Chefão de cartel preso no DF já foi condenado por Moro e tem patrimônio milionário
Preso na tarde dessa quarta-feria (27/2) em um hotel de luxo no Setor Hoteleiro Norte (SHN), Lúcio Rueda Bustos – antigo chefe do Cartel Juárez, um dos maiores do México – já foi condenado pelo ex-juiz Sergio Moro, hoje ministro da Justiça, por lavagem de dinheiro. Agora, ele corre o risco de ficar sem o patrimônio milionário em imóveis que adquiriu no Paraná, São Paulo e Santa Catarina.
 
Na sentença do então juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, o ex-chefão do tráfico em Juárez recebeu a sentença de 10 anos e 6 meses de prisão; cumpriu 4 anos e foi solto. O esquema do qual Rueda fazia parte chegou a movimentar US$ 200 milhões por semana e era responsável por 50% dos entorpecentes que entravam nos Estados Unidos. A Ciudad Juárez fica na fronteira com o México, mas era pelo ar e por navios que a droga chegava aos EUA.
 

Rueda responde a uma série de ações penais na Justiça, entre as quais as que resultaram em desdobramentos da Operação Zapata, que resultou na prisão do acusado em 2006. Os processos foram instaurados para o sequestro e confisco de carros de luxo e imóveis, adquiridos por meio do tráfico internacional de drogas. Os bens foram colocados no nome da mulher do traficante, Cíntia Plascência, no intuito de dar aparente legalidade à origem do dinheiro.

 

O ex-líder do cartel veio para o Brasil em 2002 para lavar dinheiro no interior do Paraná, onde adquiriu vários imóveis. À época, ele desembarcou em Curitiba com US$ 30 milhões.

Ao ser preso, o ex-chefão de cartel se identificou como Ernesto Plascencia San Vicente, apresentando um documento fraudado, retirado a partir de uma certidão de nascimento falsa.

Vida de luxo
De acordo com o diretor adjunto da Divisão de Repressão a Sequestros (DRS), delegado Luiz Henrique Dourado, policiais investigavam o grupo, que estava hospedado havia dias no local, desde que receberam uma denúncia. Eles chamaram atenção porque consumiam produtos de alto valor, gastavam com garotas de programa e sempre pagavam tudo em dinheiro.

“Contaram versões divergentes. Eram dois mexicanos e mais quatro pessoas de outros estados. Desconfiamos e os levamos para a delegacia. Ao checar a documentação, vimos que Lúcio Rueda estava com a identidade e a habilitação fraudadas. Além disso, encontramos R$ 34 mil em espécie no quarto dele. Também localizamos joias”, explicou Dourado.

Após ser preso, Lúcio Rueda Bustos, o segundo na hierarquia do cartel, afirmou em depoimento que tinha dois nomes e todos seus documentos eram verdadeiros. “Ele é frio e mente com facilidade”, descreveu o delegado. O suspeito passou por audiência de custódia na Justiça nessa quinta-feira (28) e a prisão em flagrante foi convertida em preventiva.

“Em que pese já tenha cumprido sua pena, não se passaram cinco anos da extinção e ainda é considerado reincidente. Neste diapasão, a concessão de liberdade provisória ou a aplicação de medidas cautelares não são recomendáveis”, justificou a juíza Lorena Alves O’Campos.

A prisão dessa quarta (27) pela PCDF deixou policiais federais em alerta, uma vez que ainda é preciso investigar se o ex-chefão de cartel de drogas mantém atividades criminosas na capital do país.

 

Ex-marido de estudante encontrada carbonizada na Zona Oeste do Rio é preso

Raphaela Salsa Ferreira foi abordada na porta de casa depois de chegar do curso. Corpo dela foi encontrado carbonizado em Santa Cruz. Wagner Dias nega o crime, mas a polícia diz que há fortes indícios de que ele foi o autor do feminicídio.

Wagner Dias, ex-marido da estudante Raphaela Salsa Ferreira, de 38 anos, foi preso na manhã desta terça-feira (31) por agentes da Delegacia de Homicídios da Capital. Wagner é considerado o principal suspeito de matar carbonizada a jovem, e teve prisão temporária expedida pela Justiça do Rio de Janeiro.

