PM de folga atirou e matou dono de moto de luxo por engano ao reagir a assalto, diz Polícia Civil; dois bandidos morreram

PM à paisana percebeu roubo em frente a prédio no Morumbi e atirou em três assaltantes, mas confundiu vítima com bandidos. Novos vídeos mostram toda a ação e ajudaram delegacia a identificar de onde partiu tiro que matou empresário Dennis Ramos.

A Polícia Civil confirmou nesta segunda-feira (27) que um policial militar de folga atirou e matou por engano o dono de uma moto de luxo no Morumbi, Zona Sul de São Paulo, ao reagir a uma tentativa de assalto. Ele confundiu a vítima com um criminoso.

Três assaltantes que tentavam roubar o veículo do homem também foram baleados e dois morreram, durante a troca de tiros entre os criminosos e o agente da Polícia Militar (PM).

O corpo Dennis Roberto Picolli Ramos, de 53 anos, vai ser enterrado no Rio Grande do Sul. O caso ocorreu no último domingo (26) no Morumbi, bairro nobre da Zona Sul de São Paulo.

Novos vídeos que circulam nas redes sociais mostram toda a ação e ajudaram a Polícia Civil a identificar da onde partiu o tiro que matou o empresário (veja acima).

Nas imagens é possível ver que os bandidos estavam em duas motos e perseguiram o empresário. Ele pilotava uma BMW de mais de R$ 70 mil com a esposa na garupa. A moto não foi levada. A mulher tem 55 anos e é filha do ex-médico Roger Abdelmassih(saiba mais abaixo). Ela não se feriu.

As filmagens mostram o policial militar à paisana para sua moto e atirar nos três assaltantes, que caem no chão. Dennis aparece agredindo um dos criminosos caídos no chão com chute e golpes de capacete.

Em seguida, o empresário é baleado. Quem atirou nele foi o PM, que se aproxima. O empresário ainda ergue uma das mãos, mas também cai. A família da vítima o socorreu e o levou de carro para o Hospital São Luiz, também no Morumbi, onde sua morte foi confirmada.

Para a diretora do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Ivalda Aleixo, o PM de folga pensou que a vítima estava sendo agredida.

“Ele vê alguém sendo agredido e imagina que o agressor é um dos assaltantes e ele atira, mas na verdade era o contrário, a própria vítima o dono da moto. Ele já conversou com a gente, a arma foi apreendida e as imagens deixaram claro o que aconteceu”, falou a delegada Ivalda.

O trio de criminosos abordou o casal no momento em que passava com a moto pelo portão da garagem do prédio onde mora. As cenas mostram os bandidos saltando das motos enquanto invadem o condomínio. Eles queriam roubar a BMW. Denis e Soraya se afastam.

A esposa do empresário contou que um dos ladrões atirou para o alto quando o portão eletrônico começou a fechar e a prendê-los junto com as motos dentro do edifício.

Em seguida, as filmagens mostram que o PM para sua motocicleta em frente a garagem. Ele tem 30 anos, estava de folga e sem uniforme. Disse à investigação que passava pelo local depois de escutar os disparos.

Na sequência, contou que atirou nos assaltantes, que também dispararam contra ele, que não foi atingido. Dois bandidos morreram baleados: um rapaz não identificado e João Pedro Nascimento da Silva, de 21 anos, que teve morte encefálica.

Outro ladrão foi atingido no braço, ficou ferido e sobreviveu: Gabriel Soares Santos, 24. Ele foi indiciado por latrocínio, que é o roubo seguido de morte. Também responderá por furto de veículo, já que uma das motos usadas no crime era furtada. Até a última atualização desta reportagem o suspeito continuava internado com escola policial no Hospital Municipal do Campo Limpo.

A polícia apreendeu duas armas: a que estava com um dos assaltantes e a do PM. Elas serão periciadas. O laudo de balística ainda não ficou pronto. Além de analisar os vídeos do caso, o DHPP ouve depoimentos das testemunhas.

