Família de menina morta pela PRF diz que 28 agentes estiveram no hospital no dia do crime

Informação consta do pedido de prisão dos 3 policiais rodoviários envolvidos na morte de Heloísa.

Em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), uma tia de Heloísa dos Santos Silva, a menina morta após ser baleada em uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na Baixada Fluminense, afirmou que 28 agentes da corporação estiveram no hospital logo após o incidente — e que um deles a intimidou.

A informação consta do pedido de prisão que o MPF enviou à Justiça contra os 3 policiais rodoviários envolvidos no crime.

Heloísa morreu neste sábado (16), depois de 9 dias de internação. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias, a garota teve uma parada cardiorrespiratória irreversível.

“No dia do evento se dirigiram ao hospital Adão Pereira Nunes 28 policiais, os quais, segundo palavras da própria testemunha, ficaram vasculhando e ‘mexendo’ no carro [onde Heloísa estava] durante certo tempo”, escreveu o procurador da República Eduardo Benones.

“Inclusive [a tia] relatou que um dos policiais que não participou do ocorrido apontou-lhe um projétil e disse que aquele projétil atingiu o veículo deles, numa tentativa inequívoca de intimidar a testemunha e incutir nela a versão sustentada pelos policiais. Isto tudo ocorreu no ambiente hospitalar, quando a vítima Heloisa recebia atendimento médico cirúrgico”, descreveu.

Benones representou pela prisão de Fabiano Menacho Ferreira — que admitiu ter feito os disparos —, Matheus Domicioli Soares Viegas Pinheiro e Wesley Santos da Silva. O pedido foi feito na noite desta sexta-feira (15), antes de Heloísa morrer.

“Fatos como os acima narrados causaram um abalo psicológico concreto nas vítimas, as quais, obtempere-se, já estavam e estão fragilizadas por terem passado pela traumática experiência de terem o carro cravejado de tiros e um familiar de apenas 3 anos de idade lesionado por tiros de fuzil. Claro está que a testemunha foi intimidada como forma de manipular a investigação e que continuará a sê-lo caso não haja intervenção judicial”, pediu o procurador.

Até a última atualização desta reportagem, a Justiça Federal ainda não tinha se manifestado sobre a prisão dos PRFs.

Benones também pediu à Justiça uma nova perícia no fuzil apreendido e no carro onde Heloísa estava. A TV Globo apurou que o MPF não concordou com o laudo da Polícia Civil.

Invasão a hospital
Um desses 28 PRFs conseguiu entrar na emergência pediátrica do Hospital Adão Pereira Nunes enquanto Heloísa era atendida — “razão há para se temer, inclusive pela integridade física da vítima”, destacou Benones.

“O policial rodoviário federal Newton Agripino de Oliveira Filho, conforme amplamente divulgado nos veículos de mídia nacional, ingressou sem autorização nas dependências do CTI do Hospital em questão. De mais a mais, este policial assediou o pai de Heloísa, buscando estabelecer conexões sem que isto fizesse parte de qualquer estratégia de ajuda institucional”, detalhou.

 

Nove pessoas são presas durante Operação Trinca Ferro

Investigações de mais de dois anos do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Guarapuava levaram à realização nesta terça feira (1º), de operação nacional que resultou na prisão de nove pessoas e no cumprimento de dezenas de mandados de busca e apreensão, em 21 cidades de sete estados. Foram presos preventivamente os principais integrantes de uma quadrilha especializada em desvio de cargas, que, com a concordância dos motoristas e de policiais, levavam os produtos e registravam falsos boletins de ocorrência. Os fatos investigados envolvem desvios de mais de R$ 2 milhões, em cargas de diversos produtos, dentre eles ferro, fertilizantes, açúcar, semente, tecidos, cosméticos e tratores, praticados entre os meses de abril de 2007 e setembro de 2010.

A operação denominada Trinca Ferro, teve a participação dos núcleos do Gaeco de Guarapuava, Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel e Foz do Iguaçu, dos Gaecos de São Paulo, do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Mato Grosso, de Goiás e de Rondônia, além do apoio da Corregedoria-Geral da Polícia Civil e das Agências Locais de Inteligência dos Batalhões de Polícia Militar de Guarapuava, Ponta Grossa e Maringá.

A quadrilha é acusada pelos crimes de formação de quadrilha em crime organizado; corrupção passiva qualificada; corrupção ativa qualificada; furto qualificado; falsificação de documento público; inserção de dados falsos no sistema de informação (da Polícia) e crimes de lavagem de dinheiro.

