Policial não chamou socorro para homem que teria sido torturado e jogado de ponte após abordagem em Porto Alegre, diz investigação

Soldado alegou em depoimento que acionou atendimento médico, via telefone 192, para Vladimir Abreu de Oliveira. Coordenação do Samu afirma não ter recebido ligação alguma.

Um dos cinco PMs indiciados por envolvimento na morte de Vladimir Abreu de Oliveira, morador do Condomínio Princesa Isabel, em Porto Alegre, é suspeito de omissão de socorro. De acordo com o Inquérito Policial Militar (IPM), Bruno Pinto Gomes não teria acionado socorro do Serviço Atendimento Móvel de Urgência (Samu) após ver a vítima ferida na ponte do Guaíba, o que contradiz o depoimento do soldado.

A reportagem da RBSTV tenta contato com a defesa do soldado Bruno Pinto Gomes.

À Brigada Militar (BM), Bruno afirmou que ligou para o telefone 192 a partir do celular de um colega, informando que o homem estava machucado, mas que “aparentemente não corria risco de vida”. “Se tivesse percebido isso, teria o socorrido”, alegou o PM.

O responsável pela investigação foi atrás de informações junto à coordenação do Samu. Ele requisitou que fosse checado se houve alguma ligação sobre um homem caído na região entre as 23h de 17 de maio e 3h de 18 de maio, a partir de três telefones.

“Verificamos todos chamados abertos nesse período, e não identificamos registro de abertura de boletim de ocorrência ou ligação com solicitação de socorro nessa região informada no oficio”, disse o coordenador do Samu, em resposta ao ofício.

Ao concluir a investigação, o oficial encarregado afirmou que o soldado Bruno “foi negligente ao não prestar tal atendimento e, ao contrário do que alegou em seu depoimento, conforme ofício remetido pela Samu, não foi feita qualquer ligação para o 192 solicitando atendimento para qualquer indivíduo na ponte do vão móvel do Guaíba, deixando evidenciada a existência de indícios da prática do crime de omissão de socorro”.

A investigação da BM contou com o depoimento de 10 pessoas, entre moradores, vizinhos e policiais da Força Tática do 9º Batalhão de Polícia Militar. Cinco PMS foram indiciados pela BM por envolvimento na morte de Vladimir.

Dois deles, o sargento e um soldado, que seriam os responsáveis pelas agressões, estão presos preventivamente. Os outros três soldados, incluindo Bruno, foram afastados, conforme a Brigada Militar.

Movimentações na Justiça

Na sexta-feira (12), a Justiça Militar Estadual negou o pedido do Ministério Público (MP) para encaminhar à Justiça Comum a investigação sobre o caso. A Promotoria alegava que, com base nas provas até o momento, há indícios de um homicídio qualificado e, por isso, o caso deveria ir ao Tribunal do Júri.

A Justiça Militar, por sua vez, entendeu que “as provas até então colhidas indicam que os militares, em tese, teriam incidido no crime de tortura seguida de morte”, um crime previsto no Código Penal Militar.

O entendimento da Justiça Militar, no entanto, não é conclusivo e pode mudar após a Polícia Civil finalizar sua investigação sobre o assassinato de Vladimir, que ainda está aberta. Segundo o diretor do Departamento de Homicídios, delegado Mario Souza, a previsão é de que o inquérito sobre o caso seja remetido ao judiciário até o final de julho.

Relembre o caso
Segundo familiares e testemunhas, Vladimir estava em casa, no Condomínio Princesa Isabel, na região central, quando foi abordado pela BM, em 17 de maio. Sem notícias dele, a família fez buscas em delegacias e hospitais, mas não teve resultado.

O corpo de Vladimir foi encontrado no dia 19 de maio, no bairro Ponta Grossa, cerca de 10 km de distância de onde havia sido visto pela última vez. A irmã, Letícia Abreu de Oliveira, afirmou que o corpo da vítima apresentava sinais de tortura.

“A gente reconheceu o corpo, a minha prima reconheceu o corpo, ele tá todo machucado, todo, todo. A perita falou, ‘torturaram ele, torturaram ele antes de matar’. Torturaram ele. E ele não tinha inimigo, ele não tinha guerra, ele não era envolvido com tráfico”, disse, na época.

Após serem informados de que Vladimir havia sido encontrado morto e com ferimentos pelo corpo, cerca de 50 pessoas bloquearam a avenida em frente ao condomínio. Dois ônibus foram incendiados. Os motoristas contaram à polícia que os manifestantes pediram para todos que estavam nos veículos saíssem. Ninguém ficou ferido.

A Polícia Civil prendeu, no dia 3 de junho, quatro suspeitos de incendiar os dois ônibus. No dia 19 de maio, eles teriam comprado o combustível em um posto de gasolina e ateado fogo nos veículos, segundo a investigação.

No dia 7 de junho, dois PMs foram presos preventivamente. Eles foram encaminhados para o Presídio Militar de Porto Alegre.

 

filha de policiais presa por fraudar concurso para investigador diz que não desistirá de carreira

Nadine Carlos se disse arrependida de usar câmera e ponto eletrônico na prova feita em 2023 e negou envolvimento dos pais. Ela pagou fiança de mais de R$ 6 mil e foi solta. Atualmente, responde por fraude e nesta quarta (13) será ouvida pela Justiça.

A filha de um casal de policiais que virou notícia em novembro de 2023 ao ser presa em flagrante sob acusação de fraudar um concurso público para investigador em São Paulo falou que não desistirá de se tornar uma policial civil (veja vídeo acima).

Ela pagou fiança de mais de R$ 6 mil para a Justiça à época e foi solta. Atualmente, responde em liberdade por fraude.