Segundo o boletim de ocorrência do caso, comprovando que o tiro que matou Denis partiu da arma do PM, o entendimento da polícia é de que o disparo foi acidental. Nesse caso ele deverá ser indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

Quem é Roger Abdelmassih
Justiça de SP nega pedido de ‘prisão domiciliar humanitária’ para Roger Abdelmassih; ex-médico foi condenado por estuprar pacientes
Roger Abdelmassih cumpre pena de mais de 173 anos de prisão por estupros, atentados violentos ao pudor e atos libidinosos contra 37 mulheres, entre 1995 e 2008. Ele sempre negou os crimes. Pela lei brasileira ninguém pode ficar mais de 40 anos preso. O então geneticista era um dos maiores especialistas em reprodução humana do Brasil.

 

Quadrilha de ladrões de imóveis de luxo mandava homens bem vestidos para enganar porteiros, diz polícia

Três suspeitos foram presos na noite de sexta-feira (13) no hotel onde estavam hospedados. Com eles, a polícia encontrou pertences das vítimas, como dinheiro, bolsas, celulares, joias e perfumes.

A quadrilha de São Paulo que vinha ao Rio de Janeiro para furtar apartamentos de luxo na Zona Sul da cidade usava homens bem vestidos para enganar os porteiros, segundo a Polícia Civil.

Na noite de sexta-feira (13), policiais da 14ª DP (Leblon) e da 12ª DP (Copacabana) montaram uma operação conjunta e foram ao hotel onde os ladrões costumam se hospedar. Três suspeitos foram presos.

Segundo a polícia, em um vídeo é possível ver dois integrantes da quadrilha paulista fazendo check-in em um hotel da Lapa. De lá, eles foram para o quarto alugado.

Os funcionários não imaginavam que a dupla estava no Rio não para fazer passeios turísticos, mas sim, para fazer vítimas.

Segundo as investigações, os ladrões costumavam se hospedar em hotéis na região central da cidade, mas os alvos estavam em áreas nobres da Zona Sul.

Os criminosos se interessavam por pertences de proprietários de apartamentos caros. O trabalho em conjunto das unidades da polícia auxiliou no avanço das investigações.

“A prisão dos criminosos foi resultado da constante troca de informações entre as unidades da Polícia Civil, fazendo com que a ação policial fosse imediata e com o melhor resultado possível”, disse o delegado Gustavo Castro, da 12ª DP (Copacabana).
De acordo com a polícia, a quadrilha era formada por jovens vestidos com roupas caras. Eles se aproveitavam disso para ganhar a confiança dos porteiros e se diziam moradores ou visitantes.

Já dentro do prédio, arrombavam os imóveis e furtaram os pertences das vítimas.

Em outra imagem, do fim do mês passado, outros suspeitos aparecem chegando no mesmo hotel, na Lapa. Eles também vieram para assaltar apartamentos.

“Eles elegem os edifícios através do que eles veem. Então, eles param em um edifício, veem que é de um alto padrão e então adentram no edifício. Logo após o furto, eles retornam para São Paulo e lá eles comercializam esses bens furtados”, explica o delegado Felipe Santoro, da 14ª DP (Leblon).
Um rapaz de casaco preto e uma mulher de camisa estampada que aparecem na imagem fazem parte do bando, segundo a polícia. Os dois carregam malas. Eles agem sem levantar qualquer suspeita. Depois de preencher a ficha na recepção, entram no elevador e sobem para o quarto.

Os presos nesta sexta são Lucas Targino Oliveira, Juan do Carmo Fonseca Santana e Lucas Costa Guedes.

Com eles, os agentes encontraram vários pertences das vítimas, como dinheiro (real, dólar e euro), bolsas, celulares, joias e perfumes.

Os suspeitos vão responder por furto qualificado, organização criminosa e resistência.

“A Polícia Civil alerta para que porteiros sempre verifiquem com os proprietários se, de fato, aquelas pessoas que estão ingressando na residência, no edifício, são efetivamente moradores ou parentes”, diz o delegado Felipe.

O RJ2 não conseguiu contato com a defesa dos presos Lucas Targino Oliveira, Juan do Carmo Fonseca Santana e Lucas Costa Guedes. Segundo a polícia, os três permaneceram em silêncio na delegacia.

