Cartão sem limite e sumiço: como agia locutor de rodeio suspeito de aplicar golpes em bares, barbearia e prostíbulo em Goiás

Defesa do locutor diz que só vai se manifestar nos autos do processo. Suspeito foi preso pela Polícia Civil na última quarta-feira.

Um locutor de rodeio é suspeito de aplicar golpes em comércios como bares, barbearia e até prostíbulos de Rio Verde, no sudoeste de Goiás. Ao g1, a Polícia Civil explicou como agia o suspeito Charles Aparecido Guimarães Rocha, que utilizava de estratégias como simular que o cartão estava sem limite para não realizar o pagamento dos serviços e, em seguida, o sumiço dos estabelecimentos.

“Ele é muito bom de papo. Fala que é locutor e fala muito bem. Na hora de pagar, ele fala que vai até o carro e some, não honra o compromisso”, detalha o delegado Guilherme Carvalho.

Charles Rocha foi preso na quarta-feira (18). Após a prisão, um juiz estipulou uma fiança a ele, que não havia sido paga até sexta-feira (20). O g1 não conseguiu confirmar se o pagamento foi realizado até a manhã deste sábado (21) e se ele permanece preso. À reportagem, o advogado de Charles, Kleber Ioney, disse que “a defesa somente vai manifestar sobre fatos nos autos do processo, onde serão observados os princípios do contraditório e da ampla defesa”.

Golpe em comércios
De acordo com a Polícia Civil, os golpes aplicados eram considerados “pequenos” e eram aplicados com frequência, como em bares, restaurantes, boates e prostíbulos, lojas de roupas, barbearias e outros. Segundo o delegado Guilherme Carvalho, nos estabelecimentos, Charles consumia o serviço e, no momento do pagamento, simulava que o cartão estaria sem limite para o pagamento e que iria buscar algo para pagar, mas não retornava.

À TV Anhanguera, Pablo Forlan, que é gerente de uma das lojas que vítimas de Charles disse que teve um prejuízo de quase R$ 1 mil.

“A gente fez toda a venda, todo o cadastro dele, ele falou que ia buscar o cartão e perguntou se podia levar o óculos. Eu falei que podia. Até hoje estou esperando ele lá para pagar”, disse Pablo.
O delegado explicou que, ao ser preso, Charles reconheceu não ter realizado o pagamento de algumas das situações, ao afirmar que estaria sem dinheiro.

“Outros ele fala que pagou e a pessoa não anotou. Outros ele reconhece que não pagou e diz que ia pagar depois”, acrescenta o delegado.
Ainda de acordo com o delegado, o suspeito tem diversas passagens por estelionato e por furto mediante fraude. Caso seja condenado, as penas dos dois crimes pode chegar a 12 anos.

“Ele é um estelionatário antigo. A primeira anotação dele é de 2017”, disse o delegado.

 

Pastor que dizia ‘incorporar anjos’ para abusar sexualmente de fiéis é preso em Goiás, diz polícia

Prisão aconteceu após pastor se entregar à polícia. Até esta sexta-feira, nove vítimas foram ouvidas.

O pastor Vanderlei de Oliveira, que estava sendo procurado por suspeita de abusar sexualmente de fiéis em Anápolis, a 55 km de Goiânia, foi preso, segundo a Polícia Civil. Segundo as investigações, até o momento, nove vítimas foram ouvidas, sendo que entre elas há homens e mulheres. Homem dizia que ‘incorporava anjos’ para praticar crimes.

A prisão aconteceu na sexta-feira (20). Além do pastor, a esposa dele, Maria Lurdes dos Santos Oliveira, também estava sendo procurada pela Polícia Civil, mas não há informações se ela também foi presa. O g1 não conseguiu localizar a defesa de Vanderlei ou da esposa para um posicionamento até a última atualização desta reportagem.

Segundo informado pela delegada Isabella Joy, que investiga o caso, a prisão do pastor aconteceu após ele se entregar à polícia. A polícia descobriu os abusos depois que uma das vítimas procurou a delegacia no dia 2 de outubro.

De acordo com a investigação, os crimes provavelmente acontecem há mais de uma década, já que uma das vítimas identificadas foi abusada em 2013.

