Mãe e padrasto de bebê levada morta ao pronto-socorro com sinais de violência são julgados em Penápolis

Crime foi descoberto pela polícia em fevereiro de 2022. Padrasto foi denunciado por homicídio triplamente qualificado e mãe por homicídio duplamente qualificado.

A mãe e o padrasto da bebê de um ano que foi levada morta para o pronto-socorro e com sinais de violência estão sendo julgados pelo júri popular em Penápolis (SP). O crime foi descoberto pela polícia em fevereiro de 2022. O julgamento começou na segunda (12) e segue nesta terça-feira (13).

Mirella Fernandes, de um ano e três meses, chegou ao pronto-socorro de Penápolis com rigidez cadavérica, diversas marcas roxas e suspeita de dilaceração do ânus (lembre o caso abaixo).

O júri começou às 9h30 de segunda-feira e durou quase dez horas, antes de ser suspenso. Na ocasião, os réus foram interrogados e testemunhas foram ouvidas. O julgamento foi retomado nesta terça-feira (13) com as sustentações orais do Ministério Público e defesa.

Os réus foram denunciados pelo MP em maio de 2022. Cristian Gomes da Silva foi denunciado por homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, motivo fútil e mediante recurso que tornou impossível a defesa da vítima. Ele pode ter a pena aumentada porque o assassinato foi praticado contra uma pessoa menor de 14 anos.

Já Jennifer Raphaely Pereira das Neves foi denunciada por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e mediante recurso que tornou impossível a defesa da vítima. A promotoria entendeu que a mãe da menina foi omissa, pois não impediu que o crime acontecesse.

O casal teve a prisão temporária convertida em preventiva. A defesa de ambos sustenta que a menina morreu depois de cair de um cercadinho.

O caso
A médica responsável por receber Mirella, que foi levada por uma ambulância do Corpo de Bombeiros, acionou a Polícia Militar após suspeitar da versão apresentada pela mãe.

Um laudo do Instituto Médico Legal (IML) relata que a menina teve hemorragia interna aguda, trauma abdominal e laceração no fígado. Já um laudo da Polícia Científica de São Paulo comprovou que a menina não foi vítima de violência sexual.

Na ocasião, a Prefeitura de Penápolis afastou os conselheiros tutelares envolvidos no caso. Segundo o g1 apurou, dois funcionários e um suplente foram afastados e três receberam advertência por escrito. Três não receberão salário durante o período.

A medida é uma “punição educativa” por conta da conduta adotada pelos conselheiros tutelares no atendimento ao caso da criança.

 

Começa júri dos acusados de matar jogador Daniel

Júri começou por volta das 8h55 no fórum de São José dos Pinhais, cinco anos depois do crime. Jogador foi encontrado morto em 2018, parcialmente degolado e com o órgão genital cortado, segundo polícia.

Começou às 8h55 desta segunda-feira (18) o júri popular dos sete acusados de envolvimentos na morte do jogador de futebol Daniel Corrêa Freitas. Relembre o caso abaixo.

O julgamento ocorre no Fórum de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), 5 anos depois do crime.

O jogador de 24 anos foi encontrado morto em 27 de outubro de 2018, em São José dos Pinhais. Ele estava parcialmente degolado e com o órgão genital cortado, segundo a polícia.

O crime aconteceu após Daniel participar da festa de aniversário de Allana Brittes, filha do empresário Edison Luiz Brittes Júnior, com 38 anos na época. O empresário confessou à polícia ter assassinado o jogador.

A família da vítima, que mora no interior de Minas Gerais, viajou ao Paraná para acompanhar o júri.

Escolha dos jurados
De 160 pessoas convocadas, sete serão selecionadas para o Conselho de Sentença. O serviço de júri é obrigatório no Brasil, mas os sorteados podem alegar impedimento.

“Dentre estes, é para estar presentes de 35 a 40 jurados, isso porque podem haver desistências, alguns solicitam requerimento de isenção, outros possuem antecedentes criminais e portanto não participam, quando isso ocorre é aplicado multa”, explicou o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR).
O Código de Processo Penal prevê que cada parte envolvida, defesa e promotoria, podem dispensar até três jurados sorteados sem qualquer justificativa.

Se os primeiros sorteados não cumprirem os requisitos de participação no júri, é feito sorteio de suplentes.

Os membros sorteados ficam incomunicáveis após o sorteio. Se a Justiça achar necessário, pode determinar que eles fiquem isolados no fórum.

Depois de selecionados, eles fazem um juramento prometendo analisar de forma imparcial e decidir sobre o caso. Em seguida começará a sessão do júri.

A previsão de alguns dos advogados é que o julgamento se estenda até quarta-feira (20).

Qual a ordem dos depoimentos?
De acordo com o TJ-PR, a ordem da sessão será iniciada pelo Ministério Público (MP-PR), defesa, interrogatório e debate com os sete acusados.

São 2h30 atribuídas à defesa e 2h30 para os acusados. Caso o juiz veja a necessidade de réplica ou tréplica, será acrescido mais 2h para a defesa e mais 2h para a acusação.

Como é feita a decisão das condenações ou absolvições?
Após os debates, o júri popular vai para a fase chamada de quesitação, quando os jurados são questionados se condenam ou absolvem os réus.

Antes de decidirem, os jurados também podem fazer perguntas às testemunhas por intermédio do juiz. O júri deve tomar a decisão com base no que ouviu ao longo do julgamento.

Em cédulas entregues a cada um, os jurados também respondem com “sim” ou “não” sobre a materialidade, autoria e qualificadoras das acusações pelas quais os réus respondem. As respostas são sigilosas e individuais.

Os votos são contados. Ao chegar em quatro votos iguais, o juiz encerra a contagem e o veredito é anunciado.

O juiz, então, acompanha a decisão da maioria e faz a dosimetria da pena, ou seja, determina qual a pena cabível no caso de acordo com as circunstâncias admitidas pelo Conselho de Sentença.

