Último foragido pela execução do bicheiro Fernando Iggnácio é preso no Paraguai

Pedro Emanuel D’Onofre Andrade Silva Cordeiro, conhecido como Pedrinho, foi capturado em Ciudad del Este pela Polícia Nacional do Paraguai, com apoio da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).

Foragido pela execução de Fernando Iggnácio é capturado

A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu Pedro Emanuel D’Onofre Andrade Silva Cordeiro, o Pedrinho, último foragido pelo assassinato do bicheiro Fernando Iggnácio. A prisão ocorreu em Ciudad del Este, Paraguai, na noite de sexta-feira (3).

Fernando Iggnácio, genro de Castor de Andrade e herdeiro de parte de seu império, foi morto em uma emboscada em 10 de novembro de 2020, no Recreio dos Bandeirantes. Ele foi alvejado por tiros de fuzil 556 logo após desembarcar de um helicóptero vindo de Angra dos Reis.

Participação no crime

As investigações apontaram que Pedrinho, ex-policial militar, foi responsável por estudar a rotina de Iggnácio e realizar levantamentos sobre armas usadas no crime. Além disso, ele analisou outros casos de execução para planejar a ação contra o bicheiro.

Após o assassinato, Pedrinho fugiu para o Paraguai e foi capturado ao tentar emitir documentos falsos.

Os envolvidos no crime

Além de Pedrinho, outros envolvidos foram identificados:

  • Rodrigo Silva das Neves: preso em janeiro de 2021 na Bahia.
  • Otto Samuel D’Onofre Andrade Silva Cordeiro: irmão de Pedrinho, preso em fevereiro de 2023 no Paraná.
  • Ygor Rodrigues Santos da Cruz, o Farofa: encontrado morto em 2022 no Recreio.

O policial militar reformado Márcio Araújo de Souza, apontado como contratante do grupo, se entregou à polícia em fevereiro de 2021.

Disputa pelo império do jogo do bicho

A rivalidade entre Rogério Andrade, sobrinho de Castor de Andrade, e Fernando Iggnácio remonta aos anos 1990. Após a morte de Castor em 1997, seu império foi dividido entre Iggnácio e Paulinho Andrade, filho de Castor.

Paulinho foi assassinado em 1998, crime atribuído a Rogério Andrade, que passou a disputar o controle dos territórios de Iggnácio.

Entre 1999 e 2007, a guerra pelo poder resultou em mais de 50 mortes, incluindo policiais envolvidos com os contraventores, conforme investigações da Polícia Federal.

Rogério Andrade, apontado como mandante do assassinato de Fernando Iggnácio, foi preso em outubro de 2024 e transferido para o Presídio Federal de Campo Grande, onde cumpre pena.

Empresário de Lorena é Acusado de Esquema de Pirâmide com Prejuízo de R$ 300 Milhões

A Justiça decretou a prisão preventiva de Samuel Fradique de Oliveira, empresário de 72 anos, acusado de liderar um esquema de pirâmide financeira que causou prejuízo estimado em R$ 300 milhões e atraiu centenas de vítimas em Lorena, no interior de São Paulo. A decisão foi proferida na última sexta-feira (9) pela Vara de Lorena, atendendo a um pedido do Ministério Público (MP).

O Esquema

Samuel é fundador da SFO Holding, que operou entre 2017 e 2020 no setor de investimentos financeiros. A empresa prometia retornos mensais de até 7%, atraindo investidores de Lorena e regiões próximas. Segundo o MP, os irmãos Pedro Fradique de Oliveira (65) e o sobrinho Murilo Gonçalves Fradique de Oliveira (45) também estão envolvidos no esquema, que utilizava contas pessoais e jurídicas para movimentar recursos ilícitos.

O esquema funcionava com os retornos iniciais pagos aos primeiros investidores, criando confiança para atrair novos aportes, ampliando a base da pirâmide. No entanto, em maio de 2020, a SFO Holding suspendeu os pagamentos, alegando dificuldades causadas pela pandemia de Covid-19. Desde então, Samuel não foi mais visto.

