DOEPE 04/10/2017 - Pág. 2 - Poder Executivo - Diário Oficial do Estado de Pernambuco
2 – Ano XCIV • N0 187
Diário Oficial do Estado de Pernambuco – Poder Executivo
Recife, 4 de outubro de 2017
VELHO CHICO
Em defesa do Rio São Francisco e contra
à proposta de privatização da Chesf
Governador comandou, na última segunda-feira (2), reunião com as Frentes Parlamentares
do Congresso Nacional e da Assembleia Legislativa de Pernambuco para debater o assunto.
F OTO : H ÉLIA S CHEPPA /SEI
om o objetivo de promover
um debate democrático e
transparente em defesa do
“Velho Chico” e contra a privatização da Companhia Hidroelétrica
do São Francisco (Chesf), o governador Paulo Câmara reuniu, na
última segunda-feira (2), no Palácio
do Campo da Princesas, integrantes
das Frentes Parlamentares do
Congresso Nacional, da Assembleia
Legislativa de Pernambuco e de
entidades que militam na defesa da
empresa. Durante o encontro, o
chefe do Executivo fez alertas sobre
o processo e ponderou que, no momento que vive o País, o Governo
Federal não pode aprovar um procedimento tão importante sem o devido diálogo, entendimento e clareza de como será feito e as potenciais
consequências que podem atingir
negativamente os brasileiros.
“Até agora, o que não temos dúvidas é que esse processo vai sim
aumentar a conta de luz dos brasileiros e fazer com que não tenhamos
mais controle sobre a utilização do
Rio São Francisco. Enviamos uma
carta assinada pelos nove governadores do Nordeste, protocolada no
dia 5 de setembro, onde mostramos
nossas preocupações e pedimos
diálogo. Até agora, não recebemos
nenhuma resposta. E isso mostra
claramente que nossas preocupações estão corretas. E, por isso, a
gente não pode baixar a cabeça. Temos que mostrar ao Brasil os riscos
que um processo como esse, da
forma que está sendo feito, de um
setor tão importante e estratégico,
pode causar para as futuras gerações
de brasileiros nos próximos 30
anos”, destacou, reforçando: “o que
está se vendo muito claramente é a
intenção de fazer essa venda para
tapar o rombo das contas públicas, e
isso vai afetar a rede econômica nos
próximos anos com o aumento da
conta de energia elétrica. E, novamente, quem vai pagar é o povo”.
Presidente da Frente Parlamentar
C
O GOVERNADOR ressaltou a importância de mostrar ao Brasil os riscos que um processo como esse e da
forma que está sendo feito, pode gerar para as futuras gerações de brasileiros nos próximos 30 anos
Nacional em defesa da Chesf, o
deputado Danilo Cabral, também
criticou a falta de diálogo do Governo Federal e pediu que seja dado
à empresa o mesmo tratamento
dado em relação à Reserva Nacional
de Cobre e Associados (Renca). “O
Governo recuou em relação à Renca
porque viu que a sociedade estava
mobilizada a enfrentá-lo. Então, o
mais importante, agora, é fazer essa
mobilização em defesa da Chesf e
lutar pela preservação daquilo que é
um patrimônio dos nordestinos.
Uma empresa que completa, em
2018, 70 anos de história.
E como já defendia o ex-governador Miguel Arraes, a Chesf é o
maior e o mais importante investimento público feito na história do
Nordeste, que induziu a chegada da
cidadania através do acesso à
energia e à água para 54 milhões de
nordestinos. Não é a primeira vez
que tentam privatizar a Chesf, e,
como já aconteceu, será a mobilização do povo que vai barrar essa
privatização”, disse. O deputado
ressaltou ainda que uma reunião
entre a Frente Defesa da Chesf com
a nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, foi agendada
para o próximo dia 19.
