DOEPE 25/05/2017 - Pág. 2 - Poder Executivo - Diário Oficial do Estado de Pernambuco
2 – Ano XCIV • N0 96
Diário Oficial do Estado de Pernambuco – Poder Executivo
Recife, 25 de maio de 2017
Sanar completa 6 anos enfrentando
doenças negligenciadas no Estado
PE conseguiu eliminar a filariose como problema de saúde pública. Ainda é preciso combater
tuberculose, hanseníase, esquistossomose, geo-helmintíase, leishmaniose, doença de Chagas.
á seis anos, Pernambuco iniciou um amplo enfrentamento as chamadas doenças negligenciadas, que atingem, principalmente, as populações mais carentes. Para
isso, foi criado o Programa Sanar, com o intuito de realizar ações
específicas para cada enfermidade nos municípios prioritários, trabalhando prevenção, diagnóstico e tratamento dos casos, além de
capacitação dos profissionais. Em 2011, 108 cidades iniciaram os
trabalhos em parceria com o Sanar. Atualmente, esse número foi
ampliado para 141 cidades. O programa atua com foco na tuberculose, hanseníase, esquistossomose, geo-helmintíase, filariose,
leishmaniose, doença de Chagas e tracoma.
Desde o início, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) investiu
R$ 8 milhões na iniciativa, além de ter repassado mais R$ 4 milhões diretamente para os municípios, totalizando R$ 12 milhões.
“O trabalho do Sanar é feito de forma integrada com diversos setores da SES, das Gerências Regionais de Saúde e das secretarias
municipais de Saúde. Esse esforço em conjunto possibilitou o tratamento das doenças integrantes deste Programa estadual e, consequentemente, alcançamos o objetivo de melhorar os indicadores
estaduais”, afirma o coordenador do Sanar, Alexandre Menezes.
Um dos resultados que precisa ser celebrado é a eliminação da
filariose do Estado. No Brasil, a doença só tinha registro no Recife, Olinda, Paulista e Jaboatão dos Guararapes. Em 2003, a prevalência da doença era maior que 1% ou seja, 1.000 pessoas positivas a cada 100.000 examinadas. Desde 2014, a prevalência da
doença é de 0%, ou seja, não há casos confirmados desde então.
Em 2011, ano de início das atividades do Sanar, foram 11 casos.
Em 2012, foram 5. Em 2013, houve 1 registro, o último. Por isso,
desde 2013, Pernambuco está em processo de certificação da eliminação da filariose no Estado junto ao Ministério da Saúde (MS)
e à Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS).
Durante os seis anos do Sanar, 150 mil pessoas foram examinadas para filariose por ano, totalizando 900 mil exames realizados. “Para eliminação da filariose como problema de saúde pública, as ações de controle desenvolvidas foram, principalmente, o
tratamento dos casos positivos encontrados, tratamento coletivo
nas áreas de maior prevalência e ações de controle da muriçoca.
Essas atividades, realizadas de forma conjunta, permitiram reduzir
a prevalência da doença e sua eliminação”, ressalta Menezes.
No caso da tuberculose, Pernambuco tem conseguido ampliar
a adesão ao tratamento. Por ano, são mais de 4,5 mil novos casos.
Atualmente, há uma taxa de abandono ao tratamento de 4,9% desse total de casos, dentro do limite considerado aceitável, que é de
até 5%. Em 2010, a taxa de abandono era acima de 13%. “Uma
boa adesão ao tratamento da tuberculose ajuda a diminuir a cadeia
de transmissão da doença. Além disso, seguir o tratamento corretamente evita as formas graves da tuberculose e, consequentemente, óbito”, reforça Alexandre Menezes.
Outra conquista foi a ampliação de exames nas pessoas que tiveram contato com doentes acometidos pela hanseníase. Quando
alguém é diagnosticado com a doença, os serviços de saúde convocam os contatos próximos do paciente (familiares, colegas de
trabalho) para que também façam o exame da enfermidade. Em
2010, 63% dos contatos eram examinados. O quantitativo aumentou para 75%, que é o limite mínimo aceitável. Por ano, 2,9 mil
pernambucanos são diagnosticados com hanseníase.
H
PRÊMIOS – Além de colher efeitos de suas ações por meio
da melhora dos indicadores das oito doenças, o Sanar também teve seu esforço reconhecido por meio de seis prêmios nacionais.