Na segunda-feira (30), ele prestou depoimento à polícia e a prisão foi pedida logo depois.

À polícia, o suspeito negou o crime, mas os agentes destacaram que há fortes indícios de que ele tenha matado a ex-mulher e ainda tentou ocultar provas do crime.

Wagner tem uma anotação criminal por injúria, ameaça, lesão corporal contra Raphaela, em 2014, na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Jacarepaguá, segundo a polícia.

O corpo de Rahaela foi encontrado carbonizado em Santa Cruz, na Zona Oeste do RJ, na noite da última sexta-feira (27).

Segundo a Delegacia de Homicídios, Raphaela foi queimada viva. De acordo com o inquérito policial, Wagner não aceitava o fim do casamento de 14 anos que teve com a vítima. Testemunhas disseram à polícia que ela temia que Wagner descobrisse que ela estava se relacionando com uma nova pessoa.

O g1 apurou que, de acordo com as investigações, Wagner pegou um carro emprestado com um amigo e, na noite da quinta-feira (26), seguiu Raphaela da saída do curso até a casa dela, na Praça Seca. Uma câmera no entorno registrou quando a estudante entra, sem resistência, nesse veículo, sentando-se no banco do carona.

Além do ex, também foram convocados pela polícia a prestar depoimento o atual namorado de Raphaela, o amigo que emprestou o carro ao ex e o homem que teria comprado a gasolina para queimar a vítima.

O carro que pegou Raphaela na porta de casa antes de ela desaparecer passou por perícia.

O corpo carbonizado de Raphaela — que estava a 40 quilômetros de casa — foi reconhecido no IML pela arcada dentária e por tatuagens.

No domingo (29), o Disque Denúncia divulgou um cartaz em que pedia informações sobre os assassinos de Raphaela.

A família acreditava que Wagner, pai dos filhos mais novos de Raphaela, não tinha feito nada contra ela. A estudante estava separada há pouco tempo dele.

“Ela estava separada do marido, mas tinha um relacionamento muito amistoso com ele. Era uma coisa legal, ela precisava dele, ele estava sempre disponível. E assim foi, era isso. Que a justiça seja feita, a justiça seja feita”, disse uma parente.

Perseguição

Raphaela foi seguida do curso onde estudava até em casa. Imagens mostram a estudante saindo do curso de enfermagem às 21h20 da última quinta-feira (26), no bairro Pechincha. Ela entra num carro de aplicativo com destino à Praça Seca, onde morava.

Logo depois um carro que estava estacionado em frente desde as 20h sai atrás.

Uma outra imagem, 15 minutos depois, mostra Raphaela no portão de casa. O mesmo carro para em frente à vila, e ela entra do lado do carona. Pelas imagens não é possível identificar a placa do carro.

Como Raphaela não chegou em casa no horário de sempre, a família desconfiou.

“Ela saiu do curso, entrou no ‘Uber’ e não retornou para casa. A gente suspeitou porque nove e meia da noite, que é o horário que ela costuma chegar, ela ainda não tinha chegado. Começamos a ficar preocupadas. Desde então não dormimos”, disse a filha mais velha em um áudio.

O corpo de Raphaela foi encontrado na noite de sexta-feira (27), 24 horas depois do desaparecimento, carbonizado em Santa Cruz.

“Quem conhecia sabe que ela era de dentro de casa. Era mãe, cuidava dos filhos dela, estava fazendo o curso dela. Não tinha problema e nem envolvimento com nada. Estava só querendo voltar pra casa do curso dela. Mas infelizmente a notícia que a gente recebeu é que encontramos o corpo dela sem vida.”

O professor do curso de enfermagem disse que Raphaela era uma mulher alegre.

“Uma menina de extrema felicidade, muito alegre, muito amiga de todos os colegas. Todos gostavam dela dentro da sala de aula. Ela se destacava pela felicidade dela e alegria de estar estudando, de estar correndo atrás de uma coisa melhor para ela e para a família dela”, falou Wagner Santos Batista.

Raphaela era filha única e deixa quatro filhos, a mais nova com 1 ano e 10 meses.