‘Incorporava anjos’
De acordo com a polícia, Vanderlei buscava vítimas que estivessem passando por algum problema emocional ou, até mesmo, uma enfermidade. Isso porque, segundo a delegada, essas pessoas estariam mais vulneráveis e seriam mais ‘fáceis’ de manipular, porque estavam desesperadas por ajuda.

A partir disso, o pastor iniciava uma ‘campanha de oração’ para a vítima. Ou seja, essa pessoa teria que participar de uma série de sessões de oração, onde se encontraria com o anjo, ‘incorporado’ por Vanderlei na casa do pastor.

Nesses encontros, o anjo dizia que poderia ajudar a pessoa a resolver seus problemas, desde que ela aceitasse cumprir as ordens dele. Era nesse momento que iniciavam-se os abusos – saiba mais sobre os crimes a partir do relato das vítimas ao final da reportagem.

A polícia também descobriu que Vanderlei filmava os abusos. O objetivo dele era usar as imagens para ameaçar as vítimas que se recusassem a continuar com as ‘campanhas espirituais’.

As vítimas relataram, ainda, que o pastor também mantinha um grupo de conversas no WhatsApp com fiéis. Lá estavam presentes vítimas, mas também outras pessoas, que ajudaram na investigação como testemunhas. No grupo, o pastor dizia que estava ‘incorporado’ com o anjo e que a suposta entidade responderia dúvidas por lá.

Segundo a polícia, Vanderlei deverá ser indiciado pelos crimes de violência sexual mediante fraude e estupro. Mas não se descarta o surgimento de outros crimes.

Esposa cúmplice
De acordo com a delegada, Maria de Lurdes dos Santos Oliveira sabia que o marido praticava os abusos contra fiéis. Em depoimento, a maioria das vítimas relata que a esposa do pastor estava presente durante os crimes e ajudava o marido a praticá-los.

“Ela não praticava ativamente os atos, mas sempre estava lá presente quando eles aconteciam. Apoiava o marido, dizia para as vítimas cumprirem as ordens dele”, afirma a delegada.
A mulher deverá ser indiciada por participação nos crimes de violência sexual mediante fraude e estupro.

Relato das vítimas
Uma das vítimas disse à polícia que frequentava a igreja do pastor há 8 anos e foi abusada por ele, pela primeira vez, no ano passado. Ela disse ainda que o pastor pediu fotos íntimas dela alegando que fazia parte de uma “campanha” para ter sucesso na vida e que anjos a ajudariam através dele. A vítima disse que enviou.

Em uma das situações descritas pela vítima, ela contou que o pastor teria dito que incorporou um “anjo” após um culto de libertação e que ela seria “amaldiçoada” se contasse para alguém sobre os pedidos dele. Logo depois disso, o suspeito teria passado a mão nas partes íntimas dela, colocou a boca nos seios e a beijou.

Segundo a mulher, a esposa do suspeito presenciou o abuso e ainda mandou que ela não negasse os pedidos feitos pelo marido, que incluíam até masturbação. Os crimes teriam acontecido em um “quarto de oração” da igreja e em uma casa.

No segundo abuso, em dezembro do ano passado, o pastor teria “incorporado” novamente e pediu para que a vítima não falasse nada ao companheiro e novamente tocou no corpo dela, de acordo com a vítima.

A mesma vítima denunciou ainda que, por uma terceira vez, durante a “campanha”, também foi abusada no “quarto de orações” e o pastor tirou a virgindade dela. A mulher contou que a esposa do suspeito estava perto e não fez nada.

O quarto abuso descrito pela vítima também aconteceu em dezembro de 2022 e o pastor tinha dito, inclusive, que não poderia usar preservativo e ela não tinha o direito de exigir, porque o “anjo” não aceitava, segundo a mulher. Depois disso, o suspeito falou à denunciante que ia parar a campanha porque estava tendo sentimentos por ela.

Fora da “campanha”, o pastor continuou ligando para a vítima e pedia para que ela se tocasse para ele assistir. Quando a vítima falou que não queria mais participar, o homem divulgou fotos íntimas dela para outros membros da igreja, o que ela descobriu em outubro deste ano.

À polícia, outra vítima disse que frequentou a igreja do pastor por 5 anos e ele a chamou dizendo que precisava fazer uma “campanha espiritual” porque o marido dela estava com um problema. Durante o abuso, o homem chegou a falar que um “anjo” estava com ele, segundo a mulher.

