Operação Ressonância mira “clube do pregão” que atua desde 1996 no Rio

Conforme MPF, liderança do cartel era exercida pela empresa Oscar Iskin, do empresário Miguel Iskin, e outras 33, pelo menos, também participavam do esquema

As investigações que levaram à Operação Ressonância, etapa da Lava Jato que mirou em contratos para a aquisição de equipamentos médicos no Rio, e que foi desencadeada nesta quarta-feira, 4, mostraram que licitações foram fraudadas para a compra de itens em quantidade desnecessária e que outros equipamentos foram pagos e sequer foram entregues às unidades de saúde.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o esquema de cartel vem desde 1996, foi incorporado pela gestão do governador Sergio Cabral (MDB) – 2007-2014 -, e permanece vigorando atualmente no Estado, a despeito do holofote da Lava Jato sobre o setor desde o ano passado.

A operação foi desencadeada pelo MPF, em conjunto com o Conselho de Defesa Administrativa (Cade), o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria Geral da União (CGU), a Receita Federal e a Polícia Federal, com o objetivo de aprofundar as investigações sobre aquisições na área da saúde firmados pelo governo do Estado e pelo Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into).

Ano passado, “a ponta do iceberg” havia sido revelada pela Operação Fatura Exposta, de abril de 2017, que prendeu Sérgio Côrtes, ex-diretor do Into, ex-secretário de Saúde de Cabral e estreito colaborador do emedebista. Ele foi solto em fevereiro deste ano pelo Supremo Tribunal Federal (só precisa permanecer em casa no período noturno).

Hoje, sua residência foi alvo de mandado de busca e apreensão, mas ele não foi encontrado em casa. Côrtes teria ido realizar uma cirurgia e saiu antes das 6 horas, de acordo com o MPF.

TCU e a CGU analisaram processos licitatórios selecionados aleatoriamente, e encontraram as mesmas irregularidades neles, o que comprovaria a persistência do modelo criminoso.

O TCU avaliou nove pregões, num total de R$ 180 milhões, e detectou “possível débito” de R$ 85 milhões. O valor se refere a equipamentos que não tiveram a entrega comprovada. O órgão pediu que as entregas sejam atestadas por meio de documentação e fotos e ainda aguarda respostas.

No Into, foram localizadas mais mesas cirúrgicas do que quartos disponíveis para a realização de cirurgias. Isso foi detectado numa vistoria in loco da CGU, realizada no segundo semestre do ano passado.

“Foram encontrados equipamentos de alta complexidade sem uso. Isso permite visualizar como a corrupção afeta as escolhas públicas e prejudica diretamente a população”, disse a procuradora da República Marisa Ferrari, ao detalhar a operação.

Conforme o MPF, a liderança do cartel era exercida pela empresa Oscar Iskin, do empresário Miguel Iskin, e outras 33, pelo menos, também participavam do esquema (parte delas, laranjas). Elas formavam o “clube do pregão internacional”.

Licitações foram feitas no exterior sem que fossem divulgadas, de modo a impedir a entrada de empresas de fora do “clube”. Eram feitas exigências excessivas, outra forma de afastar outras possíveis interessadas. As listas dessas exigências eram redigidas pelo próprio “clube”, e assinadas por funcionários públicos.

De acordo com o MPF, a propina era de 40% do valor dos contratos. Houve compras fraudadas inclusive para serem entregues em outros Estados brasileiros, uma vez que o Into é referência nacional para cirurgias ortopédicas e se relaciona com o Sistema Único de Saúde. As empresas que não faziam parte do cartel eram desclassificadas no decorrer de diferentes etapas dos pregões, explicaram procuradores da República.

Foram decretadas pela 7ª Vara Federal Criminal as prisões preventivas de 13 pessoas e temporárias de nove, e também busca e apreensão de possíveis provas em 44 endereços. Apenas duas prisões não foram efetuadas, porque os alvos não estavam no País. O bloqueio de bens dos investigados chegou ao valor de R$ 1,2 bilhão.

“Esse grupo agia desde a fase de publicação de editais, colocando especificações técnicas que só poderiam ser atendidas pelo cartel, depois na fase de lances, e também fornecendo subsídios para tornar o jogo de cartas marcadas. Temos indícios suficientes para dizer que ainda hoje dentro do Into há cobrança de propina. As trocas na direção foram feitas para perpetuar o esquema. O prejuízo é inestimável”, afirmou o procurador Felipe Bogado.