 

Polícia pede à Justiça prisão preventiva de assassino de porteiro no Centro do Rio

Um primeiro pedido de prisão, desta vez temporária, foi negado pela Justiça.

A Polícia Civil do RJ pediu a prisão preventiva do homem que matou o porteiro José Jailton de Araújo no dia 7 de agosto, no Centro do Rio de Janeiro. Fagner Wilson Nunes Chamarelli, de 26 anos, foi indiciado por latrocínio — roubo seguido de morte.

Um primeiro pedido de prisão temporária, que tinha sido feito no fim de agosto, com o aval do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), foi negado pela Justiça.

O juiz Marcos Augusto Ramos Peixoto, da 37ª Vara Criminal, entendeu não haver motivos legais para o encarceramento temporário de Fagner. “Por mais hediondo e desprezível que nos pareça uma conduta, mesmo que em tese, não podemos nos afastar do Estado de Direito”, escreveu.

Denúncia anônima e pedido de ajuda
A Delegacia de Homicídios da Capital identificou Fagner com a ajuda das imagens das câmeras de segurança do edifício e de denúncias anônimas. Os próprios parentes dele, procurados pela polícia, também o reconheceram e disseram que Fagner lhes pediu um local para se esconder.

A polícia apurou que Fagner, fingindo ser um entregador, foi até o prédio na Rua Carlos de Carvalho para saquear o apartamento de uma moradora que havia viajado e tinha esquecido a chave na porta. Funcionários acabaram guardando na portaria — apenas 4 pessoas no condomínio sabiam disso.

Segundo os investigadores, José Jailton, que nada entregou a Fagner, podia nem saber que de fato havia uma chave em poder da portaria.

Busca pelo comparsa
A polícia sabe que Fagner não agiu sozinho, já que falava com alguém ao telefone durante o crime. Agora, o foco dos investigadores é descobrir quem estava do outro lado da linha.

Fagner: Cadê a chave da sala de reunião?
José Jailton: Não tem, não, cara. Não tem, não, filho. Não tem, não, cara.
Fagner: Bora! Cadê a sala de reunião?
José Jailton: Não tem sala de reunião nenhuma.
Fagner: Vai morrer! Aqui, tá achando que tô mentindo.
José Jailton: Não tem nada, cara.
Fagner: Alô! Ele tá falando que não tem nada, não. Tá falando que aqui não tem sala de reunião, não. Vou te matar agora. Cadê a chave?

Relembre o crime
Nos registros, Fagner chega em uma moto vermelha. Ele se aproxima do portão, carregando uma mochila de entregas, e fala ao telefone, aguardando a oportunidade de entrar.

Depois que um homem passa, o ladrão segura o portão e consegue acessar o edifício. Na portaria, Fagner espera por alguns segundos até que moradores subam no elevador. Ele disfarça mexendo na mochila.

Em seguida, o bandido rende José Jailton com uma arma. Ele pega chaves do prédio e faz as perguntas à vítima. Fagner faz ameaças e dá um tapa no rosto do porteiro.

Depois de falar ao telefone, ele agride mais uma vez José Jailton, que então reage e tenta pegar a arma do bandido.

A luta corporal dura alguns segundos, até que o criminoso atira contra o porteiro, que morre na hora. Depois, Fagner junta as coisas, volta na sala, pega celulares e foge.

Ficha criminal
Segundo o processo, Fagner comete crimes desde os 14 anos de idade e tem anotações por homicídio, tentativa de homicídio, furtos e roubos a pedestres e a motoristas, receptação, lesão corporal, ameaça e porte ilegal de arma de fogo.

Ele também é acusado de envolvimento com o tráfico de drogas na comunidade do arará, em Benfica, na Zona Norte do Rio.

Saiba quem é o empresário de MS com quem polícia apreendeu armas em operação contra financiadores de atos golpistas

Adoilto Fernandes Coronel é proprietário de uma loja de materiais de construção e está na lista de quem deverá ressarcir em R$ 20,7 milhões os cofres públicos pelo atos de vandalismo.

A Polícia Federal (PF) apreendeu, na manhã desta quinta-feira (11), um arsenal na casa do empresário Adoilto Fernandes Coronel, suspeito de ser um dos financiadores dos atos golpistas em Brasília de 8 de janeiro. A apreensão ocorreu durante a 11ª fase da operação Lesa Pátria, realizada em Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná.

