge David Júnior foi preso na tarde desta terça-feira (31) em Osasco, na Grande São Paulo, após extorquir dinheiro de um empresário. A polícia encontrou quase R$ 2 mil dentro da cueca do servidor.

Ele já era investigado por outras duas denúncias: uma de estupro, feita pela ex-mulher, e outra por andar com quase R$ 300 mil sem origem declarada.

Um dos alvos foi o empresário Márcio Renato Petito, que atua no setor de informática. O auditor inventou uma denúncia contra Renato e pediu propina para encerrar a falsa investigação.

O esquema
Na semana passada, o auditor fiscal da secretaria estadual da Fazenda esteve em um dos endereços da empresa de Renato em Barueri, na Grande São Paulo.

Ele pediu que o empresário fosse até o posto fiscal de Osasco. Ao chegar no local, foi informado que era alvo de uma investigação de lavagem de dinheiro e sonegação de impostos.

“São nove anos trabalhando, sempre com muita dedicação, honestidade para ser acusado assim, do nada”, revela Renato Petito.

Depois de apresentar o problema, o auditor passou a se colocar como amigo e oferecer formas ilícitas de encerrar o falso processo.

Desconfiado, o empresário procurou o Ministério Público e descobriu que a investigação não existia. Os promotores orientaram o empresário a continuar com as tratativas com o auditor, e acompanharam a negociação para o pagamento da propina.

O pedido inicial foi de R$ 200 mil, mas terminou em R$20 mil. O combinado era que a primeira parcela seria entregue nesta terça (30), dentro do posto fiscal de Osasco.

Após o pagamento, policiais e promotores entraram no prédio e o auditor foi preso. A maior parte do dinheiro estava na mochila, mas ele guardou R$ 1800 na cueca.

Ele deixou o local algemado. Investigadores buscam outros servidores que possam ter facilitado a ação criminosa do auditor.

Questionada, a Secretaria estadual da Fazenda informou apenas que colabora com a investigação.

Pirâmide Financeira de R$ 7 Bilhões da Atlas Quantum é Investigada por CPI; Entenda o Caso

No início de 2018, enquanto o Brasil vivia momentos políticos e sociais intensos, com a prisão de Lula e o assassinato de Marielle Franco, a empresa Atlas Quantum surgia no cenário das criptomoedas. Utilizando a imagem de celebridades como Tatá Werneck e Cauã Reymond, a Atlas promovia um suposto “robô de arbitragem” chamado Quantum, prometendo lucros automáticos com Bitcoin.

O que parecia uma inovação no mercado cripto brasileiro, no entanto, logo se revelou uma farsa. Estima-se que cerca de 200 mil pessoas no Brasil e em outros 50 países foram prejudicadas, acumulando um prejuízo entre R$ 5 e R$ 7 bilhões. Agora, o caso é investigado pela CPI das pirâmides financeiras, na Câmara dos Deputados.

O “Robô Milagroso” e a Queda da Atlas Quantum

Fundada em maio de 2018 por Rodrigo Marques dos Santos e Fabrício Spiazzi, a Atlas Quantum prometia ganhos garantidos através de seu suposto robô de arbitragem. A proposta era simples: o robô compraria e venderia Bitcoin automaticamente entre diferentes exchanges, gerando lucros constantes para os investidores.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no entanto, interveio em 2019, ordenando que a empresa parasse de oferecer o serviço por considerá-lo um contrato de investimento coletivo (CIC). A partir de então, a Atlas Quantum começou a atrasar pagamentos e cessou os resgates, levando a uma avalanche de processos judiciais.

Processos e Investigações

Em São Paulo, a Atlas Quantum enfrentou mais de 700 processos civis, enquanto muitos investidores ainda aguardam uma solução judicial. Em resposta, a empresa processou a CVM, pedindo R$ 3 bilhões em indenização por danos morais e materiais. No entanto, a ação não teve progresso, e a Atlas permanece sem se manifestar publicamente desde março de 2022.

