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DOEPE - Recife, 28 de fevereiro de 2018 - Página 5

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DOEPE 28/02/2018 - Pág. 5 - Poder Executivo - Diário Oficial do Estado de Pernambuco

Poder Executivo ● 28/02/2018 ● Diário Oficial do Estado de Pernambuco

Recife, 28 de fevereiro de 2018

Diário Oficial do Estado de Pernambuco – Poder Executivo

Ano XCV • N0 38 – 5

José Pimentel, um patrimônio
de muitas paixões
Camila Estephania

Ícone das artes cênicas pernambucanas, ator lembra sua trajetória luminosa, inaugurando
a série de reportagens especiais do Cultura.PE sobre os novos patrimônios vivos do Estado.
aseado em sua primeira experiência com o teatro durante uma apresentação escolar
quando criança, José de Souza Pimentel nunca diria que seria ator. O debute diante de
uma plateia foi traumatizante para o tímido menino nascido em Garanhuns no dia 11 de
agosto de 1935 e que passara a infância se mudando entre diversas cidades do interior
de Pernambuco, tais como Nazaré da Mata, Brejo da Madre de Deus, Salgadinho e Buenos Aires.
Aos dez anos de idade, a chegada conturbada ao Recife, após a morte do pai, foi o que finalmente
trouxe a necessidade de se destacar na grande cidade.
Conhecido até hoje por ser um homem multifunções, chegando a fazer direção, atuação, iluminação e cenografia em um só espetáculo, como a Paixão de Cristo do Recife, José Pimentel é fruto
de uma vida cheia de experiências diferentes. Por conta do orçamento apertadíssimo da família no
Recife, desde cedo o artista reconheceu, na ausência do pai, seu papel como primogênito e assumiu
a responsabilidade de manter a mãe e os três irmãos. Assim, acostumou-se a encarar diversas
atividades para adquirir renda. Desde ajudante de sala de aula de Ariano Suassuna, que foi seu
professor na Escola Prática Comercial, até como funcionário de oficina de eletrônicos.
“Muita gente não entende como é que eu faço tudo ao mesmo tempo. Não é fácil, mas é possível, é só querer aprender e prestar atenção. Eu fiz mil coisas na minha vida e fui entendendo sobre
um bocado de coisa. Antigamente, a tensão da rede era muito baixa no Arruda e a turma mandava
comprar os reguladores para equilibrar a tensão nos 220 volts. Certa vez, fui instalar em uma padaria por lá e fui descer do bonde em movimento, aí caí, mas com a prática, até de bonde em movimento eu aprendi a cair. Não é preciso ser gênio, é vida vivida”, brinca ele, ao explicar como foi
adquirindo tantas habilidades ao longo da vida.

B

A DESCOBERTA DO TEATRO
Embora a arte parecesse distante para um menino ocupado com atividades que traziam retorno
financeiro mais imediato, o teatro chamou Pimentel de maneira inusitada e despretensiosa e acabou
virando sua maior paixão. Aos 20 anos, o ator passou a dedicar parte do seu tempo aos cuidados
com o corpo até que chegou a competir como fisioculturista. Foi dessa atividade que surgiram os
primeiros registros sobre o artista na imprensa, onde foram veiculadas notícias sobre o seu vicecampeonato e o prêmio de “mais belas pernas” do páreo. A partir do levantamento de peso, Pimentel conheceu Otávio Catanho, o “Tibi”, que até hoje é um dos grandes amigos do garanhuense e foi
determinante em sua carreira.
A princípio, a parceria entre os dois se daria apenas na sociedade da academia Ginásio Poder Muscular, mas se estendeu para o teatro quando dois dos amigos de Tibi, Luiz Mendonça e Clênio Wanderley, pediram para que ele recrutasse alguns de seus atletas para atuar como soldados romanos, em
“O Drama do Calvário”, em 1956. Alguns meses depois, José Pimentel voltaria ao palco para
interpretar Pôncio Pilatos, na peça “Drama da Paixão”, do Grupo Dramático Paroquial, a qual considera sua verdadeira estreia no teatro. Apesar de ter sido relutante e não quisesse repetir a mesma
sensação que experimentou no teatrinho da escola, o ator não só topou as participações, como também, agora já acostumado com o público das competições de halterofilismo, tomou gosto pelo ofício.
Integrado ao Grupo Dramático Paroquial, passou a fazer parte de diversas montagens como
“Lampeão”, que foi sua primeira peça no palco italiano, até entrar para o Teatro Adolescente do
Recife. Foi através desse último grupo que Pimentel reencontrou Ariano Suassuna, desta vez como
ator para a primeira montagem de “A Compadecida”, em 1956, sob a direção de Clênio Wanderley.
Apesar de ter sido criticada no Recife e ter apresentações canceladas por falta de plateia, a peça se
consagrou no Rio de Janeiro, onde foi premiada como melhor espetáculo no I Festival de Amadores
Nacionais, em 1957. O sucesso foi tanto, que o grupo foi convidado a estender a temporada, contando com encenações no Theatro Municipal para espectadores ilustres, como o então presidente
Juscelino Kubitschek.
A CONSAGRAÇÃO E O CINEMA
“Foi uma coisa que a gente não imaginava. No outro dia, os jornais falavam desse grupo que saiu
do Recife, ficamos famosos. Foi um começo maravilhoso: parti do nada para fazer teatro na Praça
da Cinelândia”, relembra José Pimentel, sobre a experiência que lhe abriu as portas para se profundar
na arte e entrar no inventivo Teatro Popular Nordestino (TPN), que propunha leituras mais modernas
de textos de novos autores. Com o grupo, que habitualmente se apresentava no emblemático Teatro
de Arena, Pimentel não só trabalhou como ator em clássicos locais, a exemplo de “Eles não usam
black-tie”, como também ganhou confiança para assumir a direção de algumas montagens.
Paralelamente, o artista também despontava como ator de várias telenovelas da TV Jornal, entre
elas o sucesso “A Moça do Sobrado Grande”, e de filmes. No cinema, atuou nos longas-metragens
“Riacho de Sangue” (1966), “Faustão” (1971), “A Noite do Espantalho” (1974) e “Batalha dos
Guararapes” (1978). “Ir do teatro para o cinema foi algo maravilho para quem fazia teatro há pouco
tempo no subúrbio. Aconteceu de repente, porque a montagem de ‘A Compadecida’ foi uma revolução, fez tanto sucesso, que ficamos em alta. O cinema foi uma consequência disso e as equipes
que vinham do Sul batiam palmas para mim, porque eu já chegava com o texto todo bem trabalha-

