Cassino online Blaze começa a ser bloqueado no Brasil após decisão judicial

Operadoras estão bloqueando acesso ao site, mas a própria plataforma ensina nas redes sociais a burlar a decisão; Blaze é investigada por fraude financeira

Uma decisão da justiça do estado de São Paulo determinou o bloqueio do site da Blaze no Brasil. A 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores pediu para a Anatel retirar o acesso ao cassino online. Entretanto, como a Anatel não realiza esse tipo de ação, a agência encaminhou o bloqueio para as operadoras de telecomunicações.

A decisão judicial contra a Blaze é mais uma “polêmica” na qual a plataforma de jogos de azar está envolvida. Em junho deste ano, influenciadores patrocinados pela empresa foram alvos de críticas após a revelação de milhares de queixas no Reclame Aqui. No Brasil, o cassino online patrocina o Santos, Atlético Goianiense e tem o Neymar como maior garoto propaganda.

A empresa também foi citada na CPI das Pirâmides Financeiras, que está investigando fraudes envolvendo criptoativos e convocou também os responsáveis pelo site 123Milhas — que pediu recuperação judicial na última semana.

Blaze é bloqueado no Brasil, mas plataforma segue acessível

As operadoras brasileiras estão bloqueando o acesso ao site da Blaze, porém, a conta oficial do cassino online no X/Twitter está divulgando links alternativos para entrar na plataforma. Dependendo da sua região, os links espelhos podem estar bloqueados.

A justiça de São Paulo exigiu ainda o bloqueio das redes sociais da influencer Juju Ferrari, que se posiciona como “embaixadora da Blaze” no Brasil. O Instagram da “personalidade da mídia” está inacessível. A conta da “embaixadora” no Twitter segue no ar.

Apesar de jogos de azar serem proibidos no Brasil, a Blaze e suas concorrentes (incluindo sites de aposta) se valem de uma brecha da nossa legislação: elas são sediadas em outros países e criam “versões brasileiras” de suas páginas. No caso da Blaze, o cassino tem base em Curaçao e nenhuma representação no Brasil.

Blaze paga influenciadores com dinheiro das perdas?

Em junho, além das críticas aos influenciadores, surgiu um rumor de que a Blaze pagava seus patrocinados de acordo com as perdas dos usuários novos — aqueles cujas contas foram criadas pelo link associado divulgado pelos influencers.

No entanto, essa informação não foi confirmada. Vale ressaltar que também é possível que o contrato de parceria não explicite a origem do pagamento. Ainda assim, nenhum cassino existe para o cliente ganhar dinheiro — muito menos um online com sede em Curaçao.

Blaze desenvolve ‘sites espelho’ e continua atuando no Brasil após Justiça determinar bloqueio do cassino online

Site de apostas não menciona decisão judicial, mas ‘URLs alternativos’ são todos em português.

Na tarde desta quinta-feira (7), a versão em português do URL do site de apostas Blaze estava no ar, embora não fosse possível afirmar a existência de instabilidade em razão do cumprimento judicial iniciado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que confirmou o envio de ofícios a provedores de internet determinando o cumprimento da decisão do último dia 22 de agosto da 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores de São Paulo, relacionado ao bloqueio da Blaze no Brasil.

Na última terça, a Blaze usou sua conta no X para informar que havia desenvolvido dois “espelhos” de seu endereço principal. No caso, sites idênticos ao principal, porém com URLs distintos ao que foi objeto da determinação judicial. O que deve se expandir, já que a Blaze criou um site exclusivamente para publicação de novas URLs, segundo o que a empresa informa na publicação.

No começo da semana, a Anatel confirmou que encaminhou o ofício a empresas provedoras de internet que atual no Brasil a fim de que a decisão fosse cumprida no prazo de 24 horas, segundo o que consta no documento assinado pelo Superintendente de Fiscalização da Anatel, Marcelo Alves da Silva. 

Na decisão, que também determinou a retirada do ar do do perfil do Instragram da Influencer Juju Ferrari, que faz divulgações da Blaze. o juiz Guilherme Eduardo Kellner citou apostas classificadas como jogo de azar como o “Crash”, em que o jogador tenta acertar o momento certo para sair do jogo e ter lucro. Na página direcionada à Blaze no site Reclame aqui, a empresa ultrapassava 26 mil reclamações, muitas relacionadas ao travamento de saques.

Em junho, a Blaze, que é citada na CPI das Criptomoedas, acumulava 5,7 mil reclamações. A empresa chegou a ser promovida por Neymar Jr e Felipe Neto, entre outros influencers.

A empresa é sediada em Curaçao, paraíso fiscal do Caribe onde também está  sediada a casa de apostas online Bruxo10.Bet, promovida em junho deste ano pelo ex-jogador Ronaldinho Gaúcho, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil. 