Decisão Judicial

O juiz Daniel Otero Pereira da Costa destacou na decisão que os indícios contra Samuel são claros e que ele fugiu para evitar a responsabilização. O magistrado também apontou que os valores milionários obtidos ilicitamente não foram recuperados, causando grave impacto financeiro às vítimas.

Além de Samuel, Pedro e Murilo foram tornados réus pelo MP, que os denunciou por associação criminosa, lavagem de dinheiro e estelionato. O órgão também solicitou a indenização das vítimas e o pagamento de R$ 1 milhão por danos coletivos.

Repercussão

Centenas de ações judiciais foram movidas contra a SFO Holding desde 2020, com investidores cobrando valores não devolvidos. As promessas de retornos elevados atraíram pessoas de diversas cidades, gerando filas na sede da empresa após a suspensão dos pagamentos. Apesar das alegações de crise, o MP afirma que o grupo desviava os valores para fins pessoais.

Defesa dos Acusados

A defesa de Samuel não se manifestou sobre a decisão judicial. O advogado de Murilo afirmou que não foi intimado e que seu cliente é inocente, alegando falta de provas que demonstrem sua participação no esquema.

Impacto nas Vítimas

As consequências do esquema deixaram centenas de pessoas em situação financeira delicada, com muitos dependentes do retorno prometido para pagar dívidas ou sustentar suas famílias. As investigações continuam, com a expectativa de que novas vítimas sejam identificadas e os recursos desviados sejam recuperados.

Pai de Vitória Gabrielly Encontra Alívio na Condenação do Último Acusado pelo Assassinato

Pai de Vitória Gabrielly Vaz fala sobre condenação do último réu pelo assassinato da filha

Beto Vaz, pai de Vitória Gabrielly Vaz, expressou uma mistura de sentimentos após a condenação do quarto e último réu envolvido no assassinato brutal de sua filha em 2018. Embora reconheça que a justiça está sendo feita, ele ressalta que isso não diminui a dor pela perda irreparável.

Emocionado, Beto compartilhou que, mesmo após seis anos desde o trágico acontecimento, sua filha permanece congelada no tempo, eternizada na memória como a garotinha de 12 anos que foi brutalmente tirada de sua vida em Araçariguama (SP). Ele descreve os áudios e fotos guardados como tesouros que capturam a essência de sua filha, uma lembrança dolorosa de uma vida que parou enquanto o mundo continuava em movimento.

“Os áudios que nós temos guardados dela, as fotos… São de uma menina. A vida de todo mundo está seguindo, preso ou não. A nossa parou lá atrás. Tanto é que hoje a gente está revivendo esse momento. Então, é difícil, mas, ainda assim, a gente pode acreditar que há possibilidade de justiça nesse país, que as coisas ainda estão acontecendo. Enquanto família, não é uma cura, mas é um remédio”, lamentou.

Rosana Guimarães, mãe de Vitória, ecoou esse sentimento, destacando que, embora o veredicto traga um senso de justiça, é pequeno e indiferente diante da perda devastadora que eles enfrentaram.

O último réu, Odilan Alves Sobrinho, foi condenado a 36 anos e três meses de prisão por homicídio e sequestro em um julgamento popular realizado no Fórum de São Roque (SP). Odilan foi identificado como o suposto mandante de uma cobrança de dívida que culminou na morte da adolescente.

O sábado (23) será marcado por uma última homenagem à Vitória Gabrielly no ginásio onde ela foi vista pela última vez, deslizando de patins. Essa tragédia ocorreu quando Vitória tinha apenas 12 anos e desapareceu após sair para andar de patins em Araçariguama, seu corpo sendo encontrado oito dias depois em um matagal.

Odilan Alves Sobrinho foi o quarto e último réu a ser julgado por seu envolvimento no crime. Ele se juntou a outros três indivíduos, Bruno Oliveira, Mayara Abrantes e Júlio César Lima Ergesse, que foram condenados por participação direta no assassinato de Vitória Gabrielly.