Falso médico é investigado por usar profissão para atrair mulheres e aplicar golpes em SP

Anderson Leonardo Fernandes de Souza se apresentava como cardiologista formado pela USP, além de infectologista e dermatologista. Ele fazia consultas, dava palestras e receitava medicamentos até para bebês, usando um registro profissional inativo, de um médico que já morreu.

Anderson Leonardo Fernandes de Souza, de 28 anos, está sendo investigado pela Polícia Civil de São Paulo por aplicar golpes se passando por médico cardiologista formado pela Universidade de São Paulo (USP).

Ele é acusado por pelo menos cinco vítimas – a maioria mulheres – de aplicar golpes financeiros e também fazer consultas médicas usando um número de registro profissional inativo pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de SP (Cremesp).

Anderson tem pelo menos 11 mil seguidores nas redes sociais, onde posta fotos de jaleco médico, em sala de atendimento e até se arrumado como se estivesse pronto para fazer uma cirurgia.

O 66° Distrito Policial do Jardim Aricanduva instaurou inquérito policial para apurar os crimes de estelionato, exercício ilegal da profissão e falsificação de documento particular por parte do falso médico.

Uma das vítimas ouvidas pelo SP1, da TV Globo, na condição de anonimato, disse que teve um prejuízo de mais de R$ 45 mil, ao se relacionar com o rapaz amorosamente.

“Foram 9 meses de relacionamento. A gente se conheceu pela internet, foi engatando namoro, comecei a morar junto… Nesse tempo foram mais ou menos uns R$ 45 mil de prejuízo, de empréstimo. Às vezes, uma coisa ou outra que ele dizia que era para os dois. Então, viagens, jantares, coisas que ele queria para os dois e que sempre alegava que iria devolver. Ele dizia estar com a conta bloqueada e mostrava as contas. A última vez que mostrou, tinha mais de R$ 500 mil na conta”, contou a moça.

Imersa no relacionamento, a vítima disse que não desconfiava de Anderson e que conheceu ele por uma rede social.

“No relacionamento, eu não parei para olhar. Nunca pensei em saber realmente se estava falando a verdade. Minha irmã e outras pessoas de fora vieram até mim. De início, eu estava relutante. Outra pessoa teve que abrir meus olhos até eu entender que era um golpe.”

Crachás falsos
Para enganar as vítimas, Anderson andava sempre com dois crachás falsos de onde ele dizia trabalhar: um do Hospital Geral do Grajaú, na Zona Sul, e outro do Sírio-Libanês, na região Central de São Paulo.

Os dois hospitais negam que Anderson Leandro faça parte do corpo médico das unidades.

Nos crachás, ele usava o número de um CRM, o registro no Conselho Regional de Medicina, de outro profissional — que está inativo desde 2002. Era de um médico que já morreu.

Pelas publicações nas redes sociais, Anderson se aproveitava qualquer oportunidade para se passar por médico, como prestar socorro nas ruas e até fazer consultas e prescrever medicamentos.

“Além de cardiologista, ele dizia ser dermatologista também. Então, num certo momento eu comecei a sentir um incômodo na minha perna, uma coceirinha. Aí eu pedi pra ele olhar pra mim. Ele olhou, falou que era micose, passou medicamentos, pomadas, enfim”, disse uma mulher que se consultou como o falso médico.

“Pouco tempo depois, meu filhinho começou a ter uma coceirinha no corpo, vermelhidão, umas bolinhas. Eu fiquei super preocupada, porque ele havia me falado que se eu não tivesse tratado antes, eu podia até ter passado pro bebê. Então, rapidamente pedi ajuda pra ele. E ele foi até em casa, examinou meu filho, passou uma receita de remédio. Comprei e passei no bebê”, contou ela.

O falso médico dava até palestras. No mês passado, Anderson falou para alunos de um cursinho popular de Guarulhos, na Grande São Paulo.

A identificação na foto de divulgação do evento é: médico cardiologista pela USP. Mas o nome dele não consta em nenhuma lista de aprovados no vestibular da universidade.

Descoberta do golpe
O falso médico foi descoberto por uma de suas vítimas quando disse que se tornaria o responsável pelo setor de cardiologia de uma rede de hospitais grandes da capital paulista.

Mas quando é feita uma pesquisa rápida na internet, o nome dele não aparece no quadro de funcionários do hospital.

