Laudo médico de acusado de matar e enterrar corpo de mulher em Barretos, SP, aponta insanidade mental

Parecer emitido por equipe de psiquiatras e psicólogos diz que Leonardo Silva, de 18 anos, tem, pelo menos, três tipos de transtorno. Preso desde agosto, ele fez deboche ao confessar assassinato de Nilza Costa Pingoud e disse que agiu por vingança. Crime aconteceu em julho deste ano.

Um laudo médico assinado pelo psiquiatra forense Hewdy Lobo Ribeiro e uma equipe de psicólogos apontou que Leonardo Silva, de 18 anos, acusado de matar e enterrar o corpo de Nilza Costa Pingoud, de 62 anos, no quintal da casa dela, apresenta, pelo menos, três tipos de transtorno mental.

O documento foi solicitado pela defesa dele, que, a partir dos resultados, entrou com um pedido de incidente de insanidade mental perante à Justiça.

O julgamento de Leonardo está marcado para acontecer no dia 15 de dezembro. O juiz Luciano de Oliveira Silva ainda não decidiu se aceita ou não o pedido de insanidade mental.

O crime aconteceu em julho deste ano, em Barretos (SP), interior de São Paulo.

Ao g1, o advogado Luiz Gustavo Vicente Penna, que defende Leonardo, explicou que recorreu a uma equipe de especialistas para tentar provar que o acusado não estava em plenas faculdades mentais quando matou Nilza.

Além de Leonardo, a equipes médica também falou com a mãe dele.

O laudo apontou que o acusado apresenta:

Transtorno de Personalidade Esquizoide
Transtorno de Personalidade com Instabilidade Emocional – Comportamentos Impulsivos
Outros Transtornos Mentais e Comportamentais Devidos ao Uso de Múltiplas Drogas e ao Uso de Outras Substâncias Psicoativas
Caso o juiz considere o pedido feito pela defesa, o processo que investiga a morte de Nilza pode ser suspenso até que o processo de incidente de insanidade mental seja julgado.

“Como tem uma base técnica e teórica, o juiz vai ter de instaurar [o processo de incidente de insanidade mental]. Instaurado, suspende o processo que julga o crime e vai andar o processo de insanidade mental”, diz Penna.

Leonardo está preso desde o dia 3 de agosto. O crime aconteceu no dia 24 de julho, mas o corpo de Nilza só foi encontrado uma semana depois, quando vizinhos desconfiaram do sumiço dela e acionaram a polícia.

O comportamento dele no momento da prisão chamou a atenção pela forma debochada que ele confessou o crime, dizendo que agiu por vingança e não estava arrependido.

O que diz o laudo?
Em seu parecer, Hewdy Lobo Ribeiro diz que a avaliação das informações prestadas por Leonardo e pela mãe dele leva ao entendimento psiquiátrico forense e psiquiátrico jurídico de que o acusado apresenta transtornos mentais graves, enquadrando-se na população que necessita de cuidado e tratamento em saúde mental e física.

“Leonardo, por meio do conjunto de informações analisadas, tem diagnósticos psicopatológicos graves, que repercutem diretamente em sua qualidade de vida, inviabilizando a manutenção de saúde devido as características de personalidade e a dependência química não tratadas”, diz trecho do laudo.
O documento também indica a necessidade de Leonardo realizar tratamentos médicos e psicológicos intensivos.

“(…) a ausência destes leva a riscos importantes, como de suicídio, novas agressões graves a terceiros e limitações para o aproveitamento educativo do recolhimento (…)”.
A equipe médica analisou o histórico de saúde física e mental de Leonardo na infância, na adolescência e na vida adulta.

Durante a entrevista aos especialistas, o acusado chegou a afirmar que manteve um relacionamento sexual com Nilza em janeiro de 2023.

Na quinta-feira (19), a Justiça pediu a quebra de sigilo telefônico de dois telefones celulares, do réu e da vítima.

