Justiça determina prisão de suspeitos de roubar e matar auxiliar de imigração que sofreu queda de ônibus no Rio; vídeo mostra ação de criminosos
Imagens mostram suspeitos chutando a porta do ônibus e vítima caindo no asfalto. Sete pessoas foram indiciadas pela Delegacia de Homicídios da Capital. Auxiliar de imigração morreu aos 28 anos.
A Justiça do Rio decretou a prisão preventiva de sete suspeitos do latrocínio (roubo seguido de morte) de Leonardo Alves Quintanilha, no Centro do Rio, em novembro de 2023. Os mandados de prisão foram expedidos na tarde desta quinta-feira (8).
No início de fevereiro, a Delegacia de Homicídios da Capital indiciou e pediu a prisão preventiva dos suspeitos de participarem de roubos em série no Rio de Janeiro.
Um deles terminou com Leonardo caindo de um ônibus e sofrendo uma queda, que acabou levando-o à morte. Ele tentava recuperar seu telefone, que tinha sido roubado.
Imagens de um relatório da Polícia Civil mostram a atuação do grupo, que conta com até 25 pessoas incluindo adolescentes, dentro de um ônibus enquanto cometem crimes.
A investigação ainda revelou detalhes de como o grupo se dividia para cometer crimes, tirar chips dos celulares roubados, esconder os itens e depois revender os aparelhos.
A Justiça pediu a prisão dos seguintes suspeitos:
Marcos Vinícius Pereira Paiano, o “MV”
Vitor Gabriel Rosário Soares, o “VT”
Erick Marlon Pereira Mendes, o “Tubarão”
Fabrícia de Souza Sampaio, vulgo “Di Dedo”
Erick Freitas de Araújo, o “Erick Ratão”
Jorge Samoel Lúcio Soares, o “Seu Baldi”
Weberthy Ruan Moreira de Oliveira
“Necessário destacar, ainda, que o crime foi cometido com emprego de grande violência, por meio de verdadeiro espancamento da vítima, e em concurso de agentes, evidenciando sua gravidade concreta”, diz a decisão do juiz Daniel Werneck Cotta.
O jovem de 28 anos, que trabalhava como auxiliar de imigração, foi agredido por ao menos cinco bandidos durante um assalto: os suspeitos saíram de um ônibus da linha 472 para cometer o crime.
O auxiliar de imigração foi agredido com socos e chutes e teve o celular levado. Os suspeitos fugiram de volta para o veículo. O rapaz tentou correr atrás do grupo e se pendurou no ônibus. Um dos suspeitos chutou a porta e Leonardo se desequilibrou e caiu, batendo a cabeça na pista.
A vítima só foi para um hospital três dias depois. A morte foi confirmada sete dias após o crime, e o corpo de Leonardo foi enterrado no dia 6 de dezembro em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, onde ele nasceu.
Todos os suspeitos foram indiciados por latrocínio consumado, associação criminosa e corrupção de menores. Três deles são considerados foragidos.
Segundo a DH, vários adolescentes também participaram do crime e estão sendo investigados em um inquérito separado.
MV, dias depois do latrocínio, participou de outro crime de grande repercussão: a agressão ao empresário Marcelo Rubim Benchimol, em Copacabana, na Zona Sul, durante um arrastão.
O suspeito de organizar arrastões na Zona Sul foi preso pela 13ª DP (Ipanema).
Ouvido pelos policiais da DH, ele confirmou toda a dinâmica do crime: cinco homens desceram do ônibus e roubaram o celular de Leonardo. Quando voltaram para o ônibus, a vítima correu atrás e se agarrou na porta do veículo.
Segundo MV, Leonardo “caiu na pista de cabeça pois os meliantes chutaram a porta muito para que a vítima saltasse do ônibus”.
O suspeito preso indicou os outros participantes do crime. Em depoimentos de outros indiciados, MV é chamado por outros envolvidos de “Pai dos Ladrões” e chefe da chamada “Tropa do MV”.
Outros crimes
Imagens obtidas pela investigação mostram que os suspeitos já estavam no ônibus mais de uma hora antes do caso de Leonardo, praticando “roubos e furtos” contra quem estava na rua e até mesmo passageiros do próprio coletivo.
De acordo com testemunhas, os celulares roubados, chamados pelos suspeitos de “Bebelzinhos”, podem render até R$ 1 mil por dia.
Os chips são retirados dos aparelhos, que são vendidos por preços maiores caso estejam com a tela desbloqueada, já que possibilitam que os criminosos acessem aplicativos bancários das vítimas.
Alguns integrantes, segundo os investigadores, possuem funções específicas: Fabrícia de Souza Sampaio, vulgo “Di Dedo”, é responsável por guardar os celulares roubados. Segundo o depoimento de suspeitos presos, a razão é que mulher “é mais difícil de ser revistada”.