No primeiro dia da “campanha”, o pastor pediu para que a mulher falasse o que gostaria que o marido fizesse com ela sexualmente, conforme o relato. No segundo, o pastor tocou as partes íntimas da mulher, colocou a boca nos seios e encostou a mão dela nas partes íntimas dele, de acordo com ela.

Durante o abuso, a mulher tentou empurrar o suspeito, ele teria dito que ela tinha que continuar a “campanha” e a fez prometer que não contaria para ninguém porque as pessoas não entenderiam, conforme detalhou o relato.

Grupo de noiva denúncia buffet em Fortaleza por golpe de R$ 700 mil

Uma das noivas estava com cerimônia marcada para este sábado, mas precisou adiar. Polícia investiga o caso.

A tão sonhada festa de casamento virou uma dor de cabeça para um grupo de 15 noivas de Fortaleza. Elas denunciam o buffet Casa Luana’s por um calote contra elas que, somado o prejuízo de todas as noivas, chega a R$ 700 mil.

Uma das noivas tinha o casamento marcado para este sábado (21), mas precisou ser adiado. A analista de vendas Karlla Pereira, com a cerimônia marcada para daqui a 15 dias, também avalia se vai precisar remarcar a festa. Ela tenta contato com a proprietária do buffet, mas sem sucesso.

“Eu vinha me preparando há dois anos. É um investimento alto, o investimento mais caro que a gente tem em um casamento, então a gente buscou o mais antecipado possível. A gente vinha pagando parcelado, cheguei a pagar R$ 19 mil, esse valor já está com ela [dona do buffet], R$ 18.800, pra ser bem exata. A gente já tinha pago quase tudo quando a gente que ela não iria entregar”, lamenta.
A TV Verdes Mares entrou em contato com a proprietária da Casa Luanas neste sábado. Ela havia informado que iria se manifestar sobre o caso às 11h30 deste sábado (21), mas ela não enviou resposta até a última atualização desta reportagem.

As noivas se uniram e denunciaram o caso. Na delegacia, elas descobriram que o mesmo buffet já é investigado por suspeita de estelionato, como explica o advogado que representa o grupo, Ricardo Mateus Souza.

“Algumas noivas me procuraram para que eu pudesse tomar uma medida de forma extrajudicial inicialmente, mas não tivemos sucesso nem com a proprietária, nem com outros proprietários que fazem parte do contrato. A partir daí as noivas prestaram um boletim de ocorrência, e as próprias noivas viram que já tinha inquérito aberto investigando um possível estelionato e tomamos conhecimento de que há dezenas de ações sempre do mesmo tipo: ou a empresa não entregou o evento, ou entregou em partes”, detalha o advogado.

 

Quem é a empresária suspeita de mandar matar advogada por interesse no marido da vítima

Cinco homens foram presos suspeitos de participação no crime que resultou na morte de advogada no Ceará e na mãe dela. A mandante está foragida e é uma das mais procuradas do estado.

Duas mulheres assassinadas. Uma mandante. As mortes da advogada Rafaela Vasconcelos de Maria, de 34 anos e a mãe dela, Maria Socorro de Vasconcelos, ocorreram em Morrinhos, no interior do Ceará, em março deste ano.

A principal suspeita é a empresária Maria Ediane da Mota Oliveira, de 41 anos, que está foragida e na lista dos “mais procurados” do Ceará.

O g1 preparou um resumo com as principais informações sobre o que se sabe sobre o caso que vitimou mãe e filha; e teria sido motivado por algo torpe. Confira abaixo.

A principal suspeita é a empresária Maria Ediane da Mota Oliveira, de 41 anos. Conforme denúncia, ela pagou R$ 70 mil para grupo de extermínio cometer o crime, em negociações feitas pelo WhatsApp.

Segundo policiais civis que investigaram o caso, Maria Ediane é empresária e coordena o “jogo do bicho” em diversas cidades do Ceará. Nos meses anteriores ao crime, ela foi alvo de ameaça de facções criminosas que queiram dominar a prática, que é ilegal.