Laudo indica sintomas de mais dois transtornos
Além dos três transtornos apontados (de personalidade esquizoide, de personalidade com instabilidade emocional – comportamentos impulsivos e transtornos mentais e comportamentais por uso de drogas), a equipe que avaliou Leonardo também incluiu no laudo médico o diagnóstico outras duas condições clínicas:

Transtorno Afetivo Bipolar
Transtorno de Personalidade histriônico
Segundo os especialistas, no entanto, em avaliação transversal esses transtornos tiveram sintomas reconhecidos, mas não completam os critérios objetivamente.

O que acontece agora?
Se aceito o pedido de incidente de insanidade mental feito pela defesa, o processo que investiga a morte de Nilza é suspenso e a Justiça nomeia um perito judicial para reavaliar o comportamento de Leonardo e fazer novos exames.

O médico responsável pelo laudo apresentado pela defesa também deve acompanhar esta nova avaliação.

Penna explica que, se o perito judicial chegar à mesma conclusão que o perito indicado pela defesa, o acusado pode ser encaminhado para um hospital psiquiátrico. Caso contrário, o processo sobre a morte de Nilza volta a ser julgado.

“Pode ser que a conclusão seja convergente ao que o nosso perito falou. Se for convergente, internação no hospital psiquiátrico. Se for divergente, aí o processo anda e ele vai acabar sendo responsabilizado no final. Todo jeito, ele vai ser responsabilizado e encaminhado para a medida de segurança”.
Polícia diz que morte foi planejada
Segundo o delegado Rafael Faria Domingos, responsável pelo inquérito, Leonardo teria agido por vingança quando matou Nilza.

A investigação apontou que, em maio deste ano, ele foi morar nos fundos da casa da vítima, que tinha se proposto a ajudá-lo depois que ele se apresentou a ela como travesti.

Ela o contratou para fazer serviços domésticos depois que ele pediu demissão do emprego anterior.

Ainda segundo o delegado, o combinado foi desfeito porque Leonardo acabou não correspondendo às expectativas de Nilza.

“Ele alega que o crime foi uma vingança, porque ele teria abandonado um emprego anterior para trabalhar na casa da vítima, como serviços domésticos. O combinado acabou sendo desfeito, porque a vítima disse que ele não tinha compromisso e o dispensou. Ele ficou sem o emprego anterior, sem lugar pra morar e ficou com muita raiva e começou a planejar a morte dela.”

Leonardo, que é de Planura (MG), chegou a deixar Barretos após ser demitido por Nilza, mas voltou à cidade no dia 22 de julho e passou a sondar a casa da vítima.

Na madrugada do dia 24 de julho, ele pulou o muro do imóvel e ficou escondido em um quarto nos fundos. Quando o dia amanheceu, surpreendeu Nilza no cômodo e a matou por asfixia com um fio.

Antes de enterrar o corpo no quintal, Leonardo ainda permaneceu na casa por alguns dias e lavou o imóvel.

Dinheiro da vítima foi gasto após o crime
A polícia também identificou que Leonardo teve tempo de obter dados bancários da vítima para fazer compras. Uma moto chegou a ser comprada para ser entregue em um apartamento que ele tinha alugado em Barretos com o dinheiro de Nilza.

No entendimento da Polícia Civil, a maior motivação do acusado foi financeira. Ele ainda comprou eletrodomésticos e deu de presente à mãe, que era amiga de Nilza.

Durante a investigação, a polícia descobriu também que Leonardo procurou quatro conhecidos e ofereceu a eles R$ 20 mil no total, dinheiro que também era de Nilza, para ajudá-lo a se livrar do corpo.

A oferta, no entanto, foi recusada por todos eles, e Leonardo teria usado uma arma para ameaçar uma dessas pessoas.