Entre os envolvidos, há executivos de empresas multinacionais fornecedoras de insumos médicos, como Philips, Johnson, um colaborador da equipe de vendas da Philips foi conduzido para prestar esclarecimentos. A política da Philips é realizar negócios de acordo com todas as leis, regras e regulamentos aplicáveis. Quaisquer investigações sobre possíveis violações dessas leis são tratadas muito seriamente pela empresa”.

O advogado Alexandre Lopes, que defende o empresário Miguel Iskin, afirmou: “Mais uma prisão ilegal que será revogada pelos tribunais brasileiros. Trata-se de repetição de operação anterior, na qual custódia preventiva já foi afastada pelo Supremo Tribunal Federal. Causa perplexidade a utilização como base da prisão depoimentos de um delator chamado Cesar Romero, que ouvido em Juízo, anteriormente, foi flagrado em várias mentiras. Suas delações deveriam ser anuladas, e não usadas como arrimo de prisão ilegal.”

 
‘Ninguém mandou você fazer’, disse cigana a namorada de empresário envenenado com brigadeirão

Troca de mensagens entre Suyany Breschak e Júlia Cathermol, namorada de Luiz Marcelo Ormond, mostra que as duas brigaram ao falar sobre a morte do empresário. “Você está distorcendo a história”, respondeu Júlia. As duas estão entre as seis pessoas que foram indiciadas pelo crime.

Mensagens trocadas entre Suyany Breaschak, conhecida como cigana, e Julia Andrade Cathermol Pimenta, ambas indiciadas pela morte do empresário Luiz Marcelo Ormond, envenenado após comer um brigadeirão, mostram que as duas discutiram uma semana após a morte de Luiz.

Segundo a conversa interceptada pela Polícia Civil, em um diálogo do dia 26 de maio, Suyany tentou jogar a responsabilidade do crime para Júlia, que contestou a versão da amiga. As investigações apontam que as duas se conhecem há cerca de 10 anos. Elas estão presas por envolvimento na morte de Luiz Marcelo.

“Você simplesmente fez sozinha como fez. Ninguém mandou você fazer”, escreveu Suyany para Julia.
Na sequência, a namorada do empresário morto disse que a fala da cigana seria uma estratégia de defesa, diante das investigações que já estavam em curso.

“Não to acreditando que você tá fazendo isso comigo (…) Você tá mandando tudo isso pra se livra e mostrar como prova. Você sabe que não foi assim. Eu esperava tudo de qualquer pessoa, menos de você”, escreveu Julia.

“Você é minha mãe de santo. Você está distorcendo a história”, completou a namorada do empresário.

Ainda de acordo com as mensagens trocadas, Suyany questionou Julia, reforçando a versão de que não teria participado do crime.

“Eu matei a pessoa? Eu mandei você matar? Eu sabia da morte? (…) E fala pros policiais aonde você enfiou as coisas porque estão dizendo que estão comigo e dizendo que você saiu de lá cheia de coisas”, disse Suyany, falando sobre os itens que sumiram da casa do empresário.
Luiz Marcelo foi encontrado morto dentro do seu apartamento no Engenho Novo, Zona Norte da Cidade do Rio, no dia 20 de maio. A suspeita é que o empresário tenha morrido no 17 de maio, após comer o brigadeirão oferecido por Júlia.

Segundo a investigação, Julia foi quem comprou os remédios para envenenar o namorado em uma farmácia, em Piedade, na Zona Norte do Rio, dez dias antes do crime.

Depois, de acordo com a polícia, com a ajuda de Suyane, ela moeu os comprimidos e guardou o material em sacos plásticos. As investigações apontam que o pó dos remédios fez parte da receita do doce dado ao empresário.

A Polícia Civil do Rio concluiu a investigação da morte do empresário Luiz Marcelo Ormond e indiciou seis pessoas por crimes no caso.

Julia Andrade Cathermol Pimenta, namorada dele, foi indiciada por alguns crimes, entre eles homicídio por motivo torpe com emprego de veneno e com uso de traição ou emboscada. Julia vai responder também por se apropriar dos bens de Ormond, vender as armas dele, estelionato, associação criminosa, fraude processual, falsidade ideológica e uso de documento falso.

Já Suyany Breschak, a cigana que foi considerada mentora do assassinato, vai responder pelo mesmos crimes, menos pelo uso de documentação falsa.

