DOEPE 26/10/2017 - Pág. 2 - Poder Executivo - Diário Oficial do Estado de Pernambuco
2 – Ano XCIV • N0 202
Diário Oficial do Estado de Pernambuco – Poder Executivo
Recife, 26 de outubro de 2017
Semana de Mobilização Contra o Aedes Aegypti
Ação nacional busca chamar a atenção de toda a sociedade para eliminação de criadouros do mosquito.
F OTO : D IVULGAÇÃO /SES
té amanhã (27), o Brasil
estará vivenciando a Semana de Mobilização Contra o Aedes Aegypti. O Governo de
Pernambuco incentiva que todos os
municípios do Estado, nesse período, realizem ações para eliminar
possíveis focos do mosquito, além
de atividades voltadas para a população, que também precisa estar
engajada nessa luta. Na última
segunda (23), na sede da SES, no
Bongi, houve uma reunião do Comitê de Mobilização Social de Controle e Prevenção às Arboviroses,
com o intuito de apresentar os dados
atuais e chamar a atenção para que
toda a sociedade intensifique as
ações para eliminação dos criadouros do mosquito vetor durante esta
semana de mobilização nacional.
Em 2017, Pernambuco tem registrado uma queda nas notificações
das arboviroses, quando é feita a
comparação com os dados do mesmo período de 2016. Isso significa
A
IMPORTANTE manter a vigilância dos quintais e em torno das residências
uma diminuição de 87,6% nas notificações de dengue, 93,2% de chikungunya e 94,1% de zika. Apesar
disso, de acordo com o 50 Levantamento de Índice Rápido do Aedes
Aegypti (LIRAa), que monitora a
quantidade de imóveis com a presença de larvas do mosquito, 156 ci-
dades (84,7% dos municípios pernambucanos) estão em situação de
risco para transmissão elevada das
doenças. A presença de larvas aumenta a possibilidade do surgimento de mosquitos e, consequentemente, da transmissão das enfermidades,
o que reforça a importância de ações
para eliminar os criadouros.
“Desde o início do ano, nosso
levantamento do índice de infestação vem mostrando que ainda há
muitas larvas do Aedes nas residências dos pernambucanos e um
mosquito já é suficiente para infectar
diversas pessoas. Precisamos, desde
já, manter nossa rotina de eliminação dos possíveis criadouros, para
evitar novas epidemias no verão que
já se aproxima”, diz a gerente do
Programa de Vigilância das Arboviroses da SES, Claudenice Pontes.
Claudenice ressalta que, durante
esta semana, os municípios devem
estar engajados em atividades de
mobilização social para repassar
informações de prevenção à população. “Os entes públicos precisam
realizar suas ações, mas sem o
apoio da sociedade não vamos
conseguir continuar diminuindo os
índices de infestação do mosquito e
consequentemente das arboviroses”, diz a gerente.
Ela lembra que, em caso de
necessidade de armazenamento de
água, é preciso tapar todo o recipiente, para que ele não se transforme em um possível criadouro.
Também é importante manter a
vigilância nos quintais e entornos da
residência.
A gerente do Programa de Vigilância das Arboviroses da SES
ainda ressalta que o Estado está à
disposição de todos os municípios
pernambucanos para prestar apoio
técnico. A SES também encaminha
para os municípios bombas costais,
além de capas para vedação de recipientes para armazenamento de
água. Além de fazer o monitoramento dos índices das cidades, é
de responsabilidade do Estado, em
caso de surto epidêmico, a realização do bloqueio de transmissão
com a aplicação de inseticida por
meio da nebulização espacial a frio
(tratamento a UBV), utilizando
equipamentos portáteis ou pesados.
HCTP MONTA EQUIPE DE SAÚDE VOLTADA PARA DESINTERNAÇÃO DE PACIENTES
F OTOS : D IVULGAÇÃO /S ERES
Foi pela porta da frente,
acompanhado de familiares e
da psicóloga e se despedindo
dos funcionários, que o paciente João Francisco da Silva, 45 anos, saiu, na manhã
da segunda (16), após cinco
anos no Hospital de Custódia
e Tratamento Psiquiátrico
(HCTP), em Itamaracá. João,
além de está amparado pelo
alvará de soltura emitido
pelo Poder Judiciário, foi
beneficiado pelo trabalho da
Equipe de Articulação do
HCTP, criado há cinco meses
pelo Governo do Estado,
através da Secretaria de
Justiça e Direitos Humanos,
com o intuito de desinternar
as pessoas privadas de
liberdade, mantidas sob
tratamento médico ou de
saúde mental.
