Megaoperação da PF contra sonegação prende donos da Schincariol

Uma megaoperação conjunta da Receita Federal e da Polícia Federal, deflagrada hoje, prendeu nesta manhã 60 pessoas suspeitas de participarem do maior esquema de sonegação de impostos da história do país envolvendo uma empresa.

Batizada pela PF de “Operação Cevada”, a ação visa desmantelar rede de sonegação de impostos como o IR (Imposto de Renda) e o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) no setor de bebidas.

Segundo a PF, estão envolvidas a Schincariol, segunda maior fabricante de cerveja do Brasil, e parte de suas distribuidoras. Entre os presos estão Adriano e Alexandre Schincariol (filhos do fundador da cervejaria, José Nelson Schincariol, assassinado em 2003) e Gilberto Schincariol (irmão de José Nelson), além de José Augusto Schincariol e Gilberto Schincariol Filho (sobrinhos de José Nelson).

Eles também são investigados pela suspeita de participação nos crimes de formação de quadrilha, sonegação fiscal e fraude no mercado de distribuição de bebidas.

A “Operação Cevada” tem o objetivo de cumprir 134 mandados de busca e apreensão e 79 mandados de prisão para pessoas envolvidas no esquema. A ação, que ocorre em 12 Estados (Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Ceará, Maranhão, Tocantins e Pará), mobilizou 180 funcionários da Receita e 830 da PF. Todos os mandados judiciais foram expedidos pela Justiça Federal de Itaboraí (RJ).

Nos 14 meses de investigação, a força-tarefa da Receita e PF apurou que o esquema criminoso beneficiava empresas ligadas ao grupo Schincariol. As ações se concentraram nas indústrias de cervejas e refrigerantes do grupo, principalmente em Itu (SP) e Cachoeiras de Macacu (RJ).

As investigações indicaram ainda que o grupo Schincariol montou com alguns de seus distribuidores terceirizados um grande esquema de sonegação fiscal de tributos estaduais e federais, utilizando o subfaturamento na venda de seus produtos com o recebimento “por fora” da diferença entre o real valor de venda e o valor declarado nas notas fiscais.

Além disso, foram identificadas operações de exportação fictícia, intermediadas por empresas situadas em Foz do Iguaçu (PR) e importação com falsa declaração de conteúdo e classificação incorreta de mercadorias.

As investigações sugerem ainda que parte da matéria-prima usada nas fábricas é adquirida sem a devida documentação fiscal, envolvendo operações simuladas com empresas inexistentes ou de capacidade financeira insignificante, localizadas em Estados do Nordeste, como se fossem estas as adquirentes. As importações de matéria-prima e de equipamentos para as fábricas são intermediadas por empresas do grupo sediadas na Ilha da Madeira (Portugal).

Segundo a PF, as investigações mostraram que o esquema foi aperfeiçoado após sucessivas autuações dos fiscais. A partir daí a empresa teria começado a utilizar distribuidores para sonegar.

Os lucros obtidos pelo grupo com a prática de sonegação seriam remetidos regularmente dos distribuidores para a sede de Itu. Somente um dos distribuidores investigados chegava a enviar cerca de R$ 1 milhão por mês.

A PF deve emitir nas próximas horas um balanço da operação. Procurada, a assessoria da Schincariol informou que ainda analisa a situação antes de se pronunciar.

Placas frias

Foram encontrados num bar em frente à fábrica da Schincariol, em Cachoeira do Macacu um total de 87 placas de caminhão sem lacre. Elas eram usadas para combinar com as notas frias utilizadas pela empresa para indicar a venda de produtos para Estados com vantagens fiscais quando, na verdade, eram dirigidas a locais com tributação mais alta.
No Rio de Janeiro, foram presos: Carlos Alberto Britto Viera, diretor regional da PR Distribuidora (São Gonçalo) e da distribuidora Disbetil, em Itaborai. Na Disbetil, foi encontrado um cofre numa parede falsa com documentos e dinheiro.

Outros presos citados pela PF são: Cleydson de Souza Ferreira, gerente administrativo da Disbetil; Fernando de Carvalho, um dos altos funcionários da distribuidora Dismar; José Carlos Barbosa Filho, funcionário da Dismar; Mirtes Fabiana Temóteo Ribeiro, funcionária da Disbetil; Neilson de Oliveira Ribeiro, gerente-comercial da Disbetil no Paraná; Paulo Fadigas de Souza, fiscal da Receita Estadual e Roberto Borges de Almeida, gerente da Transpotencial Sudoeste; Robson de Almeida Pinto, representante da Primo Schincariol.

Segundo a PF, a maioria das distribuidoras está em nome de “laranjas”. Os presos serão levados hoje, às 16h, para os presídios Ary Franco, Nélson Hungria e para a Polinter.