 

Glaidson Acacio dos Santos
Faraó dos bitcoins mandava pistoleiros eliminarem concorrentes

Conversas mostram que Glaidson Acácio dos Santos montou organização com armas e empresas de fachada para eliminar concorrentes do mercado de criptomoedas

Em nova denúncia contra Glaidson Acácio dos Santos , conhecido como o ” faraó dos bitcoins “, ele é acusado de ser líder de um grupo criminoso que perseguia e assassinava concorrentes do mercado de criptomoedas . Em agosto de 2021,  Glaidson foi preso sob acusação de comandar um esquema bilionário de pirâmide financeira e  lesionar milhares de investidores em moedas virtuais.

Conforme denúncia do Ministério Público, o acusado montou um aparato para matar quem ameaçasse, de alguma forma, o império financeiro criado por ele na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro .

Dessa forma, ele se tornou uma espécie de “tubarão do extermínio”, montando uma organização bem estruturada para eliminar os concorrentes. De acordo com o MP , esse arranjo, coordenado por um setor de inteligência, inclui armas, empresas de fachada, espiões e matadores profissionais.

“Mais uma pirâmide . Se a inteligência puder trabalhar para ajudar, fazer o que tem que ser feito. Seria ideal focar nessas pirâmides aí para resolver só problemas, seria ideal”, afirma  Glaidson em áudio apreendido.

Os alvos também trabalhavam no mercado de criptomoedas e eram vistos como uma ameaça aos negócios de Glaidson . Segundo promotores, em áudio, ele cobra um dos sócios pela demora na execução de uma das vítimas. “Quinta-feira tinha sido marcado. Aí passou sábado, domingo, segunda, terça, quarta, acabou o dia, amanhã é quinta-feira”, diz o “faraó”.

Empresa desativada recebeu R$ 7 milhões da Sudam

A Hayashi & Cia Ltda., empresa de Blumenau (SC) desativada em 95, recebeu R$ 7 milhões de recursos da extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), entre 97 e 99, por supostos serviços de infra-estrutura prestados ao projeto agrícola Nova Holanda, de Balsas (MA).

Cópias das notas fiscais emitidas pela Hayashi à Nova Holanda foram encaminhadas hoje à Receita Federal, em Santa Catarina, para que se apure se os valores constaram das declarações de Imposto de Renda da empresa.

Os R$ 7 milhões pagos à Hayashi fazem parte de um volume de cerca de R$ 20 milhões que a Nova Holanda recebeu da Sudam a partir de 97 para desenvolver o projeto agrícola no Maranhão.

As cópias de notas da Hayashi fazem parte da documentação recolhida pela força-tarefa do MPF (Ministério Público Federal), que investiga os desvios.

O subprocurador da República José Roberto Santoro disse hoje, em Curitiba, que considera “fechada” a investigação do MPF sobre os recursos aplicados na Nova Holanda.

“Com os depoimentos de Blumenau, acredito que fechou a investigação”, afirmou ele. Segundo Santoro, um cruzamento de dados, na próxima semana, vai confirmar ou não as suspeitas de desvios na Nova Holanda.

Santoro, o procurador Rodrigo Janot e o delegado da Polícia Federal Rodney Rocha Miranda tomaram, ontem, em Blumenau, o depoimento do presidente da Nova Holanda, Lauro Leone Vianna.

O empresário também preside a Momento Engenharia, de Curitiba, e a Agrima, comprada da Lunus, em 94. A Lunus pertence à ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney e ao marido dela, Jorge Murad.

Vianna negou qualquer irregularidade no projeto e disse que a Hayashi recebeu o dinheiro pois teria feitos serviços de terraplenagem. Os proprietários da Hayashi não foram encontrados.

Em Curitiba, a força-tarefa ouviu dois envolvidos no projeto Usimar, que levou R$ 44,2 milhões da Sudam: Roderjan Busato, da Engeblon Engenharia, e a mulher dele, Magaly Hübner Busato.

Para amanhã, estão marcados os depoimentos de Amauri Cruz dos Santos e Ulbi Arlant, apontados como intermediários na aprovação do projeto Usimar.