Nesta quarta-feira (13), Nadine Novello Conde Carlos será ouvida numa audiência sobre o caso. Será discutido um possível “acordo de não persecução penal”. Essa medida visa evitar que a acusada seja condenada pelo crime. Em contrapartida, podem ser tomadas medidas cautelares para ela cumprir.

Nadine Novello Conde Carlos, que é bacharel em direito, também disse que quer passar na prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para se tornar uma advogada. E pensa ainda em virar uma influenciadora digital. Ela tem 31 anos e uma filha de 5 anos, fruto de um relacionamento anterior com um cantor gospel.

“Não vou desistir do meu sonho: ou vou ser advogada ou vou entrar na polícia”, falou Nadine. Questionada sobre qual será o conteúdo que pretende produzir para seus quase 3.500 seguidores no Instagram, ela respondeu: “Eu não tenho nada em mente ainda”.

Mas não foram as fotos nas redes sociais, onde Nadine aparece sorrindo ao lado de amigos e da família, praticando tiro ao alvo com uma arma de fogo ou usando biquíni para se bronzear na praia e na piscina que a tornaram conhecida. O que a tornou famosa foi ter sido detida por policiais em 26 de novembro do ano passado com um equipamento para fraudar um concurso dentro da Universidade Paulista (Unip), na Zona Oeste da capital paulista.

A mesma Polícia Civil que Nadine ainda sonha em ingressar a prendeu depois que fiscais da prova para investigador encontraram uma câmera e um ponto eletrônico com ela. Os aparelhos foram descobertos quando a candidata saiu da sala para ir ao banheiro.

Desconfiados, os aplicadores de prova passaram um detector de metais nela. Ele acusou com um som que a lente estava num buraco do casaco e o receptor, dentro da calça. O fone havia sido retirado por ela do ouvido e colocado no sutiã.

“Fui arriscar”, disse Nadine, que contou ter recebido o aparelho de uma pessoa que conheceu numa balada e quis ajudá-la. Ela ainda disse que não pagou nada pelo equipamento. O combinado foi que a candidata filmasse as folhas e alguém fora do local de prova lhe passaria as respostas corretas.

“Aí eu fiquei muito nervosa. O que eu queria mesmo era me desfazer daquilo. Fiquei arrependida”, falou Nadine, contando que planejava ir ao banheiro se livrar da aparelhagem. A intenção seria jogar tudo no lixo, segundo ela.

Apesar de ter dito que estava estudando bastante para o concurso, Nadine falou que não conseguiu fazer a prova devido à apreensão de cometer algo ilegal e também porque o equipamento não funcionou.

“Não cheguei a fazer a prova porque não saía nada no ponto. Não conseguia ouvir nada”, alegou.

O pai de Nadine é investigador no Departamento Estadual de Investigação Criminal (Deic), unidade especializada da Polícia Civil, e a mãe, sargento aposentada da Polícia Militar (PM).

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou ao g1 que, se ficar comprovada a participação de policiais no esquema de fraude cometido por Nadine, eles também responderão criminalmente por isso.

“Se confirmada a participação de algum servidor da instituição no caso, as devidas medidas serão tomadas pela Corregedoria da Polícia Civil”, informa nota divulgada pela pasta da Segurança.

“Eles ficaram muito chateados porque não era isso que eles queriam para mim”, falou. “Eu queria dizer que eu sempre quis ser o orgulho deles, e infelizmente eu fui atrás do meu sonho.”

O caso é investigado pelo 23º Distrito Policial (DP), Perdizes. A Polícia Civil também apura se mais pessoas estão envolvidas na fraude, o que poderia configurar outro crime, o de associação criminosa. A pena para fraude vai de um a quatro anos de prisão.

A investigação vai analisar câmeras de segurança para saber quem levou Nadine até a Unip, na Avenida Marques de São Vicente, onde ela iria fazer a prova para a vaga de investigador.

Além de ponto eletrônico, câmera e receptor encontrados com Nadine, a Polícia Civil também apreendeu o celular dela. O aparelho, no entanto, não chegou a ser usado durante a prova. Estava guardado, conforme orientação da organização. Mesmo assim passará por perícia, assim como os demais objetos.

Antes de ser presa, Nadine se apresentava como advogada e assessora jurídica em suas redes sociais. O nome dela não consta, no entanto, no Cadastro Nacional de Advogados (CNA) da Ordem dos Advogados do Brasil. Após a prisão, ela apagou a página onde oferecia esses serviços. Indagada pelo g1 sobre essa situação, ela não quis comentar o assunto.

Logo que saiu da prisão, Nadine também havia fechado seu Instagram, que foi bombardeado por comentários e críticas a respeito das acusações de ter fraudado o concurso. Mas depois voltou a permitir que as pessoas vejam o conteúdo que publica.

A conversa com Nadine foi no escritório do seu advogado, Ivelson Salotto, no Centro da capital paulista.

A defesa dela nega ter havido fraude, já que o equipamento não funcionou, segundo o advogado. “Não teve prejuízo nenhum, tanto é que a prova não foi anulada, não é? Porque não houve vazamento de informação”, disse Ivelson. “Como também ela não se apropriou de nenhuma informação que viesse do exterior para facilitar a vida dela na prova do concurso. Então entendo que não ocorreu o crime.”

Durante a audiência de custódia, a Justiça proibiu Nadine de voltar a prestar qualquer outro concurso enquanto continuar respondendo ao processo por fraude e associação criminosa. Caso descumpra isso, ela será presa.

“Eu vou dar a volta por cima, eu vou conseguir”, disse Nadine.

 

 

 

 

Investigadora foi morta com 3 disparos e dono de mansão e vigilante, com um cada um; veja como foi tiroteio

Rogério Saladino tinha 56 anos e matou investigadora a tiros após confundi-la com assaltante. Colega dela, policial civil, revidou e matou empresário e funcionário dele, vigilante, que também queria atirar em agentes. Caso ocorreu no sábado (16) em SP.