Quem são os acusados e por quais crimes eles respondem?
Sete pessoas são acusadas de envolvimento no crime. Veja por quais crimes elas respondem:

Edison Brittes Júnior: homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima), ocultação do cadáver, corrupção de menor e coação do curso do processo;
Cristiana Rodrigues Brittes: homicídio qualificado (motivo torpe), fraude processual, corrupção de menor e coação do curso do processo;
Allana Emilly Brittes: Coação do curso do processo, fraude processual e corrupção de menor
David Willian Vollero Silva: Homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima) e ocultação do cadáver;
Eduardo Henrique Ribeiro da Silva: Homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima), ocultação do cadáver e corrupção de menor;
Ygor King: Homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima) e ocultação do cadáver;
Evellyn Brisola Perusso: Fraude processual.
O que dizem os envolvidos?
Edison Brittes Júnior

Elias Mattar Assad, advogado do acusado, considerou que se trata de um júri complexo e disse que Edison apenas reagiu, se referindo a acusação de que Daniel Corrêa Freitas tentou abusar sexualmente de Cristiana Brittes – esposa do acusado.

Cristiana Rodrigues Brittes

A defesa de Cristiana Rodrigues Brittes, representada por Thaise Mattar Assad, declarou que espera que a sociedade de São José dos Pinhais “finalmente compreenda as reais circunstâncias do caso”.

Allana Emilly Brittes

Caroline Mattar Assad e Louise Mattar Assad, que representam Allana Emilly Brittes, afirmaram que confiam na justiça.

Eduardo Henrique Ribeiro da Silva

As advogadas Jéssica Virgínia Moreira e Clarissa Taques, que representam Eduardo Henrique, afirmaram que “anseiam que os fatos sejam verdadeiramente esclarecidos, que a solenidade ocorra de forma íntegra, plena e tranquila, de modo à assegurar os direitos de todos os acusados, bem como a ampla defesa exercida pela equipe técnica presente no ato”.

Disseram ainda que confiam que as medidas a serem tomadas pelos jurados serão justas e proporcionais.

David Willian Vollero Silva e Ygor King

O advogado Rodrigo Faucz, que defende David Willian Vollero da Silva e Ygor King, afirmou que foi comprovado que os dois clientes participaram apenas das agressões dentro da casa e não tiveram qualquer envolvimento no momento do homicídio.

“Assim, espera que eles sejam responsabilizados exclusivamente pela sua própria conduta e não por atos de outros acusados”, disse em nota.

Evellyn Brisola Perusso

A advogada Thayse Cristine Pozzobon, responsável pela defesa de Evellyn, afirmou que a cliente é inocente e que tem a convicção de que os jurados irão absolvê-la “quando compreenderem como os fatos se passaram e porquê ela foi coagida a limpar os vestígios do crime”.

Família de Daniel

Nilton Ribeiro, advogado que representa a família da vítima, afirmou que as provas para um dos acusados são robustas.

“Nós estamos aguardando uma sentença exemplar para este caso, porque além da brutalidade e covardia empregada nesse caso, devem ser ser reprimidas com uma sentença exemplar”, disse.

Ministério Público do Paraná

O Ministério Público do Paraná disse que irá se pronunciar após o julgamento.

Relembre o caso
O jogador de futebol Daniel Correa Freitas, 24 anos, foi encontrado morto na área rural de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, em 27 de outubro de 2018. Ele estava parcialmente degolado e com o órgão genital cortado, segundo a polícia.

O empresário Edison Luiz Brittes Júnior confessou em entrevista à RPC e em depoimento à polícia ter assassinado Daniel.

Tudo aconteceu depois da festa de aniversário de 18 anos da filha de Edison Brittes, Allana, na noite de 26 de outubro, na qual também estava Daniel, em uma casa noturna de Curitiba. A festa continuou na manhã do dia seguinte na casa dos Brittes.

Edison Brittes alegou, em depoimento à polícia, que Daniel tentou estuprar a esposa dele, Cristiana Brittes, e que matou o jogador “sob forte emoção”.

Antes de ser agredido e morto, o jogador Daniel trocou mensagens e fotos com um amigo em que ele aparecia deitado ao lado de Cristiana Brittes.

Dois dias após o crime, Edison Brittes marcou um encontrou em um shopping de São José dos Pinhais para, segundo a denúncia, coagir testemunhas. A reunião foi registrada por câmeras de segurança.

Edson foi preso no dia 1º de novembro, em casa, em São José dos Pinhais. Além dele, na época outras seis pessoas foram presas temporariamente pela Polícia Civil suspeitas de envolvimento no crime: Cristiana, Allana, Eduardo Henrique da Silva, namorado de uma prima de Cristiana, Ygor King, Willian David e Eduardo Purkote.

Na decisão que determinou as prisões da família Brittes, o juiz disse existir indícios de que Edison, Cristiana e Allana atuaram ameaçando e coagindo testemunhas a apresentar versão uniforme. Para o juiz, se as duas permanecessem em liberdade, poderia haver comprometimento de provas testemunhais.

No inquérito concluído pela Polícia Civil, o delegado Amadeu Trevisan afirmou que não houve tentativa de estupro por parte do jogador Daniel contra Cristiana. Além disso, o delegado disse que Cristiana e a filha Allana mentiram em depoimento prestado à polícia.

O delegado disse também que o jogador não teve como reagir à agressão que sofreu dentro da casa, pois Daniel estava muito embriagado. De acordo com um laudo pericial, o jogador apresentava 13,4 decigramas de álcool por litro de sangue e não estava sob efeito de drogas.

De acordo com os depoimentos prestados à polícia, Daniel foi flagrado por Edison dentro do quarto de Cristiana, e passou a ser agredido pelo empresário e outros convidados da festa.

Depois de ser espancado, segundo a denúncia, Daniel foi colocado vivo no porta-malas do carro de Edison e levado para a área rural de São José dos Pinhais. Eduardo Henrique da Silva, Ygor King e David Willian da Silva acompanharam Edison no carro.

De acordo com os laudos do Instituto Médico-Legal (IML) e da Polícia Científica, Daniel foi morto pelas facadas que recebeu no pescoço. A perícia não soube dizer se ele foi mutilado ainda com vida.

A perícia também apontou que o corpo de Daniel foi carregado por mais de uma pessoa entre o carro e o local onde o corpo foi encontrado.

 

Justiça determina júri popular para caso de homicídio brutal na Barra da Tijuca

Moïse Kabagambe foi brutalmente espancado até a morte em um quiosque na Barra da Tijuca, Zona Oeste, em janeiro de 2022. Três agressores estão detidos preventivamente desde então.

A Justiça determinou que os acusados pelo homicídio de Moïse Kabagambe enfrentarão julgamento por júri popular.

