‘Inadmissível’, diz professor que denunciou prefeito de Glicério por intolerância religiosa

Caso foi denunciado na terça-feira (12) e criação da CEI foi aprovada pelos vereadores nesta quinta-feira (13); boletim de ocorrência foi registrado e a Polícia Civil de Araçatuba (SP) vai investigar.

O professor que denunciou o prefeito de Glicério (SP), Ildo de Souza (PSDB), por intolerância religiosa disse em entrevista à TV TEM que se sentiu ofendido com a publicação do político nas redes sociais.

Souza atacou praticantes de religiões de matriz africana: “macumbeiros têm pacto com o Diabo (…) vão queimar no fogo do inferno junto com seus amiguinhos do Diabo (…) nunca vi macumbeiro fazer o bem (…) e quem faz macumba é gente do mal”

“Eu e os irmãos de fé já estamos cansados de ser taxados como pessoas do mal. Pessoas que incitam a violência e o ódio contra a religião de matriz africana são desagradáveis. O prefeito não tem o direito de condenar as pessoas que seguem essa religião como filhos do Diabo. Isso é inadmissível”, lamentou Paulo Javarezzi.

O caso foi denunciado na terça-feira (12). Nesta quinta (14), a Câmara de Vereadores de Glicério aprovou a abertura de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar a denuncia.

A Polícia Civil de Araçatuba (SP) vai investigar o caso, que foi registrado na Delegacia de Glicério por crime de ultraje a culto, sentimentos religiosos e profanação de objeto de culto.

À TV TEM, Ildo disse que não vai se manifestar sobre a publicação, mas afirmou que respeita todas as religiões e negou ter ofendido qualquer crença.

Em nota nas redes sociais, publicada na quinta-feira, o prefeito escreveu que acredita que a diversidade de crenças e a liberdade para professar elas são pilares fundamentais para uma sociedade mais justa. Ele ainda ressaltou que desconhece a fundo as práticas e crenças de religiões de matriz africana.

“É de extrema importância ponderar que, na realidade, minha postagem visava destacar a manipulação das crenças legítimas por pessoas contrárias ao meu posicionamento político, que utilizam rituais inadequados para promover ataques direcionados a minha família”, escreveu Ildo.

 

Vereadora registra ocorrência de ameaça contra colega por falas durante sessão em Barra Bonita.

Poliana Quirino (PSL) registrou boletim de ocorrência contra o vereador José Carlos Fantin (PTB). Na tribuna, após uma fala da vereadora, o parlamentar disse que ela estava ‘se comportando mal’ e deveria ter ‘cuidado’.

A Polícia Civil de Barra Bonita (SP) abriu uma investigação após uma vereadora da cidade, Poliana Quirino (PSL), registrar um boletim de ocorrência de ameaça contra outro parlamentar. Quirino diz ter sido ofendida em sessão na Câmara Municipal do dia 21 de novembro.

Na sessão, os vereadores discutiam o aumento do salário do prefeito. A vereadora defendeu na tribuna o seu voto à favor do projeto de lei.

Logo após a sua fala, o vereador José Carlos Fantin (PTB) pediu a palavra e fez comentários sobre o posicionamento da colega.

“A vereadora Poliana tem se comportado mal nessa casa, né? Tem ofendido alguns colegas, se dirigido de forma inadequada para alguns colegas, cuidado vereadora”, disse o vereador durante a sessão, que é transmitida ao vivo pelas redes sociais da Câmara.

“Cuidado que pode complicar, né? […] a senhora fica chamando as pessoas que vivem passando vergonha, é falta de decoro, então toma muito cuidado […] Então cuidado, quando for comigo não vai acontecer essas coisas não”, disse Fantin.

O g1 entrou em contato com o presidente da Câmara, o vereador Maicon Furtado (Podemos), que informou que não houve nenhuma representação contra o vereador na casa legislativa até a última atualização da reportagem.

Ao g1, Poliana Quirino disse que, além do registro do boletim de ocorrência, analisa com sua equipe jurídica formas de representar contra o parlamentar também na Câmara de Vereadores.

A reportagem também entrou em contato com José Carlos Fantin, que disse não ter sido notificado sobre a investigação e que só irá se manifestar após ter conhecimento do conteúdo da ocorrência registrada na Polícia Civil.

De acordo com a polícia, o caso foi registrado como ameaça e as partes envolvidas serão ouvidas.

 

Biomédico é investigado por procedimentos estéticos que resultaram em graves consequências para mulheres no DF e em São Paulo

G1 entrevistou duas pacientes de Rafael Bracca que precisaram ser hospitalizadas após intervenções estéticas nas coxas e nádegas usando chamado ‘protocolo TX-8’. Conselho Regional de Biomedicina e Polícia Civil do Distrito Federal investigam profissional que nega acusações.

O biomédico Rafael Bracca, de 38 anos, é investigado pelo Conselho Regional de Biomedicina e pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) por procedimentos estéticos que geraram consequências graves de saúde para pacientes de Brasília e de São Paulo. Ele nega as acusações (veja mais abaixo).

O g1 conversou com duas mulheres que fizeram o chamado “Protocolo TX-8”. O tratamento promete o aumento do volume dos glúteos, mas as pacientes acabaram hospitalizadas por problemas decorrentes da intervenção estética (entenda mais abaixo).

“Hoje meu glúteo está cheio de varizes e vasos, com muitas manchas. Tenho nódulos, retenção, minha pele deu muito inchaço e retenção de líquido por conta da rejeição do produto”, conta uma das pacientes.

“Eu me sinto uma bomba relógio que a qualquer momento, em que eu sentar ou cair de bunda no chão, vai explodir. Tenho uma doença crônica, não tem como tirar 100% desse produto, é um problema para o resto da vida”, diz outra paciente do biomédico.
O caso é investigado pela 1ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal (Asa Sul). De acordo com o delegado Antônio Dimitrov, “ainda não há informações que possam ser divulgadas, mas a investigação segue com as atividades previstas em lei”.