Três foram na Mostra Nacional de Experiências Bem Sucedidas
em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (Expoepi),
nos anos de 2012, 2013 e 2014. Além desses, o Programa saiu
agraciado do 7O Simpósio Brasileiro de Hansenologia, do 49O
Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical e do
Prêmio SAÚDE da Editora Abril, em 2013, e no SANOFI - Inovação Medical Services, na categoria Medicina Tropical, em 2014.
O QUE É
Tracoma
Doença infecciosa ocular que acomete a conjuntiva e a córnea, em decorrência
de repetidas infecções. Ela pode provocar cicatrizes que levam à formação de
entrópio (pálpebra com a margem virada para dentro do olho) e triquíase (cílios
em posição defeituosa nas bordas da pálpebra, tocando o globo ocular), e
alterações na córnea que podem causar cegueira.
Esquistossomose
Doença parasitária, causada pelo verme Schistossoma mansoni. Nos casos mais
graves pode ocorrer aumento do volume do abdômen, conhecido popularmente
como barriga d'água ou outras condições menos freqüentes como hipertensão
pulmonar grave e paralisia de membros inferiores
Doença de
Chagas
Provocada pelo protozoário Trypanossoma cruzi, a doença pode se apresentar na
fase aguda ou somente na forma crônica, com complicações cardíacas ou digestivas. A alteração cardíaca é a forma mais importante de limitação do portador da
doença e a principal causa de morte. Já as manifestações mais comuns da forma digestiva são caracterizadas por alterações no trato digestivo (no esôfago e no cólon).
Geo-Helmintíases
Também denominadas de verminoses transmitidas pelo contato com solo. São
parasitoses intestinais que representam as doenças mais comuns do globo
terrestre. na maioria das infecções causadas por esses vermes os principais
sintomas são cólicas abdominais, vômitos, anemia, perda de peso, apendicite
aguda, fraqueza e cansaço. O quadro clínico está diretamente relacionado com
a carga parasitária e com o estado nutricional do hospedeiro.
Leishmaniose
Visceral
Também conhecida por calazar, é uma doença parasitária transmitida pela picada de insetos flebotomíneos hematófagos. Possui como reservatórios principais o cão e a raposa, podendo acometer o homem quando este entra em contato com o ciclo de transmissão do parasito. Apresenta altas incidência e letalidade, principalmente em indivíduos não tratados e em crianças desnutridas.
Hanseníase
Doença é representada por manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo com alteração da sensibilidade térmica,
dolorosa e tátil. Os sintomas estão relacionados ao comprometimento do nervo,
podendo afetar a força muscular, a marcha (caminhar), entre outras, e até
provocar deformidades físicas.
Tuberculose
Doença curável e com tratamento gratuito, afeta, principalmente, os pulmões,
existindo também na forma extrapulmonar: ganglionar periférica, pleural, cutânea, oftálmica, renal, meníngea (membranas que envolvem o cérebro), entre outras, sendo transmitida pelo bacilo de Koch. Os principais sintomas são: tosse,
febre vespertina, sudorese noturna, falta de apetite e emagrecimento.
Filariose
Trata-se de uma verminose que atinge os vasos linfáticos, na maioria das pessoas
infectadas não aparecem sintomas, mas pode ocasionar deformidades em pelo
menos 1% das pessoas portadoras. Os principais sinais desses casos mais graves
são: edema de membros e/ou mamas, no caso das mulheres, erisipela e hidrocele
nos homens podendo ocorrer urina leitosa.
OUTROS DADOS:
TRACOMA - 143 mil pessoas examinadas e mais de 6 mil tratadas.
ESQUISTOSSOMOSE - mais de 1,2 milhão de pessoas examinadas. Em 2016, das cerca de 250 mil pessoas examinadas, 3,6%
positivaram para a doença. Em 2010, o percentual de positividade
era de 6,4%.
DOENÇA DE CHAGAS - 244 mil casas examinadas para averiguar
a presença do barbeiro, hospedeiro do parasita da doença. Em
2010, o índice de infestação era de 17% dos domicílios vistoriados. Atualmente, é de 8%. No período, foram mais de 3 mil bar-
beiros levados para exame laboratorial. Por ano, cerca de 60 positivaram para o parasita. Nesses casos, os moradores das residências também são testados. Em caso positivo para a doença, são encaminhados para tratamento.
GEO-HELMINTÍASES - tratamento coletivo de mais de 300 mil
crianças. Outras 24 mil crianças foram examinadas em 107 cidades. Desse total, 1,6 mil positivaram e foram tratadas.
LEISHMANIOSE VICERAL - mais de 4 mil cães testados e aquisição de 2 mil coleiras impregnadas com inseticida, além de descentralização do teste rápido e capacitação de profissionais.