Polícia prende dois homens com faca e soco-inglês após ataque a voluntários do MBL na Avenida Paulista

Vítimas recolhiam assinaturas para criação de partido. Uma delas teve um corte no rosto e precisou de atendimento médico.

Segundo o boletim de ocorrência, os policiais estavam em patrulhamento a pé quando se depararam com a confusão em frente ao MASP. Quatro suspeitos agrediam dois homens. Entre o grupo agressor, dois conseguiram fugir e uma dupla foi detida.

Dois jovens, de 22 e 27 anos, foram presos em flagrante por tentativa de homicídio contra outros dois homens, de 33 e 39 anos, na manhã de domingo (28), na Avenida Paulista. As vítimas faziam uma ação para o MBL (Movimento Brasil Livre).

Durante a revista, com um deles foi achada uma faca no bolso da calça e com o outro um soco-inglês e spray de pimenta. As duas pessoas feridas foram encaminhadas para atendimento na UPA Vergueiro com ferimentos no rosto e braço.

Agressão
As duas vítimas estavam em uma barraca colhendo assinaturas para a criação de um novo partido, quando foram abordadas pelos suspeitos desconhecidos e xingadas de “fascistas”. Aos policiais, os dois presos negaram vínculos políticos no ataque.

Uma das vítimas disse à polícia no 78º Distrito Policial que apoia o Movimento Brasil Livre (MBL) e fazia o trabalho voluntário para as assinaturas. Segundo o rapaz, o grupo se aproximou dizendo que tinha interesse em assinar o documento.

Acompanhados por um advogado na delegacia, Victor Gabriel e Rogério Silva ficaram em silêncio sobre o crime. Rogério tem passagem por furto. A polícia apreendeu uma faca, soco-inglês, spray de pimenta e dois celulares.

Os dois foram presos em flagrante por tentativa de homicídio e associação criminosa.

Em nota, o MBL informou que vai acionar o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para que ajude na apuração contra os agressores.

“Os agressores primeiro falaram que queriam assinar as fichas, nosso militante perguntou se eles já conheciam o partido, então eles disseram que sim, que é um partido de “fascistas” e começaram as agressões. Por sorte a Polícia Militar chegou rápido e prendeu dois deles.

Vamos acionar o TSE para que ajude na investigação contra esses criminosos. Trata-se de um evidente ataque à democracia, de violência para intimidar militantes e inibir a criação de um partido político. É intolerável que façam associação criminosa e tentativa de homicídio para calar adversários políticos. Não é a primeira vez, é sistemática a violência contra membros do MBL.”

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que durante patrulhamento uma equipe da Polícia Militar viu os autores agredindo as vítimas.

“Outras duas pessoas, ainda não identificadas, também participaram da ação, mas conseguiram fugir. As vítimas foram socorridas à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Vergueiro, onde foram medicadas e liberadas. Uma faca, um soco inglês, um gás de pimenta e dois celulares foram apreendidos. O caso foi registrado como associação criminosa e tentativa de homicídio pelo 78º Distrito Policial (Jardins), que requisitou perícia”.

 

Justiça determina que empresa que vendeu prédio de R$ 30 milhões para a Prefeitura de Sorocaba forneça extratos para rastreamento dos valores

Extratos da conta da AFF Participações que recebeu dinheiro da negociação devem ser enviados à Justiça até o começo de dezembro.

A Justiça determinou que a empresa AFF Participações forneça extratos bancários após a negociação e o recebimento dos valores do imóvel que vendeu à Prefeitura de Sorocaba (SP). O prédio, de quase R$ 30 milhões, que seria a nova sede da Secretaria de Educação, teve a negociação investigada por suspeita de superfaturamento. A decisão, que está em uma ação popular, é de 21 de novembro.

O imóvel foi desapropriado por R$ 29,8 milhões, mas teria sido avaliado em R$ 20 milhões antes da compra feita pela Prefeitura de Sorocaba. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) denunciou o caso à Justiça em janeiro deste ano.

O juiz Alexandre de Mello Guerra, atendendo ao Ministério Público, determinou que a AFF seja intimada para que junte à ação, em um prazo de 10 dias, o extrato da conta bancária em que houve o pagamento do valor da desapropriação.