O Conselho Regional de Biomedicina também investiga a conduta do biomédico. Além da clínica na Asa Sul, em Brasília, Rafael Bracca também atende no bairro de Alphaville, em São Paulo.

Nesta terça-feira (31), ele disse ao g1 que “se sensibiliza com as pacientes”. Bracca afirma que possui quatro graduações:

Educação Física (licenciatura): Faculdade de Ciências e Letras (conclusão em abril de 2007)
Educação Física (bacharelado): Faculdade Integrada Metropolitana de Campinas (conclusão em julho de 2011)
Nutrição: Faculdade Anhanguera (conclusão em dezembro de 2017)
Biomedicina: Faculdade Anhanguera (conclusão em junho de 2019)
No entanto, segundo a presidente regional da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Luanna Caires Portela, procedimentos invasivos como os realizados na clínica Bracca devem ser feitos somente por médicos especialistas em Dermatologia ou Cirurgia Plástica.

Nas redes sociais, o “Protocolo TX-8” promete “glúteos redondos, empinados e volumosos”, além do tratamento da flacidez, da celulite e de melhorar a simetria do bumbum. Rafael Bracca, que aparece em diversas publicações (veja vídeo no começo da reportagem), afirma que o tratamento é exclusivo e coloca imagens de glúteos de pacientes de antes e depois da aplicação do produto.

“Não é PMMA, não é hidrogel, não é metacril, não é silicone industrial, não é nada disso. Nós não trabalhamos com o ‘corpo estranho’ no seu organismo”, diz Bracca em uma das publicações.
De acordo com as postagens nas redes sociais, o produto que é inserido nos glúteos e coxas das mulheres é formado por peptídeos de colágeno, bioativos emulsificados em óleo de coco, mesclas de vitaminas, minerais, aminoácidos, fatores de crescimentos não hormonais.

Manchas, bolhas e muita dor
Uma das pacientes do biomédico, a empresária Daniela Pires, de 44 anos, que mora em São Paulo, conta que conheceu Rafael Bracca pelas redes sociais da ex-esposa dele, que morreu em 2018. Daniela fez o “protocolo TX-8” de março de 2022 até fevereiro de 2023, com aplicações mensais e quinzenais.

“Ele nunca falou que tinha efeito colateral ou riscos, sempre falou que era 100% seguro, ele nunca falou que eu poderia correr risco de morte”, diz Daniela.
A empresária, que gastou cerca de R$ 30 mil com procedimentos na clínica, conta que o biomédico pediu exames antes da realização do procedimento, mas que não analisou os resultados e que começou o tratamento antes de olhar os laudos.

Depois da primeira sessão, Daniela diz que a pele apresentou manchas, bolhas e que sentiu muita dor. A recomendação dada por Rafael Bracca era para que ela continuasse os treinos na academia para ganhar massa com a ativação do produto.

Depois de ter febre alta por alguns dias, com recomendações do biomédico de novos procedimentos na clínica, e ele dizendo que a paciente não estava seguindo as orientações corretamente, a empresária decidiu ir até um hospital.

Daniela ficou internada por 16 dias e depois contou com 20 dias de homecare. Segundo os médicos, ela teve uma infecção por produtos exógenos.

No início de setembro, a empresária recebeu alta. No entanto, na última semana de outubro, a região das coxas e dos glúteos começou a inflamar novamente.

Além disso, a empresária diz que ficou com problemas renais e que está sendo acompanhada por nefrologistas e infectologistas. Ela, que treina há 10 anos, não consegue voltar para a academia.

“A sensação é de ser cobaia de um psicopata. Parece que eu levei um golpe, depositei a minha confiança em uma pessoa que é narcisista, está mutilando as mulheres e sabe dos efeitos que dá. Ele não para, continua, finge que não é com ele. Ele teve coragem de falar pra mim que estava jejuando e orando por mim”, diz Daniela Pires.
Internada por 75 dias
Outra paciente que teve problemas após o procedimento é a empresária Nathália da Silva Teixeira, de 39 anos, que mora em Brasília. Ela, que também conheceu a clínica de Rafael Bracca pelas redes sociais, começou o tratamento em novembro de 2022.

Nathália conta que o biomédico pediu exames de sangue, verificou os resultados, e afirmou que poderia prosseguir com o tratamento. Segundo ela, o biomédico, disse que não existia risco na aplicação dos produtos.

“Ele disse que por ser um produto natural, bioidêntico, as chances de intercorrência não existiam. Ele vende o tratamento como se não tivesse chances de dar errado, você compra achando que é quase natural e que não tem chances de dar problema”, diz Nathália.
A empresária, que comprou o tratamento para glúteos e coxas e também um tratamento hormonal gastou cerca de R$ 21, 6 mil na clínica. Na terceira aplicação do “Protocolo TX-8” nas coxas, ela lembra que as seringas já vinham preparadas de dentro de uma sala.

A perna de Nathália inchou, mas, conforme ela, o biomédico fez outros procedimentos e afirmou que não era inflamação. Poucos dias antes do casamento dela, em abril de 2023, a perna continuava inchada e com placas avermelhadas, “ficava quente e doía bastante”, conta.

A empresária buscou um hospital e foi diagnosticada com celulite bacteriana. Ao informar o resultado dos exames ao biomédico, ele disse para ela voltar na clínica, fazer outros procedimentos e não tomar o antibiótico receitado, segundo ela.

Sem melhoras, Nathália disse que Rafael Bracca mudou a orientação e que ela seguiu o que foi receitado pela médica do hospital. Depois do casamento, na lua de mel na Europa, a empresária lembra que os glúteos incharam, ficaram quentes, e que as placas vermelhas voltaram.