A investigadora Milene Bagalho Estevam foi morta com cerca de três disparos no sábado (16). Ela tinha 39 anos. Já o dono da mansão que atirou nela e o vigilante particular, que tentou atirar na policial civil e em outro investigador, foram mortos, cada um, pelo menos com um tiro.

As informações acima estão no boletim de ocorrência da Polícia Civil sobre o tiroteio que ocorreu no último sábado (16) na frente do casarão de luxo, nos Jardins, área nobre da região central de São Paulo. Câmeras de segurança gravaram parte da troca de tiros entre o empresário Rogério Saladino, de 56 anos, e o colega de Milene, o também policial civil Felipe Wilson da Costa, 44 (veja abaixo).

O policial reagiu ao ataque de Rogério e atirou no peito do empresário, que foi levado ao hospital, mas não resistiu. O investigador também atirou no ombro do funcionário dele, Alex James Gomes Mury, de 49 anos. O vigilante morreu na residência. O policial não se feriu.

Milene não chegou a atirar. Ela foi ferida com duas perfurações no braço direito e um na axila direita. Ela morreu no hospital.

Segundo o Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que investiga o caso, o patrão e seu empregado confundiram os dois investigadores com assaltantes. Os dois policiais civis foram trabalhar na esquina das ruas Guadelupe com a Venezuela, no Jardim América.

Eles faziam parte do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e estavam buscando pistas sobre ladrões que invadiram uma casa da região e furtaram um veículo e pertences das vítimas no dia 15.

Milene e Felipe estavam num carro do Deic descaracterizado, mas usavam distintivos da Polícia Civil. Ambos se identificaram como investigadores para moradores das residências vizinhas a quem pediram imagens de câmeras de segurança que possam ter gravado os bandidos.

De acordo com o DHPP, quando os dois investigadores viram o vigilante Alex numa moto, pediram para ele também vídeos da câmera da mansão para auxiliar no trabalho. Ele entrou no imóvel, falou com um segurança da guarita, que por sua vez pediu que o dono da residência fosse avisado. Rogério foi até a guarita, que é blindada, viu os dois agentes, mas desconfiou que eles não fossem policiais.

Então, segundo a Polícia Civil, deu tiros de advertência para o alto para que os policiais, que acreditava serem falsos, fossem embora. Em seguida, abriu o portão eletrônico da mansão e saiu atirando em Milene, que nem sequer teve tempo de sacar a arma e reagir. O disparo atingiu o carro de um motorista por aplicativo, que passava pela rua.

O DHPP apreendeu quatro armas para serem periciadas: duas que estavam com os policiais e outras duas que eram do dono da mansão.

A investigação vai aguardar os resultados dos exames feitos pelo Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Técnico-Científica nas armas para saber quem atirou em quem.

De acordo com a pasta da Segurança Pública, a Polícia Civil ainda encontrou “porções de maconha” e outras drogas na residência de Rogério. O Instituto Médico Legal (IML) também fará testes para saber se Rogério estava sob efeito de alguma droga ou bebida durante o ataque contra os policiais.

CAC, laboratório e namorada

Segundo a Polícia Civil, que investiga o caso, Rogério tinha autorização para ter armas em sua casa, já que era CAC (sigla para Caçador, Atirador e Colecionador de Armas). Apesar de policiais terem dito à reportagem que as duas armas do empresário estavam regularizadas, o boletim de ocorrência do caso informa que uma delas estaria irregular: uma pistola calibre .45. A outra pistola: a .380 está legalizada.

“Ele [Rogério] achou que era um golpe mas ele fez tudo errado. Ele tava seguro dentro da casa dele. A casa tem a guarita blindada, estava com os portões todos fechados se ele desconfiasse de alguma coisa o que ele tinha que ter feito ligasse pra Polícia Militar, ligasse pra Polícia Civil”, disse à reportagem o delegado Fábio Pinheiro Lopes, diretor do Deic. “Mas não ele achou por bem fazer essa loucura, pegou duas armas e saiu atirando.”

“Ele [o empresário] tem três armas que estão no Sinarm [Sistema Nacional de Armas], que são armas que você compra de uso permitido, e são registradas na Polícia Federal [PF], e ele tem mais algumas armas. Ele é CAC. Tanto é que a .45 que ele vitimou a Milene ela era de CAC. Era uma arma que tava registrada, mas que é de uso como colecionador. Ele não podia usar ela pra atirar, nem fazer o que ele fez”, completou o diretor do Deic.

Rogério era sócio-presidente do Grupo Biofast, empresa brasileira que desde 2004 atua no mercado de medicina diagnóstica, entregando resultados de exames médicos para os setores público e privado. Entre as análises realizadas estão as clínicas, anatomia patológica e biologia molecular.

O empresário namorava a modelo e arquiteta Renata Klamt, de 37 anos. Ela chegou a postar vídeos e fotos do casal nas suas redes sociais com mensagens como “muita saudade”.

“Meu coração está em prantos, meu amor”, escreveu a namorada do empresário no Instagram dela. “Ainda não acredito”, “te amo eternamente”.

Rogério deixa um filho, de 15 anos, fruto de um relacionamento anterior.

Homicídio, agressão e crime ambiental
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que Rogério tinha passagens criminais anteriores pela polícia por “homicídio, lesão corporal e crime ambiental”.

No boletim de ocorrência consta a informação de que ele respondeu por assassinato e agressão em 1989, quando chegou a ser preso por homicídio. E também já foi acusado de crime ambiental em 2008. Policiais disseram à reportagem que esses processos contra ele já tinham sido encerrados.

O caso deste sábado (16) foi registrado pela Polícia Civil como “homicídio” e “morte decorrente de intervenção policial”. Para o Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), o policial civil que revidou os disparos não cometeu crime e agiu em legítima defesa. Como os autores do homicídio estão mortos, o inquérito será concluído e relatado à Justiça para ser arquivado depois.