Ele ainda pede os extratos bancários dos três meses subsequentes, ou seja, depois da negociação, para análise das movimentações no período posterior à desapropriação, especificamente no que diz respeito apenas à lide a ser dirimida nessa relação processual.

Na mesma decisão, o juiz também determinou que a 2ª Vara Criminal de Sorocaba encaminhe uma cópia das oitivas realizadas no processo crime do caso, tanto na fase investigação, quanto em juízo, ou seja, feitas após a Justiça receber a denúncia.

A empresa AFF foi procurada pelo g1, mas não se manifestou até a última atualização desta reportagem. Quando houve a denúncia, a defesa afirmou que recebeu com surpresa, mas que respeitava a medida do MP. Disse ainda que a denúncia carecia de fundamento e negou qualquer irregularidade na venda do imóvel.

A Prefeitura de Sorocaba informou que “já existe um procedimento administrativo aberto para apurar os fatos, ao mesmo tempo em que a administração continuará colaborando com a Justiça nos esclarecimentos que se façam necessários, de modo que todos os questionamentos sobre o caso sejam devidamente esclarecidos”. Nesta quarta-feira (29), o Executivo apenas lembrou que continua acompanhando o caso.

Ação popular
A decisão está em uma ação popular que também trata da compra do prédio. Essa ação, de iniciativa de um cidadão, trata de ato lesivo ao patrimônio artístico, estético e histórico. Ela tramita desde janeiro deste ano, poucos dias depois de o Gaeco ter denunciado o caso.

A denúncia
Conforme o Gaeco, a negociação da compra do prédio ocorreu entre outubro a novembro de 2021.

Relatos da investigação apontam que Paulo Henrique Marcelo, então secretário de Urbanismo e Licenciamento e atual secretário de Desenvolvimento Econômico, e Fausto Bossolo, que era o secretário de Administração, teriam combinado o pagamento do valor de R$ 10,3 milhões a mais pela negociação.

O Gaeco cita também os empresários Arthur Fonseca Filho e Renato Machado de Araújo Fonseca, sócios da empresa dona do prédio em negociação.

O dinheiro, ainda conforme o Gaeco, teve como caminho a compra superfaturada do prédio que seria a nova sede da Secretaria de Educação de Sorocaba (Sedu).

O valor de mercado do prédio seria de R$ 19,5 milhões. Entretanto, a quantia paga foi de R$ 29,3 milhões. Sendo assim, a Prefeitura de Sorocaba pagou 34,5% a mais do que o imóvel custa.

Um laudo de R$ 29,8 milhões, que seria superfaturado, foi apresentado e aceito pela empresa, que recebeu os valores da Prefeitura de Sorocaba.

Governo de SP tenta transferir Champinha e 4 internos da Unidade Experimental de Saúde para Casa de Custódia; Justiça analisa

Champinha está na unidade desde 2007. Representantes das pastas da Saúde e Administração Penitenciária do governo Tarcísio se reuniram nesta sexta (6) com integrantes do Ministério Público e da Defensoria Pública, diante de representante da Justiça, para tratar do pedido de transferência. Champinha participou dos assassinatos do casal Liana Friedenbach e Felipe Caffé em 2003.

O governo de São Paulo tentou transferir nesta sexta-feira (6) Roberto Aparecido Alves Cardoso, 36 anos, o Champinha, e outros quatro internos da Unidade Experimental de Saúde (UES), na Vila Maria, na Zona Norte da capital paulista.

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) pretende levar os únicos cinco internos da UES para o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP) “Dr. Arnaldo Amado Ferreira”, em Taubaté, no interior de São Paulo. O HCTP é também conhecido como Casa de Custódia.

Há 20 anos, Champinha foi punido por participar do sequestro, tortura e assassinato de um casal de estudantes (leia mais abaixo). Ele tinha 16 anos e cumpriu os três anos da medida socioeducativa. Depois disso, seguiu internado, amparado por laudos psiquiátricos e o artigo 1767 do Código Civil, que prevê que criminosos dotados de transtornos mentais sejam mantidos em “instituições apropriadas”, segundo a Justiça.