Assim que retornou ao Brasil, ela foi para a clínica Bracca e recebeu tratamento de ozonioterapia e laser, além de retirada e aplicação do seu próprio sangue no local da inflamação. No entanto, quando foi fazer um exame de sangue, solicitado pelo responsável médico da clínica Bracca, o pedido foi rejeitado por conta do CRM cassado do médico.

A empresária, então, foi ao hospital e ficou 20 dias internada.

“Foram encontradas três bactérias no exames que eu fiz e cistos se formaram com o produto”, diz a mulher.
Cinco dias depois de voltar para casa, Nathália acabou internada novamente. Foram duas hospitalizações e, na última, a empresária passou 12 dias na UTI – ao todo, foram 75 dias no hospital.

A empresária disse que quando resolveu denunciar o biomédico “parou de se culpar” e passou a culpar a pessoa que, segundo ela, a deixou em uma situação de adoecimento. “Ele me adoeceu, ele não me causou um probleminha, me causou um problema que pode ser crônico”, diz ela.

‘Modus operandi’
De acordo com os relatos das pacientes de Rafael Bracca, que apresentaram problemas de saúde após os procedimentos, o biomédico segue um formato de atendimento:

Não informa os riscos da aplicação dos injetáveis
Não explica a fórmula e nem os componentes dos produtos que serão utilizados nos procedimentos
Prepara as injeções sem mostrar os produtos
Após problemas, sempre pede para as pacientes voltarem para a clínica ao invés de procurarem hospitais
O que diz o biomédico Rafael Bracca
Em entrevista ao g1, o biomédico Rafael Bracca diz que já atendeu mais de 400 pacientes e que algumas podem sofrer intercorrências. “Todas as substâncias que têm na clínica são lícitas e estão registradas na Vigilância Sanitária”, afirma.

Ele diz também que une os conhecimentos do curso de Nutrição e de Biomedicina para tratar as pacientes.

“Injetáveis são de nutrientes. Pacientes são tratados com nutrição, não com droga e medicação”, diz Rafael Bracca.
Ele afirma também que dois médicos atuam na clínica. “Eu posso fazer aplicação se eu tiver receita médica, quando o médico não está na clínica para atender, ele delega a questão”, diz Bracca.

Segundo o biomédico, “tudo que é feito é mostrado para a paciente”, e uma cartilha é entregue com orientações para cuidados depois do procedimento. Rafael Bracca afirma que depois que as mulheres deixam de realizar o tratamento em sua clínica, elas são responsáveis.

“Fico muito triste porque não queria que isso acontecesse, tem relação direta com imprudência da paciente e o fato dela não aparecer nas datas combinadas para que pudesse ser tratada na forma correta. […] Eu me sensibilizo com as pacientes, inclusive, jamais as portas estarão fechadas e o que precisarem de mim vou estar a disposição”, diz o biomédico.
Cuidados ao realizar procedimento estético
O médico especialista em Dermatologia ou Cirurgia Plástica é o profissional mais capacitado para realizar procedimentos estéticos invasivos, alerta a presidente regional do DF da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD-DF) Luanna Caires Portela.

“Há necessidade de conhecimento profundo de fisiopatologia da pele, que é considerada o maior órgão do corpo humano”, diz a dermatologista.
De acordo com a presidente da SBD-DF, o médico especialista em Cirurgia Plástica ou Dermatologia estuda:

6 anos: na graduação de medicina
3 anos: na especialização em dermatologia
5 anos: na especialização em cirurgia plástica
Conforme a legislação que dispõe sobre o exercício da medicina (lei 12.842/2013), a atividade de procedimentos invasivos é de responsabilidade de médicos: “A execução de procedimentos invasivos, sejam diagnósticos, terapêuticos ou estéticos, incluindo os acessos vasculares profundos, as biópsias e as endoscopias”, aponta o texto.

Em relação ao exercício da Biomedicina, a legislação (lei 6.684/79) indica as atividades que podem ser realizadas por biomédicos:

Análises físico-químicas e microbiológicas de interesse para o saneamento do meio ambiente
Serviços de radiografia, excluída a interpretação
Atuar, sob supervisão médica, em serviços de hemoterapia, de radiodiagnóstico e de outros para os quais esteja legalmente habilitado
Planejar e executar pesquisas científicas em instituições públicas e privadas, na área de sua especialidade profissional
Orientações para pacientes, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia

Não buscar um médico pelo número de seguidores nas redes sociais
Verificar por meio da pesquisa do nome do médico ou do CRM se o profissional possui o título de especialista em Dermatologia ou Cirurgia Plástica registrado junto ao Conselho Federal de Medicina
Verificar o RQE que é o registro de qualificação de especialidade do médico nos sites acima
Procurar a Vigilância Sanitária para que seja apurado se o estabelecimento possui todos os Alvarás Sanitários adequados e se as substâncias utilizadas na clínica são permitidas em lei

Caso um profissional não habilitado e não médico faça um ato médico, o paciente lesado pode apresentar denúncia junto ao PROCON e ao Ministério Público da sua região, segundo Luanna Caires Portela. “Em caso da realização de procedimento estético invasivo, como é o caso da reportagem, o paciente pode denunciar o caso também à Polícia Civil, para apuração do crime de exercício ilegal da medicina previsto no art. 282 do Código Penal, com detenção de seis meses a dois anos”, diz a presidente regional da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

O que diz o Conselho Regional de Biomedicina
“O Conselho Regional de Biomedicina da 3ª Região informa que está apurando a conduta profissional do biomédico Rafael Bracca dos Santos diante dos fatos narrados. Todavia, em observância ao dever de sigilo estabelecido no art. 6º do Código de Processo Ético-Profissional do Biomédico, o CRBM-3 não comenta detalhes de investigação em andamento.”