Operação Persona: ex-presidente da Cisco ainda é alvo

Ministrio Pblico recorre de absolvio em crime de contrabando que deixou de recolher R$ 3,4 bi em impostos

Mesmo absolvido em primeira instância das acusações pelos crimes de contrabando e uso de documentos falsos, o ex-presidente da Cisco, Carlos Roberto Carnevalli, ainda pode ter problemas. O Ministério Público Federal recorreu ao Tribunal Regional Federal 3 da decisão sentença da 4ª Vara Criminal Federal de São Paulo que absolveu seis dos 12 acusadospelo MPF na principal ação penal da Operação Persona, que trata de 16 importações fraudulentas realizadas entre 2006 e 2007 e o uso, por 22 vezes, de notas fiscais falsas em operações de compra e venda.

Os envolvidos, segundo a Receita Federal, deixaram de recolher R$ 3,4 bilhões em impostos e multas. Deflagrada em outubro de 2007, a Operação Persona investiga a atuação da Cisco e da Mude na montagem de uma cadeia de empresas interpostas no Brasil e nos Estados Unidos para a realização de diversas fraudes no comércio exterior. A Cisco Systems é líder mundial no segmento de serviços e equipamentos de alta tecnologia para redes corporativas, para internet e telecomunicações.

De acordo com o MPF e a Receita Federal, o esquema usava laranjas para importação, ocultação de patrimônio, contrabando, sonegação fiscal, falsidade ideológica, uso de documento falso, evasão de divisas e corrupção ativa e passiva. Por meio de offshores sediadas em paraísos fiscais – Panamá, Bahamas e Ilhas Virgens Britânicas –, e com quadro societário composto por pessoas de baixo poder aquisitivo, as importações eram solicitadas pelo cliente final junto à multinacional, possibilitando a redução de tributos. Com este esquema era possível a ocultação do real importador, do solicitante e dos reais beneficiários.

As investigações identificaram que, no esquema, eram realizadas operações comerciais simuladas, lastreadas em notas fiscais ideologicamente falsas ou inexistentes, de subfaturamento das importações, que levavam a situações de importações a custo zero e concessão de descontos que atingiam até 100% do valor das mercadorias, fato que inviabilizava a cobrança dos tributos. Segundo a Receita Federal, foram apreendidos R$ 86 milhões em mercadorias na deflagração da operação, e, além do IPI, foram lançados quase R$ 110 milhões entre impostos e multas relativos à Imposto de Renda Pessoa Física, Subfaturamento, Multas e Contribuições Previdenciárias.

Na primeira sentença do caso, em fevereiro, o juiz Luiz Renato Pacheco Chaves de Oliveira condenou seis executivos e funcionários das empresas Mude e What´s Up, esta última reconhecida pela Justiça como o setor de importação da Mude. Em outra sentença mais quatro pessoas foram condenadas. Os executivos José Roberto Pernomian Rodrigues, Moacyr Alvaro Sampaio, Fernando Machado Grecco, Marcelo Naoki Ikeda, Reinaldo de Paiva Grillo e Marcílio Palhares Lemos foram condenados a cinco anos e dois meses em regime fechado pelos crimes de contrabando/descaminho e quadrilha, mas foram absolvidos da acusação de uso de documento falso. Entretanto, o ex-presidente da Cisco, Carlos Roberto Carnevali, um dos sócios da Mude, Hélio Benetti Pedreira, o advogado da empresa Mude, Gustavo Henrique Castellari Procópio, e três funcionários da What´s Up e da Mude, Everaldo Batista Silva, Leandro Marques da Silva e Fábio Vicente de Carvalho, foram absolvidos de todas as acusações.

Para o Ministério Público, os seis acusados pelo crime de descaminho absolvidos neste processo deveriam ser condenados pelas importações fraudulentas da Mude. Carnevalli, no entender do MPF, era sócio-oculto da Mude, e tanto ele quanto os demais acusados “possuíam funções de comando tanto na empresa quanto na coordenação do esquema de importação fraudulenta”. Para as procuradoras da República Ana Letícia Absy e Priscila Costa Schreiner, responsáveis pelo caso, todos os réus devem ser condenados pelo crime de uso de documento falso. Para o juiz, o uso de notas fiscais falsas na execução do crime de descaminho é uma conduta absorvida pelo crime principal. Para o MPF, entretanto, as 22 falsificações de notas fiscais de compra e venda são crimes autônomos e devem ser punidos.