Família rebate acusações de crimes
Por meio de nota, enviada ao g1 pela assessoria de imprensa da família de Rogério, os parentes do empresário lamentaram as mortes dele e das outras duas pessoas.

“Agradecemos as manifestações que temos recebido nas últimas horas e pedimos que a intimidade da família seja preservada diante da tragédia ocorrida ontem. Rogério Saladino era um empresário de sucesso, empreendedor que confiava no Brasil. A tragédia ocorrida ontem ceifou a vida de uma competente policial civil, de um profissional que trabalhava na residência e do próprio Rogério Saladino”, informa o comunicado.
Também por nota, a família de Rogério rebateu as acusações anteriores contra ele:

“Homicídio citado: trata-se de um atropelamento ocorrido na estrada de Natividade da Serra (SP) há aproximadamente 25 anos, uma fatalidade, no qual o empresário Rogério socorreu a vítima”, informa o comunicado.

“Crimes ambientais citados: refere-se à retirada de cascalho pela prefeitura municipal de Natividade da Serra (SP), em terras de propriedade da família de Rogério. Existe um termo de compromisso ambiental cumprido”, continua o texto.

A família não comentou a acusação de lesão corporal.

Rogério deverá ser enterrado nesta segunda-feira (18) num cemitério da capital, que não teve o nome nem horário divulgados pela família.

A reportagem não localizou representantes ou parentes do vigilante para comentarem o assunto. Segundo o DHPP, ele “não ostentava antecedentes criminais”.

Investigadora deixa filha de 5 anos

Por meio de nota no X (antigo Twitter), a Polícia Civil confirmou a morte de Milene. De acordo com a publicação, ela era policial havia sete anos e deixa uma filha de 5 anos.

“É com imenso pesar que a Polícia Civil informa que a investigadora Milene Bagalho Estevam faleceu ontem, 16/12, no cumprimento da função”, informa trecho do comunicado. “A Polícia Civil presta os mais sinceros sentimentos de solidariedade à família e aos amigos.”
Milene foi enterrada neste domingo (17) no Cemitério São Pedro, na Vila Alpina, Zona Leste de São Paulo. Ela foi velada e sepultada ao som de sirenes de viaturas da Polícia Civil em sua homenagem (veja vídeo abaixo).

“Estamos todos destruídos. Era brilhante como Policial, como amiga e como mãe”, disse à reportagem Thiago Delgado, delegado da Divisão de Roubos e Latrocínios do Deic, que trabalhava com Milene.
Segundo ele, a investigadora fez várias operações importantes na Polícia Civil, esclarecendo diversos crimes. Numa delas entrou num aplicativo de relacionamento para se aproximar de um criminoso procurado por roubo seguido de morte. Ela fingiu estar interessada nele e marcou um encontro. Depois, com o apoio de outros policiais, ajudou a prendê-lo.

 

Filha de policial é presa com ponto eletrônico, câmera e receptor escondidos no sutiã, casaco e calça em concurso para investigador

Nadine Novello Conde Carlos, 31anos, foi detida pela Polícia Civil neste domingo (26) após fiscais do concurso público desconfiarem dela em prova na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo. Ela foi indiciada por fraude e associação criminosa. Pai dela é investigador no Deic.

A filha de um policial foi presa em flagrante neste domingo (26) por suspeita de usar ponto eletrônico, microcâmera e receptor digital, respectivamente, no sutiã, no casaco e na calça que usava durante concurso público para investigador em São Paulo. Ela foi indiciada por fraude e associação criminosa.

Nadine Novello Conde Carlos, de 31 anos, foi detida pela Polícia Civil após fiscais do concurso público desconfiarem dela no local da prova, na Barra Funda, Zona Oeste da capital paulista. Segundo eles, a candidata estava inquieta, mexendo constantemente no casaco e olhando em todas as direções.

Os fiscais se aproximaram da carteira dela e pediram para ela retirar o casaco, mas como não quis, a coordenação foi chamada. Nadine então pediu para ir ao banheiro, e quando saiu da sala, foi seguida pela coordenação que passou o detector de metais em sua roupa. O equipamento emitiu sinal sonoro.

Em seguida verificaram que na manga do casado havia uma câmera similar usada para conversas em webcam. Segundo o boletim de ocorrência do caso, Nadine depois mostrou que o receptor do sinal das câmeras estava dentro de sua calça. E o ponto eletrônico havia sido escondido dentro do sutiã.

Candidata fica em silêncio

A Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco) da 3ª Delegacia Seccional Oeste foi chamada depois pela coordenação e fiscais do concurso. Chegando ao local, eles perguntaram quem havia contratado Nadine para fazer a fraude, quanto havia recebido em dinheiro por isso e quantas pessoas participavam do esquema criminoso.

Mas ela não quis responder e ficou em silêncio. Nadine ainda passará por audiência de custódia na Justiça, que decidirá se ela continuará detida ou responderá aos crimes em liberdade.

A reportagem tenta contato com a defesa de Nadine e a Vunesp, organizadora do concurso, para comentarem o assunto. Em suas páginas nas redes sociais ela mostra fotos do seu cotidiano, como praticar tiro ao alvo (veja acima).

Em outras publicações ela se apresenta como advogada e informa que dá assessoria jurídica (veja foto abaixo). O nome dela não consta no Cadastro Nacional de Advogados (CNA) da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

O caso foi registrado no plantão do 91º Distrito Policial (DP), Ceasa. A investigação será feita pelo 23º DP, Perdizes. A Polícia Civil vai apurar se mais pessoas estão envolvidas nos crimes. As penas para fraude vão de um a quatro anos de prisão. Associação criminosa prevê punição de até três anos de reclusão.