Justiça realiza audiência de caso de motorista embriagado que matou mulher em acidente com carro de luxo

Acidente ocorreu em setembro de 2022, na SP-75, em Sorocaba (SP). Motorista do carro de luxo fez o teste de bafômetro, que apontou álcool no organismo; ele responde em liberdade e deve ser ouvido nesta segunda (30).

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) realiza, nesta segunda-feira (30), às 14h, uma nova audiência virtual do caso do motorista acusado de dirigir embriagado e provocar um acidente que matou uma mulher na Rodovia Senador José Ermírio de Moraes, a Castelinho, em Sorocaba (SP), no ano passado.

Segundo apurado pelo g1, o réu Antonio Vichi Neto deve ser ouvido nesta audiência. Além disso, haverá a oitiva de mais uma testemunha de defesa. Em agosto deste ano, a primeira audiência virtual do caso ouviu três testemunhas de acusação, duas do juízo e quatro de defesa.

O acidente aconteceu no dia 4 de setembro de 2022, no quilômetro 4 da rodovia. O carro dirigido por Adriane Maria Gallão, de 50 anos, foi atingido por um veículo de luxo em alta velocidade.

De acordo com o boletim de ocorrência, o motorista que provocou o acidente, Antonio Vichi Neto, passou pelo teste do bafômetro, que apontou a concentração de 0,49 mg/L de álcool no organismo dele. O homem foi detido, mas liberado para responder por homicídio culposo em liberdade.

Segundo o BO, Antonio também estava com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa.

Conforme a Polícia Civil, o motorista não foi autuado em flagrante porque prestou socorro à vítima e agiu “adequadamente” durante a ocorrência.

Além disso, consta no registro policial que ele não possuía antecedentes criminais e concordou em fornecer amostra de sangue para exame de dosagem alcoólica.

Adriane ficou dez dias internada no Hospital Regional de Sorocaba e não resistiu aos ferimentos. Com o impacto da batida, o carro dela capotou e ficou destruído. O acidente ocorreu no momento em que ela voltava da igreja.

Cliente denuncia policial por agressão em restaurante em Fortaleza: ‘Me deu soco e me estrangulou’

Vítima registrou um boletim de ocorrência e fez exame de corpo de delito que comprovou as agressões.

O cliente agredido por um policial em um restaurante após reclamar da qualidade de um sushi do estabelecimento afirmou que recebeu um soco no rosto, foi estrangulado e chegou a perder a respiração. O caso ocorreu no sábado (7), no Restaurante Ryokan, em Fortaleza.

Um vídeo gravado por outras pessoas que estavam no restaurante mostra o momento em que o segurança agride o homem com um soco e em seguida com um aperto no pescoço.

Outro cliente que estava no local separa a briga. A esposa do homem agredido chegou a bater nas costas do segurança para ele parar.

“Ele entrou bruscamente no local e me deu um soco na face. Me estrangulou e cheguei ao ponto de perder a respiração. O segurança estava portando uma arma. Nunca imaginei que fosse acontecer esse tipo de situação”, afirmou.
O cliente estava com a esposa e o filho, uma família de Portugal.

Segundo a denúncia, o policial que aparece no vídeo agredindo o cliente trabalhava como segurança do restaurante, o que é proibido para militares. O restaurante nega.

A Controladoria Geral de Disciplina, que investiga denúncias contra servidores que atuam na segurança do estado do Ceará, afirmou que a Delegacia de Assuntos Internos (DAI) apura o caso.

Reclamação do prato

Marcos Paulo Pedroso explicou ainda como iniciou a confusão. Ele afirma que só pediu para trocar o prato que havia pedido.

“Fiz a reclamação a um dos garçons que me atendeu e ele levou o prato novamente para cozinha. Aí veio o segundo garçom e perguntou o que se estava se passando. Eu expliquei novamente e pedi para ele trocar o prato. Aí depois veio o gerente. E disse que o prato estava no padrão e reforçou que o restaurante não ia fazer a substituição do prato”, afirmou.

O cliente explicou que só iria pagar o que a família havia consumido e foi o momento que o policial interfere na situação.

“E eu disse tudo bem. Você traz a conta apenas o que consumi. Aí o segurança veio e tirar satisfação, afirmar que eu tinha que pagar, que comi e disse que não. Expliquei que o prato não estava adequado e que iria pagar. E o segurança disse que eu tinha que pagar. E falei: ‘Você é segurança, quem tem que tratar comigo são os garçons. Não quero conversa com você’.

O cliente registrou boletim de ocorrência. E, na segunda-feira, fez exame de corpo de delito. O documento comprova a “ofensa à integridade corporal ou à saúde do paciente” e que o instrumento ou meio que produziu a ofensa foi “contundente”.

Conforme a Controladoria Geral de Disciplina, a ocorrência também é objeto de apuração na seara administrativa disciplinar.

O Restaurante Ryokan afirmou em nota que lamenta o ocorrido dentro do local. O estabelecimento afirma que a briga envolveu dois clientes. Estabelecimento disse que a briga começou “após um deles, visivelmente alterado, ter proferido agressões verbais aos nossos funcionários, o que resultou na revolta por parte de outros clientes”.

O restaurante reforçou que está à disposição da pessoa ofendida e das autoridades policiais para colaborar e fornecer todos os esclarecimentos necessários.

 

Médico que retirou rim saudável de criança recebe advertência; família cobra pena mais rígida

Elise Bezerra faleceu no dia 18 de março de 2022, aos 5 anos, após cirurgia.

O médico urologista Eleazar Araújo foi julgado e considerado culpado pelo Conselho Regional de Medicina do Ceará (Cremec) pela retirada do rim saudável da pequena Elise Bezerra, que morreu em abril de 2022, aos 5 anos, quatro anos após o procedimento no Hospital São Vicente de Paulo, em Barbalha, no interior do Ceará.