Fábio Pirineus da Silva, Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca e Brendon Alexander Luz da Silva enfrentam acusações de homicídio doloso triplamente qualificado, com alegações de motivo fútil, emprego de meio cruel e impossibilidade de defesa por parte da vítima.

A data do julgamento ainda não foi agendada, e os três acusados permanecem sob prisão preventiva.

“A manutenção da prisão preventiva dos acusados é necessária, pois os motivos que justificam a detenção não foram alterados, além da importância de garantir a integridade física e psicológica das testemunhas, que ainda deverão depor durante o julgamento”, afirmou a juíza Alessandra da Rocha Lima Roidis, da 1ª Vara Criminal do Rio.

Moïse Kabagambe, originário do Congo, África, trabalhava temporariamente em um quiosque próximo ao Posto 8, na Barra da Tijuca. Ele foi brutalmente agredido até a morte em 24 de janeiro de 2022. Todo o incidente foi capturado por uma câmera de segurança, revelando a sequência de agressões infligidas a Moïse.

No ano anterior, testemunhas do crime prestaram depoimento durante a primeira audiência de instrução e julgamento na 1ª Vara Criminal da capital, no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ).

Os indivíduos detidos em relação ao caso são:

  • Fábio Pirineus da Silva, conhecido como “Belo”, que confessou à polícia ter agredido Moïse com um pedaço de pau.
  • Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, apelidado de “Dezenove”, admitiu ter participado das agressões, porém afirmou que ninguém tinha a intenção de matar Moïse.
  • Brendon Alexander Luz da Silva, também chamado de “Tota”, foi identificado pela polícia nas imagens das agressões, imobilizando Moïse no chão.

Após a audiência do ano anterior, a mãe e o irmão de Moïse expressaram sua busca por justiça.

“Queremos que a justiça seja feita e que eles paguem pelo que fizeram. Ninguém merece perder a vida por uma briga insignificante. Moïse nunca foi de se envolver em confusões. Qualquer pessoa que conviveu com ele sabe como ele era”, disse o irmão.

A família de Moïse afirmou que ele estava no quiosque para cobrar um pagamento atrasado.

O crime, gravado por uma câmera de segurança, mostra Moïse Kabagambe discutindo com um homem no quiosque em 24 de janeiro de 2022. Outros dois indivíduos chegam e o atacam, derrubando-o no chão.

Começa então uma sessão de espancamento, onde Moïse tenta se defender, mas é continuamente agredido com um pedaço de pau por um dos agressores, sendo alvo de mais de 15 golpes. Ele é posteriormente imobilizado e agredido mais 12 vezes.

Um quarto agressor surge, atingindo Moïse com o pedaço de pau outras quatro vezes. Moïse é então amarrado, embora não oferecesse resistência.

Quando os agressores percebem que Moïse está desacordado, tentam socorrê-lo. Porém, mesmo com a chegada de outras pessoas, ele já estava morto.

O laudo do Instituto Médico-Legal (IML) indicou que a causa da morte foi traumatismo torácico com contusão pulmonar, causado por força contundente. O exame também revelou hemorragia e vestígios de sangue nos pulmões, indicativos de aspiração bronquial de sangue.

Suspeito de matar companheira e fazer chamada de vídeo com corpo estava em liberdade condicional em Franca, SP

Kaio Ignácio da Rocha, de 27 anos, respondia em liberdade por um crime de roubo desde outubro de 2023. À polícia, homem confessou ter matado e carbonizado jovem de 24 anos.

O homem preso suspeito de matar a companheira Sara Cristina Candeias Carvalho, de 24 anos, encontrada morta carbonizada dentro da casa onde vivia em Franca (SP), estava em liberdade condicional quando o crime aconteceu, na manhã da última quarta-feira (21).

De acordo com o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Kaio Ignácio da Rocha, de 27 anos, respondia em liberdade por um crime de roubo desde o dia 28 de outubro de 2023.

Nesta segunda-feira (26), Walter Portela de Carvalho, pai de Sara, prestou depoimento na Delegacia Investigações Gerais (DIG). De acordo com ele, a filha e o genro viviam um relacionamento conturbado e brigas entre o casal eram frequentes.

O corpo de Sara foi encontrado queimado entre dois colchões no bairro Jardim Aeroporto II. Uma ex-namorada do suspeito foi quem avisou a polícia sobre o crime depois de receber videochamada onde o homem teria mostrado o corpo da vítima carbonizado.

Rocha passou por audiência de custódia neste sábado (24) e permanece preso na cadeia de Franca.

Liberdade condicional

Em 2021, Kaio foi preso em flagrante após praticar um roubo a uma farmácia de Franca. Na ocasião, de acordo com a ocorrência, o homem teria invadido o local armado com uma faca e chegou a entrar em luta corporal com um funcionário da unidade.

Após o flagrante, o homem foi condenado a 5 anos e 4 meses de prisão em regime semiaberto. O início da pena foi cumprido no Centro de Progressão Penitenciária de Jardinópolis, até que, em 2022, durante uma revista ao voltar do trabalho, Rocha foi pego com sinais de embriaguez.

Um procedimento interno foi instaurado para apurar a falta considerada grave no âmbito do regime semiaberto. Em agosto do mesmo ano a apuração concluiu que ele estava embriagado e foi determinado que Kaio cumprisse o restante da pena em regime fechado.

Encaminhado a uma penitenciária em Marília (SP), a previsão era de que ele permanecesse preso até 2026, mas, em agosto de 2023, a defesa do detento entrou com um pedido para que ele conseguisse o livramento condicional. Neste período, ele já havia cumprido 44% da pena preso.

O Ministério Público pediu à Justiça que determinasse o exame criminológico dele, para que as condições psicológicas e o comportamento do preso fossem analisadas por psicólogos e assistentes sociais.

Apesar do pedido do MP, a Justiça não determinou o exame e por meio de um atestado de bom comportamento, emitido pela direção da penitenciária de Marília, Kaio conseguiu a condicional e retornou às ruas em outubro de 2023.

Tentativa de femincídio
No dia 6 de janeiro deste ano, uma ocorrência de tentativa de feminicídio foi registrada envolvendo Kaio e Sara no mesmo endereço onde a vítima foi encontrada morta pouco mais de um mês depois.

Na ocasião, a mulher ficou ferida após ser agredida pelo companheiro com golpes de faca e martelo. O homem ainda tentou enforcar a vítima, de acordo com a polícia.