Após cumprir a medida socieducativa, Champinha foi transferido para a UES, em 2007, e se tornou o primeiro interno da recém-inaugurada unidade. Ele não cumpre uma pena e não tem previsão de ser solto.

A UES não é um hospital psiquiátrico de custódia, nem um presídio. Mas fica subordinada à Secretaria Estadual da Saúde e tem agentes de segurança vinculados à Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo, que fazem a vigilância e possíveis transferências.

Na tarde desta sexta ocorreu uma reunião emergencial com representantes da SES, do Ministério Público (MP), da Defensoria Pública e da SAP. O encontro foi marcado pela Justiça para que as partes envolvidas pudessem se posicionar sobre o desejo do governo de transferir os cinco.

MP e Defensoria se mostraram contrários a ideia do governo estadual. E cobraram um pedido formal à Justiça sobre a questão, o que ainda não teria sido feito, segundo a reportagem apurou. Até a última atualização desta matéria também não havia nenhuma decisão judicial a respeito das transferências. E nenhum dos internos saiu da UES de São Paulo a caminho do HCTP de Taubaté.

Fontes do g1 disseram ainda que a transferência de Champinha e dos outros quatro internos é um desejo da gestão do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). A ideia surgiu depois da nova determinação que tornou irregular a detenção de pessoas com diagnóstico de transtornos mentais. Tarcísio, segundo as fontes, quer usar a Unidade Experimental de Saúde como um local exclusivo para tratamento de dependentes químicos da Cracolândia, região conhecida pelo consumo e tráfico de drogas no Centro de São Paulo.

Desde agosto, segundo resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), os manicômios judiciários, como as Casas de Custódia também são conhecidas, não podem mais receber internos. Pela resolução, elas deixarão de existir em 2024. A Secretaria da Saúde informou que a Unidade Experimental de Saúde não é uma Casa de Custódia.

Procurada nesta sexta pelo g1 para comentar o assunto, a SES informou por meio de nota que só realiza transferências com autorização judicial.

“A Secretaria de Estado da Saúde informa que qualquer eventual transferência na Unidade Experimental de Saúde (UES) ocorre com devido alinhamento com a Justiça. À pasta cabe indicar a equipe médica, providenciar os medicamentos, bem como o acompanhamento clínico e psiquiátrico dos internos, sem interferência quanto ao local de cumprimento”, informa o comunicado divulgado pela SES.

A Secretaria da Administração Penitenciária também falou sobre a necessidade de decisão judicial.

“Qualquer eventual transferência na Unidade Experimental de Saúde (UES) ocorre com devido alinhamento com a Justiça”.

Para Daniel Secco, defensor público do Núcleo da Infância e Juventude, a transferência seria ilegal.

“Essa transferência que se cogitou seria completamente ilegal. A situação atual da internação dessas pessoas na Unidade de Saúde já é ilegal. A transferência para o hospital de Custódia de Taubaté, onde são internadas pessoas que cumprem medidas de segurança, o que não é o caso dos internos da Unidade de Saúde, seria uma aberração porque não soluciona o problema e cria vários outros problemas legais e práticos”, disse.

O crime

Em 2003, quando estava com 16 anos, Champinha e mais quatro adultos participaram dos assassinatos do casal Liana Friedenbach, também de 16, e Felipe Silva Caffé, de 19, em Embu Guaçu, na Grande São Paulo.

Os estudantes tinham ido acampar na cidade, mas foram sequestrados e torturados pelo grupo. A adolescente ainda foi estuprada por Champinha e outros homens antes de ser morta por ele com golpes de facão. Felipe foi morto por um tiro por um dos adultos.

O crime chocou o país. Os quatro adultos foram julgados e condenados pela Justiça: Antônio Caetano Silva foi punido com 124 anos de prisão; Paulo Marques, 110 anos; Agnaldo Pires, 47 anos; e Antônio Matias de Barros, seis anos.

Pelo fato de ser menor de 18 anos à época do crime, Champinha foi encaminhado à Fundação do Bem-Estar do Menor (Febem, que anos depois passou a se chamar Fundação Casa) para cumprir as medidas socioeducativas. Depois, foi transferido para a UES.