Também presente na discussão, o
vice-presidente da Frente Parlamentar Nacional em defesa da Chesf,
senador Humberto Costa, falou
sobre a importância da audiência
para a disseminação da luta contra a
privatização da companhia. “A
Chesf é fundamental para ações no
campo social para muitas cidades do
Nordeste, e todos nós sabemos que
a causa social não será prioridade,
em termos de continuidade, para a
gestão privada. Sem falar no papel
que a companhia desempenha na
pesquisa e no desenvolvimento
cientifico e tecnológico. E esses
projetos e pesquisas de energia
alternativa, são pontos estratégicos
também para a nossa região. E, por
tantos outros motivos, não podemos
abrir mão desse patrimônio, que é
fruto do suor do povo nordestino e
do povo brasileiro”, ressaltou.
O deputado Lucas Ramos, presidente da Frente Parlamentar Estadual, defendeu que a Chesf não
pode ser usada para resolver o
problema financeiro do País. “Com
o objetivo de fazer caixa, estão
colocando à venda um patrimônio
que foi construído há mais de 50
anos, e que ajudou a desenvolver,
não só Pernambuco, onde está se-
diada, mas todo o Nordeste. E por se
tratar de um sistema elétrico interligado, serviu também ao Brasil
durante muitos e muitos anos, gerando lucro e criando oportunidades
na vida das pessoas”, salientou.
Para o presidente do Sindicato
dos Urbanitários de Pernambuco
(Sidurb/PE), José Gomes Barbosa, a
privatização não respeita a vontade
do povo. “Nós estamos defendendo
uma região. Estamos defendendo
um rio, o único rio perene do Nordeste, que traz desenvolvimento
para o setor agrícola e para milhares
de famílias. Entregar um grande
patrimônio do povo nordestino, que
é a Chesf, a grupos privados, que só
querem o lucro, sem ter o entendimento do povo, não pode acontecer,
não vamos deixar acontecer. E como já foi dito: mexeu com a Chesf,
mexeu com o rio São Francisco, eu
viro carranca”, declarou.
Participaram do debate ainda, os
deputados federais Creuza Pereira,
Severino Ninho, Luciana Santos e
Tadeu Alencar; os deputados estaduais Lucas Ramos, Isaltino
Nascimento, Laura Gomes e Aluísio
Lessa; o secretário estadual da Casa
Civil, Nilton Mota; e o ex-presidente da Chesf, José Carlos Miranda. Também estiveram presentes
Fernando Neves (vice-presidente da
Confederação Nacional dos Urbanitários), Raimundo Maciel (presidente da Federação Regional dos Urbanitários do Nordeste – FRUNE),
José Gomes Barbosa (Sindicato
dos Urbanitários de Pernambuco),
Ari Azevedo (Sindicato dos Eletricitários do Rio Grande do Norte), Flávio Uchôa (representante
do Sindicato dos Eletricitários do
Ceará), Gilton Santos (representante do Sindicato dos Eletricitários de Sergipe), Dafne Oreo
(representante do Sindicato dos
Urbanitários de Alagoas), e Ademar de Barros (diretor Jurídico da
União dos Vereadores de Pernambuco – UVP).
Paulo Câmara decreta a desapropriação da Casa de Capiba
Com o objetivo de preservar e
manter a memória artística de
Pernambuco, o governador Paulo
Câmara decretou, na última segunda-feira (2), que a Casa de
Capiba será desapropriada para
ser incorporada ao patrimônio do
Estado. O imóvel está localizado
na Rua Barão de Itamaracá, n0
369, bairro do Espinheiro, no
Recife.
No decreto, que foi publicado ontem terça-feira (3) no
Diário Oficial do Estado,
consta que as despesas com a
execução da desapropriação
será de responsabilidade do
Tesouro Estadual. A responsabilidade de desapropriação do
imóvel ficará a cargo da
Procuradoria Geral do Estado.
Lourenço da Fonseca Barbosa, mais conhecido como
Capiba, nasceu no município de
Surubim (Agreste) em 28 de
outubro de 1904. O artista compôs mais de 200 canções, em sua
maioria frevos, ritmo que o con-
sagrou como uma das maiores
expressões da música pernambucana e brasileira. Capiba
morreu em 31 de dezembro de
1997, tendo deixado um legado
que também reúne sambas e
músicas eruditas.