Uma irmã do suspeito chegou a flagrar a vítima sendo agredida com marteladas enquanto estava desmaiada. Uma faca, uma talhadeira e um martelo foram apreendidos.

De acordo com a Secretária de Segurança Pública (SSP), o boletim de ocorrência do casos foi registrado, mas a vítima não compareceu à unidade policial para representação criminal, pois convivia com o autor.

Chamada de vídeo com o corpo
Na manhã de quarta-feira (21), um vizinho viu uma fumaça escura saindo da casa do casal, localizada na Rua Hercílio Rosa de Azevedo, no bairro Jardim Aeroporto II. Cerca de duas horas depois, a polícia arrombou o portão e encontrou Sara.

“Umas 10h50 eu saí pra buscar minha menina e vi o policial chegando e arrombando o portão. Na hora que ele abriu o portão, eu vi aquela cena. Uma tragédia anunciada”, aponta o técnico de informática Cleber Alexandre da Silva.

A polícia foi chamada por uma ex-namorada de Kaio. De acordo com a PM, a mulher contou que recebeu uma videochamada dele mostrando o corpo da vítima e assumindo o crime.

O homem fugiu da casa onde a jovem foi encontrada antes da chegada dos agentes.

Homicídio qualificado e feminicídio
Na tarde da última sexta-feira (23), Kaio se entregou à Polícia Civil. De acordo com delegado Márcio Murari, ele confessou o crime e alegou ter brigado com Sara na noite anterior após ambos terem consumido bebidas alcoólicas e drogas.

Ao delegado, Kaio também afirmou que apertou o pescoço da companheira com a intenção de fazê-la desmaiar, mas que ela acabou morrendo.

Ao ver que a mulher tinha morrido, o suspeito teria colocado um colchão sobre o corpo e ateado fogo, antes de fugir.

Kaio foi indiciado por homicídio qualificado e feminicídio.

 

 

Suspeito de matar passista trans é preso em São Gonçalo; vítima foi esfaqueada

De acordo com a polícia, o suspeito confessou. Amanda de Souza Soares, conhecida como Mandy Gin Drag, foi assassinada a facadas. Corpo foi achado em terreno baldio perto da casa dela, na madrugada de quinta-feira (1º).

O suspeito de matar uma passista trans em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, foi preso por policiais civis da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, nesta quarta-feira (7).

De acordo com os policiais, Marlon Nascimento da Silva confessou ter matado Amanda de Souza Soares esfaqueada depois de ser detido. Contra ele, foi cumprido um mandado de prisão temporária.

Ele foi preso enquanto trabalhava em um mercado.

O corpo da passista de 23 anos, que era conhecida como Mandy Gin Drag, foi encontrado em um terreno baldio perto da casa dela no dia 1º de fevereiro, uma semana antes da prisão.

A investigação aponta que Marlon se encontrou com Amanda, e a esfaqueou durante o encontro. Depois, o celular dela foi levado pelo criminoso. Os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão na casa do suspeito nesta quinta (8).

Marlon será encaminhado para o sistema prisional e ficará à disposição da Justiça.

Querida pela família

“O meu último contato com ela foi quando ela chegou em casa para me mostrar o cabelinho que ela tinha feito para poder sair essa semana nos blocos em Itaipuaçu. Foi a última vez que eu vi a minha filha”, disse a mãe da jovem, Sílvia de Souza Soares Souza.

Bárbara Sales disse que Amanda era uma amiga muito leal. “Eu só tenho lembranças boas e é muito difícil isso tudo acontecer porque não tem nenhuma suspeita, não tem nada.”

A irmã, Rhayanny Souza, falou que Amanda era uma pessoa cheia de sonhos e alegre.

“Não tinha uma pessoa que a conhecesse que não gostasse dela. Por volta de 2 horas da manhã ela estava em casa jantando e realmente foi atraída para a morte. A gente ainda não tem nenhuma informação mais profunda. Todas as informações de câmeras da região estão nas mãos da DHNSG.”

Natural de Niterói, Amanda se preparava para desfilar pela Acadêmicos do Cubango na semana que vem.

“Amanda Soares é mais um fruto de resistência do Acadêmicos do Cubango. Amanda Soares é cria da verde e branco de Niterói. Nós nunca iremos esquecê-la. Ela foi uma força para muitas pessoas e trouxe alegria para vida de muita gente”, postou a escola em sua rede social.

 

Justiça condena quatro acusados de matarem professor universitário no MA, que foi vítima de latrocínio

O professor universitário Neylson Oliveira da Silva foi assassinado no dia 10 de agosto de 2022, no bairro Laranjeiras, na cidade de Açailândia.

Na última sexta-feira (10), quatro homens foram condenados pela morte do professor universitário Neylson Oliveira da Silva, que foi assassinado no dia 10 de agosto de 2022, no bairro Laranjeiras, na cidade de Açailândia, a 562 km de São Luís.

Sentaram no banco dos réus Clemilson Pereira Silva, Nisley Sousa Gomes, Lucas Costa e Jonathan Dias Almeida, todos acusados pelo crime de latrocínio, que é o roubo seguido de morte. O julgamento foi realizado pelo Poder Judiciário da Comarca de Açailândia, através da 1ª Vara Criminal.

Consta na denúncia do Ministério Público, que no dia anterior ao crime, Neylson estava no Bar do Barão, em companhia de outras pessoas, onde permaneceu até a madrugada do dia 10. Depois o professor deixou o local na companhia de um homem, indo lanchar na rodoviária.

Após lancharem, os homens foram até um ponto de mototáxi, no local eles foram abordados por Nisley e Jonathan, recebendo o convite para irem até uma casa para beber. Em seguida, Nisley e Jonathan levaram o homem que estava na companhia do professor até uma residência, onde os outros dois estavam aguardando.

De pronto, o homem percebeu tratar-se de uma ‘boca de fumo’ (local onde há venda de drogas) e, na primeira chance, conseguiu fugir do local. Enquanto isso, Jonathan retornou ao setor rodoviário e buscou Neylson.

As investigações apontam que, já de volta à residência, os denunciados passaram a consumir bebida alcoólica em companhia da vítima. Na ocasião, os denunciados constataram que a vítima trazia consigo alguns cartões bancários. Minutos depois, os homens exigiram que Neylson entregasse seus cartões bancários, uma quantia em dinheiro e a chave de sua residência.

