Alvo de mandado de prisão por desaparecer com esposa há 15 anos acabou preso em flagrante por agredir avó da atual mulher
Marcos Paulo será transferido na manhã desta sexta (22), prestará depoimento sobre a morte de Viviane e depois levado para a cadeia de Benfica, na Zona Norte do Rio.
A Polícia Militar prendeu Marcos Paulo da Silva Pinto na última quinta-feira (21) por uma tentativa de agressão contra a avó da atual mulher, uma idosa de mais de 90 anos. Ao chegar na 159ª DP (Cachoeiras de Macacu), os agentes confirmaram que ele tinha um mandado de prisão em aberto pela suspeita da morte e ocultação de cadáver de Viviane Machado Modesto da Silva, em outubro de 2008. Ele foi preso um dia antes da operação que estava sendo planejada pela Polícia Civil
Segundo apurou o g1, após sair o mandado de prisão, a Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá (DHNSGI) chegaram a montar uma operação para tentar prender Marcos Paulo. A prisão deveria acontecer nesta sexta (22).
No entanto, ao tentar agredir a avó da atual mulher, um dia antes, a PM foi chamada para intervir e ele foi preso em flagrante com base na Lei Maria da Penha.
Na delegacia, a decisão judicial foi cumprida contra o homem.
Marcos será transferido na manhã desta sexta para a DHNSGI, para prestar depoimento no inquérito que apura a morte de Viviane, e em seguida será encaminhado para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica.
Ao saber da prisão do ex-genro, a mãe de Viviane, Maria Salvadora, se mostrou emocionada e disse ter esperanças em encontrar os restos mortais da filha para dar um enterro digno a ela.
“A morte da minha filha não vai ficar impune. Quero agora que ele me diga onde estão os restos mortais dela para eu enterrar. Quero esse homem preso. Tem 14 anos de sofrimento procurando, mas Deus está me mostrando que isso não vai ficar impune”, disse.
O advogado que representa a família de Maria Salvdora, Marcos Moraes, disse ainda que vai tentar assegurar que Marcos Paulo não seja liberado por ter problemas de saúde.
“Ele não pode ficar em liberdade”, enfatizou.
Ela nunca parou de procurar pelo paradeiro da filha e do neto, que sumiu com ela.
O caso
Viviane foi atraída por Marcos Paulo em outubro de 2008, depois dele pegar o filho deles para passar um fim de semana e não devolver. Com o pretexto de rever o filho, ela foi ao encontro do ex-marido, em Cabo Frio, na Região dos Lagos, e desapareceu.
“Foi a última vez [que a vi]. Depois, só pelo telefone, ela pedindo para a Janaina, a minha filha do meio. Pedia para que fosse na cidade onde ela estava, que ela estava presa em uma casa e que o Marcos não queria que ela fosse embora”, contou Maria Salvadora para os repórteres.
Maria Salvadora procurou a polícia, e em novembro de 2008, regstrou o caso como sequestro e cárcere privado na Delegacia da Mulher de São Gonçalo (Deam).
Maria espalhou cartazes por várias cidades, com fotos da filha, do neto e do ex-genro. Além disso, juntou dinheiro para fazer buscas.
Dez anos depois, novas pistas
Dez anos depois, novas informações sobre o paradeiro da filha e do neto fizeram Maria procurar a polícia. O boletim de ocorrência foi feito na Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo.
No depoimento, ela contou aos investigadores que um parente do ex-genro “informou que procurasse Viviane nos necrotérios e hospitais”.
E que foi procurada por outra pessoa que dizia que Marcos havia matado sua filha. Mesmo com a nova denúncia, as investigações nunca andaram.
Ela só reencontrou o neto em maio desse ano, depois do telefonema de um parente do ex-genro, que contou que o neto estava passando necessidade.
Ela foi ao encontro do jovem e, em depoimento à polícia, ele contou detalhes da vida que levava.
Disse que morava em Cachoeiras de Macacu com o pai, os irmãos e a madrasta havia cinco meses. E que lembra apenas “que anteriormente morava em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, com as mesmas pessoas.”
Ele disse também que “não se recorda da mãe, pois desde que se entende por gente, não lembra de ter contato com ela, e sim com outras mulheres que seu pai teve ao longo da vida.”
Parte do depoimento do jovem embasa a denúncia do Ministério Público contra Marcos Paulo.
O garoto contou ainda que, sempre que ele perguntava pela mãe, apanhava ou era jurado de morte pelo pai.
Ele não tinha documentos, nunca tinha frequentado a escola, e disse que foi alfabetizado em casa, pela madrasta.
O jovem disse ainda que o pai está em uma cadeira de rodas, com sequelas de um acidente vascular cerebral (AVC) que sofreu em 2021.
Em busca de respostas
Na época, a reportagem foi até Cachoeiras de Macacu, a 100 quilômetros do Rio, e achou Marcos Paulo na varanda de uma casa, sem conseguir falar.
A mulher, que foi casada com ele por dez anos, disse que só recentemente havia percebido que Marcos Paulo contava mentiras, e que dizia que Viviane “tinha ido embora com outro homem e tinha abandonado eles.”