O pai dela é um investigador do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) em São Paulo. A reportagem entrou em contato com a Secretaria da Segurança Pública (SSP) que respondeu que, se ficar comprovada a participação de policiais no esquema, eles responderão criminalmente por isso.

“A Polícia Civil investiga um caso de fraude e organização criminosa, após uma mulher ser pega com uma escuta, em uma prova para um concurso. A autoridade policial realiza diligência para identificar outros envolvidos no crime. Se confirmada a participação de algum servidor da instituição no caso, as devidas medidas serão tomadas pela Corregedoria da Polícia Civil”, informa nota divulgada pela pasta da Segurança.

A investigação vai analisar câmeras de segurança para saber quem levou Nadine até a Universidade Paulista (Unip), na Avenida Marques de São Vicente, onde ela iria fazer a prova para a vaga de investigador da Polícia Civil.

Além do ponto eletrônico, câmera e receptor encontrados com Nadine, o Cerco também apreendeu o celular dela. O aparelho, no entanto, não chegou a ser usado durante a prova. Estava guardado conforme orientação da organização. Mesmo assim passará por perícia, assim como os demais objetos.

A polícia investiga se Nadine iria ou filmou a prova para que ela fosse feita por outras pessoas fora da universidade. E depois o grupo passasse as respostas por ponto eletrônico.

 

Polícia investiga como homem do meme ‘Cadê meu green?’ morreu em banheira de suíte de sauna gay

Luiz Lima era técnico de enfermagem, tinha 34 anos e ficou conhecido nas redes sociais após gravar vídeo cobrando entrada gratuita na boate The Week. Hóspede foi achado ensanguentado no Hotel Chilli, Centro da capital. Foi a 3ª morte em 12 anos no local. Polícia Civil investiga caso como ‘morte suspeita’. Laudos apontarão como ele morreu.

A Polícia Civil de São Paulo investiga como Luiz Carlos Pereira de Lima, que em 2020 ficou conhecido nas redes sociais pelo meme “Cadê meu green?” (saiba mais abaixo), morreu dentro da banheira da suíte de um famoso hotel e sauna gay, no Centro de São Paulo. O corpo dele foi encontrado ensanguentado nesta semana no local.

O caso é investigado inicialmente como “morte suspeita” a esclarecer. Em princípio, segundo policiais ouvidos pelo g1, até a última atualização desta reportagem não havia indícios de que tenha ocorrido um crime no local.

Laudos periciais feitos no corpo vão apontar como ele provavelmente morreu. Os resultados dos exames devem ficar prontos nas próximas semanas. Câmeras de segurança do estabelecimento também serão pedidas pela polícia para saber se gravaram Luiz. As imagens podem ajudar a esclarecer o que aconteceu com ele. Testemunhas que trabalham no lugar também serão ouvidas.

Luiz tinha 34 anos e era técnico de enfermagem. Ele foi encontrado sem vida na madrugada da última segunda-feira (18) dentro do Hotel Chilli, que fica no Largo do Arouche, região central da capital paulista.

Em sua página oficial no Instagram, o lugar informa ser um “Hot Hotel & Sauna”, “Só para homens maiores de 18 anos”, que funciona “24 horas” por dia e oferece “Drinks at Piroca´s Bar”. O Hotel Chilli está tratando o caso como um “acidente.” Ainda no seu site, o estabelecimento lamentou a morte do hóspede, sem citar seu nome, e postou a frase “Sentimos muito e esperamos a compreensão de todos”.

Depois, confirmou que ele “foi encontrado caído dentro da banheira em uma das nossas suítes e, pelas imagens de segurança, parecia estar sozinho na hora do acidente”.

O hotel também informou que “em quase 12 anos no Largo do Arouche, esse é o terceiro óbito em nossos recintos”. O estabelecimento não dá detalhes de como as outras duas mortes ocorreram (leia abaixo a íntegra do comunicado).

O g1 também procurou o estabelecimento para comentar o assunto e aguarda um retorno. Frequentadores do local comentaram com a reportagem que, apesar de o local ter o nome de hotel, ele é conhecido por gays pelas saunas, cabines, piscina e suítes com banheiras destinadas a homens que queiram ter relações sexuais.

O que diz o Hotel Chilli

“Nota de pesar

Lamentamos a morte de um hóspede nas dependências do nosso hotel na madrugada de domingo para segunda-feira. Ele foi encontrado caído dentro da banheira em uma das nossas suítes e, pelas imagens de segurança, parecia estar dozinho na hora do acidente. Em respeito à família e sempre prezando pelo sigilo achamos desnecessário divulgar o nome dele. Não tivemos acesso ao laudo dos peritos e portanto não temos maiores informações.

Em quase 12 anos no Largo do Arouche, esse é o terceiro óbito em nossos recintos. Reiteramos que estamos dentro de todas as normas de segurança vigentes. Possuímos o AVCB do Corpo de Bombeiros [Auto de Vistoria da corporação] atualizado e todos os equipamentos estão em pleno funcionamento.

Aos amigos e familiares nosso sincero respeito.

A Diretoria”

Vídeo mostra suíte
Segundo policiais militares, eles foram chamados para atender a uma ocorrência “relacionada a encontro de cadáver” dentro hotel.

“No local dos fatos, havia o corpo da vítima, Luiz Carlos Pereira de Lima, no interior da banheira, da suíte 343, com sangue escorrido e o filtro da banheira ao lado da cabeça. Não foram localizados parentes ou conhecidos no local”, informa trecho do que os agentes da Polícia Militar (PM) disseram no boletim de ocorrência do caso.