Como a vítima se negou a atender ao pedido dos denunciados, os homens o mantiveram em cárcere privado. Algumas horas depois, ainda pela madrugada, a vítima trocou mensagens de WhatsApp com o amigo que estava na sua companhia anteriormente, informando que estava sequestrado. O professor disse, ainda, que caso não aparecesse, era para procurá-lo na ‘boca de fumo’.

O amigo de Neylson achou que se tratava de uma brincadeira e não acionou a polícia.

Estrangulado
Consta ainda no inquérito, que os denunciados, ao perceberem que a vítima não entregaria seus pertences, iniciaram uma série de agressões e, não achando suficiente, utilizaram um laço para estrangular Neylson, que morreu por asfixia.

Em seguida, os criminosos subtraíram os pertences pessoais e a chave da residência de Neylson e se deslocaram até o endereço da vítima, onde roubaram uma televisão e uma caixa de som.

De volta à ‘boca de fumo’, o denunciado Jonathan, em companhia dos demais, traçou um plano para se livrarem do corpo da vítima. Nesse contexto, Jonathan e Clemilson levaram o corpo da vítima até o ‘brejo do sapo’, bairro Laranjeiras, em uma motocicleta conduzida pelo primeiro, enquanto o segundo abraçava o corpo da vítima para que não caísse.

Já nas imediações do brejo do sapo, os denunciados ocultaram o corpo da vítima em um matagal. Entretanto, os dois foram vistos por testemunhas, que acharam suspeita a atitude de Clemilson, por estar abraçado ao indivíduo do meio.

Após se desfazerem do corpo do professor, os denunciados retornaram, onde todos realizaram algumas movimentações nas contas bancárias da vítima, transferindo valores. Ainda no mesmo dia, já pela manhã, a Polícia Militar foi informada sobre a existência de um corpo nas proximidades do bairro Laranjeiras.

Após constatarem a veracidade dos fatos, a guarnição recebeu informações, por meio dos populares, que os denunciados Jonathan e Clemilson haviam sido vistos em uma motocicleta com um terceiro indivíduo, o qual estaria desacordado, acrescentando, ainda, que Nisley e Lucas haviam sido vistos em companhia deles.

Neylson Oliveira era natural de São Luís e morava sozinho em Açailândia, no loteamento Colinas Park. Ele era professor substituto da disciplina de Libras da Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL). Ele também trabalhava na Escola Municipal Fernando Rodrigues, na Vila Ildemar.

Condenação
Ao final do julgamento, Clemilson Pereira recebeu a pena de 26 e três meses de reclusão, mesma pena recebida por Lucas Costa e Jonathan Dias Almeida. Já Nisley Sousa Gomes foi condenado a 33 anos e oito meses de prisão. Aos réus foi negado o direito de recorrer da decisão em liberdade.

“Por fim, nos termos do Código de Processo Penal, em razão da natureza da pena aplicada e por ainda restarem presentes os requisitos ensejadores da prisão preventiva, mormente a garantia da ordem pública e da aplicação da lei penal, deixo de conceder aos acusados o direito de apelar em liberdade”, destacou a juíza Selecina Locatelli, titular da 2ª Vara Criminal de Açailândia, respondendo pela 1ª.

Homem ‘encomenda’ assalto contra a ex para ter acesso ao celular dela; após prisão, suspeito foi reconhecido pela própria vítima

O crime foi enquadrado na Lei Maria da Penha pois, de acordo com as investigações, foi motivado por ciúmes. Ele queria saber se ela estava se relacionando com outra pessoa, dois meses após rompimento.

Um homem foi preso por roubo de celular e acabou reconhecido pela vítima, sua ex-namorada. Segundo a polícia, Igor da Cunha Silva armou o assalto para pegar o telefone dela e checar se ela estava se relacionando com outra pessoa.

O ataque foi na quarta-feira passada (6), na passarela da Rodovia Washington Luís (BR-040), na altura da Reduc, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A mulher foi avisada de que os ladrões tinham sido presos, e o celular, recuperado.

Ela compareceu à 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes) nesta segunda-feira (11) para reaver o aparelho e, ao assistir às imagens de câmeras de segurança, identificou Igor, o ex-namorado.

O relacionamento tinha acabado há dois meses. A ex-cunhada chegou a falar para a vítima que o irmão tinha cometido o crime.

“A vítima, muito abalada pelo crime, chegou em casa e comentou com os parentes e a história foi se difundindo na família. Até que a própria ex-cunhada, irmã do autor, ligou para ela e contou: ‘Quem subtraiu o telefone foi o meu irmão’. Ela, incrédula, compareceu à delegacia para prestar esclarecimentos e recuperar o telefone o celular. Ao ver as imagens, ela constatou que foi o ex-companheiro o autor do roubo”, afirmou o delegado Flávio Rodrigues.

Imagens de câmeras de segurança mostraram Igor conversando com um comparsa, identificado como Pedro Lucas Nascimento de Mendonça, minutos antes da vítima ser abordada.

Depois do encontro, eles andam pela passarela como se não se conhecessem.

Pedro Lucas fica de tocaia, aborda a jovem e leva o telefone. Logo depois, ele atravessa a passarela no mesmo sentido por onde Igor saiu.

De acordo com o delegado, nenhuma agressão anterior no relacionamento foi relatada antes.

“Nunca houve relato de agressões anteriores. Era um relacionamento comum, normal, que a vítima quis se separar do suposto autor. E ele teve essa ideia infeliz de subtrair o telefone celular”, destacou Flávio Rodrigues.

Igor e Pedro Lucas seguem presos. O crime foi enquadrado na Lei Maria da Penha pois, de acordo com as investigações, foi motivado por ciúmes. O ex-namorado queria saber se a jovem estava se relacionando com outra pessoa.

 

Presa há quatro dias, cantora gospel investigada por atos golpistas divide cela com idosa e gestante em presídio de Goiás

Pastor e amigo da família afirma que cantora está muito abalada com a prisão e teme que ela entre em depressão. Ela é investigada por incentivar atos golpistas praticados em 8 de janeiro.

A cantora gospel Fernanda Rodrigues de Oliveira está presa há quatro dias na Casa de Prisão Provisória (CPP), em Aparecida de Goiânia. Segunda a defesa, ela divide cela com uma idosa e uma gestante, mas está em local diferente de onde são levadas outras detentas. A cantora é investigada pela Polícia Federal por incentivar atos golpistas praticados em 8 de janeiro. Na época, bolsonaristas invadiram as sedes dos três Poderes, em Brasília.