“A primeira vez que eu fiz uma pesquisa muito simples e já vi que o nome dele não baita. A gente encontrou um CNPJ de uma lanchonete que não tinha nada a ver com medicina, não encontramos nenhum material acadêmico de onde ele estudava. Ele disse que tinha estudado na USP e tudo mais. Pesquisei todas as listas da USP desde 2010 até 2023 e não encontrei o nome dele”, contou a mulher que descobriu o golpe.

“A carteirinha que ele usava ficava junto com o estetoscópio no retrovisor da frente do meu carro. Eu entrei no carro e fui bater uma foto pra pesquisar depois a fundo, sem ninguém notar. Quando bati o olho na carteirinha já vi que era uma carteirinha falsa”, completou.

Família do falsário
Antes mesmo do registro da ocorrência na Polícia Civil, os familiares do Anderson já estavam sendo procurados por vítimas que cobravam valores “emprestados” ao falso médico. Um parente afirma que Anderson sequer concluiu o segundo ano do ensino médio.

“Até onde eu sei nunca fez faculdade, desconheço essa informação [de ele ter se formado em medicina]. Não terminou a escola, foi até o segundo ano”, detalha o familiar.

“Ele já trabalhou em algum hospital sim, mas não na área de medicina, nem enfermagem. Ele trabalhou como auxiliar de cozinha. Esse é o contato dele com hospital. Mas na área da saúde não”, continua.

O parente também contou que, antes de surgirem nas redes sociais imagens de Anderson atuando como médico e as denúncias de golpe, a família ficou um bom tempo sem notícias dele.

“A gente não sabia do paradeiro dele até essa história vir à tona. Ele sempre pegava dinheiro emprestado, pegou dinheiro com a mãe. Não ajudava com as despesas de casa. Mas até ali era um problema familiar. Ele pegou as coisas dele e sumiu. Aí começaram a aparecer vídeos dele como médico, dando dicas de saúde. Que estava entrando em hospital, atuando, se passando por um profissional de medicina. A gente meio que sabia, mas foi um baque. Não sabia da gravidade… Que ele estava com crachá, entrando em consultório, se passando real. A gente achou que era só uma mentira para impressionar o circulo de amizade. Então, foi um choque.”

O que dizem os hospitais
A TV Globo fez contato com a USP para saber sobre a formação de Anderson e, por meio de nota, a instituição explicou que não pode fornecer informações referentes a alunos ou ex-alunos.

O órgão destacou que o exercício ilegal da medicina é um caso de polícia, uma vez que a atuação do Conselho se limita a profissionais médicos registrados na autarquia. E que o Cremesp, quando identifica, por exemplo, durante fiscalização, que há profissionais se passando por médicos, ou quando o Conselho percebe tentativas de registro com apresentação de documentos falsos, como diplomas, a autarquia aciona os órgãos competentes, como o Ministério Público.

“Cabe ressaltar que o Conselho disponibiliza o Guia Médico em seu site, para que os pacientes possam checar se o profissional que o está atendendo é médico e está com registro regular no conselho”, disse.

Com relação aos hospitais, o Sírio-Libanês informou que o médico citado não faz parte do corpo clínico e nunca teve nenhum tipo de vínculo com o hospital.

O Hospital Geral do Grajaú (HGG) afirma que não há nenhum cadastro, passagem ou atividade do profissional na unidade. Também não constam registros em nenhuma outra unidade de administração própria do estado de SP.

A Prefeitura de Itaquaquecetuba, por meio da Secretaria de Saúde, informa que a unidade é gerida pelo Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS). De acordo com o instituto, não há registro do nome citado como parte do quadro de profissionais da unidade.

 

MP do Rio prende quatro policiais civis acusados de encobrir rede de exploração da prostituição

A Delegacia Especial de Atendimento à Mulher do Centro (Deam/Centro), referência no enfrentamento da violência contra a mulher, é alvo de uma operação desencadeada nesta quinta-feira, pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), contra policiais acusados de dar cobertura para redes de exploração da prostituição feminina. São quatro mandados de prisão — todos contra policiais civis e cumpridos antes das 8h — e outros seis de busca e apreensão. A ação é desdobramento da “Fim da Linha”, operação que ocorreu na terça-feira, focada em esquemas de corrupção de agentes públicos e exploração de jogos ilegais por chefões do jogo do bicho na cidade.