O julgamento de Odilan ocorreu seis anos após o homicídio, e ele já cumpria uma sentença de 25 anos de prisão por outros crimes relacionados ao tráfico de drogas na região. A polícia afirmou que Odilan era o líder do tráfico em Araçariguama e foi reconhecido por testemunhas como o mandante da cobrança de dívida que resultou na morte de Vitória.

O caso de Vitória Gabrielly mobilizou uma grande comoção pública, com buscas intensivas realizadas pela região após seu desaparecimento em 8 de junho de 2018. Infelizmente, seu corpo foi encontrado oito dias depois, amarrado a uma árvore em uma mata próxima à cidade.

A tragédia revelou que Vitória foi sequestrada por engano em uma tentativa de quitar uma dívida de drogas, e sua morte foi resultado de um erro trágico cometido por criminosos que confundiram sua identidade.

Tio de cantor sertanejo morto durante churrasco diz que suspeito atirou contra crianças na piscina: ‘Falou que ia matar todo mundo’

Em depoimento, tio do cantor afirmou que o suspeito do crime chegou a disparar contra os filhos do cantor, além de outras crianças e adolescentes que estavam na piscina, em Votuporanga (SP). Homem foi preso horas depois do crime.

O tio do cantor sertanejo Gustavo Caporalini, morto a tiros durante um churrasco em Votuporanga (SP), no domingo (25), disse à polícia que o suspeito também atirou contra os filhos da vítima e outras crianças e adolescentes que estavam na casa da família no momento em que ele invadiu a casa.

Gustavo, de 39 anos, foi atingido por três tiros, após o agente penitenciário Rodrigo Marques, de 42 anos, invadir a casa dele se apresentando como policial. Para defender o sobrinho, Odair Antônio Caporalini, que é policial militar, chegou a brigar com o suspeito.

“Ele veio correndo, e o Gustavo veio correndo pedindo: ‘tio, me socorre, me socorre pelo amor de Deus’. E eu tinha escutado um pouco antes ele falando: ‘para, cara. Não faz isso, pelo amor de Deus’. Ele veio correndo [Gustavo] e aí tomou um tiro, que acredito ter sido nas costas, porque ele já passou caído por mim”, relata.

“Eu vi aquilo, e a gente meio sem saber o que estava acontecendo. Na hora que eu olhei, eu vi o cara com a arma e falei: ‘não faz isso, não faz isso, por favor, não faz isso’. Ele começou a dar tiro em mim. Empurrei ele, ele foi para frente e falou: ‘eu vou te matar, eu vou matar todo mundo. Vou acabar com vocês. Vou acabar com essa família’, e deu um tiro nas crianças, nas crianças dentro da piscina. Como um cidadão desse faz isso?”, continua Odair.

De acordo com o advogado da família, Carlos Silvério, no momento dos disparos, Gustavo estava com os filhos e outras crianças e adolescentes no churrasco da família.

“Ficam claros diversos outros crimes, além da ameaça e homicídio qualificado, que seriam as tentativas contra as crianças, porque a própria perícia identificou o tiro que foi realizado em torno da piscina”, afirma.

Suposto envolvimento amoroso
Segundo o delegado responsável pela investigação, Marco Tirapelli, o assassinato teria sido motivado por ciúmes após um suposto envolvimento amoroso da ex-esposa de Rodrigo com o cantor.

Horas antes do crime, o agente penitenciário agrediu a ex-mulher. A Polícia Militar foi acionada para socorrer a vítima, que passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML).

Conforme apurado pela TV TEM, Rodrigo e a esposa estavam em processo de separação havia 40 dias. A mulher conheceu Gustavo, que também era corretor de imóveis, ao colocar à venda a casa onde morava com o criminoso.

O suspeito foi preso preventivamente em Campina Verde (MG). Ele confessou o assassinato e foi encaminhado para a penitenciária de Paulo de Faria (SP).