O advogado de defesa Clebson Vieira Neres afirma que a cliente foi colocada em local separado porque não possui antecedentes e é uma pessoa ‘idônea’. No reservado existem apenas quatro celas e seis presas, a cantora divide cela com a gestante e a idosa. “A primeira coisa que a gente fez foi cuidar da integridade da Fernanda, garantir a ela um lugar seguro. Levamos mantimentos, roupas e o kit higiene preparado pela família”, afirmou.

No último dia 17 de agosto, horas após a prisão de Fernanda Ôliver, foi realizada uma audiência de custódia. Na ocasião, foi explicado à defesa que a decisão de soltar ou não a cantora caberia ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que foi quem expediu os mandados de busca e apreensão contra a jovem. Até a última atualização desta reportagem, o ministro não havia avaliado a possibilidade de soltura dela.

O pastor e amigo da família, Luiz Carlos Silva, afirma que a cantora está muito abalada com a prisão e teme que ela entre em depressão. “O ambiente é muito pesado. Não é feito para uma garota como ela, que não tem experiência de vida e não deve nada. A família está desesperada, ninguém consegue trabalhar com medo do que pode acontecer”, diz.

Sem acesso ao processo

De acordo com o advogado, até o momento, a defesa não conseguiu ter acesso aos autos do inquérito federal. Segundo Clebson, se trata de um processo que corre em sigilo e só existe em formato físico.

“Solicitamos à Procuradoria Geral o acesso ao inquérito. Estamos aguardando eles analisarem o pedido, só assim saberemos pelo que, de fato, a Fernanda está sendo investigada e quais crimes estão sendo tipificados”, afirmou.

Cover gravado pela cantora se tornou hino dos atos golpistas
Um vídeo publicado por Fernanda nas redes sociais mostra que ela participou e incentivou alguns dos atos realizados por bolsonaristas no 8 de janeiro . 

Na filmagem, a cantora aparece em acampamentos bolsonaristas realizados em Goiânia e Brasília, trajando a bandeira do Brasil nos ombros, além de usar outros adereços, como bonés.

Ao fundo, é possível ouvir Fernanda cantando uma versão em português da música Stand Up. O cover gravado pela jovem, segundo o advogado de defesa, se tornou um hino dos atos golpistas. Quando ela ia aos atos promovidos por bolsonaristas, cantava a canção lá.

Um trecho da letra diz: “por Deus, pela pátria, família eu vou lutar. Então eu me levanto, levo meu povo comigo, juntos estamos indo pra um lugar melhor”.

O advogado de defesa diz que não pode afirmar que Fernanda participou do 8 de janeiro, pois precisa ter acesso ao inquérito. Mas reforçou que acredita na inocência da cantora.

Montagem
Clebson disse ao g1 que, durante a entrevista que teve com Fernanda, a cantora afirmou que alguém poderia ter feito alguma montagem com as fotos e vídeos dela, dando a entender que ela participou dos atos e golpistas ou incentivou que eles acontecessem.

“A entrevista que eu tive com a Fernanda ela me falou que fizeram uma montagem de um vídeo com ela, que ela não tem, em hipótese alguma, relação com o 8 de janeiro. Na verdade, ela tem vários vídeos em manifestações que participou em Goiânia, cantando, mas não teve nenhum problema aqui. Se houver alguma montagem vamos tentar comprovar por meio de perícia”, afirmou.

A defesa da jovem reforçou que aguarda mais informações sobre as investigações e as provas levantadas pela polícia contra Fernanda para se posicionar.

 

PM acusado de executar MC Primo vai a júri popular; crime aconteceu há 11 anos

Funkeiro foi morto a tiros em frente à casa onde morava, em São Vicente (SP), no dia 19 de abril de 2012. Exame pericial comprovou que um dos projéteis, que atingiram a vítima, saiu da arma de fogo de um policial militar.

O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) marcou para o dia 12 de março de 2024 o júri popular do policial militar Anderson de Oliveira Freitas, acusado de matar a tiros o cantor MC Primo, em 19 de abril de 2012. O crime ocorreu em frente à casa onde o funkeiro morava, no bairro Jóquei Clube, em São Vicente, no litoral de São Paulo.

O policial militar deverá ser julgado no Fórum da cidade, a partir das 10h. O juiz Alexandre Torres de Aguiar da 1ª Vara Criminal, que deu a sentença do caso, pediu que Anderson permanecesse detido preventivamente até o dia do Tribunal do Júri.

Jadielson da Silva Almeida, o MC Primo, foi abordado por criminosos em uma motocicleta e um carro branco quando chegava em casa. Antes de um homem encapuzado, segundo as investigações, ter efetuado os 11 disparos contra o funkeiro, ele pediu para que a mulher e os dois filhos entrassem rapidamente na residência.

À época, o Instituto Médico Legal (IML) informou que o corpo do MC Primo tinha quatro perfurações no tórax, duas na coxa direita, uma no ombro, três nas costas e uma no punho esquerdo.

Em dezembro de 2022, o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) apresentou uma denúncia, na qual um exame pericial comprovou que um dos 11 projéteis que atingiram a vítima saiu da arma de fogo de Anderson, que teve a prisão preventiva decretada.

Conforme apurado pelo g1 na época, ao ser interrogado em juízo, o acusado negou o crime descrito na denúncia e disse que não trabalhou como PM na data dos fatos, pois era folga dele.

Além disso, Anderson declarou que não conhecia a vítima antes dos fatos serem veiculados e alegou desconhecer o autor do crime, bem como o motivo pelo qual foi apontado como tal.

Na sentença, no entanto, o juiz relatou que Anderson foi visto cumprimentando MC Primo horas antes do crime. O policial militar também foi apontado como participante da execução por uma testemunha sigilosa.

Ainda de acordo com o documento apresentado pelo MP-SP, a “execução foi realizada por grupo criminoso armado”, mas, até o momento, “apenas um dos criminosos foi identificado, tratando-se de um policial militar”.

O g1 entrou em contato com o assistente de acusação e com a Polícia Militar (PM), mas não teve retorno até a última atualização. A reportagem também tentou um posicionamento da defesa do réu, mas não a localizou.

Biomédico é investigado por procedimentos estéticos que resultaram em graves consequências para mulheres no DF e em São Paulo

G1 entrevistou duas pacientes de Rafael Bracca que precisaram ser hospitalizadas após intervenções estéticas nas coxas e nádegas usando chamado ‘protocolo TX-8’. Conselho Regional de Biomedicina e Polícia Civil do Distrito Federal investigam profissional que nega acusações.