Outras quatro pessoas foram indiciadas:

Leandro Jean Rodrigues Cantanhede, por receptação, venda de armas, associação criminosa e fraude processual;
Victor Ernesto de Souza Chaffin, por receptação criminosa, venda de armas, associação criminosa e fraude processual;
Geovani Tavares Gonçalves, pela compra das armas de Ormond;
Michael Graça Soares, pela compra das armas de Ormond.
A TV Globo procurou as defesas de Leandro, Victor, Suyany e Julia. O advogado Felipe Holanda, que defende Victor Ernesto, e a advogada Sabrina Glauce, que faz parte da defesa de Leandro Jean, disseram que só se manifestarão quando tiverem acesso ao relatório final.

A defesa de Suyani diz que no decorrer do processo ficará provada a inocência de sua cliente.

Os advogados de Julia dizem que estão analisando o relatório da Policia Civil e vão se posicionar em um coletiva na terca feira.

Relembre o caso
O caso veio à tona em 20 de maio, quando o corpo de Luiz Marcelo Ormond foi encontrado em avançado estágio de decomposição dentro de casa, em um condomínio no Engenho Novo, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A suspeita é que o empresário tenha morrido no 17 de maio, após comer o brigadeirão oferecido por Júlia.

A necrópsia encontrou um líquido achocolatado no estômago de Ormond, e uma perícia mais detalhada apontou a presença de morfina e do ansiolítico Clonazepam no trato gástrico do homem.

A polícia considera que a alta dosagem das drogas matou Ormond em menos de meia hora, a julgar pelas câmeras do elevador do prédio dele. O empresário aparece descendo à piscina às 17h04 com o prato de brigadeirão na mão e, às 17h47, sobe ao apartamento tossindo muito e desatento.

Júlia foi ouvida na 25ª DP (Engenho Novo) no dia 22 de maio, na condição de envolvida. Nesse depoimento, ela disse ter largado o carro de Ormond na Maré a pedido dele (o que a polícia afirma ser mentira) e ido embora do apartamento do Engenho Novo no dia 20, após brigar com o namorado. Em hora alguma ela falou que Ormond tinha passado mal.

Foi durante o depoimento do dia 22, que Julia sorriu várias vezes ao falar de Ormond. Para o delegado Marcos Buss, da 25ª DP, ela demonstrou “extrema frieza”.

Após depor, Júlia foi para a casa do (outro) namorado, Jean Cavalcante de Azevedo, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. À polícia, Jean disse que hospedou a mulher até o dia 27.

Nesse dia, segundo alegaram os pais de Júlia, ela voltou para casa, também em Campo Grande, onde os recebeu. Preocupados com o estado da filha — que dizia ter feito “uma besteira”, sem no entanto detalhá-la —, Carla e Marino a levaram até Maricá, onde moram.

Suyany foi presa antes de Júlia, enquanto a psicóloga continuou foragida por alguns dias – até que se rendeu depois de uma negociação com a polícia.

 

Justiça determina prisão de suspeitos de roubar e matar auxiliar de imigração que sofreu queda de ônibus no Rio; vídeo mostra ação de criminosos

Imagens mostram suspeitos chutando a porta do ônibus e vítima caindo no asfalto. Sete pessoas foram indiciadas pela Delegacia de Homicídios da Capital. Auxiliar de imigração morreu aos 28 anos.

A Justiça do Rio decretou a prisão preventiva de sete suspeitos do latrocínio (roubo seguido de morte) de Leonardo Alves Quintanilha, no Centro do Rio, em novembro de 2023. Os mandados de prisão foram expedidos na tarde desta quinta-feira (8).

No início de fevereiro, a Delegacia de Homicídios da Capital indiciou e pediu a prisão preventiva dos suspeitos de participarem de roubos em série no Rio de Janeiro.

Um deles terminou com Leonardo caindo de um ônibus e sofrendo uma queda, que acabou levando-o à morte. Ele tentava recuperar seu telefone, que tinha sido roubado.

Imagens de um relatório da Polícia Civil mostram a atuação do grupo, que conta com até 25 pessoas incluindo adolescentes, dentro de um ônibus enquanto cometem crimes.

A investigação ainda revelou detalhes de como o grupo se dividia para cometer crimes, tirar chips dos celulares roubados, esconder os itens e depois revender os aparelhos.