Gustavo foi enterrado no Cemitério e Crematório Jardim das Flores, em Votuporanga.

 

Justiça determina que filho acusado de matar mãe idosa com mais de 20 golpes de martelo na cabeça vá a júri popular

Em outubro de 2020, Alzira Pinto da Silva, de 74 anos, foi atacada por trás após entregar um lanche para o homem, de 35 anos, em Araçatuba (SP). Aqueharu Yamaguchi Júnior foi denunciado por homicídio qualificado. Cabe recurso.

A Justiça determinou que o filho que matou a idosa de 74 anos com mais de 20 golpes de martelo na cabeça, em outubro de 2020, vá a júri popular em Araçatuba (SP). Alzira Pinto da Silva foi atacada por trás após entregar um lanche para o homem, de 35 anos.

Conforme a Justiça, Aqueharu Yamaguchi Júnior foi denunciado por homicídio qualificado, em novembro de 2020. A pronúncia foi emitida no dia 23 de fevereiro deste ano, mas o g1 somente teve acesso ao processo nesta quarta-feira (28). Cabe recurso.

Dois dias depois de cometer o assassinato, Aqueharu foi preso. O juiz autor da decisão, Danilo Brait, negou a ele o direito de recorrer em liberdade, bem como manteve a prisão preventiva do homem.

De acordo com a denúncia do Ministério Público, Aqueharu dividia a casa com a idosa. Pelo fato de o homem ser usuário de drogas, Alzira se desentendia constantemente com o filho.

Em outubro de 2020, a mãe agrediu Aqueharu na frente de amigos. A agressão foi filmada e postada nas redes sociais, o que o motivou a cometer o crime.

No dia do homicídio, a vítima chegou em casa com um lanche que havia comprado para o filho. Assim que a idosa foi trocar de roupa, o suspeito se aproximou e desferiu duas marteladas na cabeça da mãe, que estava de costas.

Ainda conforme o MP, a idosa caiu no chão e pediu para que o filho parasse com as agressões, mas o homem a segurou pelo pescoço e a agrediu com mais 23 golpes de martelo.

Após cometer o assassinato, Aqueharu tomou banho, furtou dinheiro e fugiu com o veículo da mãe. Alzira não resistiu aos ferimentos e morreu.

Como a defesa ainda tem prazo para recorrer da decisão, não foi definida data para o júri popular.

Prisão
À Polícia Civil, parentes relataram que o filho ligou para uma tia confessando que havia matado a mãe. Um sobrinho da aposentada foi até a casa dela, arrombou a porta e encontrou a vítima caída no chão. Em cima da cama estava um martelo com sangue e quebrado ao meio.

O caso começou a ser investigado e buscas foram feitas para tentar localizar o suspeito. Aqueharu foi preso no interior de uma casa, após policiais encontrarem o carro da mãe dele estacionado em um conjunto habitacional.

Ele foi levado para a delegacia de Araçatuba, onde prestou depoimento ao delegado.

 

Idoso é preso suspeito de matar irmã e ferir sobrinho após briga por conta de herança

O crime aconteceu em Campo Grande, na Zona Oeste. O homem foi identificado como Jorge Ferraz Valério. Ele sofreu um corte na mão e está sob custódia no Hospital Municipal Rocha Faria, em Campo Grande.

Um homem de 77 anos é suspeito de matar a tiros a irmã, de 74, e ferir o sobrinho, na manhã desta terça-feira (6), após uma briga. De acordo com testemunhas, a confusão teria ocorrido por conta de uma herança. O crime aconteceu em Campo Grande, na Zona Oeste.

A idosa foi identificada como Marli de Medeiros Valério. Segundo a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), o suspeito foi identificado como Jorge Ferraz Valério. Ele sofreu um corte na mão e está sob custódia no Hospital Municipal Rocha Faria, em Campo Grande.

Já o filho de Marli, identificado como Victor Hugo Valério de Lucena, de 35, foi baleado na boca e também está internado no Rocha Faria.