Além do pedido de reconsideração das absolvições, o MPF pediu que as penas sejam aumentadas em virtude da gravidade do delito, da reiteração (são 16 descaminhos), do grande prejuízo ao erário aferido pela Receita Federal, da sofisticação do esquema criminoso, que previa a dupla blindagem do real importador (com o uso da Mude e outras empresas interpostas para ocultar o real comprador dos produtos da Cisco), e da “ganância dos acusados”.

No último dia 21 de março, o juiz Oliveira condenou outros quatro envolvidos na Operação Persona, acusados em outro processo, o que atinge o controlador do grupo South American Overseas (S.A.O.), empresa responsável principalmente pelo desembaraço aduaneiro dos produtos importados, ou seja a parte operacional e logística do esquema, e integrantes do denominado grupo K/E, responsável pelas empresas interpostas (laranjas) em território brasileiro. Neste processo, foram condenados, também pelo crime de descaminho, os diretores do denominado grupo K/E, Cid Guardia Filho, e Ernani Bertino Maciel, o diretor do grupo SAO, Paulo Roberto Moreira, a cinco anos e dois meses de prisão, e um colaborador do grupo K/E, Marcos Zenatti, a dois anos e oito meses de reclusão, pena substituída por prestação de serviços à comunidade. Foi absolvidos um colaborador do grupo K/E, José Carlos Mendes Pires. Os procuradoras do caso já comunicaram à Justiça que também recorrerão dessa sentença.

Advogado suspeito de golpe no RS iria deixar o país nesta noite, diz MP

Maurício Dal Agnol foi preso na noite desta segunda (22) em Passo Fundo.

Na casa dele, PF encontrou R$ 200 mil e passaporte com visto dos EUA.

Advogado Maurício Dal Agnol (Foto: Reprodução/RBS TV)Advogado Maurício Dal Agnol é conduzido até superitendência da PF 
 

Preso na noite desta segunda-feira (22) em uma das avenidas mais movimentadas de Passo Fundo, no Norte do Rio Grande do Sul, o advogado Maurício Dal Agnol planejava deixar o país, diz o Ministério Público (MP). Ele é suspeito de aplicar um golpe milionário em clientes que venciam processos judiciais e responde a processo na 3ª Vara Criminal de Passo Fundo.

A prisão preventiva do advogado foi decretada pela Justiça a pedido do MP. Segundo o promotor Júlio Balladrin, Dal Agnol falsificou um alvará de acordo judicial no qual a empresa telefônica Brasil Telecom (BRT) repassa R$ 5 milhões a um grupo de clientes dele. Ele teria recortado o documento, fraudado as informações e repassado R$ 50 mil aos clientes.

Dal Agnol foi preso saindo do apartamento onde mora. Na casa do advogado, a Polícia Federal apreendeu R$ 200 mil em dinheiro e um passaporte com visto norte-americano. Conforme as investigações, ele iria fugir do país na noite desta segunda-feira. Amanhã, o MP vai solicitar a penhora dos bens do advogado.

Ele chegou a ter a prisão decretada na Operação Carmelina, deflagrada pela PF no dia 21 de fevereiro, e ficou foragido no exterior. No mês passado, ele se apresentou à Justiça de Passo Fundo, onde responde processo por apropriação indébita e formação de quadrilha. Ele chegou a ficar foragido, mas obteve em maio um habeas corpus.

Segundo as investigações, o advogado fez acordos em nome dos clientes que venciam ações contra a BRT, movidas por antigos acionistas da Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT), e não repassava a eles os ganhos das causas ou repassava no máximo 20% do devido, quando deveria passar 80% do valor, conforme havia sido acordado nos contratos.

Operação Carmelina

Segundo a Polícia Federal, um grupo de advogados e contadores, comandados por Dal Agnol, procurava os clientes com a proposta de entrar com ações na Justiça contra empresas de telefonia fixa. Os clientes ganhavam a causa, mas os advogados repassavam a eles uma quantia muito menor da que havia sido estipulada na ação. O esquema fez o advogado enriquecer rapidamente, diz a PF.

Ao cumprir mandados de busca na cidade do Norte do Rio Grande do Sul, a Polícia Federal encontrou um total de R$ 1,5 milhão em um dos endereços do suspeito. Além da quantia, animais selvagens empalhados e munição foram achados em um fundo falso de uma parede. A PF apreendeu também um avião avaliado em cerca de US$ 8,5 milhões e bloqueou dinheiro em contas bancárias e imóveis.

A Operação Carmelina foi desencadeada em Passo Fundo e em Bento Gonçalves, na Serra. Foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão em escritórios de advocacia e de contabilidade e em uma residência. A operação foi batizada de Carmelina porque este era o nome de uma mulher que teve cerca de R$ 100 mil desviados no golpe. Segundo a PF, ela morreu de câncer, e poderia ter custeado um tratamento eficaz com o dinheiro.