Os mandados de prisão e busca e apreensão, deferidos pelo juízo de direito de Cândido de Abreu, resultaram, até o momento, na apreensão de aparelhos celulares, arma de fogo ilegal, certa quantia em dinheiro e diversos documentos.

Prisões
 

Na delegacia de Cândido de Abreu foi preso o servidor público estadual que ocupava o cargo de motorista e exercia as funções de investigador de polícia “Ad hoc” Sidnei Adão Jarenco, e a servidora municipal que exercia as funções de escrivã “Ad hoc” Clades Martinato Santos, responsáveis pela confecção, mediante o pagamento de propina, de diversos boletins de ocorrência unificados falsos, noticiando a ocorrência de roubos não existentes de cargas.
 

Na Delegacia de Polícia de Pitanga foi preso o investigador Ademir Muniz da Silveira, que exercia as funções de superintendente daquela unidade, também responsável pela confecção dos boletins de ocorrência sobre falsos crimes de roubo, mediante o pagamento de propina.

Em Paranavaí e Maringá, foram presos Pedro Valdir Ferreira de Ramos, vulgo “Compadre”, Heloise Alves Fagundes, Valdecir José Ferreira de Ramos, Diogo da Costa Ramos, líderes da organização criminosa. Eles aliciavam motoristas de caminhão dispostos a desviar as cargas que iriam transportar e encontravam receptadores para tais cargas, registrando, com a participação e conivência dos funcionários públicos, Boletins de Ocorrência noticiando falsos roubos, visando dissimular o furto praticado. Ainda foram presas duas outras pessoas em outras localidades.
 

Na Comarca de Pitanga foi cumprindo, ainda, mandado de busca e apreensão no escritório central da banca de jogo do bicho Norte Sul, bem como na residência da gerente, investigada por pagar propina para o servidor público Sidnei Adão Jarenco, lotado na Delegacia de Polícia de Cândido de Abreu.
 

O Gaeco é o braço do Ministério Público do Estado do Paraná que trata do combate ao crime organizado e do controle externo da atividade policial. Há unidades do Grupo em Curitiba, Londrina, Foz do Iguaçu, Cascavel, Guarapuava, Guaíra e Maringá. Todas são compostas por policiais civis e militares e por integrantes do MP-PR – procuradores e promotores de Justiça – que são os responsáveis pela coordenação das ações.

PF Prende Ex-Prefeita Sarneysista E Ex-Presidente Do Sinduscon.

DESVIO DE VERBAS PÚBLICAS

Outras 19 pessoas, ao menos, também foram presas, acusadas de desviar, em apenas 5 meses de 2008, perto de R$ 5 milhões destinados à educação

Heloísa Helena, do DEM, seria a líder do ‘esquema’; José Orlando Leite é acusado de ser dono de ‘empresa fantasma’

A ex-prefeita de Alcântara, Heloísa Helena Franco Leitão (DEM), e o ex-presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Maranhão (Sinduscon-MA), José Orlando Soares Leite Filho, estão entre as mais de 20 pessoas presas ontem, durante a Operação Orthoptera, da Polícia Federal (PF) e da Controladoria Geral da União (CGU), que teve como objetivo desarticular uma quadrilha especializada em desviar verbas públicas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), do governo federal. Pelo menos 21 dos 24 mandados de prisão expedidos pela Justiça já haviam sido cumpridos até a tarde de ontem.

Além da ex-prefeita – que é atual procuradora geral de Alcântara – e do ex-presidente do Sinduscon, o grupo acusado de desvio de verbas federais era composto por funcionários e ex-funcionários públicos, empresários e membros de comissões de licitação e sindicância. Segundo a PF e a CGU, em apenas cinco meses de 2008, a organização criminosa desviou cerca de R$ 5 milhões em recursos da Educação. O dinheiro deveria ser usado para construir e reformar escolas, comprar merenda escolar e pagar professores do município de Alcântara.

De acordo com o delegado federal Pedro Roberto Meireles Lopes, responsável pelas investigações, as apurações de irregularidades na prefeitura de Alcântara tiveram início após a Operação Rapina II, em abril de 2007, quando vários documentos referentes ao município começaram a aparecer.

A PF então teria solicitado à Justiça a quebra do sigilo bancário da prefeitura, e descobriu que os extratos apresentados ao Tribunal de Contas da União (TCU) eram “montados”, entre outras manobras irregulares.