De acordo com informações apuradas pelo g1, ao menos oito polícias federais estiveram na residência do suspeito, em uma área nobre do município de Maracaju (MS), a 159 quilômetros de Campo Grande.

Segundo-secretário de associação
Além de atuar como empresário, o suspeito de financiar os atos golpistas é o segundo-secretário da Associação Empresarial da cidade.

Proprietário de uma loja de materiais de construção no município, o sul-mato-grossense está na lista de quem deverá ressarcir em R$ 20,7 milhões os cofres públicos pelo atos de vandalismo (veja lista completa). Segundo a Advocacia-Geral da União (AGU), a ação envolve pessoas que participaram dos atos e empresas que financiaram os atos criminosos.

O g1 tentou contato com Adoilto, mas não obteve retorno. Funcionárias do comércio do suspeito se recusaram a conversar com a reportagem.

Ataques
Bolsonaristas radicais invadiram as sedes do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto, em 8 de janeiro de 2023. Foram quebradas vidraças dos edifícios, objetos da mobília foram levados ou destruídos e gabinetes foram invadidos. Os envolvidos estavam com pedaços de paus e pedras.

 

Operação Rêmora: MPF/MA denuncia presidente e diretores do Idac por desvio de recursos da saúde

Foi constatado desvio de R$ 87 mil pelo Idac. Os denunciados foram presos em flagrante no dia 2 de junho de 2017, mas, atualmente, estão em liberdade

O Ministério Público Federal no Maranhão (MPF/MA) denunciou Antônio Augusto Silva Aragão, presidente do Instituto de Desenvolvimento e Apoio à Cidadania (Idac); Bruno Balby Monteiro e Mauro Serra Santos, diretores responsáveis pela gestão financeira do Instituto, por desvio de R$ 87 mil de recursos públicos federais destinados à saúde. Valterleno Silva Reis também está entre os denunciados por ter participado ativamente do esquema.

Conforme contextualiza o MPF na denúncia, o Idac, organização social sem fins lucrativos, celebrou diversos contratos de gestão com o Estado do Maranhão para administrar unidades hospitalares. Os contratos totalizaram mais de R$ 240 milhões, sendo que, desse montante, no período entre 1º de janeiro de 2014 e 28 de junho de 2016, mais de R$ 130 milhões eram oriundos de repasses federais. Segundo apontam as investigações, cerca de 10% dos recursos foram desviados pela entidade, que é legalmente impedida de utilizar a atividade decorrente dos referidos contratos para obtenção de lucro.

Prisão em flagrante – No dia 2 de junho de 2017, por volta das 16h, os denunciados foram presos em flagrante no edifício onde funciona o Idac, localizado no bairro São Francisco, em São Luís (MA), mais especificamente no 2º andar, onde funciona a sede do diretório do Partido Social Democrata Cristão (PSDC) no Maranhão. As ações dos denunciados já estavam sendo monitoradas com autorização da Justiça Federal. Na ocasião, foi confirmado o desvio de R$ 87 mil em recursos repassados ao Idac para aplicação nos serviços de saúde.

Na denúncia, o MPF/MA pede que Antônio Augusto Silva Aragão, Bruno Balby Monteiro, Mauro Serra Santos e Valterleno Silva Reis sejam condenados pela Justiça por crime de peculato e organização criminosa. Atualmente, os denunciados estão em liberdade.

Operação Panatenaico: veja a lista dos 12 denunciados pelo MPF-DF

Eles devem responder por organização criminosa, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e fraude a licitação

O Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF-DF) ofereceu três denúncias, nesta sexta-feira (6/4), à 12ª Vara da justiça federal no âmbito da Operação Panatenaico. No total, foram 12 pessoas denunciadas, que devem responder por organização criminosa, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e fraude a licitação.
 

A Panatenaico foi deflagrada em maio de 2017, com o objetivo de apurar irregularidades na reforma do Estádio Mané Garrincha.