O Cremec, que reconheceu ter ocorrido o erro, aplicou a pena mais branda ao profissional, que recebeu uma advertência. A decisão, que saiu em junho deste ano, revoltou os familiares da criança.

“Diante de todas as provas, todos os laudos, tudo o que foi dito e exposto, como é que uma pessoa é culpada pelo erro que levou minha filha ao óbito e simplesmente eles apenas aplicaram uma advertência”, disse Daniele Bezerra dos Santos, mãe de Elise.

A família da criança irá recorrer da decisão do Conselho Regional de Medicina e espera que haja uma punição mais severa para o médico.

“A família recebe com um misto de sentimentos essa decisão. Primeiro porque ela reconhece que houve uma conduta negligente e imprudente por parte do médico, mas, ao mesmo tempo, não dá a punição adequada do dano que ele causou. Por conta da conduta que o próprio Cremec reconhece como negligente e imprudente, um erro médico que tirou um rim saudável da criança e ela veio a óbito” argumentou o advogado Filipe Santana, que representa a família da vítima.

O Hospital São Vicente de Paula informou que o processo está em segredo de justiça e que não irá se pronunciar.

A defesa do médico Eleazar Araújo também não quis falar sobre o caso.

O Cremec foi procurado pela TV Verdes Mares, mas até a publicação desta reportagem não deu retorno.

Complicações na saúde

Elise foi diagnosticada nos primeiros anos de vida com atrofia no rim esquerdo e precisou passar por uma nefrectomia, para a retirada do órgão. Durante o procedimento, em vez da equipe médica do médico Eleazar Araújo retirar o rim debilitado, retirou o rim direito, que era saudável.

Após a retirada do órgão, a menina teve complicações na saúde, precisou passar por um transplante e adquiriu um vírus. Desde então, Elise teve várias internações, fez tratamento, mas não resistiu e morreu no dia 18 de abril de 2022.

“Elise adquiriu logo após o transplante, depois de seis meses transplantada, o vírus EBV que acomete pessoas transplantadas. Mesmo com todas as terapias não conseguiram fazer com que ela se curasse. Então ela conviveu o tempo todo com esse vírus, o que trouxe muitas outras consequências. Minha filha veio a óbito justamente por conta das complicações pós transplante”, disse Daniele Bezerra.

Ainda em 2018, a família de Elise entrou com um processo para que o hospital e o médico fossem responsabilizados pela retirada do órgão errado, o que prejudicou a saúde da criança. No decorrer da ação, o nome do profissional foi retirado, o que deixou os familiares da menina indignados.

Técnico de enfermagem é acusado de estuprar paciente em UTI; testemunha diz ter presenciado abusos mais de uma vez

Vítima estava internada desde 27 de agosto em hospital na Grande SP e não conseguia falar por conta do impacto do acidente doméstico que sofreu. Mesmo assim, ela indicou desconforto no corpo para cunhada. Técnico de enfermagem está preso temporariamente desde domingo (10).

Um técnico de enfermagem do Hospital Regional de Osasco, na Grande São Paulo, é o principal suspeito de ter estuprado uma paciente no leito da UTI no último sábado (9). O acusado está preso temporariamente desde domingo (10).

O hospital afirma que repudia casos de abuso e que abriu uma investigação interna. Disse também que a vítima está isolada em um leito, com acompanhamento 24 horas da família (leia mais abaixo).

A denúncia foi feita pela cunhada da vítima, que está internada desde 27 de agosto. O paciente que estava no leito ao lado testemunhou o abuso, segundo Boletim de Ocorrência registrado no 9° Distrito Policial.

A cunhada relatou que foi visitar a vítima depois que ela foi internada por ter sofrido um acidente doméstico.

Ao relatar o crime, a cunhada disse que a vítima, que tem 43 anos, não conseguia se comunicar por causa do impacto da queda, mas demonstrou sentir incômodo nas partes de baixo do corpo. Ela então buscou entender o que tinha acontecido e conversou com uma enfermeira, que avisou que, no momento da troca de fralda, houve uma confuta inadequada por parte de um profissional, mas não entrou em detalhes.

A cunhada, então, entrou em contato com um advogado e com a polícia. Estes conversaram com um paciente que estava internado ao lado da vítima. Ele relatou ter visto uma movimentação estranha no leito vizinho, além de ter percebido que um técnico de enfermagem, Anderson Leonel da Silva, que estava cuidando dos pacientes dava mais atenção para uma paciente específica.

Em determinado momento, o paciente disse que viu o técnico fechar o biombo, levantar o lençol da paciente e ficar mexendo na parte de baixo do corpo dela.

Na noite de sexta (8), o paciente disse que viu Anderson ir mais uma vez ao leito da vítima. Desta vez, ele se abaixou para tentar ver o que estava acontecendo e flagrou o funcionário com a boca nos seios da vítima deitada.

A esposa do paciente contou que, quando o marido reagiu ao ver o que estava sendo feito, o técnico ameaçou aplicar uma injeção nele caso revelasse o que tinha presenciado.

Após a ameaça, o paciente combinou com outro vizinho de leito de revezarem o sono para vigiar as condutas do técnico de enfermagem.

O irmão da vítima disse que não quer falar no momento sobre o ocorrido.

A esposa da testemunha também contou que questionou enfermeiras e médicos e foi informada que o crime ainda estava sendo apurado e que as respostas das enfermeiras eram sempre evasivas, assegurando que “nada de mais grave” teria ocorrido, que seria “superficial” apenas a conduta do técnico, assim como foi dito para a cunhada da vítima.

A Secretaria Estadual da Saúde informou, em nota, que “o Hospital Regional de Osasco Dr. Vivaldo Martins Simões repudia veementemente qualquer tipo de abuso dentro ou fora da unidade. Imediatamente após a denúncia do caso, o hospital prestou toda assistência e acolhimento à paciente em um leito isolado, com direito a acompanhante familiar 24hrs por dia”.