Ainda conforme as investigações, o grupo de extermínio formado por quatro policiais passou dois meses investigando a rotina da advogada, a mando da empresária. Maria Ediane pagou adiantado parte do pagamento pelo crime, além de gastos com viagens, hospedagem e comida.

Ela mandou matar a advogado por interesse amoroso no marido dela (leia mais detalhes a seguir).

Qual a motivação para o crime?

A Polícia Civil apontou que Maria Ediane teria interesse no marido da advogada, um tenente-coronel da Polícia Militar.

Nos celulares de Maria Ediane, investigados pela Polícia Civil, há troca de mensagens com um líder religioso que fez previsões sobre um possível relacionamento amoroso entre a empresária e o homem de interesse dela.

Ela pagou pelo menos R$ 850 ao religioso, que faria a previsão com base na parafina de uma vela consumida. A previsão do suposto vidente é que Ediane teria “dificuldades” no relacionamento.

Quem são as vítimas?

As duas mulheres mortas são a advogada Rafaela Vasconcelos de Maria, de 34 anos e a mãe dela, Maria Socorro de Vasconcelos, de 78 anos.

Elas foram assassinadas com diversos tiros no dia 24 de março deste ano, em uma via pública na cidade de Morrinhos, no interior do Ceará. Maria Socorro chegou a ser socorrida e foi levada ao Hospital Municipal de Morrinhos, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. O crime ocorreu um dia antes do aniversário de 35 anos de Rafaela.

Como as mortes foram organizadas?
A empresária teria contratado um grupo de extermínio, formado por três policiais e dois homens — que não são agentes de segurança. O grupo passou dois meses investigando a rotina da advogada. A polícia descobriu que nos aparelhos celulares dos suspeitos foram encontrados várias fotos da advogada como também do trabalho e da residência.

Quantos envolvidos foram presos?
Cinco pessoas foram presas até a publicação desta reportagem; são elas:

O sargento da PM Amaury da Silva Araújo
O soldado Daniel Medeiros de Siqueira
O sargento Edilson Barbosa da Luz
Reginaldo Cavalcante dos Santos
José Elton Cavalcante Mano da Silva

Suspeito de matar namorada a facadas na frente dos três filhos segue foragido em São Lourenço, MG

Crime aconteceu na madrugada de sexta-feira (20); homem chegou a ser localizado pela polícia, mas fugiu.

A polícia ainda procura pelo homem suspeito de matar a namorada, de 25 anos, a facadas na frente dos três filhos dela na madrugada de sexta-feira (20) em São Lourenço (MG). Imagens de circuito de segurança mostraram o suspeito saindo da casa e correndo de madrugada.

Valdair Cipriano Mendes, de 31 anos, moradora da zona rural de Pouso Alto (MG), fugiu após o crime em um carro. A polícia chegou a tentar uma abordagem, mas o homem fugiu batendo o carro em um guard rail e depois entrou em uma área de mata.

Dentro do carro foi encontrada a faca usada no crime e também um celular, ambos apreendidos. O local foi preservado e a perícia chamada. O veículo foi encaminhado depois para um pátio para perícia.

O crime
Daniele Avelino Bernardo, de 25 anos, foi esfaqueada dentro de casa no bairro da Federal. Testemunhas apontaram o namorado como autor do crime.

Eles disseram que o homem estava na casa de Samara na quinta-feira (19) à noite e ficou no local por uma hora e meia, voltando já na madrugada de sexta. Ele teria deixado o carro estacionado um pouco longe da casa da mulher.

Vizinhos ouviram muitos gritos da vítima, que pedia para que ele saísse da casa. Minutos depois, uma das filhas de Samara saiu na rua dizendo que a mãe dela tinha morrido.

O corpo de Samara foi sepultado nesta sexta-feira em São Lourenço. As crianças foram entregues para os avós.

 

Defesa da mulher que acusa Falcão de importunação sexual diz que arquivamento do processo é ‘preocupante’ e vai recorrer

Ex-jogador é acusado de ‘esfregar’ as partes íntimas no braço da mulher dentro de um hotel em Santos, no litoral de São Paulo. Representantes da suposta vítima podem recorrer da decisão em até 30 dias.