Em nota, a Polícia Militar informou que policiais do 40º BPM (Campo Grande) foram acionados para verificar ocorrência de tentativa de homicídio na rua Potiraguá, em Campo Grande. No local, os militares encontraram o corpo de uma vítima e isolaram a área para perícia.

Em seguida, os agentes foram informados que uma segunda vítima havia sido ferida e socorrida ao Hospital Municipal Rocha Faria.

Simultaneamente, equipes dispondo de informações sobre o paradeiro do suspeito de disparar contra as vítimas realizaram um cerco na altura da Estrada do Lameirão com Av. Brasil e o detiveram.

Segundo os PMs, um revólver calibre 38 foi apreendido na ação. A Polícia Civil disse que o caso está em andamento.

 

Crime da 113 Sul: assassino confesso causa reviravolta 14 anos após homicídio triplo em Brasília; entenda ponto a ponto

Em 2009, três pessoas foram mortas com mais de 70 facadas em um apartamento de luxo na capital federal; entre os mortos, o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela e a mulher dele. A filha do casal foi uma das condenadas pelo crime.

Prestes a completar 15 anos, o caso que ficou conhecido, em Brasília, como “crime da 113 Sul” teve uma reviravolta nesta quinta-feira (1º ).

A ONG “Innocence Project”, que se dedica a comprovar casos de erros judiciários em processos já encerrados em vários países, pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a liberdade de um dos condenados pelo assassinato de três pessoas em apartamento de luxo na quadra 113 Sul, em 2009. Para o Ministério Público, no entanto, essa versão não tem valor (leia mais abaixo).

Como o crime aconteceu?

Três pessoas foram mortas com mais de 70 facadas em um apartamento do sexto andar na quadra 113 da Asa Sul, em Brasília, em agosto de 2009.

Quem são as vítimas?
Inicialmente tratado como latrocínio (roubo seguido de morte), o caso chamou ainda mais atenção por causa da identidade de uma das vítimas: José Guilherme Villela, ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Além do ministro, foram assassinadas a mulher dele, Maria Carvalho Villela; e a empregada do casal, Francisca Nascimento da Silva.

Quem encontrou os corpos?
Os corpos dos três foram encontrados pela neta do casal já em estado avançado de decomposição.

Como foram as investigações?
As investigações tiveram idas e vindas. A primeira delegada do caso disse que teve ajuda de uma vidente para desvendar o crime. Martha Vargas, então, apontou três supostos culpados. Depois, a delegada foi presa e condenada por ter forjado provas contra eles.

Em 2010, no ano seguinte do crime, outra delegacia assumiu o caso e apontou os executores: Leonardo Campos Alves, ex-porteiro do prédio onde o casal morava; e o sobrinho dele, Paulo Cardoso Santana. Os dois confessaram o crime e, na casa deles, foram encontradas as joias roubadas das vítimas.

Mas os dois mudaram de versão:

eles disseram que foram contratados pela filha das vítimas, Adriana Villela, para matar os pais;
e incluíram uma terceira pessoa na cena do crime: Francisco Mairlon Aguiar.
Qual era a versão inicial de Leonardo e Paulo?
Inicialmente, Leonardo dizia que somente ele e Paulo tinham ido ao apartamento dos Villela para roubá-los. Depois, afirmou que foi contratado por Adriana para matar o casal e forjar um roubo.

Na época, ao mudar a versão, Leonardo disse que ficou na rua e não entrou no apartamento. Ele, então, incriminou Francisco Mairlon, afirmando que foi ele e Paulo que subiram até a cobertura dos Villela e desferiram as facadas.

Em 2010, Paulo confirmou à polícia a versão narrada por seu tio. No entanto, em 17 de janeiro deste ano, ele fez uma retratação à ONG.

Relembre os 10 dias de julgamento do ‘Crime da 113 Sul’
Adriana Villela, filha do casal assassinado, foi condenada a 67 anos
Qual é a reviravolta revelada agora?
Segundo a ONG “Innocence Project”, Paulo, um dos condenados, agora inocenta Francisco Mairlon. Ele diz que acusou o homem porque, na época, foi torturado pela polícia.