O comunicado também afirma que “um processo de apuração interna foi aberto pela unidade, que segue investigando o caso. O funcionário, que era terceirizado, entrou para o quadro de colaboradores há 5 meses. Não houve prestação de serviço em nenhuma outra unidade de administração direta do Estado. O funcionário acusado foi afastado antes mesmo de ser preso pela Polícia Civil. O Hospital segue à disposição das autoridades para contribuir com as investigações”.

A TV Globo não conseguiu localizar a defesa do suspeito preso. O Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo informou que abriu uma sindicância pra investigar o caso e, se a infração for confirmada, o profissional pode ser multado e até perder a licença para trabalhar.

 

Antony diz que vai comprovar inocência e se defende de acusação de agressão feita por bancária: ‘Tivemos encontro consensual’

Ingrid Lana disse ao g1 que caso foi em 2022, e jogador do Manchester pediu para ela não denunciá-lo, pois jogaria a Copa do Catar. Bancária avalia se fará queixa à polícia. Ex-namorada de Antony e outra mulher também o acusam de agressão. Polícia apura, e atleta nega crimes.

O jogador do Manchester United Antony diz que vai comprovar sua inocência a respeito de acusações de agressões contra mulheres que têm se tornado públicas. Ao g1, o atleta relatou neste domingo (10) que teve com a bancária Ingrid Lana, de 33 anos, um “encontro íntimo e consensual”. Ela, no entanto, afirma que ele tentou beijá-la, mas, como ela recusou, o atleta a empurrou, e a bancária bateu a cabeça na parede.

Ingrid disse ainda que nunca se envolveu com Antony ou foi amante dele e que analisa com seus advogados se irá registrar boletim de ocorrência contra o atleta por agressão (leia mais abaixo).

Na nota, Antony diz que “conversava com a Ingrid por WhatsApp. Quando ela foi para Portugal para ir num aniversário de sua prima, pediu para vir aqui para Manchester me encontrar, com clara intenção de se encontrar comigo intimamente, inclusive me perguntando se preferia lingerie vermelha ou branca”.

E complementa: “Comprei passagem e reservei um hotel para ela. De fato, me encontrei com ela no referido hotel e tivemos um encontro íntimo e consensual. Apesar dela insistir para nos encontrarmos novamente para outro encontro íntimo, por uma questão de agenda não pude vê-la novamente, tendo ela retornado ao Brasil. Desde então, nunca mais me encontrei com ela”.

Antony afirma que pode comprovar suas afirmações por mensagens trocadas no WhatsApp. “Só não publico na íntegra para preservar o direito de privacidade. No entanto, vou disponibilizar pelas vias adequadas, se necessário, para comprovar minha inocência, bem como para propor a competente ação reparatória e pedido de investigação”, finaliza.

Neste domingo (10), o Manchester divulgou o afastamento de Antony dos treinos do clube devido às acusações contra o jogador.

O que diz Ingrid
“Do nada, ele tentou me beijar. Mudou de assunto e já veio para cima de mim. Eu falei: ‘O que está acontecendo?’ Aí eu fui falei: ‘Não quero!’ Aí ele me empurrou contra a parede com ódio. Eu bati a cabeça na parede”, disse Ingrid sobre o episódio.

Segundo a bancária, a agressão ocorreu em setembro de 2022, quando ela foi à cidade do clube inglês tratar de negócios de remessas internacionais de dinheiro dele para a mãe no Brasil.

“Ele pegou e falou para mim: ‘O que você veio fazer aqui, então?’ Eu falei: ‘Antony eu vim para a gente falar de negócios. Vocês me convidaram para isso, não sei o que você quer. Aí encheu o olho de lágrima, ele me pediu perdão… que foi da cabeça dele. Acho que ele nunca recebeu um não”, contou Ingrid, terceira mulher a acusar o jogador de futebol de agressão.

 

Falcão e Kleiton Lima: o que se sabe sobre denúncias de mulheres contra ex-funcionários do futebol do Santos

Santos Futebol Clube está envolvido nos últimos meses em denúncias de mulheres contra dois de seus funcionários – e que renderam as saídas deles.

Em 4 de agosto, Paulo Roberto Falcão deixou o cargo de coordenador de futebol do Santos Futebol Clube. Pouco mais de um mês depois, nesta quinta-feira (7), foi a vez de Kleiton Lima, técnico das Sereias da Vila, colocar o cargo à disposição e ter o sim da diretoria. Além dele, toda a comissão técnica do time feminino do Santos deixou o clube. Em ambos os casos, as acusações envolvem assédio sexual. No caso de Lima, moral também.

Veja abaixo o que se sabe sobre cada um dos assuntos:

Falcão

O que aconteceu?
A recepcionista de um apart-hotel no bairro Aparecida, em Santos, no litoral de São Paulo, registrou boletim em 4 de agosto de ocorrência na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) da Cidade por importunação sexual cometida por Paulo Roberto Falcão, então coordenador de futebol do Santos Futebol Clube. O dirigente morava no local. Foram duas tentativas, segundo a advogada da vítima: nos dias 2 e 4 de agosto.

O que a vítima diz?
A recepcionista, de 26 anos, contou que Falcão entrou em uma área restrita para funcionários com algumas roupas em mãos para mandar lavar.

Antes de entregá-las, porém, se aproximou dela falando sobre a câmera de monitoramento, momento em que ela disse ter sido importunada sexualmente no dia 4 de agosto. No dia 2, segundo ela, a ação foi a mesma, inclusive o discurso escolhido.

Dessa vez, porém, a mulher contou ter se afastado e demonstrado ódio diante da situação. De acordo com a funcionária, o impulso assustou Falcão, que deixou as roupas e foi para o quarto.