 

 

Genro envia mensagens ao sogro e confessa assassinato de namorada no ABC Paulista: ‘Ela já está morta faz bastante tempo’

Lucas Bonfim Lhamas trocou mensagens com a família da vítima depois da morte e fugiu. A Justiça de São Bernardo do Campo decretou a prisão temporária de 30 dias, e a polícia faz buscas. Ele tem diagnóstico de esquizofrenia e matou o pai em 2016.

Um homem de 34 anos é procurado por suspeita de matar a namorada, de 31 anos, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, após comunicar ao sogro, por mensagens de WhatsApp, que a havia assassinado. Ela ficou desaparecida por pelo menos três dias.

O homem tem diagnóstico de esquizofrenia desde os 9 anos e confessou à Justiça, em 2016, ter matado o pai.

Segundo apurado pelo g1, no domingo (20), por volta das 8h30, policiais militares foram chamados depois que o pai da vítima, a fonoaudióloga Aline Candalaft, recebeu de Lucas Bonfim Lhamas as mensagens pelo WhatsApp.

A família foi para casa, estourou a porta e encontrou a vítima na cama, em estado de decomposição. Ela estava com um terço enrolado em uma das mãos e dois trechos bíblicos.

Desde quinta-feira (17), o pai da vítima enviava mensagens para o namorado da filha pedindo para falar com ela, mas a todo tempo o investigado dava desculpas, dizia que eles estavam passeando ou que o celular dela havia “pifado”.

O pai de Aline continuou tentando contato, e Lucas continuava dando desculpas dizendo que o sinal do celular estava ruim. Mas três dias depois, Lucas confessou: “Infelizmente, a Aline está morta. Ela já está morta faz bastante tempo. Sinto muito, eu a amava, mas não teve jeito”.

Ele desligou o celular e fugiu. A Justiça de São Bernardo do Campo decretou a prisão temporária de 30 dias, na segunda-feira. Lucas e Aline estavam juntos havia um ano e dois meses. O caso foi registrado como feminicídio e é acompanhado pela delegada seccional Kelly Cristina Sachetto Cesar de Andrade e delegada Priscila Camargo.

Pai assassinado em 2016
Lucas matou o pai em 15 de fevereiro de 2016. Na época, durante a madrugada, no bairro Santa Maria, em Santo André, deu golpes de faca contra Lourival Garcia.

O rapaz já havia passado por clínicas de reabilitação quando fazia o uso de drogas. Em 15 de fevereiro de 2016, a mãe dele contou ao delegado que o filho tinha transtorno psiquiátrico e fazia tratamento no Hospital Mário Covas. Tinha a cada seis meses surtos e era socorrido pelo Samu com frequência.

Antes do crime contra o pai, o filho tinha deixado de tomar os remédios prescritos pelo psiquiatra. Em juízo, ele confessou o crime contra o pai e afirmou que “ouvia vozes” e “estava cumprindo uma missão”.

A esquizofrenia foi diagnosticada aos 9 anos, quando começou a fazer tratamento médico. No caso do pai, ele foi considerado inimputável. Em 2 de janeiro de 2018, outro laudo concluiu pelo diagnóstico de esquizofrenia paranoide e “incapacidade parcial para os atos da vida civil”.

Entre os episódios, o rapaz chegou a se identificar com outro nome, dizia que os pais eram outros e que “a máfia russa o perseguia”.

Em 2019, o laudo concluiu que ele deveria continuar no tratamento psiquiátrico no regime fechado no Hospital de Custódia, em Franco da Rocha.

Em abril de 2021, a perícia médica recomentou que ele saísse da internação: “está cessada a periculosidade, recomendando a imposição de tratamento ambulatorial”. O laudo multidisciplinar citou evolução do paciente e, ao final, indicou a desinternação e a necessidade de continuidade do tratamento em regime ambulatorial em CAPS-AD, como forma de assegurar a reintegração psicossocial.

Em um relatório psicossocial do CAPS, de junho de 2022, o texto afirmava que Lucas mantinha frequência de acompanhamento regular em consultas a cada 60 dias.

Nesta segunda-feira (21), a Justiça expediu no processo do caso do pai um mandado de intimação para que ele continue no tratamento ambulatorial e se presentasse ao fórum no prazo de 30 dias com o relatório atualizado comprovando o acompanhamento médico.