A Justiça pediu a prisão dos seguintes suspeitos:

Marcos Vinícius Pereira Paiano, o “MV”
Vitor Gabriel Rosário Soares, o “VT”
Erick Marlon Pereira Mendes, o “Tubarão”
Fabrícia de Souza Sampaio, vulgo “Di Dedo”
Erick Freitas de Araújo, o “Erick Ratão”
Jorge Samoel Lúcio Soares, o “Seu Baldi”
Weberthy Ruan Moreira de Oliveira

“Necessário destacar, ainda, que o crime foi cometido com emprego de grande violência, por meio de verdadeiro espancamento da vítima, e em concurso de agentes, evidenciando sua gravidade concreta”, diz a decisão do juiz Daniel Werneck Cotta.

O jovem de 28 anos, que trabalhava como auxiliar de imigração, foi agredido por ao menos cinco bandidos durante um assalto: os suspeitos saíram de um ônibus da linha 472 para cometer o crime.
O auxiliar de imigração foi agredido com socos e chutes e teve o celular levado. Os suspeitos fugiram de volta para o veículo. O rapaz tentou correr atrás do grupo e se pendurou no ônibus. Um dos suspeitos chutou a porta e Leonardo se desequilibrou e caiu, batendo a cabeça na pista.

A vítima só foi para um hospital três dias depois. A morte foi confirmada sete dias após o crime, e o corpo de Leonardo foi enterrado no dia 6 de dezembro em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, onde ele nasceu.

Todos os suspeitos foram indiciados por latrocínio consumado, associação criminosa e corrupção de menores. Três deles são considerados foragidos.

Segundo a DH, vários adolescentes também participaram do crime e estão sendo investigados em um inquérito separado.

MV, dias depois do latrocínio, participou de outro crime de grande repercussão: a agressão ao empresário Marcelo Rubim Benchimol, em Copacabana, na Zona Sul, durante um arrastão.

O suspeito de organizar arrastões na Zona Sul foi preso pela 13ª DP (Ipanema).

Ouvido pelos policiais da DH, ele confirmou toda a dinâmica do crime: cinco homens desceram do ônibus e roubaram o celular de Leonardo. Quando voltaram para o ônibus, a vítima correu atrás e se agarrou na porta do veículo.

Segundo MV, Leonardo “caiu na pista de cabeça pois os meliantes chutaram a porta muito para que a vítima saltasse do ônibus”.

O suspeito preso indicou os outros participantes do crime. Em depoimentos de outros indiciados, MV é chamado por outros envolvidos de “Pai dos Ladrões” e chefe da chamada “Tropa do MV”.

Outros crimes
Imagens obtidas pela investigação mostram que os suspeitos já estavam no ônibus mais de uma hora antes do caso de Leonardo, praticando “roubos e furtos” contra quem estava na rua e até mesmo passageiros do próprio coletivo.

De acordo com testemunhas, os celulares roubados, chamados pelos suspeitos de “Bebelzinhos”, podem render até R$ 1 mil por dia.

Os chips são retirados dos aparelhos, que são vendidos por preços maiores caso estejam com a tela desbloqueada, já que possibilitam que os criminosos acessem aplicativos bancários das vítimas.

Alguns integrantes, segundo os investigadores, possuem funções específicas: Fabrícia de Souza Sampaio, vulgo “Di Dedo”, é responsável por guardar os celulares roubados. Segundo o depoimento de suspeitos presos, a razão é que mulher “é mais difícil de ser revistada”.

 

 

Delegado é condenado por desvio de dinheiro para comprar churrasqueira

Por desvio de finalidade no uso de verbas públicas e consequente prejuízo ao erário, um delegado de polícia de Forquilhinha/SC e dois funcionários terceirizados daquela repartição foram condenados por atos de improbidade administrativa.

Eles teriam utilizado de modo indevido valores oriundos de convênio firmado entre o município de Forquilhinha, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa do Cidadão do Estado e a Polícia Militar de Santa Catarina, denominado ”convênio de trânsito”. O dano ao erário alcançou mais de R$ 16 mil em valores da época. A decisão é da juíza Elaine Veloso Marraschi, titular da vara única da comarca de Forquilhinha.

Segundo a denúncia, a partir da análise de documentos de 2009 e 2012, constatou-se a existência de irregularidades no emprego das verbas com a aquisição de bens e serviços estranhos aos previstos no art. 320 do CTB, a exemplo de churrasqueira, forno elétrico, liquidificador, gêneros alimentícios, materiais de limpeza e outros produtos.