“Em nenhum momento a gente entrou em contato com Francisco Mairlon. Francisco Mairlon não tem nada a ver com isso aí. Ele é inocente, entendeu? Ele foi levado num processo a pagar por um crime que ele não cometeu. Ele tá há 14 anos inocente”, diz, agora, Paulo.
A segunda inocente no caso, segundo Paulo, seria Adriana, a filha do casal, que também foi condenada. Nessa nova versão, cairia a tese de crime encomendado.

Adriana não é citada no pedido de habeas corpus apresentado pela ONG “Innocence Project” porque, no caso dela, ainda cabe recurso. Ela foi condenada pelo crime, mas aguarda o julgamento de seu recurso pelo STJ em liberdade.

A defesa de Francisco Mairlon argumenta que o nome dele só foi apontado pelos réus confessos no sétimo depoimento à polícia e que os dois jamais repetiram a acusação em juízo. A defesa também alega que faltam provas contra ele e pede exame de DNA e rastreamento no celular dele para comprar que ele nem passou perto do apartamento no dia do crime.

Segundo a advogada Dora Cavalcanti, do “Innocente Project”, ele confessou o caso sob tortura e recebeu da polícia, na época, a promessa de que sairia logo da cadeia se confessasse participação no crime.

O que diz a ONG?
O “Innocence Project” afirma que, durante um ano e meio, analisou as mais de 16 mil páginas do processo, assistiu a vídeos que estavam arquivados na Justiça, que mostram as circunstâncias em que os executores confessaram o crime, e concluiu que Francisco Mairlon não teve participação. A ONG atua somente em favor dele.

O pedido de habeas corpus, um tipo de recurso, protocolado no STJ contesta uma decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal que negou, no ano passado, um pedido do “Innocence Project” para produzir novas provas com o objetivo de reabrir o processo de Francisco Mairlon.

O “Innocence Project” alega no habeas corpus que Francisco Mairlon foi condenado com base apenas nos depoimentos de Leonardo e Paulo, sem outras “provas técnicas” que o ligassem ao crime.

O número de celular que teve o sigilo quebrado em 2010, quando Francisco Mairlon foi preso, não era o mesmo que ele usava na data do crime, em 2009, afirma Dora.

“Tendo em vista que Francisco Mairlon residia no estado de Goiás, distante mais de 30 km da SQS 113 em Brasília, onde trabalhava na mercearia do pai no bairro do Pedregal, é inegável que tal informação [a localização do celular no dia do crime] seria relevantíssima para confirmar, por mapeamento de ERBs [antenas de transmissão], que o Paciente [Mairlon] não estava, no dia 28 de agosto de 2009, nem próximo do Edifício Leme”, diz o Innocence Project.

O que diz o Ministério Público
Um dos promotores do caso, Marcelo Leite Borges, afirma que, para o Ministério Público, a retratação não tem “valor nenhum”, porque os condenados já mudaram suas versões outras vezes.

“[É] Uma alegação sem prova nenhuma, que quer fazer a gente reabrir toda a instrução de um processo transitado em julgado. Todos eles voltaram atrás nos seus depoimentos. Isso é mais uma manobra para tentar justificar a reabertura do caso”, diz Borges.

“A coisa julgada tem que ser respeitada. A decisão do Conselho de Sentença tem que ser respeitada”, afirma, referindo-se ao júri que condenou Mairlon.

No caso de Adriana, o promotor sustentou a mesma posição, de que a nova versão não tem “valor nenhum”.

O que diz a Polícia Civil
Questionada sobre as alegações de que pressionou os acusados a mudarem suas versões, a Polícia Civil do Distrito Federal informou que, “considerando que o citado caso se encontra em tramitação no Poder Judiciário, não irá se manifestar”.