“A Prefeitura de Alcântara executava os recursos aportados ao Fundeb de forma fraudulenta. Os mesmos eram transferidos para outras contas da Prefeitura, denominadas ‘contas de passagem’, que recebiam inicialmente os recursos do Fundeb a fim de desvinculá-los da origem. Na sequência esse dinheiro era utilizado para pagamentos diversos, créditos a terceiros e saques na ‘boca do caixa’”, declarou o delegado Pedro Lopes.

Conforme o delegado, a possibilidade de que outros fundos possam ter sido desviados não está descartada e isso também será apurado posteriormente pela PF.

Pedro Lopes afirmou que a ex-prefeita Heloísa Leitão, presa em sua casa no Cohajap (rua Oito), na manhã de ontem, encabeçava a organização, por ser na época a gestora municipal e detentora de plenos poderes administrativos. Por isso, autorizava os saques que só poderiam ser retirados por meio de ordem bancária ou cheques nominais, assinados por ela.

Já o presidente do Sindicato da Construção Civil, José Orlando Soares Leite Filho, foi acusado de ser dono de uma “empresa fantasma”, que tinha como dona “laranja” uma empregada doméstica (veja texto em destaque).

A Operação Orthoptera foi desencadeada em conjunto com a Controladoria Geral da União (CGU), que participou com 11 analistas, além dos 100 policiais federais e contou ainda o apoio da Procuradoria da República no Maranhão e Ministério Público Estadual.

Ao todo, 24 mandados de prisão deveriam ser cumpridos – 12 prisões temporárias e 12 conduções coercitivas, e 15 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal. Das 21 prisões realizadas até a tarde de ontem, 10 são temporárias.

“Os envolvidos responderão pelos crimes de falsificação de documento público e particular, falsidade ideológica, uso de documento falso, formação de quadrilha, além de fraude a licitação e crime de responsabilidade de prefeitos, todos na medida de sua culpabilidade”, afirmou o delegado Pedro Lopes.

O nome da operação, Orthoptera, faz referência a insetos da família do gafanhoto. O nome foi dado porque os acusados, a exemplo dos gafanhotos, agiam em bando e “devoravam” seu “alimento” – no caso os recursos federais – com voracidade.

Ex-prefeita foi cotada para ser secretária de Roseana Sarney

Heloísa Helena Franco Leitão (DEM), 44 anos, foi prefeita de Alcântara (a 433 km de São Luís), município em que nasceu, por duas gestões – 2001 a 2008. Em ambas as vezes foi eleita pelo PFL, antigo DEM, com o apoio do grupo Sarney.

Na última eleição (2008), ela e o clã Sarney apoiaram o candidato vencedor, o médico Raimundo Soares do Nascimento, o “Dr. Soares” (DEM). Em troca, ganhou do atual prefeito o cargo de procuradora geral de Alcântara.

Pouco antes de Roseana Sarney (PMDB) assumir o governo do estado, em meados de abril passado, por decisão judicial – após a cassação, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de Jackson Lago (PDT) –, Heloísa Helena foi cotada para assumir a Secretaria de Igualdade Racial.

No entanto, não se sabe por quê, o cargo acabou sendo preenchido por Claudete de Jesus Ribeiro. (OV)

Doméstica foi usada como ‘laranja’ de empresa fantasma

Um vídeo feito pelos investigadores da Polícia Federal e da Controladoria Geral da União mostra que uma empregada doméstica virou “dona” de uma das empresas fantasmas usada pela quadrilha que desviou, no ano passado, cerca de R$ 5 milhões do Fundeb remetido pelo governo federal para a prefeitura de Alcântara.

A empresa, que na verdade pertence a José Orlando Soares Leite Filho, ex-presidente do Sinduscon-MA, recebeu R$ 900 mil, ao menos, do dinheiro desviado. Veja um trecho da conversa da doméstica com o agente da PF:

Agente: Por que o seu patrão colocou a senhora como sócia desta empresa?

Empregada: Meu lindo, sabe que eu nem sei te dizer… Eu fui inocente mesmo, entendeu?

Agente: A senhora tem idéia de quanto esta empresa está movimentando em um ano?

Empregada: Meu irmão, eu acredito que muito.

Agente: Muito?

Empregada: Eu acho que sim. Só que eles dizem que não. Que tava parada, parada, parada.

Agente: A senhora é uma mulher rica, a senhora viu, né?

Empregada: Tô vendo. Mas já vi que vou logo é me ferrar.