A unidade de saúde penitenciária, vinculada diretamente à Secretaria Executiva
de Ressocialização (Seres),
absorve pessoas inimputáveis
e semi-imputáveis submetidas à medida de segurança e
de internação ou, em cumprimento à ordem judicial,
para a realização de exames e
laudos psiquiátricos. Após
chegar o alvará de soltura do
paciente, os profissionais colocam em prática o fluxo que
inclui inicialmente o contato
com familiares para receberem seus parentes de volta e
com os Centros de Atenção
Psicossociais (CAPSs) ou
ambulatórios. Caso a família
não seja localizada ou não
queira acolher o paciente,
são acionadas as Residências
Terapêuticas. Tanto as residências como os centros
são geridos pelas prefeituras
municipais.
Segundo a psicóloga Otília
Frazão, a rejeição da família é
um dos entraves no processo
de desinternação. “As famílias que levam seus parentes
são as que estão mais próximas e, inclusive, visitam-os
com frequência. Temos o
cuidado para não perder esse
vínculo senão dificulta na
saída”. Otília atribui “à
RESIDÊNCIAS Terapêuticas surgem como uma estratégia para a desestitucionalização
questão geográfica e ao fato
do crime ter sido cometido
contra familiares, as principais causas dos abandonos”.
No HCTP, estão internados
pacientes de diversos municípios do Estado.
Atualmente, dos 58 pacientes com alvarás estão no
processo de desinternação no
HCTP, 20 estão em articulação com familiares e 38
necessitam de Residências
Terapêuticas viabilizadas. Pa-
ra a gerente do HCTP, Norma
Cassimiro, as Residências
Terapêuticas surgem como
uma estratégia para a desinstitucionalização, “que é um
processo mais amplo, por
exemplo, o indivíduo vai se
desligar de regras impostas
pela unidade prisional e
adquirir vida própria como a
hora do almoço não será mais
às 11h, mas na hora que ele
tiver fome”, exemplifica
Norma. De abril a setembro
de 2017, 86 pacientes saíram
da unidade, apenas um para
residência terapêutica.
PESQUISA – O HCTP serviu
de campo de trabalho para o
artigo científico da psicóloga
Lorenza Pinto de Lemos,
atual gerente de Atenção Psicossocial, Saúde e Nutrição
(GAPSN/Seres). No estudo
intitulado “Avaliações e Perspectivas Atuais no Campo da
Saúde Mental do HCTP do
Estado de Pernambuco”, a
autora analisou os avanços
ocorridos entre os anos de
2015 e 2017, período em que a
GAPSN/Seres implantou a
equipe de Desisnti (primeiro
nome atribuído à equipe de
Articulação).
De acordo com o estudo,
50% dos crimes cometidos
pelos PPLs/usuários abandonados pelas famílias foram
contra seus familiares. A nova
proposta da Seres retrata uma
desinternação humanizada,
com tratamento e acompanhamento de acordo com as
normas da Desinstitucionalização Psiquiátrica. A pesquisadora explica que “a ideia de
abordar o tema surgiu da
preocupação com o abandono
dos pacientes por familiares
provocando perda de vínculos
sociais, da identidade social e
civil e do estado do ser humano em si. Buscamos uma desinternação onde ocorra a
continuidade do tratamento
na rede referenciada e, se
possível, junto de familiares”.
De braços abertos para o mundo real com o apoio da família
No dia e hora marcada para a
saída de João Francisco, no HCTP,
estavam lá a mãe: Maria José da
Silva, 76 anos, e sua neta, que não
quis se identificar nesta matéria, mas
se colocou à disposição para acolhêlo, juntamente com marido e filhos,
em sua residência, em Olinda. Dona
Maria, mora sozinha em Jaqueira, a
150 km do Recife, e não tem estrutura para ficar com o filho em sua
casa, mas garante: “não vou fazer
falta na casa da minha neta”. A psicóloga Otília Frazão recebeu mãe e
sobrinha de João em uma sala para o
atendimento que durou um pouco
mais de uma hora onde foram colhidas todas as informações sobre a nova moradia e repassadas orientações
sobre as medicações, encaminhamento para o Caps, comportamento
adequado com relação à vizinhança,
entre outros assuntos.
Dona Maria intercalava as
respostas dadas à psicóloga com
orações de agradecimento (em voz
quase baixa), levantando o olhar
para o alto: “Meu Deus! Que glória! Muito obrigada”. Logo depois,
a psicóloga pede para levar João à
sala que em menos de dez minutos
chega com uma mala de rodinhas,
um ventilador, um colchão, uma
mochila nas costas e uma bolsa de
viagem, a mãe aproveita e acaricia
o seu rosto com a tranquilidade de
quem não tem mais pressa afinal, os
encontros não serão mais durante as
visitas no HCTP, mas quando bem
entenderem.