Polícia prende tio e companheiro por suspeita de matar sobrinho de 6 anos em SP; criança era venezuelana e foi achada queimada

Keiner Geremias Caraballo Marcano estava desaparecido desde sábado (27); corpo foi encontrado nesta quarta-feira (31) na região de Parelheiros, Zona Sul de São Paulo, após buscas com cães farejadores.

A Polícia Civil prendeu nesta quinta-feira (1º) o tio do menino venezuleano Keiner Geremias Caraballo Marcano, de 6 anos e que foi encontrado morto nesta quarta-feira (31), na região de Parelheiros, Zona Sul de São Paulo. Além do tio, o companheiro dele também foi preso.

Keiner estava desaparecido desde sábado (27) após sair de casa para jogar futebol em um campinho. Durante buscas, a polícia pediu apoio do Canil da Guarda Civil Metropolitana e os cães localizarem odores cadavéricos. O corpo do menino foi encontrado no bairro queimado e com cortes.

De acordo com Ivalda Aleixo, diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o caso passou a ser investigado logo após o encontro do corpo.

Após a polícia ouvir familiares, vizinhos e representantes da Guarda Civil que estavam na busca da criança, houve a representação pela prisão temporária de Isacc José Marciano Romero, tio de Keiner e quem tinha a guarda do menino, e o companheiro dele, Leonardo David Santos Silva.

Os dois estão sendo investigados por suspeita no envolvimento na morte da criança.

“Prisão foi decretada pelo Judiciário por volta das 4h dessa manhã, pelo prazo de 30 dias. As prisões foram devidamente cumpridas pela equipe responsável pelas investigações ainda na madrugada. As investigações continuarão visando apurar efetivamente autoria, modus operandi e a real motivação do crime. A causa mortis depende de exame necroscópico devido ao estado do corpo quando encontrado”, informou a delegada ao g1.

Ainda conforme a polícia, Isaac e Leonardo vão passar por audiência de custódia ainda nesta quinta-feira (1º).

Entenda o caso
Segundo a polícia, o tio da criança afirmou, em depoimento no dia 29 de janeiro, que Keiner Geremias Caraballo Marcano estava brincando com outras crianças em um campo de futebol perto de casa, por volta das 16h do dia 27, quando a avó foi procurá-lo e não o encontrou.

O mesmo tio contou que, no dia do desaparecimento, chegou por volta das 17h do trabalho e teria esperado até as 20h para supostamente aguardar a vítima, quando começou a alertar os vizinhos sobre o sumiço.

Duas testemunhas foram encaminhadas ao DHPP para prestarem depoimentos. Moradores da região chegaram a entregar à polícia uma imagem de câmera de segurança e apontar que uma família da região foi vista colocando um saco preto em um carro.

No entanto, o tio contou aos policiais que o material era formado por instrumentos de pesca.

 

Busca em endereços de deputada quebrou ‘eixo de poder’ e levou Zinho a se entregar

Foragido desde 2018, o chefe da maior milícia do estado do Rio de Janeiro, Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho, passou anos despistando autoridades a partir de uma grande estrutura de crime. Mas o cenário mudou e ele, que passou tantos anos fugindo, decidiu se entregar à Polícia Federal.

O que levou o miliciano a fazer isso? O que pesou na decisão e na estratégia da defesa?

Dois investigadores ouvidos pelo blog disseram que o ponto de virada foi a operação que fez buscas na casa da deputada estadual Lúcia Helena Pinto de Barros, a Lucinha, do PSD.

Ela é considerada braço político da milícia de Zinho e era chamada de “madrinha” pelos milicianos. A parlamentar e uma assessora tiveram 15 encontros com Zinho em 2021, segundo a Polícia Federal e o Ministério Público do Rio. O contador dele trocava mensagens com a deputada.

BASTIDORES: Zinho negociou rendição por 1 semana com a PF, e estado fez ‘operação de guerra’ para transferi-lo; miliciano está em cela isolada

Esse cenário todo, segundo investigadores, levou Zinho a se entregar. Por quê? Porque chegar à deputada é chegar a todo o esquema. Segundo um investigador disse ao blog, a narcomilícia e a política são um “bloco de poder”: “Quando você atinge um eixo, você atinge o outro”.