O biomédico Rafael Bracca, de 38 anos, é investigado pelo Conselho Regional de Biomedicina e pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) por procedimentos estéticos que geraram consequências graves de saúde para pacientes de Brasília e de São Paulo. Ele nega as acusações (veja mais abaixo).

O g1 conversou com duas mulheres que fizeram o chamado “Protocolo TX-8”. O tratamento promete o aumento do volume dos glúteos, mas as pacientes acabaram hospitalizadas por problemas decorrentes da intervenção estética (entenda mais abaixo).

“Hoje meu glúteo está cheio de varizes e vasos, com muitas manchas. Tenho nódulos, retenção, minha pele deu muito inchaço e retenção de líquido por conta da rejeição do produto”, conta uma das pacientes.

“Eu me sinto uma bomba relógio que a qualquer momento, em que eu sentar ou cair de bunda no chão, vai explodir. Tenho uma doença crônica, não tem como tirar 100% desse produto, é um problema para o resto da vida”, diz outra paciente do biomédico.
O caso é investigado pela 1ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal (Asa Sul). De acordo com o delegado Antônio Dimitrov, “ainda não há informações que possam ser divulgadas, mas a investigação segue com as atividades previstas em lei”.

O Conselho Regional de Biomedicina também investiga a conduta do biomédico. Além da clínica na Asa Sul, em Brasília, Rafael Bracca também atende no bairro de Alphaville, em São Paulo.

Nesta terça-feira (31), ele disse ao g1 que “se sensibiliza com as pacientes”. Bracca afirma que possui quatro graduações:

Educação Física (licenciatura): Faculdade de Ciências e Letras (conclusão em abril de 2007)
Educação Física (bacharelado): Faculdade Integrada Metropolitana de Campinas (conclusão em julho de 2011)
Nutrição: Faculdade Anhanguera (conclusão em dezembro de 2017)
Biomedicina: Faculdade Anhanguera (conclusão em junho de 2019)
No entanto, segundo a presidente regional da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Luanna Caires Portela, procedimentos invasivos como os realizados na clínica Bracca devem ser feitos somente por médicos especialistas em Dermatologia ou Cirurgia Plástica.

Nas redes sociais, o “Protocolo TX-8” promete “glúteos redondos, empinados e volumosos”, além do tratamento da flacidez, da celulite e de melhorar a simetria do bumbum. Rafael Bracca, que aparece em diversas publicações (veja vídeo no começo da reportagem), afirma que o tratamento é exclusivo e coloca imagens de glúteos de pacientes de antes e depois da aplicação do produto.

“Não é PMMA, não é hidrogel, não é metacril, não é silicone industrial, não é nada disso. Nós não trabalhamos com o ‘corpo estranho’ no seu organismo”, diz Bracca em uma das publicações.
De acordo com as postagens nas redes sociais, o produto que é inserido nos glúteos e coxas das mulheres é formado por peptídeos de colágeno, bioativos emulsificados em óleo de coco, mesclas de vitaminas, minerais, aminoácidos, fatores de crescimentos não hormonais.

Manchas, bolhas e muita dor
Uma das pacientes do biomédico, a empresária Daniela Pires, de 44 anos, que mora em São Paulo, conta que conheceu Rafael Bracca pelas redes sociais da ex-esposa dele, que morreu em 2018. Daniela fez o “protocolo TX-8” de março de 2022 até fevereiro de 2023, com aplicações mensais e quinzenais.

“Ele nunca falou que tinha efeito colateral ou riscos, sempre falou que era 100% seguro, ele nunca falou que eu poderia correr risco de morte”, diz Daniela.
A empresária, que gastou cerca de R$ 30 mil com procedimentos na clínica, conta que o biomédico pediu exames antes da realização do procedimento, mas que não analisou os resultados e que começou o tratamento antes de olhar os laudos.

Depois da primeira sessão, Daniela diz que a pele apresentou manchas, bolhas e que sentiu muita dor. A recomendação dada por Rafael Bracca era para que ela continuasse os treinos na academia para ganhar massa com a ativação do produto.

Depois de ter febre alta por alguns dias, com recomendações do biomédico de novos procedimentos na clínica, e ele dizendo que a paciente não estava seguindo as orientações corretamente, a empresária decidiu ir até um hospital.

Daniela ficou internada por 16 dias e depois contou com 20 dias de homecare. Segundo os médicos, ela teve uma infecção por produtos exógenos.

No início de setembro, a empresária recebeu alta. No entanto, na última semana de outubro, a região das coxas e dos glúteos começou a inflamar novamente.

Além disso, a empresária diz que ficou com problemas renais e que está sendo acompanhada por nefrologistas e infectologistas. Ela, que treina há 10 anos, não consegue voltar para a academia.

“A sensação é de ser cobaia de um psicopata. Parece que eu levei um golpe, depositei a minha confiança em uma pessoa que é narcisista, está mutilando as mulheres e sabe dos efeitos que dá. Ele não para, continua, finge que não é com ele. Ele teve coragem de falar pra mim que estava jejuando e orando por mim”, diz Daniela Pires.
Internada por 75 dias
Outra paciente que teve problemas após o procedimento é a empresária Nathália da Silva Teixeira, de 39 anos, que mora em Brasília. Ela, que também conheceu a clínica de Rafael Bracca pelas redes sociais, começou o tratamento em novembro de 2022.

Nathália conta que o biomédico pediu exames de sangue, verificou os resultados, e afirmou que poderia prosseguir com o tratamento. Segundo ela, o biomédico, disse que não existia risco na aplicação dos produtos.

“Ele disse que por ser um produto natural, bioidêntico, as chances de intercorrência não existiam. Ele vende o tratamento como se não tivesse chances de dar errado, você compra achando que é quase natural e que não tem chances de dar problema”, diz Nathália.
A empresária, que comprou o tratamento para glúteos e coxas e também um tratamento hormonal gastou cerca de R$ 21, 6 mil na clínica. Na terceira aplicação do “Protocolo TX-8” nas coxas, ela lembra que as seringas já vinham preparadas de dentro de uma sala.

A perna de Nathália inchou, mas, conforme ela, o biomédico fez outros procedimentos e afirmou que não era inflamação. Poucos dias antes do casamento dela, em abril de 2023, a perna continuava inchada e com placas avermelhadas, “ficava quente e doía bastante”, conta.