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Responsável pela investigação, o Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do MP-RJ concluiu que DEAM/CENTRO faz parte de uma organização criminosa formada por policiais civis, que se uniram para efetuar, de forma permanente e estruturada, a cobrança de vantagens indevidas para permitir o funcionamento clandestino de estabelecimentos de exploração de jogos de azar e casas de prostituição.

Cinco foram denunciados e quatro já foram presos. São eles: os policiais civis Marcelo Flora de Lemos, o “Marcelão”; Alcino Luiz Costa Pereira, Alair do Rosário Ribeiro dos Santos Júnior, conhecido como “Bambam” ou Junior Bambam” e Bruno Montes da Silva, o “Brunão”. Já Pietro Conti Rodrigues está custodiado na Cadeia Pública Constantino Cokotós.

Os mandados de hoje foram expedidos pela 1ª Vara Especializada em Crime Organizado do Tribunal de Justiça do Rio, a mesma que ordenou a prisão de 26 pessoas na Fim de Linha, entre as quais os bicheiros Bernardo Bello e Marcelo Simões Mesqueu, o Marcelo Cupim – ambos se encontram foragidos.

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Policiais civis lotados na DEAM/Centro fazem parte do esquema corrupção desde 2020, apuraram os responsáveis pela investigação. Esse grupo se estruturou de forma a viabilizar o esquema reiterado e sistêmico de corrupção mediante a cobrança de propina para fazer vista grossa ao funcionamento de casas de prostituição.

A investigação demonstrou que equipes de policiais civis – como a composta pelos ora denunciados –, preliminarmente, coletam informações e selecionam possíveis estabelecimentos ilegais, especialmente voltados à exploração de jogos de azar (bingos, máquinas caça níquel e jogo do bicho) e casas de prostituição.

Em seguida, as equipes fazem a própria divisão de estabelecimentos, definindo para quais policiais corruptos os proprietários desses estabelecimentos deverão pagar propina para que seu negócio ilícito não seja alvo de perturbação.

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Por fim, tal divisão é materializada em listas e anotações, e os policiais corruptos, como os denunciados, partem para a etapa final do processo corruptivo, consistente na abordagem do criminoso e solicitação e recebimento da vantagem indevida.

Inicialmente, o objetivo da investigação do GAECO era apurar crimes praticados por contraventores que exploram jogos de azar, após notícia crime sobre bingo clandestino que funcionaria em Copacabana com a permissão de policiais militares e civis. No curso da investigação, ao rastrear o responsável por confeccionar as cartelas para bingos ilegais explorados por organizações criminosas no Rio, o MP identificou três grupos criminosos que utilizam de diferentes modos de fraudar os resultados dos jogos, corrompem policiais militares e civis, e valem-se de violência para a conquista de território.

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Em agosto, um dos fundamentos apresentados pelo mesmo GAECO no pedido de prisão de outro chefão do bicho, Rogério de Andrade, foi um manuscrito encontrado pela Polícia Federal (PF) na casa onde o bicheiro estava em Araras, Petrópolis. Para os investigadores, os dizeres “Xiquinho me passou que tem duas DPs que estão cobrando a merenda que não seguiu. Deam Centro e Deam Camp Grande” são provas de que a organização pagava propina regular para integrantes da Polícia Civil do Rio.

Outro manuscrito apreendido, com nove itens, reforça a suspeita de corrupção. Um dos itens diz que “Xiquinho me passou que Deac Centro, Deac Especializadas e Deam Centro querem o retorno da merenda deles (tinha parado por pedido das próprias unidades)”.

No mesmo documento, anexado ao pedido de prisão, aparecem itens que, segundo o Gaeco, comprovam que as casas de apostas de Rogério continuam ativas. “Faltam vir os envelopes Paraíba e Primo para junho e faltou Primo mês de julho” seriam frases alusivas à arrecadação do esquema com casas de apostas, jogo do bicho e caça-níqueis.