A defesa da mulher que acusa Paulo Roberto Falcão de importunação sexual dentro de um apart hotel em Santos, no litoral de São Paulo, vai recorrer na Justiça contra o arquivamento do processo. Ao g1, os representantes da suposta vítima afirmaram, neste sábado (21), terem encarado com “surpresa” a decisão judicial.

O ex-jogador é acusado de encostar e esfregar as partes íntimas no braço da mulher, identificada publicamente apenas como ‘Nathália’. A decisão pelo arquivamento do processo foi tomada pelo juiz Leonardo de Mello Gonçalves, da 2ª Vara Criminal de Santos (SP). O magistrado considerou a falta de indícios do crime que justificassem o prosseguimento do caso.

“A notícia do arquivamento do processo é profundamente preocupante e lança luz sobre as complexidades e desafios que as vítimas de importunação sexual muitas vezes enfrentam ao buscar Justiça”, afirmaram os advogados Pedro Grobman e Pâmela Mendes, por meio de nota.
Ao g1, Pâmela acrescentou que vai recorrer da decisão judicial. “Após analisar toda a documentação que foi reunida [no processo]”, explicou. A profissional afirmou também ter o prazo de 30 dias para fazer isso após a última decisão judicial.

A reportagem não localizou a defesa de Paulo Roberto Falcão até a última atualização desta reportagem.

Advogados da vítima
Os advogados de ‘Nathália’ informaram também que se comprometem a investigar minunciosamente todos os aspectos do caso para garantir que os direitos da mulher sejam respeitados.

“Este caso de importação sexual ressalta questões cruciais que envolvem o sistema de Justiça e a forma como as denúncias desse tipo são tratadas”, alegaram os advogados.
Os representantes da mulher afirmaram também que a decisão pelo arquivamento “deixa dúvidas sobre a eficácia das medidas existentes para abordar crimes de importação sexual e proteger as vítimas”.

A decisão
O g1 teve acesso à decisão judicial. O juiz Leonardo de Mello Gonçalves considerou que não há indícios da ocorrência de ilícito penal de modo a justificar o prosseguimento do caso.

“Não sendo possível concluir que o investigado tenha praticado em face da vítima ato libidinoso, com o objetivo de satisfazer a própria lascívia”, escreveu o juiz, na decisão. Ainda segundo ele, “nem todo contato físico pode ser interpretado como ato libidinoso”.

A conclusão do representante do MP foi a de que não houve o delito, porém o orgão não tirou a credibilidade e o incômodo da suposta vítima. O juiz disse ainda que o hóspede “foi inconveniente e certamente causou desconforto na vítima, situações essas que causaram por parte desta, a leitura do comportamento do investigado como sendo uma forma de assédio”, explicou ele.

No documento, o MP destacou que a Promotoria de Justiça de Santos não duvida que a vítima possa ter interpretado o comportamento do morador como uma forma de assédio. “Porém, essa interpretação do evento não muda o fato de que não ocorreu a prática de um ato libidinoso contra ela, exigência do tipo penal para que seja possível reconhecer o crime de importunação sexual, na forma como ele foi descrito na lei”.

O juiz esclareceu que não se faz necessário aguardar um eventual laudo pericial produzido por perícia particular para a determinação de arquivamento, tendo em vista que os elementos que já constam são suficientes para tomar essa decisão.

Relembre o caso
O ex-jogador da seleção brasileira Paulo Roberto Falcão foi denunciado por suspeita de importunação sexual na manhã do dia 4 de agosto, por uma funcionária do apart hotel onde mora em Santos, no litoral de São Paulo. Segundo apurado pelo g1, o caso foi registrado na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) do município. Foram duas tentativas, segundo a advogada da vítima: nos dias 2 e 4 de agosto.

A recepcionista, de 26 anos, contou que Falcão entrou em uma área restrita para funcionários com algumas roupas em mãos para mandar lavar. Antes de entregá-las, porém, se aproximou dela falando sobre a câmera de monitoramento, momento em que ela disse ter sido importunada sexualmente no dia 4 de agosto.

No dia 2, segundo ela, a ação foi a mesma, inclusive o discurso escolhido. Dessa vez, porém, a mulher contou ter se afastado e demonstrado ódio diante da situação. De acordo com a funcionária, o impulso assustou Falcão, que deixou as roupas e foi para o quarto.