A mesma suíte 343 com a banheira onde Luiz foi encontrado morto pela PM aparece num vídeo postado há mais de quatro meses na página do Hotel Chilli (veja acima). Na divulgação, o estabelecimento pergunta aos seus mais de 17 mil seguidores: “Tá sabendo da novidade? As suítes Presidencial, Júnior e Sênior passaram por um Upgrade… Venha conferir…”

Um internauta pergunta ao hotel qual é o modelo da suíte do vídeo e tem a resposta de que se trata da “sênior.”

O que diz a SSP

O registro foi feito quase sete horas depois do encontro do corpo, no plantão do 2º Distrito Policial (DP), Bom Retiro. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), a investigação, no entanto, será feita pelo 3º DP, Campos Elíseos, responsável pelo região onde o caso ocorreu.

“O 3º Distrito Policial (Campos Elíseos) trabalha em busca de testemunhas e outros elementos que auxiliem nas investigações. Foram solicitados exames ao Instituto de Criminalística (IC) e ao Instituto Médico Legal (IML), cujos laudos estão em elaboração para auxiliar no esclarecimento da causa da morte”, informa nota divulgada nesta quinta-feira (21) pela pasta da Segurança.

O registro policial não informa, no entanto, quem acionou a corporação para atender a ocorrência e as circunstâncias de quem teria encontrado primeiro o corpo de Luiz. No documento aparece o nome de um homem, mas não tem a identificação de quem ele é.

Procurado pela reportagem para comentar a investigação, o delegado Alexandre Dias, titular do 3º DP, informou que um inquérito policial foi aberto, mas que a apuração seguirá com o Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

“Foi instaurado IP [inquérito policial], autoria desconhecida, será encaminhado ao DHPP para prosseguimento. Ainda não chegaram os laudos”, disse o delegado, que não respondeu, porém, quais são as possíveis hipóteses investigadas para tentar esclarecer a morte de Luiz.

‘Magnata do Café’, investigado por aplicar golpes em juízes e promotores, é preso em São Paulo

O empresário Rodrigo Bonametti de Miranda, conhecido como o ‘Magnata do Café‘, foi preso, nesta quinta-feira (27), em São Paulo. Acusado de aplicar golpes contra juízes, promotores e advogados, ele estava se preparando para fugir da polícia.

Rodrigo foi preso por agentes do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil ao sair de um hospital de luxo.

O magnata estava com uma mala de roupas. Ele foi encaminhado para a sede do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), onde foi cumprido o mandado de prisão preventiva.

Rodrigo Bonametti de Miranda foi alvo, em março deste ano, de uma operação realizada em um hotel de luxo de Brasília e em São Paulo. Os policiais apreenderam um carro de luxo avaliado em mais de R$ 500 mil, um Macbook, um celular e dois passaportes.

GOLPES EM JURISTAS

O empresário é suspeito de realizar um esquema de pirâmide financeira, vendendo supostas cotas em um fundo de investimentos de um empreendimento. Bonametti afirmava que tinha uma fazenda produtora de café em SP e prometia o lucro da venda das sacas do grão.

As cotas variavam de R$ 40 mil a R$ 60 mil, segundo o jornal Metrópoles. A fazenda, no entanto, nunca existiu. Uma das vítimas alega que comprou R$ 300 mil em cotas e vendeu diversas garrafas de vinho ao magnata, mas nunca recebeu o dinheiro. 

A vítima contou que conheceu o empresário por amigos em comum. “O Rodrigo costumava chegar aos lugares e tomar os vinhos mais caros. Usava roupas e relógios de grife e circulava entre pessoas influentes nos poderes Judiciário e Executivo”, disse. 

Irmão de Beto Richa e mais 14 investigados são presos pela PF em nova fase da Lava Jato

Primo de Richa, Luiz Abi Antoun, também foi alvo, mas não foi detido porque está no exterior. Ao todo, foram expedidos 73 mandados de busca e apreensão, três de prisão preventiva e 16 de prisão temporária para a 55ª etapa da Lava Jato.

A Polícia Federal (PF) prendeu Pepe Richa, irmão do ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB), e mais 14 pessoas na 55ª fase da Operação Lava Jato na manhã desta quarta-feira (26) em cidades do Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo.

A ação foi batizada de Operação Integração II e investiga irregularidades nas rodovias pegadiadas do Paraná. O diretor da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) João Chiminazzo Neto é alvo de uma ordem preventiva de prisão.

O empresário Luiz Abi Antoun, um dos alvos de prisão temporária, conforme o delegado Joel Cicotti, de Londrina, no norte do Paraná está no exterior. Abi é primo do ex-governador Beto Richa (PSDB).

Grupo é preso em SP após se passar por juiz e falsificar sentenças da Justiça do Rio de Janeiro

Em um dos golpes, eles chegaram a desviar R$ 14 milhões da conta de um cliente falecido. Mesmo preso, um dos suspeitos chegou a dizer em depoimento que era filho de um juiz federal do Paraná.

A polícia de São Paulo prendeu três homens que falsificavam decisões do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Eles chegaram a aplicar golpes em pessoas, bancos e no próprio TJ.

Um dos criminosos criou uma senha digital no sistema do TJ-RJ para se passar por juiz. Em um dos golpes, eles chegaram a desviar R$ 14 milhões da conta de um cliente falecido.

Marcos Oliveira Lemos, Vitor Gustavo Ribeiro de Liveira e Luiz Henrique dos Santos Moreira foram presos em Jacareí, na região Metropolitana de São Paulo e levados para à sede do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) na manhã desta quarta (28).

Durante a prisão, Marcos se identificou por outro nome e disse ser filho de um juiz federal do Paraná. Os agentes ligaram para o juiz que negou qualquer relação com o suspeito.

Transferência de R$ 1 milhão
Em uma das sentenças falsificadas pelos presos, eles solicitaram que o diretor jurídico do banco Itaú fizesse uma transferência de R$ 1,3 milhão.