Mandados de prisão temporária

Ronaldo de Amorim Plácido (ex-secretário de Finanças de Alcântara)

José do Vale Silva Júnior (dono da JV Silva Júnior, que montava os contratos)

Dilma Maria da Silva (irmã de José do Vale)

Antônia Hiêda Vieira dos Santos (mulher de José do Vale)

José Carlos Garcia Ribeiro

Ludmila do Socorro Silva (irmã de José do Vale)

Washington Charles Aragão

Carlos Augusto Morais

Heloísa Helena Franco Leitão

José Orlando Soares Leite Filho

Ronilson Alves de Jesus (dono da R Alves de Jesus)

Mandados de condução coercitiva

José Ribamar Moraes Sobrinho

Lindinaldo dos Santos Costa

Maria Genir Pimentel de Sousa (dona da MGP de Sousa Comércio e Serviços)

Júlio Cezar Pereira Campos

Paulo Leitão Machado

Evandro Chear Hiluy

Renilson de Abreu Silva

Zanael Lima Fernandes

Raimunda Leudas Costa

José Honorato Serejo Filho

Antonio Raimundo França Pinho

José da Ascenção Sá Silva

Valdelice Sá Silva

Empresas envolvidas nos desvios*

JV Silva Júnior

MGP de Sousa Comércio e Serviços

CA Morais Comércio, Representações e Serviços

R. Alves de Jesus

AHV dos Santos e Comércio

(*) Em todas essas empresas a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão

 

Operação “Ilusionista” do MPMG e Gaeco prende ex-delegado regional de Varginha que é também vice-presidente da Câmara em São Gonçalo do Sapucaí

Wellington Clair de Castro, ex-delegado regional de Polícia Civil de Varginha, delegado licenciado de São Gonçalo do Sapucaí e vereador – vice-presidente da Câmara Municipal de São Gonçalo do Sapucaí – foi preso na manhã desta terça-feira, 27, em operação da Promotoria de Justiça da Comarca de Elói Mendes, com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), núcleos Varginha e Pouso Alegre. A Operação “Ilusionista” cumpriu ainda dois mandados de busca e apreensão contra o alvo em São Gonçalo do Sapucaí.

Wellington Clair ocupou o cargo de delegado regional de Varginha entre 2018 e 2019. Eleito vereador em 2016 pelo PRTB com expressiva votação, chegou a ocupar a presidência da Câmara Municipal de São Gonçalo do Sapucaí no biênio 2017/2018. A operação é resultado das investigações realizadas entre 2019 e 2020 sobre crimes no Departamento de Trânsito (Detran), o Ministério Público ofereceu a denúncia pela prática dos delitos de organização criminosa – na condição de um dos chefes – 99 crimes de corrupção passiva e usurpação de função pública.. Também foi determinado o sequestro de R$ 18 milhões para pagamento de multa e dano moral coletivo, além de R$ 247,5 mil para devolução de valores com origem em crimes de corrupção.

Segundo a Polícia Civil, Clair estava lotado em São Gonçalo do Sapucaí e afastado do cargo para concorrer à reeleição para vereador na cidade. A delegacia de São Gonçalo do Sapucaí integra o 17º Departamento de Polícia Civil de Pouso Alegre para onde o delegado Wellington Clair de Castro foi transferido em 26 de março deste ano.

Investigações

A prisão desta terça-feira é continuação das investigações de crimes como corrupção e falsidade ideológica no Departamento de Trânsito, dentro da Operação Êxodo 23, que teve duas fases. Na primeira, 16 pessoas foram presas, entre funcionários do Detran e despachantes em Varginha e Elói Mendes.

A delação que originou uma das investigações em São Gonçalo do Sapucaí contra o delegado e vereador Wellington Clair partiu do empresário Rafael Gois ao procurador da República de Pouso Alegre, Lucas Gualtieri, responsável pela Operação Ex-Fumo numa ação conjunta da Receita Federal, MPF e PF que prenderam, além de Rafael Gois, outros quatro elementos da organização criminosa e 20 mandados de busca e apreensão nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, em julho de 2017.

As investigações apontaram que veículos de leilão eram reaproveitados e os dados deles eram adulterados para que o dono pudesse ter vantagem. Na segunda etapa, já em março de 2020, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em Varginha e Elói Mendes (MG). Também foram expedidos e cumpridos cinco mandados de prisão. No entanto, eram referentes a pessoas que já estavam presas desde a primeira fase.