 

 

Empresário e contador são presos em operação contra jogo do bicho

Um era dono de uma empresa de recarga telefônica que fornecia máquinas e tecnologia para a prática do jogo na Bahia, RJ e Pará

Um empresário de 34 anos e um contador de 58 anos foram presos em Salvador, na manhã desta sexta-feira (6), durante uma operação policial envolvendo a Polícia Civil do Pará, o Ministério Público Estadual e as Secretarias de Segurança Pública do Rio de Janeiro e da Bahia. Intitulada “Efeito Dominó”, a operação cumpriu diversos mandados de prisões preventivas e temporárias nos três estados, com o objetivo de desmantelar organizações criminosas envolvidas com a exploração ilegal de jogos de azar, como o jogo do bicho.

Além dos acusados, a polícia baiana também cumpriu quatro mandados de busca e apreensão. “Encontramos com eles uma quantia de cerca de 350 mil reais, além de documentos como contratos e registros de movimentação bancárias do esquema”, declarou Débora Mendes Pereira, titular da Delegacia de Crimes Econômicos e Contra a Administração Pública (Dececap).
O empresário Adilson Santana Passos Júnior, dono da empresa Cellcred, que atua no ramo de recarga para telefones pré-pagos móveis e fixos, foi preso dentro de casa nesta manhã, no bairro do Caminho das Árvores. O contador dele, Arivaldo dos Santos Cerqueira, também foi preso em casa, no Costa Azul.
“Todos os documentos apreendidos pela gente serão encaminhados para a Polícia Civil do Pará, que comandou a Operação Efeito Dominó”, disse a delegada. “Apesar deles negarem as acusações, tanto o empresário quando o contador serão transferidos para a Polinter e posteriormente para Belém”.
Segundo a titular da Dececap, os acusados podem receber pena de oito a dez anos de prisão caso sejam condenados pelas alegações de envolvimento com uma organização criminosa e lavagem de dinheiro. “No entanto, eles pegariam uma pena muito mais reduzida, de meses, caso respondam apenas pela prática de jogos de azar”.
Até às 8h30 desta sexta, 19 pessoas já tinham sido presas em Belém, capital do Pará. Máquinas e equipamentos eletrônicos utilizados pelos envolvidos no esquema também foram apreendidas pela polícia. Segundo o delegado paraense Rilmar Firmino, a quadrilha montou um sofisticado esquema de apostas e vendas de recargas de celular no Pará, Rio de Janeiro e Bahia.
“Os apontadores paraenses faziam uso de máquinas e tecnologia fornecidas por empresas baianas que lhes possibilitavam fazer a aposta do jogo do bicho e também a venda de crédito de recarga de celular”, detalha Firmino.
Ainda segundo a Polícia Civil do Pará, algumas das empresas investigadas também foram alvo da operação “Dedo de Deus”, em 2011, e da operação “Aposta” em 2007, por estarem ligadas ao modus operandi do bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Resultado de um ano e meio de investigações, os alvos da Operação Efeito Dominó foram indiciados pelos crimes de exploração de jogo do bicho, formação de quadrilha armada, crime contra a economia popular, lavagem de dinheiro, formação de cartel e falsidade ideológica.

 

Diretores de multinacional são presos em operação da PF e do MPF; empresário levava 40% de comissão

A Operação Ressonância prendeu 20 pessoas e bloqueou R$ 1,2 bilhão dos envolvidos. Ação inicial sobre fraudes na Saúde do RJ, em abril do ano passado, foi só a ‘ponta do iceberg’, afirma procuradora.

A força-tarefa da Lava Jato fez nesta quarta-feira (4) uma operação contra um esquema de corrupção envolvendo multinacionais na secretaria de Saúde e no Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into), no Rio de Janeiro.

Vinte pessoas foram presas e duas são consideradas foragidas pelo MPF. Entre os presos estão os ex-diretores da Philips no Brasil e pela segunda vez, o dono da empresa Oscar Iskin, o empresário Miguel Iskin e o sócio dele o empresário Gustavo Estelita, ex-gerente comercial da Oscar Iskin e sócio de Miguel em outras empresas.

A Oscar Iskin é uma das maiores fornecedoras de próteses do Rio de Janeiro e fornecia material para o Instituto de Traumatologia e Ortopedia.