O art. 320 do CTB dispõe que “a receita arrecadada com a cobrança das multas de trânsito será aplicada, exclusivamente, em sinalização, em engenharia de tráfego, em engenharia de campo, em policiamento, em fiscalização, em renovação de frota circulante e em educação de trânsito”.

A grande quantidade de materiais de limpeza adquiridos, segundo depoimentos, nunca teria chegado à delegacia, pois tal quantidade de itens não caberia no almoxarifado do local, que tem o tamanho de apenas um armário. “Desta forma, além do desvio de finalidade, por terem sido comprados itens diversos do objetivo do convênio, também está comprovada a devida perda patrimonial do ente público, pois não é sabido o fim dos produtos adquiridos, os quais certamente não foram parar na Delegacia de Polícia”, anotou a magistrada.

O delegado de polícia à época e os dois funcionários terceirizados, responsáveis pelas compras da delegacia, foram condenados ao ressarcimento integral solidário do dano, no valor de R$ 16.162,25, acrescido de juros e correção monetária; à suspensão dos direitos políticos pelo prazo de cinco anos; ao pagamento individual de multa civil na monta do prejuízo causado ao erário; e proibidos de contratar com o poder público ou dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos.

Veja a decisão.

Informações: TJ/SC.

Polícia Federal prende médicos suspeitos de corrupção no Tocantins

A Polícia Federal realiza, nesta terça-feira, 07, no Tocantins e em outros nove estados, uma operação para desarticular uma organização criminosa acusada de fraudar licitações para a compra de equipamentos hospitalares conhecidos como OPMEs (sigla para órteses, próteses e materiais especiais). O grupo, formado por médicos, empresários e servidores da Secretaria de Estado da Saúde, superfaturava a aquisição dos insumos. 

A “Marcapasso”, como foi batizada a ação, cumpre 137 mandados judiciais expedidos pelo juiz federal da 4ª Vara Federal Criminal de Palmas, João Paulo Abe. São 12 mandados de prisão temporária, 41 mandados de condução coercitiva contra empresários e 84 mandados de busca e apreensão, no Tocantins, Distrito Federal, São Paulo, Goiás, Paraná, Bahia, Ceará, Pará, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Mais de 300 policiais participam da operação. 

Os mandados de prisão são contra 11 cardiologistas e um representante comercial. Já as ordens de condução coercitiva têm como alvos, entre outras pessoas, um ex-titular da Sesau, o ex-secretário municipal da Saúde da capital, Luiz Teixeira, o pai do governador Marcelo Miranda (PMDB), Brito Miranda e alguns médicos como Charlston Cabral Rodrigues. A Justiça Federal determinou o bloqueio de mais de R$ 7,2 milhões dos suspeitos. 

As pessoas envolvidas no esquema criminoso poderão responder por corrupção passiva e ativa, fraude à licitação, associação criminosa e outros crimes.

Os investigados que tiveram a prisão decretada são: Andrés Gustavo Sánchez Esteva, Antônio Fagundes da Costa Júnior, Carlos Alberto Figueiredo Novo, Fábio D’ayala Valva, Fernando Motta, Genildo Ferreira Nunes, Ibsen Suetônio Trindade, Leandro Richa Valim, Marco Aurelio Vilela Borges de Lima, Silvio Alves da Silva, Rafael Iassuda de Oliveira e Henrique Barsanulfo Furtado

Apenas o médico Fernando Motta não foi localizado. Um segundo investigado não foi preso porque está fora do país e um terceiro porque encontra-se no interior do estado. 

Investigações

De acordo com a PF, a investigação teve início em 2016, quando os sócios de uma empresa de produtos médicos e hospitalares foram presos em flagrante por terem, na qualidade de proprietários da empresa, fornecido à Secretaria de Saúde do Tocantins produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais, cujos prazos de validade de esterilização se encontravam vencidos. Os empresários delataram a existência da máfia das próteses. 

Ao longo das investigações, a polícia descobriu um vasto esquema de corrupção destinado a fraudar licitações no estado, mediante o direcionamento de processos licitatórios. A polícia diz que o esquema montado possibilitava o fornecimento de vantagens ilícitas a empresas, médicos e empresários do ramo, bem como a servidores da Sesau.

O Ministério Público Federal explica que os médicos envolvidos atuavam em paralelo com os setores de compras da secretaria, providenciando pareceres técnicos em pregões presenciais, que tinham por função eliminar empresas não alinhadas ao grupo, na compra de OPMEs. Confirmada a contratação da empresa visada, o ganho de capital proporcionado pelo superfaturamento (as órteses, próteses e materiais especiais adquiridos apresentavam valor superior ao de mercado), era dividido com os cardiologistas. Estima-se que eles tenham recebido cerca de R$  4,5 milhões para participar do esquema. 