Confira a lista dos denunciados, segundo informou o DFTV:

Agnelo Queiroz – Ex-governador do DF
Tadeu Filippelli – Ex-vice-governador do DF
José Roberto Arruda – Ex-governador do DF
Maruska Lima de Sousa Holanda – Ex-diretora de Edificações da Novacap e ex-presidente da Terracap
Nilson Martorelli – Ex-presidente da Novacap
Fernando Queiroz – Proprietário da Via Engenharia
Jorge Luiz Salomão – Operador de Agnelo
Sérgio Lúcio Silva de Andrade – Operador de Arruda
Afrânio Roberto de Souza Filho – Operador de Filippelli
Luiz Carlos Alcoforado – Ex-advogado de Agnelo, teria recebido propina destinada ao petista
Wellington Medeiros – Ex-desembargador e advogado, teria recebido propina para Arruda
Alberto Nolli Teixeira: era diretor de Construção da Via Engenharia, engenheiro, casado e morador do Setor Sudoeste, é apontado como um dos pagadores de propina em nome da empreiteira

Desvio milionário
As investigações da Polícia Federal identificaram fraudes e desvios de recursos públicos em obras de reforma do Estádio Nacional Mané Garrincha para a Copa do Mundo de 2014. Orçada em R$ 600 milhões, a arena brasiliense custou mais de R$ 1,6 bilhão. A estimativa de desvio na obra é de R$ 900 milhões. A operação é decorrência das delações de ex-executivos da Andrade Gutierrez.

O alvo da investigação era a formação de um cartel por várias empreiteiras para burlar e fraudar o caráter competitivo da licitação e assegurar, de forma antecipada, que os serviços e as obras fossem realizados por consórcio constituído pelas empresas Andrade Gutierrez e Via Engenharia. Como contrapartida, os vencedores teriam pago propina a agentes políticos e públicos.

Os advogados de defesa dos ex-governadores Arruda, Agnelo Queiroz e de Filippelli, além de Afrânio, afirmaram não ter lido a denúncia. Segundo eles, poderão comentar o caso somente após obter acesso ao documento. O Metrópoles tenta contato com os defensores dos outros denunciados.

 
Rios Voadores: ex-servidor do Ibama é impedido de exercer cargo de chefia

Ex-gerente da autarquia em Sinop (MT) é acusado de fornecer informações privilegiadas ao grupo do maior desmatador da Amazônia e de fraudar processos administrativos

No dia 30 de janeiro, o juiz federal Ruy Dias de Souza Filho assinou liminar notificando o Ibama de que o ex-gerente do órgão em Sinop (MT), Waldivino Gomes Silva, está proibido de assumir qualquer cargo de direção e chefia na autarquia. O motivo para tal proibição é que Waldivino é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de atuar no esquema criminoso que promoveu o maior desmatamento já ocorrido na Amazônia.

A investigação do MPF teve início no ano passado e descobriu que Waldivino fornecia informações privilegiadas sobre ocorrência de fiscalizações para o grupo de desmatadores liderado por Antônio José Junqueira Vilela Filho, o AJ Vilela ou Jotinha, que comandava o esquema de São Paulo. A força-tarefa da operação Rios Voadores descobriu ainda a participação da esposa de Waldivino, Obalúcia de Sousa no esquema.

Além das informações sobre fiscalização, Waldivino Silva ajudava o grupo cometendo ilegalidades na condução de procedimentos administrativos dentro do Ibama, como a devolução de equipamentos que eram apreendidos nas ações de fiscalização à empresa que trabalhava para o grupo de AJ Vilela. Silva não registrava a devolução dos materiais e não comunicava ao núcleo de instrução processual da autarquia, ação que levou o MPF a denunciar o ex-gerente do Ibama por sonegação de documento.

Além do casal, foram denunciados Jerônimo Braz Garcia, um dos fornecedores dos equipamentos para o desmate e executores do desmatamento, e Wanderley Ribeiro Gomes, por desmatamento e corrupção.

Histórico

AJ Vilela é considerado o maior desmatador da história recente da Amazônia. Filho de um pecuarista milionário de São Paulo, Jotinha, como também é chamado, operava um esquema sofisticado que envolvia desmatamento em série, grilagem de terras públicas, lavagem de dinheiro, falsificação e trabalho escravo no Pará. A operação Rios Voadores, que prendeu a quadrilha, foi deflagrada em 30 de junho de 2016, após dois anos de quebras de sigilo bancário e interceptações telefônicas.