A sentença, que foi assinada por Luiz Henrique como juiz de direito substituto, determinava ainda que multas diárias de R$ 10 mil que deveriam ser aplicadas à instituição em caso de descumprimento.

“O Luis, usando o nome que ele diz ser dele, a gente não sabe como ele conseguiu uma senha de um juiz do Rio de Janeiro. Essa senha parece que tem validade e ele consegue oficiar para as instituições bancárias e pedir para liberar algum dinheiro que está em pendência, em processo, em litígio”, afirma Fábio Pinheiro Lopes, delegado do Deic que investiga o caso.
Os três suspeitos foram autuados em flagrante e vão responder por uso de documento falso, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Durante a audiência de custódia, a Justiça converteu a prisão em flagrante em preventiva por tempo indeterminado.

“A gente verificou que parte desses R$ 14 milhões foram para as contas deles. Só que o banco, quando percebeu a segunda tentativa que tentaram fazer mais um desvio, o banco desconfiou e conseguiu bloquear. Dos R$ 14 milhões, conseguiu bloquear R$ 11 milhões e usaram R$ 3 milhões eles gastaram”, completa Fábio Pinheiro Lopes

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro disse em nota que registrou uma tentativa de fraude no sistema, mas que não chegou a se concretizar.

O Itaú confirmou que recebeu decisões judiciais para transferir valores de pessoas falecidas, mas identificou que eram falsas.

 

Dono de mansão que matou policial a tiros em SP ao confundi-la com assaltante estava sob efeito de álcool e remédios, diz laudo

Polícia quer saber se substâncias encontradas em Rogério Saladino provocaram alucinações e o fizeram achar que policiais fossem criminosos. Empresário matou investigadora Milene Estevam. Outro policial matou dono da casa e vigilante na troca de tiros nos Jardins, em 2023.

O dono da mansão em São Paulo que matou a tiros uma investigadora da Polícia Civil ao confundi-la com uma assaltante estava sob efeito de bebidas alcoólicas e de remédios quando cometeu o crime, segundo laudo pericial da Polícia Técnico-Científica.

O caso ocorreu em 16 de dezembro de 2023 entre as ruas Guadelupe e Venezuela, nos Jardins, área nobre da capital. Câmeras de segurança gravaram o tiroteio, que deixou três pessoas mortas no total (veja vídeo acima).

Morreram: o proprietário da residência, o empresário Rogério Saladino dos Santos, de 56 anos, o vigilante particular dele, Alex James Gomes Mury, de 49, e a investigadora Milene Bagalho Estevam, de 39. A policial nem chegou a atirar, mas foi baleada por três disparos feitos pelo dono da mansão.

O empresário e o vigilante foram mortos em seguida pelo investigador Felipe Wilson da Costa, de 44 anos, que reagiu aos tiros dados por Rogério. O empresário levou um tiro e morreu. Alex tentou pegar a arma do patrão e atirar contra os dois agentes, mas também foi baleado pelo policial e não resistiu. Felipe, que atirou em legítima defesa, não foi atingido.

Segundo o Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Rogério achou que Milene e Felipe eram criminosos e por isso atirou neles.

Os investigadores foram até o imóvel pedir imagens de câmeras de segurança que pudessem ter gravado ladrões furtando uma residência vizinha dias antes. Eles estavam com distintivos e haviam se identificado como policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), mas o empresário não acreditou.

O DHPP investiga o tiroteio nos Jardins como “homicídio” e “morte decorrente de intervenção policial”. Agora com o laudo, o departamento quer saber dos peritos se as substâncias encontradas no corpo de Rogério podem ter provocado alucinações ou confusão mental que o fizeram achar que policiais fossem bandidos.

O Instituto Médico Legal (IML) encontrou 13 dg/L de álcool etílico no sangue do empresário. Os efeitos dessa dosagem variam de acordo com peso, sexo, idade e metabolismo, mas, segundo dados do Cisa (Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool), a partir de 8 dg/L a pessoa pode apresentar sintomas como falha de coordenação motora, visão dupla e desconexão da realidade.

Também foram encontradas substâncias químicas no organismo do empresário. Elas estão presentes em remédios para depressão e distúrbios do sono. Esses medicamentos, associados a álcool, também poderiam contribuir ou agravar um estado de alucinação, segundo policiais.

O DHPP voltará a questionar o IML quais efeitos essas substâncias podem ter causado em Rogério. Independentemente das respostas, o inquérito policial deverá ser arquivado pela Justiça, já que o autor do crime morreu no tiroteio.

A polícia informou ter encontrado “porções de maconha” e outras drogas, como haxixe e substâncias sintéticas, na residência de Rogério. Apesar disso, os peritos não encontraram vestígios delas no corpo do empresário.

Milene estava havia sete anos na Polícia Civil. Ela deixou uma filha de 5 anos. Na cerimônia de despedida, diversas viaturas da Polícia Civil ligaram suas sirenes em sua homenagem.

CAC, laboratório e namorada

Segundo a Polícia Civil, Rogério tinha autorização para ter armas em sua casa, já que era CAC (sigla para Caçador, Atirador e Colecionador de Armas). Apesar de policiais terem dito que as duas armas do empresário estavam regularizadas, o boletim de ocorrência do caso informa que uma delas estaria irregular: uma pistola calibre .45. A outra, pistola .380 está legalizada.

Rogério era sócio-presidente do Grupo Biofast, empresa brasileira que desde 2004 atua no mercado de medicina diagnóstica, entregando resultados de exames médicos para os setores público e privado. Entre as análises realizadas estão as clínicas, anatomia patológica e biologia molecular.

O empresário namorava a modelo e arquiteta Bianca Klamt, de 37 anos. Ela chegou a postar vídeos e fotos do casal nas suas redes sociais com mensagens como “muita saudade”. Rogério deixa um filho, de 15 anos, fruto de um relacionamento anterior.