A recepcionista disse à reportagem que ligou para o marido, que se deslocou para o apart-hotel e conversou com o gerente do hotel. O síndico do prédio também foi acionado e, segundo ela, ligou para Falcão. “O síndico ligou para ele e me pediu desculpa”, disse ela.

Como está a investigação?
As investigações sobre o caso continuam em curso.

O que diz o acusado?
Falcão pediu demissão do cargo e, por meio das redes sociais, afirmou na época: “Em respeito à torcida do Santos Futebol Clube, pelos recentes protestos diante do desempenho do time em campo, decidi deixar o cargo de coordenador esportivo”.

Falcão ressaltou que o primeiro sentimento dele, ao tomar a decisão, foi o de defender a imagem da instituição. “Sobre a acusação feita nesta sexta-feira (4 de agosto), que recebi com surpresa pela mídia, afirmo que não aconteceu”.

Kleiton Lima

O que aconteceu?
Dezenove cartas contendo acusações de assédio moral e sexual contra Kleiton Lima, técnico das Sereias da Vila, foram divulgadas pelo ge.globo nesta quinta-feira (7). Todas as correspondências foram escritas a mão e de forma anônima. As cartas foram entregues para a supervisora das Sereias da Vila, Aline Xavier, que encaminhou todo o material para a diretoria.

O treinador colocou o cargo à disposição e a diretoria aceitou. Com ele também saíram a auxiliar técnica Fabi Guedes, a preparadora física Vanessa Monte Bello, o analista de desempenho Julio Resende, o preparador de goleiras Gabriel Ribeiro, a psicóloga Luiza Garutti, o massagista Tarso Ajifu e os fisioterapeutas Dhouglas Antonini e Lucas Wasem.

O que as vítimas dizem?
Nas cartas, citações são feitas sobre a conduta do treinador em diversas situações. Uma delas envolve contusões de atletas. “Algumas brincadeiras e comentários que não cabiam no momento, insinuando que eu estava machucada de propósito, como seu eu tivesse simulado minha dor. Porém, só eu sei o que passei e sei o quanto foi difícil a minha recuperação”, disse uma das jogadoras.

Em outros manuscritos, fala-se em “agressões verbais, humilhações em público e de forma particular”. Há menção em um dos textos, inclusive, de que uma delas passou “a pensar em suicídio e entrar em profunda depressão”.

A indignação maior, de acordo com os textos, refere-se ao aspecto sexual. “Estou cansada de seus comentários sobre os nossos corpos de uma maneira desrespeitosa, cansada de seus toques de maneira indevida”, diz uma delas.

“Uma vez, na feira, eu estava esperando perto de uma barraca de pastel. Lá, o treinador chegou e perguntou se eu estava comendo pastel, aí eu respondi ‘não, estou esperando as meninas’. Então ele deu a volta por mim, olhou para minha bunda e disse: ‘acho que não’, insinuando que minha bunda parecia grande, então isso significava que eu estava comendo pastel”, menciona outra. “O treinador diariamente falta com respeito em sua fala constrangedora e desrespeitosa, como ‘xerecada’ e ‘tetada’”, comenta mais uma.

As roupas de Kleiton Lima também estão incluídas e são assunto recorrente nas cartas. “Suas vestimentas não são adequadas ao ambiente de trabalho, pois deixam transparecer o seu órgão genital na calça ou short, principalmente por estar em um departamento feminino, tornando o ambiente desconfortável”, diz mais um dos relatos.

“Atitudes de extremo desrespeito para com as atletas (como por exemplo treinos sem o uso de roupa íntima por baixo da calça por parte do treinador, causando assim desconforto em nós, meninas”, diz outro trecho.

Como está a investigação?
Em nota enviada ao g1, o Santos Futebol Clube “informa que está apurando o caso, conversou com o profissional, que negou todos os fatos, mas colocou o cargo a disposição, o que foi aceito pela diretoria para melhor apuração do caso. O Santos FC seguirá buscando sempre o melhor ambiente para todos os seus funcionários”.

O que diz o acusado?
O técnico Kleiton Lima enviou nota ao g1 em que nega as acusações. Confira a íntegra:

“Antes de mais nada, eu não pedi demissão, coloquei o cargo à disposição para diretoria do clube após tomar conhecimento de reclamações de parte do elenco em relação ao meu trabalho. O Santos resolveu desligar a comissão técnica inteira do futebol feminino. Tomei conhecimento também de supostas queixas de assédio, o que me causou estranheza e revolta. Uma acusação dessa é muito grave e tomarei minhas providências legais, quem denuncia tem que provar. Tenho uma carreira profissional de quase 30 anos de forma ilibada e vitoriosa, nunca tive nenhuma queixa nesse sentido durante toda a minha trajetória. Nao aceito que utilizem desse artifício para me tirarem do cargo e tentarem manchar a minha história e a do clube”.

 

Tribunal de Justiça aceita denúncia contra médico Renato Kalil por lesão corporal e violência psicológica no parto de Shantal

Justiça julgou nesta quinta-feira (27) procedente o recurso do Ministério Público; decisão foi unânime. A partir de agora, o médico vai responder em primeira instância pelos crimes.

O Tribunal de Justiça julgou nesta quinta-feira (27) procedente o recurso do Ministério Público e aceitou a denúncia da influencer Shantal Verdelho contra o médico obstetra Renato Kalil por lesão corporal e violência psicológica durante o parto. A partir de agora, o médico vai responder em primeira instância pelos crimes.

Conforme o g1 publicou, Shantal revelou nas redes sociais que foi vítima de violência obstétrica pelo médico durante o parto da segunda filha, Domênica. Contudo, em outubro de 2022 a Justiça negou a denúncia pelos crimes feita pela Promotoria de Violência Doméstica do Foro Central da capital paulista, que acompanha o caso desde a abertura do inquérito policial.