O que diz Falcão
Falcão pediu demissão do cargo e, por meio das redes sociais, afirmou na época: “Em respeito à torcida do Santos Futebol Clube, pelos recentes protestos diante do desempenho do time em campo, decidi deixar o cargo de coordenador esportivo”.

Falcão ressaltou que o primeiro sentimento dele, ao tomar a decisão, foi o de defender a imagem da instituição. “Sobre a acusação feita nesta sexta-feira (4 de agosto), que recebi com surpresa pela mídia, afirmo que não aconteceu”.

Segundo o Código Penal, importunação sexual é “praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro”. Ou seja, é praticar qualquer ato de cunho sexual sem o consentimento da vítima. A pena para o crime é de 1 a 5 anos de reclusão.

“É aquele beijo forçado, um toque, um apalpar, para satisfazer a si próprio sem que a vítima tenha dado consentimento em relação a isso. O ponto central desse crime é a ausência de consentimento”, explicou a advogada especialista em gênero, Maíra Recchia.

Trajetória no esporte
Paulo Roberto Falcão, de 69 anos, nasceu em Abelardo, Santa Catarina. Antes de ser dirigente de futebol foi jogador, treinador e comentarista esportivo.

Volante em campo, estreou nos gramados com a camisa do Internacional, em 1973, onde permaneceu até se transferir para a Roma, da Itália, em 1980. Pendurou as chuteiras em 1986 com a camisa do São Paulo.

Com a camisa da seleção brasileira principal fez 34 jogos e sete gols. Esteve nas listas de convocação por dez anos, entre 1976 e 1986.

Logo após ter encerrado a carreira, em 1990, assumiu o comando técnico da seleção por um ano. Depois foi técnico do América (México), Internacional, Bahia, Sport, além do Japão.

Em 2022, após anos como comentarista esportivo, Falcão foi convencido pelo presidente do Santos FC, Andrés Rueda, a assumir o cargo coordenador esportivo.

 

Neurocirurgião é investigado por estuprar pacientes desacordadas e armazenar pornografia infantil no litoral de SP

Imagens feitas pelo médico, inclusive de um estupro, foram apreendidas pela Polícia Civil. Defesa de João Luís Cabral Júnior diz que ele é inocente.

Um médico neurocirurgião de Santos, no litoral de São Paulo, é investigado por armazenar imagens de pornografia infantil e estuprar pacientes desacordadas. João Luís Cabral Júnior, de 52 anos, chegou a ser preso, mas foi liberado. A defesa disse ao g1, neste sábado (21), que o médico provará a inocência “no momento processual oportuno”.

Equipes policiais estiveram na casa do médico, no bairro Ponta da Praia, para cumprir mandado de busca e apreensão referente a um inquérito policial sobre armazenamento de materiais com cenas de sexo explícito ou pornográfico envolvendo crianças e adolescentes.

Segundo apurado pela reportagem, João atendeu os policiais e se apresentou como um “conceituado médico neurocirurgião”. Ao ser questionado sobre as denúncias, ele negou qualquer prática criminosa.

No entanto, os policiais apreenderam quatro notebooks, um computador, um HD externo e o celular do suspeito e, em breve análise, encontraram arquivos com cenas de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade sexual.

Além disso, a equipe policial encontrou vídeos feitos pelo próprio autor. Em um deles, o médico filmou por debaixo da mesa uma paciente que estava de saia durante uma consulta médica dele.

Outro arquivo continha um vídeo da genitália de uma paciente sedada que estava deitada em uma maca para procedimento cirúrgico. Havia ainda imagens feitas pelo suspeito de uma jovem dormindo com camisola e calcinha em um quarto de hospital.

Além disso, os policiais encontraram arquivos em que o médico faz uma “selfie” no mesmo local e no minuto em que filma uma paciente aparentemente sedada. Ele retira a coberta da mulher, afasta a roupa íntima e coloca o dedo na genitália da vítima.

O fato foi caracterizado como estupro de vulnerável pela equipe policial. Ele foi preso no dia 26 de setembro. Todos os materiais foram encaminhados para análise das autoridades.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que o caso é investigado sob sigilo pela Delegacia Seccional de Taboão da Serra.

Defesa
Segundo o advogado do médico, Eugênio Malavasi, o suspeito foi liberado durante a audiência de custódia por “ausência dos pressupostos e fundamentos da prisão preventiva”.