Com denúncias de investidores, um inquérito criminal foi aberto em São Paulo, e a Polícia Federal foi acionada para investigar possíveis crimes financeiros. No entanto, em uma reviravolta jurídica, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) devolveu o caso para a justiça estadual, o que interrompeu temporariamente as investigações.

O Fundador Foge e o Dinheiro Desviado

Rodrigo Marques, o fundador da Atlas Quantum, desapareceu do Brasil após o colapso da empresa. Segundo fontes, ele teria se mudado para o México e depois para a Espanha, vivendo uma vida luxuosa financiada pelo dinheiro dos investidores. Relatos indicam que ele morou em uma mansão avaliada em 1,2 milhão de euros, levantando suspeitas de que os recursos desviados ainda estão disponíveis.

Em relatórios de auditoria acessados pela imprensa, a Atlas Quantum chegou a ter mais de 15.000 Bitcoins e cerca de 35 milhões de USDT sob custódia, valores que, em 2020, somavam aproximadamente R$ 2,5 bilhões.

CPI das Pirâmides Financeiras

A Atlas Quantum é uma das principais empresas investigadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das pirâmides financeiras, aprovada em maio de 2023 pela Câmara dos Deputados. Além dela, outras empresas como Genbit, Braiscompany e até o fan token fracassado da Seleção Brasileira também estão sob investigação.

O objetivo da CPI, segundo o deputado Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), é acabar com a falsa promessa de rendimentos garantidos no mercado financeiro, que iludiu milhares de brasileiros. Profissionais da área de direito, como a advogada Nicole Dyskant, veem a CPI como uma ferramenta essencial para coibir práticas ilícitas e proteger o mercado de ativos digitais.

Impacto no Mercado Cripto

Golpes como o da Atlas Quantum prejudicam a imagem do mercado de criptomoedas, que, segundo especialistas, tem o potencial de transformar o sistema financeiro global. A má reputação gerada por fraudes mancha a credibilidade dos criptoativos, afastando o público de investimentos legítimos e inovadores no setor.

A CPI e as investigações em andamento são vistas como cruciais para limpar o mercado e punir os responsáveis, garantindo que golpes como o da Atlas Quantum não se repitam.

Thiago Brennand: começa julgamento do caso de estupro contra norte-americana

Brennand presta depoimento por videoconferência, direto do CDP de Pinheiros, na capital paulista, onde está preso. Testemunhas serão ouvidas nesta terça-feira (30), além da vítima e de Brennand.

O primeiro julgamento de Thiago Brennand começou às 14h desta terça-feira (30), na 2ª Vara de Porto Feliz, no interior de São Paulo. O empresário está preso no Brasil desde o dia 29 de abril, após ficar oito meses nos Emirados Árabes.

Nesta terça-feira (30), ele é julgado pelo estupro de uma norte-americana que mora no Brasil.

Brennand responde a oito processos pelos crimes de estupro, ameaça, lesão corporal, corrupção de menores, sequestro, cárcere privado, calúnia, injúria e difamação.

A vítima é a primeira a ser ouvida durante o julgamento. Ao longo da tarde, testemunhas prestarão depoimento, de acordo com o Tribunal de Justiça (TJ).

Por último, Thiago Brennand é interrogado. Conforme apurado pelo g1, o empresário prestará depoimento por videoconferência, direto do CDP de Pinheiros, onde está preso.

Em entrevista à TV Globo, o procurador-Geral de São Paulo Mário Luiz Sarrubbo diz que a pena de estupro pode aumentar, caso o juiz entenda que também houve agressão.

“Pelo MP, esperamos que cheguemos a um resultado positivo, lembrando que a pena de estupro, ela vai aí de 6 a 10 anos no caso do simples ou até mesmo de 8 a 12 uma vez comprovada as eventuais lesões corporais que me parece ser o caso. Então, temos a expectativa de chegar a um resultado positivo a partir dessa audiência”, diz Sarrubbo.