Um segundo investigador disse que “Zinho estava com medo, afinal o sobrinho dele foi morto, o que desencadeou os incêndios nos ônibus”, e sabia que os policiais iriam chegar a mais informações da milícia. Inevitavelmente, chegariam ao próprio Zinho.

O miliciano se entregou no fim da tarde deste domingo (24), após uma negociação entre a Polícia Federal e a defesa dele. Ele era alvo de 12 mandados de prisão.

Após se apresentar à PF, Zinho foi transferido para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

 

Ex-policial acusado de integrar quadrilha de agiotas em Franca, SP, recebeu R$ 340 mil em três meses, aponta denúncia

Transferências realizadas pela organização para Rogério Camillo Requel ocorreram de dezembro de 2022 a fevereiro deste ano, diz MP. Ele e mais seis pessoas tiveram a prisão preventiva decretada.

O ex-policial civil Rogério Camillo Requel, acusado de integrar uma de duas quadrilhas de agiotas alvos de operação do Ministério Público (MP) em Franca (SP), recebeu, em três meses, cerca de R$ 340 mil provenientes do esquema, segundo a denúncia.

Rogério é um dos sete investigados pelo Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na Operação “Castelo de Areia”, deflagrada no fim de novembro e que desmantelou a organização criminosa chefiada por pai, filho e sobrinho e que movimentou R$ 36 milhões em três anos.

De acordo com a denúncia do Gaeco, os valores pagos a Rogério movimentaram 33 transações bancárias por meio de PIX de dezembro de 2022 a fevereiro deste ano. As transferências eram feitas pela empresa Credlopes, em nome de Evanderson Lopes Guimarães, acusado de ser um dos chefes do esquema.

Evanderson, Rogério e mais cinco homens tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça e viraram réus no processo que apura a concessão de empréstimos a juros abusivos em Franca e outras cidades da região por meio de uma organização criminosa.

A denúncia aponta também que os membros do grupo ofereceram e prometeram dinheiro ao então policial civil para que o esquema criminoso não fosse descoberto.

Além de contribuir com os empréstimos, Rogério usava o cargo que ocupava na Polícia Civil para ter informações privilegiadas sobre os “clientes” e também fazer cobranças de forma agressiva e violenta.

Saída da polícia
Rogério foi exonerado da Polícia Civil em setembro deste ano. Alvo de um mandado de prisão expedido no âmbito da Operação Castelo de Areia, ele segue foragido da Justiça.

De acordo com o promotor de Justiça Rafael Piola, a saída dele da corporação o deixou livre para permanecer na quadrilha, onde não só trabalhava na concessão dos empréstimos como também nas cobranças, ainda se valendo do posto que ocupou para ameaçar as vítimas.

“Nós temos prova de que vítimas questionaram o fato de ele usar a farda de policial, e ele confirmava que era policial, inclusive isso amedrontava ainda mais as pessoas que tinham dívidas com os agiotas”, afirma.

Ameaças
O Ministério Público suspeita que, em uma dessas situações de cobrança, a quadrilha teria usado uma bomba na casa da mãe de um “cliente” para obrigá-lo a pagar a dívida.

“A maioria dessas pessoas se tornam vítimas e devedoras, porque não conseguem arcar com os pagamentos nos juros abusivos e altos e ao entrarem em inadimplência acabam sofrendo com essa violência e grave ameaça do grupo”, diz o promotor de Justiça Adriano Mellega.

Segundo o Gaeco, as investigações apontaram que a quadrilha emprestava dinheiro a juros exorbitantes e posteriormente cobrava as vítimas por meio de graves ameaças e violência.

Com isso, o grupo movimentou ao menos R$ 36 milhões. Os lucros obtidos, de acordo com a Promotoria, eram reaplicados no esquema ou então destinados para a abertura de empresas de fachada, na compra de veículos e imóveis, como forma de lavagem de dinheiro.