Dez fiscais do Trabalho são presos por corrupção em Manaus

A Polícia Federal no Amazonas prendeu nesta terça-feira, em Manaus, dez auditores fiscais da Delegacia Regional do Trabalho (DRT) e 15 empresários, todos envolvidos em um esquema de extorsão, corrupção ativa e passiva, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. A Operação Zaqueu, como foi denominada, começou às 7h20, com a prisão do auditor Roberto Said de Oliveira, em Manaus, e terminou com a detenção do empresário João Luís Nogueira, da Tecnocargo, no fim da tarde, em Natal (RN).
O trabalho teve apoio de agentes federais de quatro Estados e de Brasília e resultou na detenção de um terço dos fiscais do trabalho do Amazonas. Entre os empresários detidos estão diretores das empresas de ônibus Cidade de Manaus e Viman, da importadora JGN, da LG Eletronics, da Construtora Hoss, da Empresa de Gás Fogas e da loja de departamentos Bemol.

O presidente do Centro das Indústrias do Amazonas (Cieam), Maurício Loureiro, está em Belém, mas sua assessoria acredita que os empresários detidos são vítimas do esquema. Nenhuma empresa quis pronunciar-se oficialmente.

A Operação Zaqueu começou em setembro, quando um empresário procurou a PF, reclamando de extorsão por um grupo de auditores fiscais da DRT. As investigações revelaram que os fiscais ameaçavam aplicar pesadas multas. Depois, entravam em “negociações” e o valor caía drasticamente. Pelo ‘benefício’ concedido, havia cobrança de propina, em parte paga a intermediários, muitas vezes funcionários da empresa. Em alguns casos, a quantidade de irregularidades permitiu que fosse feito um “contrato de assistência técnica”: os auditores recebiam mensalmente, como se fossem parte da folha de pagamento.

Sigilo – Manter as investigações em segredo foi o principal desafio da Polícia Federal. Caso houvesse vazamento de informações, todo o processo, que envolvia o mapeamento de 40 empresas, seria abortado. Quando havia as provas necessárias, o delegado da PF Reinaldo de Almeida César, que veio de Brasília para coordenar os agentes, despachou as equipes para Manaus.

Ao todo, foram mobilizados 120 policiais federais de Acre, Rondônia, Roraima, Pará e Brasília. “Graças a isso, conseguimos cumprir todos os mandados expedidos e agora entregamos os envolvidos à Justiça”, afirmou.

Diretor da empresa Amazon PC é preso na operação Kaspar 2

Empresa de microcomputadores instalada em Manaus (AM) estaria envolvida em operação ilegal de evasão de divisas da qual participam bancos suíços.

Depois do episódio Cisco, outra companhia de TI se viu envolvida com acusações de crimes financeiros. O diretor da empresa Amazon PC Indústria e Comércio de Microcomputadores, Milton José Pereira Júnior, foi preso na manhã desta terça-feira (06/11), pela Polícia Federal (PF) na sede da empresa, no Distrito Industrial, zona Sul de Manaus.

Segundo informações do Portal Amazônia, o empresário e mais 19 pessoas foram presas no Amazonas, São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia pela operação Kaspar 2 da Polícia Federal. O objetivo da operação é desarticular esquema organizado por instituições financeiras suíças que praticavam crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

Foram apreendidos 6 milhões de reais e cerca de 600 mil dólares em dinheiro. Também foram bloqueadas contas que tinham saldo de 7 milhões de reais. As prisões são temporárias e têm prazo de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco.

Os envolvidos vão responder por gestão fraudulenta, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, formação de quadrilha e funcionamento de instituição financeira sem autorização do Banco Central. As penas máximas somadas chegam a 40 anos de prisão.

Os clientes brasileiros, que eram empresas, usavam as contas para enviar dinheiro sem origem, utilizando-se da intermediação de doleiros na modalidade dólar-cabo, sem registro no Banco Central, através de depósito em conta brasileira de doleiros que possuem contas no exterior para transferência ao destino final.

A operação fraudulenta era usada para importar produtos da China e dos Estados Unidos. De acordo com as descobertas da Polícia Federal, os bancos UBS, Clariden e AIG teriam passado a enviar executivos ao Brasil com a tarefa de visitar empresários.

Estes seriam orientados pelos estrangeiros a procurar a doleira. Ela e seus subordinados, por sua vez, enviavam as fortunas dos empresários brasileiros para contas numeradas na Suíça.

Entre as empresas acusadas de participar do esquema, além da Amazon PC, estão Ornare, Le Postiche, Chaves Gold, Feller Engenharia, Participe Empreendimentos Imobiliários, Zampese Máquinas, Aquarius Consultoria Financeira, Egger & Egger Consultoria Empresarial, São Paulo Express e Indústrias e Confecções Leal.

Procurada pela redação da ChannelWorld, a Amazon PC informou, através de sua assessoria de imprensa, que Milton José Pereira Júnior não tem envolvimento  financeiro, societário ou trabalhista com a companhia. Os sócios da fabricante seriam, segundo a assessoria, Carlos Diniz e Ana Maria Rodrigues. Por isso, a empresa não vai se manifestar.