O que acontece após os depoimentos?

Após o interrogatório do réu, a acusação e a defesa terão 15 minutos cada uma para as alegações finais, e, logo depois, o juiz poderá dar a sentença.

Se as partes pedirem e o juiz concordar, as alegações poderão ser escritas e, neste caso, a sentença é proferida alguns dias depois. A pena para o crime de estupro é de seis a 10 anos de reclusão.

Quem é a vítima?
A vítima é uma norte-americana que mora no Brasil e não teve a identidade revelada. Segundo o Ministério Público, ela conheceu o empresário quando pretendia adquirir um cavalo.

A mulher relatou aos promotores do Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência (NAVV) ter iniciado um relacionamento com o denunciado, encontrando-se com ele, eventualmente, ao longo de dois meses.

“Inicialmente, o homem mostrou comportamento gentil, mas depois passou a agir de maneira agressiva, até chegar ao ponto de obrigar a vítima a manter relações sexuais com ele. Além disso, o empresário disse ter gravado cenas íntimas da mulher, passando a ameaçá-la com a divulgação das imagens caso ela rompesse o relacionamento”, informou a Promotoria de Porto Feliz.

A denúncia, assinada pelos membros do Ministério Público Evelyn Moura Virginio Martins e Josmar Tassignon Junior foi aceita em 4 de novembro de 2022 pelo Judiciário, que decretou também a prisão preventiva de Brennand em relação a este caso.

O que dizem as defesas?
Ao g1, o advogado de defesa das vítimas, inclusive da mulher norte-americana, informou que não irá comentar sobre o caso, pois o processo está em segredo de Justiça.

“As vítimas, no caso de um primeiro julgamento, aguardam com ansiedade pois, certamente, será a certeza de que a Justiça está sendo feita. Será também um marco neste tipo de crime, mostrando a muitos homens que mulheres têm que ser respeitadas”, completou.

Acusações
O nome de Brennand ficou conhecido depois que o Fantástico mostrou imagens exclusivas nas quais o empresário aparece agredindo a atriz Helena Gomes dentro de uma academia em São Paulo. Neste caso, ele responde pelos crimes de lesão corporal e corrupção de menores, já que teria incentivado o próprio filho adolescente a ofender Helena.

Depois que a reportagem foi ao ar, outras mulheres procuraram o Ministério Público de São Paulo para denunciar o empresário por crimes como estupro, agressão, ameaça, cárcere privado e injúria. Atualmente, há cinco mandados de prisão preventiva em território brasileiro contra Thiago Brennand.

Segundo as vítimas, os crimes ocorreram entre 2021 e 2022 em uma casa que Thiago Brennand tem em um condomínio de luxo em Porto Feliz, no interior de São Paulo.

Uma das mulheres disse que foi mantida em cárcere privado, sofreu agressões, teve um vídeo íntimo divulgado sem consentimento e que foi forçada a fazer uma tatuagem com as iniciais do empresário. A Corregedoria da Polícia Civil investiga a delegada Nuris Pegoretti por suspeita de ter favorecido o suspeito no caso.

Já uma estudante de medicina acredita que foi dopada pelo empresário durante um jantar. Um ex-funcionário, que conviveu com Thiago Brennand por 15 anos, disse que ele batia e dava choques no próprio filho.

Além disso, um garçom que trabalha em um hotel dentro do condomínio afirma ter sido agredido pelo empresário. Já o caseiro de uma propriedade no mesmo local alega ter sido ameaçado por Brennand.

Prisão nos Emirados Árabes e extradição
O empresário foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo em 4 de setembro de 2022. No mesmo dia, ele deixou o Brasil e foi para Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos. Na época, a Justiça deu um prazo de dez dias para que Thiago Brennand retornasse ao Brasil – o que não aconteceu. A prisão preventiva foi decretada pela Justiça e o nome Brennand foi incluído na lista internacional de procurados da Interpol.