Homicídio, agressão e crime ambiental
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que Rogério tinha passagens criminais anteriores pela polícia por “homicídio, lesão corporal e crime ambiental”.

Por meio de nota, enviada ao g1 pela assessoria de imprensa da família de Rogério, os parentes do empresário lamentaram as mortes dele e das outras duas pessoas. E rebateram as acusações de crimes atribuídos ao empresário no passado. Ele foi enterrado num cemitério da capital.

“Nós não sabemos ao certo qual informação ele [Rogério] recebeu, não temos noção de qual informação ele recebeu que explicasse essa reação que ele teve [de atirar nos policiais]. De maneira que, com a impossibilidade de ele pode explicar o que aconteceu, é muito difícil discutirmos sobre os fatos”, falou o advogado da família de Rogério, Marcelo Martins Oliveira.

 

Polícia prende 3º suspeito de invadir loja de conveniência e matar PM aposentado na Zona Leste de SP

Klismann Lopes da Rocha estava foragido desde o crime ocorrido em novembro. Ele foi detido pelos investigadores do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) na Avenida Aricanduva, Zona Leste da capital paulista.

A Polícia Civil de São Paulo prendeu nesta terça-feira (19) o terceiro suspeito de atirar e matar um policial militar reformado dentro de um supermercado da Zona Leste de São Paulo, no último mês de novembro.

O crime foi gravado pelas câmeras de segurança do estabelecimento, que flagraram o momento que três ladrões ingressam na loja para cometer um assalto e atiram contra o PM reformado Paulo Eduardo Ramalho, de 57 anos.

Na ocasião do assassinato, dois suspeitos de participação já haviam sido detidos pela polícia. Mas o terceiro integrante do bando, apontado como o autor do disparo que matou a vítima, estava foragido.

Klismann Lopes da Rocha foi detido pelos investigadores do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) na Avenida Aricanduva, Zona Leste da capital paulista.

Segundo o órgão, ele já tem um mandado de prisão temporária expedido pela Justiça e permanecerá preso na carceragem do departamento.

O delegado responsável pelo caso já solicitou que a prisão temporária seja convertida em preventiva pela Justiça paulista.

Outros dois integrantes do bando de nome João Vitor Cabelo Conrado e Cauan Santos Silva também continuam presos.

Crime na Zona Leste
O caso ocorreu na noite de 20 de novembro, por volta das 21h, dentro da Oxxo na Rua Doutor Angelo Vita, no Tatuapé, ao lado da Estação Carrão do Metrô.

O cliente morto é Paulo Eduardo Ramalho, um policial militar aposentado. Ele tinha 57 anos e era subtenente reformado da Polícia Militar (PM) desde 2015.

Apesar de estar armado, Paulo não esboça nenhuma reação durante o assalto. Uma das linhas da investigação da Polícia Civil é de que os bandidos decidiram atirar nele ao descobrirem que o cliente estava com uma arma na cintura. Também é investigada a hipótese de os assaltantes terem desconfiado que a vítima era policial.

Além da corrente e da carteira, Paulo teve sua arma roubada pelos bandidos, que fugiram após o crime. Do lado de fora um comparsa estava num carro os aguardando.

Caso de latrocínio

A Polícia Militar foi acionada e informou ter prendido em flagrante dois suspeitos de participarem do assalto. Um terceiro criminoso não foi localizado e ainda era procurado. O caso foi registrado como latrocínio, que é o roubo seguido de morte, no 53º Distrito Policial (DP), Parque do Carmo.

Segundo a polícia, dois criminosos entraram na loja e anunciaram o assalto por volta das 21h, enquanto o terceiro bandido ficou num carro, do lado de fora. Paulo aparece de boné azul e camiseta preta na frente do caixa com a carteira na mão para pagar sua compra.

Ele chegou a ser socorrido por uma ambulância, que o levou para o Hospital Municipal do Tatuapé, onde teve a morte confirmada.

Rota prende dois suspeitos

Uma denúncia levou as Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), tropa de elite da Polícia Militar, a localizar o carro usado pelos bandidos na fuga. Os policiais perseguiram o veículo dos criminosos, que se acidentou no Jardim Santa Terezinha, também na Zona Leste.

O automóvel usado pelos três bandidos era furtado. Depois eles continuaram a fugir por uma viela. A polícia conseguiu prender dois bandidos e apreendeu a arma usada no crime. Um dos criminosos conseguiu fugir.

Levantamento feito pelo jornalismo da TV Globo mostra que 42 agentes de segurança, entre policiais militares, civis e guardas municipais na ativa ou aposentados, foram vítimas de assaltos na Grande São Paulo entre janeiro e novembro deste ano.

Sendo que oito policiais ficaram feridos e cinco foram mortos. Outros 14 criminosos ficaram feridos e 14 morreram.

No mesmo período do ano passado, 54 agentes foram alvos de criminosos na região metropolitana de São Paulo: 12 policiais ficaram feridos e sete morreram. Enquanto 12 criminosos foram feridos e 11 acabaram mortos.

O que diz a Oxxo
A reportagem procurou a Oxxo para comentar o assunto. A empresa se pronunciou por meio de nota:

“O Grupo Nós, operador da marca de mercados de proximidade OXXO, confirma que na noite do dia 20 de novembro foi vítima de uma tentativa de roubo em uma de suas unidades, próxima ao Metrô Vila Carrão. A companhia informa que acionou imediatamente as autoridades competentes e está prestando todo o suporte aos colaboradores e clientes envolvidos.

A marca lamenta profundamente o ocorrido com um de nossos consumidores. Nosso time prestará apoio social e psicológico à família neste momento. A empresa reforça que tem realizado iniciativas internas e tem trabalhado em parceria com os órgãos públicos no intuito de minimizar as questões de insegurança pública”