FOTOS: DIVULGAÇÃO

NO DIA 13 de julho de 2017, José
Pimentel foi eleito Patrimônio Vivo
de Pernambuco pelo Conselho
Estadual de Preservação do
Patrimônio Cultural. Em 17 de
agosto do mesmo ano, recebeu o
diploma pelas mãos do governador
Paulo Câmara e da deputada
estadual Priscila Krause. Em sua
fala de agradecimento, Pimentel
ressaltou: “Eu quero, a partir
desse título, seguir com meu
trabalho com o teatro e nas artes
em geral, com honestidade, ética e
vontade de levar a todos o que eu
aprendi e o que eu tenho pra
aprender”
do. Fiquei com um cartaz danado”, lembra ele, que se inspirava em atores internacionais, como James Dean e Marlon Brando. “O cinema aqui em Pernambuco era incipiente. Quando se faziam filmes aqui, vinham os atores de fora e a gente fazia as pontas”, explica ele sobre a falta de referências
locais na área, tendo ele mesmo se tornado um dos nomes que preencheu esta lacuna.
JESUS CRISTO
Simultaneamente à sua evolução no teatro, também foi o seu papel dentro do espetáculo “Drama
do Calvário”, em Fazenda Nova que, a partir de 1968, passou a ser feito na recém-construída cidade-teatro de Nova Jerusalém e a se chamar “A Paixão de Cristo”. Depois de sua estreia como soldado romano, em 1956, Pimentel passou a integrar o elenco anualmente assumindo personagens
cada vez maiores como o Demônio e Pôncio Pilatos, além de ter refeito o texto da peça. Em 1969,
o ator passou a ser também o diretor do espetáculo propondo diversas mudanças, como o uso da
dublagem e a participação de convidados famosos em cenas que contavam com muitos figurantes,
que conferiram mais qualidade e popularidade ao espetáculo.
Somente em 1978, José Pimentel assumiu o papel principal d’A Paixão de Cristo, pelo qual ficou mais conhecido. Até 2017, seu último ano na pele de Jesus, foram 39 anos ininterruptos interpretando o Nazareno, 21 desses somente com a Paixão de Cristo do Recife, que o próprio artista
criou em 1996, após se despedir dos cargos de protagonista e diretor da Paixão de Cristo de Nova
Jerusalém. “As pessoas pensam que me agarrei ao papel e não quero largar. Já larguei e estou ensaiando outro Cristo para me substituir. Eu queria mostrar que era possível fazer uma Paixão sem
precisar ir a Nova Jerusalém. Não tenho apego a esse papel por conta de religião, porque não tenho
religião definida. Fiquei nesse papel porque fiz uma vez e gostei do que fui descobrindo. Não quero
ser igual a Cristo, mas o fato de fazê-lo por tanto tempo foi me modificando, fui absorvendo o texto”.
JORNALISMO
Em 1975, a ator se formou também em Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco
e a partir de então também passou a trabalhar na formação de novos comunicadores, primeiro como
professor da Unicap entre 1976 e 1979, depois como docente da UFPE, a partir de 1979 até a década de 1990. Na função, pôde repassar o conhecimento que adquiriu nos bastidores do teatro, cinema e televisão, na qual trabalhou como produtor de diversos programas da TV Jornal, inclusive
o Sinal Fechado, do qual também foi apresentador na década de 1970. Nos anos de 1980, o mesmo
programa também virou coluna no impresso Jornal da Semana, sendo considerada um desafio à
censura da ditadura militar.
Atualmente, o artista continua se dedicando à realização da Paixão de Cristo do Recife, que já
se tornou uma tradição da Semana Santa da Capital pernambucana. Entre outros temas recorrentes
na sua carreira e com os quais o ator trabalha até hoje, também está o cangaço. Momento histórico
de Pernambuco que já lhe rendeu trabalhos como ator e diretor em grandes montagens como o
“Massacre de Angico”, encenada em Serra Talhada, reiterando a importância e alcance do trabalho
de Zé Pimentel do Sertão ao Litoral do Estado.

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