Na época, o juiz Carlos Alberto Corrêa de Almeida Oliveira, da 25ª Vara Criminal de São Paulo, afirmou que faltavam provas que justificassem no processo a imputação dos crimes alegados pela promotoria contra o obstetra.

O recurso, então, foi protocolado pela defesa da influenciadora em novembro de 2022. Nesta quinta, ele foi julgado e a decisão foi por unanimidade pelos desembargadores. O acórdão deve ser publicado nos próximos dias.

Para a promotoria, a decisão é importante “porque abre espaço para que a Justiça analise o mérito da denúncia e também abre precedentes inéditos para que outras vítimas de violência obstétrica denunciem”.

Para o advogado de defesa da Shantal, Sergei Cobra Arbex, a decisão do TJ é uma vitória “porque Kalil se tornou réu e porque mostra que a Justiça reconheceu que há provas no processo que sustentam a denúncia”.

O advogado Celso Vilardi, que defende Renato Kali, informou que a decisão do Tribunal de Justiça apenas autorizou o início do processo, sem qualquer julgamento e mérito. A decisão será objeto de recurso ao Superior Tribunal de Justiça, mas a defesa tem convicção de que a inocência de Renato Kalil será reconhecida pela Justiça.

Depoimento em agosto de 2022

Em agosto de 2022, Renato Kalil foi ouvido pela polícia e admitiu que usou “palavras inadequadas” durante o parto da filha da influenciadora digital Shantal Verdelho. Ele alegou, porém, que as falas foram “apenas em um momento de incentivo motivacional, pois o parto era um parto difícil” e negou ter cometido violência obstétrica.

O obstetra afirmou que “se errou, foi apenas ‘verbalizando duas ou três palavras’ e nada mais, pois todo o restante do seu trabalho foi correto”.

Os abusos, segundo a denúncia, ocorreram durante o parto de Shantal em setembro de 2021, no Hospital e Maternidade São Luiz, na cidade de São Paulo.

A GloboNews teve acesso ao conteúdo do interrogatório, prestado no 27º Distrito Policial de São Paulo, na Zona Sul da capital paulista (leia mais abaixo). Esta foi a primeira vez em que o médico foi ouvido formalmente sobre as denúncias feitas por Shantal Verdelho no fim do ano passado.

Procurada, a Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP) não deu detalhes da investigação porque o caso tramita em segredo de Justiça.

Desde as primeiras denúncias, a defesa de Kalil tem afirmado que o parto da influenciadora ocorreu “sem qualquer intercorrência”, que está “à disposição da Justiça”.

Depoimento e passo a passo do parto

No início do depoimento, Renato Kalil disse que a influenciadora o procurou por indicações de outras amigas, que também eram pacientes dele, e que a relação com Shantal era “superamigável” e “de intimidade”.

Questionado pelo delegado Eduardo Luis Ferreira sobre o passo a passo do parto, o obstetra relatou que, mesmo com a dilatação adequada para o nascimento normal e encaixada, sem a necessidade de cirurgia, a criança estava com o “polo cefálico na posição transversa” e que “em momento algum indicou a episiotomia, muito embora tenha conversado antes do parto várias vezes sobre esse assunto com Shantal, pois esse procedimento pode eventualmente ser necessário para evitar a ocorrência de graves lacerações na região vaginal da mulher”.

A episiotomia é uma incisão cirúrgica do períneo e da parede vaginal feita durante o parto, geralmente realizada para aumentar rapidamente a abertura para a passagem do bebê. Segundo o médico, Shantal recusou a episiotomia e houve lacerações de grau 2, que foram suturadas logo em seguida.

Questionado pela Polícia Civil se chamou o marido de Shantal para mostrar as lesões e se ele se recordaria das palavras que usou, Kalil afirmou que, logo após Mateus entregar Domênica para Shantal, chamou o pai, como sempre faz com os acompanhantes, para mostrar as lacerações e, em seguida, após realizar a sutura, “chamou-o novamente para mostrar que tudo estava ok”.

Renato Kalil disse ainda que apenas mostrou a ele o procedimento e que se recorda que as palavras ditas foram apenas para mostrar-lhe onde teriam ocorrido as lacerações.

O relato contraria o que Shantal disse em áudio de conversa íntima vazada nas redes sociais. Na conversa, a influencer acusa Kalil de usar palavrões contra ela durante o parto e expor sua intimidade para o pai da criança durante o procedimento e também para terceiros.

“Ele chamou meu marido e falou: ‘Olha aqui, toda arrebentada. Vou ter que dar um monte de pontos na perereca dela’. Ele falava de um jeito como ‘olha aí, onde você faz sexo, tá tudo fodido’. Ele não tinha que fazer isso. Ele nem sabe se eu tenho tamanha intimidade com meu marido”, contou.

“Quando a gente assistia ao vídeo do parto, ele me xinga o trabalho de parto inteiro. Ele fala ‘Porra, faz força. Filha da mãe, ela não faz força direito. Viadinha. Que ódio. Não se mexe, porra’… depois que revi tudo, foi horrível”, comentou a influencer no áudio vazado.

Em outro trecho do interrogatório, Kalil também negou que tenha pedido ao médico anestesista e à médica auxiliar a realização da manobra de Kristeller, contraindicada pelo Ministério da Saúde a partir do segundo período do trabalho de parto.e referir à dificuldade de redução da bexiga que estava inchada, salientando que estava conversando com ele mesmo e que “em momento algum teve a intenção de constranger a paciente”.

Em outro trecho do interrogatório, Kalil também negou que tenha pedido ao médico anestesista e à médica auxiliar a realização da manobra de Kristeller, contraindicada pelo Ministério da Saúde a partir do segundo período do trabalho de parto.