“O Dr. João Cabral é inocente e provará o alegado no momento processual oportuno”, disse o advogado, em nota.

Registro suspenso
Procurado pelo g1, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) afirmou que o médico está com o registro profissional suspenso desde o dia 2 de outubro “por decisão judicial”.

O Conselho ainda ressaltou que também está investigando o caso em questão. “A apuração corre sob sigilo determinado por Lei. Qualquer manifestação adicional por parte do Cremesp poderá resultar na nulidade do processo”.

Quem é o médico?
Segundo o site do médico Instituto João Luis Cabral, ele se formou em Neurocirurgia em 2000 e, sete anos depois, foi médico militar do Exército Brasileiro.

“O meu compromisso é um atendimento médico humanizado, sendo que a base central será sempre o paciente e não sua doença, com atualizações médicas constantes, sempre oferecendo o que há de melhor”, disse, na descrição do site.

Ainda conforme o próprio Instituto, o médico busca “ser referência em Neurotrauma e Dor na Baixada Santista e região”.

MC PQD é preso por associação para o tráfico antes de show no Rio

José André Ferreira Costa Júnior tinha um mandado de prisão expedido pela Justiça cearense.

Em uma ação conjunta, as polícias do Ceará e do Rio de Janeiro prenderam, na noite desta sexta-feira (20), José André Ferreira Costa Júnior, o MC PQD. O funkeiro tinha em aberto um mandado de prisão expedido pela Justiça cearense por associação para o tráfico.

Segundo as autoridades do CE, PQD pertence ao Comando Vermelho (CV), a maior facção criminosa do RJ, que tem ramificações no Nordeste.

O cantor foi preso na Avenida Brasil, na altura da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

“Ele promovia a organização criminosa de origem carioca e com atuação no Ceará. A prisão ocorreu quando ele se dirigia a um show em um baile funk”, disse o delegado titular da Draco-CE, Alisson Gomes.

A ação foi uma parceria da Subsecretaria de Inteligência da Polícia Civil do Rio de Janeiro com a Diretoria de Operações Integradas e Inteligêcia (Diopi), do Ministério da Justiça. A investigação foi conduzida pela Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Draco-CE), que contou com o apoio da Draco do Rio de Janeiro e da Polinter.

Apologia nas redes
MC PQD somava cerca de 650 mil seguidores nas redes sociais até este sábado (21). Um relatório da Draco cearense a que a TV Globo teve acesso afirma haver “conteúdo criminoso relevante” no que as páginas do funkeiro postam.

“MC PQD, também chamado de ‘malandrex’, ‘paizão’ e ‘relíkia’, posta fotos suas e de seus parceiros municiados com armas longas e com colete à prova de balas”, escreveu a Draco.

“Percebe-se, nos comentários de suas postagens, que sua imagem está frequentemente vinculada a símbolos associados ao CV, tais como bandeiras vermelhas, trem, o gesto formado com os dedos indicador e médio, o número ‘02’ e o termo ‘trem bala’, elementos simbólicos do Comando Vermelho, especialmente difundidos no Rio de Janeiro”, descreveu.

Algumas das músicas de PQD citam a “Tropa do Mantém”, um grupo armado, de acordo com a polícia cearense, “conhecido pelo enfrentamento às polícias e a rivais de outros grupos criminosos”.

“Não é segredo que o Comando tá dominando a cidade. Cada tiro com precisão. Bala tem direção, e o que tem pra verme também tem pra alemão. Pode avisar que a bala vai comer. A qualquer hora, qualquer lugar e qualquer missão”, canta em uma de suas músicas.

“No site SoundCloud, onde o cantor possui uma conta verificada, MC PQD publicou um “medley” em homenagem aos integrantes do CV no Ceará”, acrescentou a Draco daquele estado.

“O teor de suas publicações (repletas de ostentação financeira e bélica), além de estimular a prática de crimes, reforça a ideologia presente nas facções criminosas ao propagar o respeito e obediência às lideranças, enfrentamento aos grupos rivais, confronto com as polícias, atuação criminosa rotineira, punição aos delatores e guerra por conquista de território visando ampliar o lucro obtido do narcotráfico”, destacou.