Ele chegou a ser preso em outubro, em um hotel de luxo em Abu Dhabi, mas foi solto depois de pagar fiança. Desde então, foi proibido de deixar o país e aguardava em liberdade uma decisão sobre o processo de extradição feito pelo governo brasileiro.

No dia 15 de abril, mesmo dia em que o presidente Lula chegou aos Emirados Árabes em viagem oficial, o pedido de extradição foi autorizado. A prisão de Brennand foi confirmada dois dias depois — na ocasião, o empresário disse que estava sendo injustiçado — e, no dia 29, a embaixada do Brasil, em Abu Dhabi, recebeu a decisão judicial autorizando a extradição.

O avião que trouxe o empresário chegou ao aeroporto internacional de São Paulo, em Guarulhos pouco antes das seis da tarde do mesmo dia. Ele viajou acompanhado por um delegado, dois agentes da Polícia Federal e um escrivão da Interpol treinado em jiu-jítsu, por conta do histórico de violência.

Atualmente, os advogados de Brennand tentam pedir a transferência dele do Centro de Detenção Provisória I de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, para Tremembé, no Vale do Paraíba (SP).

Dono de barbearias preso em operação policial diz que fatura R$ 500 mil por mês em negócio que começou com corte de cabelo a R$ 10

Erick Berkai Fernandes se autodenominava o ”maior treinador de barbeiros comerciais do Brasil”. Nas redes sociais, ele tinha vídeos com mais de 1 milhão de visualizações. Homem está entre os oito presos pela Policia Civil em operação.

”Não é o mais talentoso que ganha mais dinheiro. Quem ganha mais dinheiro é o mais disciplinado. É preciso constância para alcançar a recompensa”. A sequência de frases faz parte de uma publicação compartilhada por Erick Berkai Fernandes a seus 104 mil seguidores em uma rede social.

Erick ostenta um patrimônio milionário, incluindo motos e carros de luxos. O homem se apresenta como um empreendedor e palestrante que expandiu os negócios apenas com o corte de cabelo. Autodenominado ”o maior treinador de barbeiros comerciais do Brasil”, ele é dono da rede de barbearias usada para lavar dinheiro do tráfico de drogas e de extorsões, segundo a Polícia Civil. Ele foi preso na quinta-feira (25), na Zona Norte de Porto Alegre.

A defesa de Erick sustenta que ”o patrimônio é absolutamente compatível com a atividade”. Os advogados classificam a prisão e a vinculação com o crime como ”equívoco terrível” e afirmam que irão conseguir provar a inocência no curso do processo.

A Polícia Civil chegou até o nome de Erick a partir do rastreamento das contas. De acordo com a investigação, a partir de 2019 as barbearias começaram a movimentar um valor incompatível com a atividade. São oito filiais em Porto Alegre e duas no Rio de Janeiro.

”Os sócios, que não tinham uma condição financeira altamente privilegiada, passam a desfrutar de uma vida de luxo, que não é compatível com o crescimento natural, por mais bem-sucedido que seja, daquele ramo de atividade. Especialmente porque o tíquete médio que é cobrado por essas empresas é um tíquete baixo”, afirma o titular da Delegacia de Repressão a Lavagem de Dinheiro, Filipe Bringhenti.

Nas redes sociais, Erick tinha pelo menos três vídeos com mais de 1 milhão de visualizações. Em um deles, o homem dizia que cortava, no mínimo 50, cabelos por dia. Em um outro, ele exibe uma frota de veículos importados estacionados em frente a uma das unidades da barbearia.

Erick está entre os oito presos pela Polícia Civil durante operação. Também foram feitas buscas em uma corretora de investimentos, na Zona Norte de Porto Alegre. A suspeita é que um dos sócios tenha ligação com o homem.