A empresária buscou um hospital e foi diagnosticada com celulite bacteriana. Ao informar o resultado dos exames ao biomédico, ele disse para ela voltar na clínica, fazer outros procedimentos e não tomar o antibiótico receitado, segundo ela.

Sem melhoras, Nathália disse que Rafael Bracca mudou a orientação e que ela seguiu o que foi receitado pela médica do hospital. Depois do casamento, na lua de mel na Europa, a empresária lembra que os glúteos incharam, ficaram quentes, e que as placas vermelhas voltaram.

Assim que retornou ao Brasil, ela foi para a clínica Bracca e recebeu tratamento de ozonioterapia e laser, além de retirada e aplicação do seu próprio sangue no local da inflamação. No entanto, quando foi fazer um exame de sangue, solicitado pelo responsável médico da clínica Bracca, o pedido foi rejeitado por conta do CRM cassado do médico.

A empresária, então, foi ao hospital e ficou 20 dias internada.

“Foram encontradas três bactérias no exames que eu fiz e cistos se formaram com o produto”, diz a mulher.
Cinco dias depois de voltar para casa, Nathália acabou internada novamente. Foram duas hospitalizações e, na última, a empresária passou 12 dias na UTI – ao todo, foram 75 dias no hospital.

A empresária disse que quando resolveu denunciar o biomédico “parou de se culpar” e passou a culpar a pessoa que, segundo ela, a deixou em uma situação de adoecimento. “Ele me adoeceu, ele não me causou um probleminha, me causou um problema que pode ser crônico”, diz ela.

‘Modus operandi’
De acordo com os relatos das pacientes de Rafael Bracca, que apresentaram problemas de saúde após os procedimentos, o biomédico segue um formato de atendimento:

Não informa os riscos da aplicação dos injetáveis
Não explica a fórmula e nem os componentes dos produtos que serão utilizados nos procedimentos
Prepara as injeções sem mostrar os produtos
Após problemas, sempre pede para as pacientes voltarem para a clínica ao invés de procurarem hospitais
O que diz o biomédico Rafael Bracca
Em entrevista ao g1, o biomédico Rafael Bracca diz que já atendeu mais de 400 pacientes e que algumas podem sofrer intercorrências. “Todas as substâncias que têm na clínica são lícitas e estão registradas na Vigilância Sanitária”, afirma.

Ele diz também que une os conhecimentos do curso de Nutrição e de Biomedicina para tratar as pacientes.

“Injetáveis são de nutrientes. Pacientes são tratados com nutrição, não com droga e medicação”, diz Rafael Bracca.
Ele afirma também que dois médicos atuam na clínica. “Eu posso fazer aplicação se eu tiver receita médica, quando o médico não está na clínica para atender, ele delega a questão”, diz Bracca.

Segundo o biomédico, “tudo que é feito é mostrado para a paciente”, e uma cartilha é entregue com orientações para cuidados depois do procedimento. Rafael Bracca afirma que depois que as mulheres deixam de realizar o tratamento em sua clínica, elas são responsáveis.

“Fico muito triste porque não queria que isso acontecesse, tem relação direta com imprudência da paciente e o fato dela não aparecer nas datas combinadas para que pudesse ser tratada na forma correta. […] Eu me sensibilizo com as pacientes, inclusive, jamais as portas estarão fechadas e o que precisarem de mim vou estar a disposição”, diz o biomédico.
Cuidados ao realizar procedimento estético
O médico especialista em Dermatologia ou Cirurgia Plástica é o profissional mais capacitado para realizar procedimentos estéticos invasivos, alerta a presidente regional do DF da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD-DF) Luanna Caires Portela.

“Há necessidade de conhecimento profundo de fisiopatologia da pele, que é considerada o maior órgão do corpo humano”, diz a dermatologista.
De acordo com a presidente da SBD-DF, o médico especialista em Cirurgia Plástica ou Dermatologia estuda:

6 anos: na graduação de medicina
3 anos: na especialização em dermatologia
5 anos: na especialização em cirurgia plástica
Conforme a legislação que dispõe sobre o exercício da medicina (lei 12.842/2013), a atividade de procedimentos invasivos é de responsabilidade de médicos: “A execução de procedimentos invasivos, sejam diagnósticos, terapêuticos ou estéticos, incluindo os acessos vasculares profundos, as biópsias e as endoscopias”, aponta o texto.

Em relação ao exercício da Biomedicina, a legislação (lei 6.684/79) indica as atividades que podem ser realizadas por biomédicos:

Análises físico-químicas e microbiológicas de interesse para o saneamento do meio ambiente
Serviços de radiografia, excluída a interpretação
Atuar, sob supervisão médica, em serviços de hemoterapia, de radiodiagnóstico e de outros para os quais esteja legalmente habilitado
Planejar e executar pesquisas científicas em instituições públicas e privadas, na área de sua especialidade profissional
Orientações para pacientes, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia

Não buscar um médico pelo número de seguidores nas redes sociais
Verificar por meio da pesquisa do nome do médico ou do CRM se o profissional possui o título de especialista em Dermatologia ou Cirurgia Plástica registrado junto ao Conselho Federal de Medicina
Verificar o RQE que é o registro de qualificação de especialidade do médico nos sites acima
Procurar a Vigilância Sanitária para que seja apurado se o estabelecimento possui todos os Alvarás Sanitários adequados e se as substâncias utilizadas na clínica são permitidas em lei

Caso um profissional não habilitado e não médico faça um ato médico, o paciente lesado pode apresentar denúncia junto ao PROCON e ao Ministério Público da sua região, segundo Luanna Caires Portela. “Em caso da realização de procedimento estético invasivo, como é o caso da reportagem, o paciente pode denunciar o caso também à Polícia Civil, para apuração do crime de exercício ilegal da medicina previsto no art. 282 do Código Penal, com detenção de seis meses a dois anos”, diz a presidente regional da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

O que diz o Conselho Regional de Biomedicina
“O Conselho Regional de Biomedicina da 3ª Região informa que está apurando a conduta profissional do biomédico Rafael Bracca dos Santos diante dos fatos narrados. Todavia, em observância ao dever de sigilo estabelecido no art. 6º do Código de Processo Ético-Profissional do Biomédico, o CRBM-3 não comenta detalhes de investigação em andamento.”