O grupo de acusados, segundo o MPF e o Ibama, é responsável pelo desmate, entre 2012 e 2015, de 330 quilômetros quadrados de florestas em Altamira, no Pará. A área é equivalente ao território de municípios como Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG) ou Recife (PE). O esquema conseguiu movimentar pelo menos R$ 1,9 bilhão.

Os envolvidos no esquema podem pegar penas de até 238 anos de prisão, multas, pagamento de R$ 503 milhões em prejuízos ambientais, recuperação da área ilegalmente desmatada, demolição de edificações construídas em áreas irregulares, e proibição, por até dez anos, de acessar linhas de financiamento ou benefícios fiscais oferecidos pelo poder público.

MPF bloqueia R$ 420 mi de suspeito na Operação Rios Voadores

A pedido do Ministério Público, a Justiça Federal bloqueou o valor de Antônio José Junqueira Viella Filho, investigado no Pará

São Paulo – A Justiça Federal ordenou o bloqueio de R$ 420 milhões de Antônio José Junqueira Vilela Filho, conhecido como AJ Vilela ou Jotinha, e de mais 12 pessoas físicas e jurídicas envolvidas em um esquema controlado por ele e alvo de investigação pela Operação Rios Voadores. Entre as pessoas estão a irmã e o cunhado de AJ Vilela, Ana Luiza e Ricardo Viacava.

O pedido feito pelo Ministério Público Federal (MPF) é a primeira de uma série de ações para cobrar responsabilidades civis e criminais dos envolvidos no esquema, o qual tinha práticas de grilagem, trabalho escravo e desmatamento em áreas públicas do Estado do Pará.

Investigações apontam que o sistema fraudulento movimentou R$ 1,9 bilhão entre 2012 e 2015 e destruiu 300 km quadrados de florestas em Altamira, no oeste paraense.

De acordo com o MPF, o valor de R$ 420 milhões corresponde aos “danos ambientais apurados pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) em uma série de fiscalizações que apontaram que os acusados foram responsáveis pela destruição de pelo menos 30 mil hectares de floresta em Altamira”.

“O bloqueio é necessário para assegurar a recuperação dos danos ambientais e deve perdurar até o fim do processo judicial que trata do caso”, informa o MPF.

Além da recuperação, o Ministério Público também deseja que todos os acusados sejam suspensos por dez anos de qualquer linha de financiamento público, e também fiquem bloqueados para incentivos e benefícios fiscais.

O MPF informa ainda que os acusados podem ser condenados a “demolir qualquer obra ou edificação que tenham erguido nas fazendas que constituíram por vias criminosas e as áreas embargadas devem ser bloqueadas para qualquer atividade econômica.”

JBS

Como parte das investigações do caso Rios Voadores, o MPF enviou na semana passada ofícios ao grupo JBS, à Amaggi Exportação e Importação e aos dirigentes do grupo Bom Futuro. Os ofícios, segundo nota do MPF, são uma solicitação de informações sobre transações comerciais entre as empresas e integrantes da família Junqueira Vilela.

“As investigações identificaram que entre 2012 e 2015 a Amaggi Exportação e Importação e os empresários Elusmar Maggi Scheffer e Eraí Maggi Scheffer (do Bom Futuro) transferiram R$ 10 milhões para Antônio José Junqueira Vilela Filho (…) e para um cunhado de AJ, Ricardo Caldeira Viacava. No mesmo período, pela JBS foram transferidos R$ 7,4 milhões à AJ e a uma irmã de AJ, Ana Paula Junqueira Vilela Carneiro”, destaca o MPF.

O Ministério Público Federal quer informações sobre o motivo de tais pagamentos e a origem e o destino dos bens comercializados. “Caso o dinheiro seja referente a comércio de grãos e animais vindos de áreas desmatadas ilegalmente, as empresas podem ser responsabilizadas pelo crime ambiental na companhia do grupo pego pela operação Rios Voadores”, destaca o MPF.