Na decisão que determinou a prisão dos médicos, o juiz federal João Paulo Abe cita que os cardiologistas investigados chegavam a usar equipamentos do Hospital Geral de Palmas em clínicas particulares. É o caso de um aparelho de hemodinâmica do HGP, que serve para identificar obstruções das artérias ou avaliar o funcionamento das válvulas e do músculo cardíaco.

O MPF também identificou fraudes em pagamentos do PlanSaúde. Conforme apurado, o plano de saúde pagava para o médico um valor x, mas o profissional repassava para a empresa prestadora de serviço uma quantia inferior. Essa diferença era o valor da propina. 

Brito Miranda

Brito Miranda, pai do atual governador, Marcelo Miranda, é investigado na Operação Marcapasso por suposto tráfico de influência. Ele foi conduzido coercitivamente à sede da Superintendência da PF, em Palmas, e está proibido de ter acesso a qualquer órgão público do Poder Executivo do Estado, sob pena de decretação da prisão preventiva.

Nome da operação

Segundo a PF, o nome da operação é uma alusão a um dos itens mais simbólicos e conhecidos da área de cardiologia, o marcapasso.

Governo do Tocantins

Em nota, a Secretaria de Estado da Comunicação Social afirmou que os órgãos da administração estadual estão colaborando com as investigações da operação Marcapasso. “Sobre o envolvimento de médicos e outros servidores públicos no esquema, a Secretaria da Comunicação esclarece que vai esperar o fim das investigações para tomar as providências em relação àqueles que, por ventura, tiverem a participação comprovada”, destacou a nota da Secom.

CRM

O Conselho Regional de Medicina do Tocantins declarou que não foi informado oficialmente da investigação e lamentou o envolvimento de médicos no esquema. O CRM disse que espera que a Justiça cumpra o seu papel caso sejam confirmadas as ilegalidades. 

Outro lado

A defesa de Carlos Alberto Figueredo Novo declarou que vai provar a inocência do médico em juízo e que as alegações feitas são “inverídicas e infundadas”, uma vez que o cardiologista sempre atuou em ajuda à população.

Os médicos Silvio Alves da Silva e Antônio Fagundes da Costa Junior também negaram envolvimento no esquema investigado pela Polícia Federal e disseram que prestaram todos os esclarecimentos necessários em depoimento ao delegado responsável pelo caso.

O advogado de Charlston Cabral Rodrigues, Rodrigo Dourado Berlamino, informou que não há provas da participação do seu cliente no esquema e criticou a condução coercitiva do médico. Rodrigues diz que a verdade será esclarecida e que é pouco provável que haja denúncia com as provas que há no inquérito da PF.  

REDE TO busca contato e aguarda resposta de outros investigados na Operação Marcapasso. O espaço está aberto para que eles possam se manifestar. O email para envio de notas é [email protected]

Deputada quer que “furto por necessidade” não seja considerado crime no Brasil

O polêmico projeto de lei foi apresentado por Talíria Petrone (PSOL-RJ)

Brasília – A deputada federal Talíria Petrone, líder do PSOL na Câmara, apresentou um projeto de lei polêmico na semana passada que, na prática, descriminaliza o “furto por necessidade” e o “furto insignificante” de alimentos.
 
“É muito triste saber que pessoas são presas por tentar resolver, de forma imediata, o problema da fome de sua família, por tentar amenizar a dor que é não ter um prato de comida”, disse a deputada à revista IstoÉ.
 
Segundo ela, a pandemia (do coronavírus) encontrou e aprofundou uma conjuntura de vulnerabilidade socioeconômica, que conjugava já altas taxas de desemprego e precarização no mundo do trabalho e um processo inflacionário, penalizando, principalmente, as famílias mais pobres.
 
“Essa escalada da miséria e da fome no Brasil coloca novamente em evidência o problema dos furtos de itens básicos e de pequeno valor e do chamado furto famélico, isto é, o furto de alimentos destinados a satisfazer necessidades vitais básicas e imediatas”, disse.
 
O projeto de lei ainda precisa ser despachado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, para ser discutido pelas comissões da Casa. Mas, devido ao recesso parlamentar, isso deve ocorrer somente no ano que vem.
 
Foto: Agência Câmara
Deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ)