Pular para o conteúdo
Tribunal Processo
Tribunal Processo
  • Diários Oficiais
  • Justiça
  • Contato
  • Cadastre-se
Pesquisar por:

DOEPE - 6 – Ano XCV • N0 50 - Página 6

  1. Página inicial  > 
« 6 »
DOEPE 17/03/2018 - Pág. 6 - Poder Executivo - Diário Oficial do Estado de Pernambuco

Poder Executivo ● 17/03/2018 ● Diário Oficial do Estado de Pernambuco

6 – Ano XCV • N0 50

Diário Oficial do Estado de Pernambuco – Poder Executivo

Recife, 17 de março de 2018

O mestre chorão mais
antigo do Brasil
Marcus Iglesias

Aos 94 anos, mais de 70 deles
dedicados à música, Mestre Chocho
é também Patrimônio Vivo de
Pernambuco desde 2017.
alvez muita gente não saiba que o mais antigo chorão em atividade no Brasil
é pernambucano - outra
megalomania, das bonitas, pra coleção do Estado. Otaviano do Monte,
conhecido como Chocho do Bandolim, ou, de forma mais honrosa, como
Mestre Chocho, nasceu no dia 12 de
fevereiro de 1924, no Cabo de Santo
Agostinho. São 94 anos de vida e
mais de 70 dedicados à música e ao
choro, ao prazer de fazer as pessoas se
sentirem bem através da arte, razão
pela qual, em 2017, ao lado de outros
cinco nomes da cultura popular,
recebeu o título de Patrimônio Vivo
de Pernambuco.
A história de Chocho é um clássico da boemia que passou a reinar no
Recife em meados da década de 40,
com a explosão das rádios e programas de música pela Capital pernambucana. Também traz muita amizade,
família e referências ao bairro por
onde morou e mora há décadas, o
bairro de Prazeres, no Jaboatão dos
Guararapes. Carinho e envolvimento
que se traduzem no apelido, sua marca registrada, que, segundo ele, veio
dos avós. “Quando eu era criança, eu
tinha problema de cansaço. Naquele
tempo a gente chamava de puxado.
Isso me deixou bem magrinho, e aí
ficaram me chamando de Chocho",
lembra o mestre, abrindo um sorriso.
Mesmo sem nunca ter frequentado
uma escola musical, Mestre Chocho
aprendeu a arte com os ouvidos, a
prática e a coragem de correr atrás do
que mais gostava: tocar nas serestas e
farras com os amigos. Assim como a
maioria dos jovens da época e da
atualidade, começou primeiro com o
violão. “Muito cedo, com 12 ou 13
anos, mas naquela curiosidade de criança. Meu primeiro professor foi um
tio. Zé Vital era o nome dele, mas a
gente o chamava de Tio Zé. Era irmão
da minha mãe. Outra pessoa com
quem aprendi muito foi o radialista Zé
do Carmo Bendito Santo, que tinha
um programa de seresta na Rádio Clube. Eu escutava aquilo e pesquisava
muita coisa a partir dali”, detalha.
Até os 20 anos, Chocho morou em
várias praias do litoral pernambucano, como Candeias e Boa Viagem,

T

mas sempre com a disposição de se
juntar com colegas e tirar um som.
“Quando eu tinha essa idade, encontrei um pessoal em Boa Viagem, dali
da Aeronáutica, que tocava também.
Eu era fraquinho na época,
mas enfrentei assim mesmo e
fui adiante. Não demorou muito tempo pra chegarem até
mim e falarem que não podiam
mais tocar comigo porque eu
estava muito adiantado”, relembra, com sabor de vitória.
“Anos mais tarde, fiz uma música, mostrei a um amigo que
deu a ela o nome de Derramada no Deserto. Na época,
tinha um programa de calouros
na Rádio Jornal, no início dos
anos 1950, bem disputado. Fui
lá e me inscrevi, e quando eu vi
o resultado tinha tirado o segundo
lugar”. Nasceu então o primeiro
sucesso de Chocho.
Apesar do talento e disposição, a
música nunca foi sua principal fonte
de renda e Mestre Chocho trabalhou
boa parte da vida como mestre de
obras. “Com 29 anos eu já estava casado e fui demitido da firma em que
trabalhava. Recebi uma indenização e
decidi tentar a sorte no Rio de Janeiro
com a minha família. Admito que
quando cheguei lá eu tinha muita intenção de música, mas quando o tempo passou, vi que não ia dar certo”, lamenta. “Fui então de novo ao escritório da firma que trabalhei no Recife e,
como conhecia o dono, o Doutor
Erasto, pedi trabalho a ele, que ficou
muito feliz de me ver por lá e me
mandou pra um serviço no Cabo Frio
e Arraial do Cabo. Chegando lá, tinha
toda uma turma que eu trabalhei no
Recife, foi um ambiente familiar. Mas
quando quis voltar pro Recife, dois
anos depois, o Doutor Erasto me deu
todo apoio”, disse, comovido.

nha meu cantinho. Eu estava com
saudade de casa, e quando voltei me
juntei com uns colegas pra arrumar
uns serviços de obra. Fiz novos amigos, e um deles, chamado Josué, gostava muito de tocar comigo. Tivemos
então a ideia de ficar ensaiando todo
sábado. Nessa época, eu já estava dominando o cavaquinho, porque dois
irmãos meus tocavam violão e eu ficava com esse instrumento nas rodas
de choro e seresta”.
“Um dia, Josué me apareceu com
um bandolim e me desafiou. ‘Se você

sente’. Eu nunca havia tocado num
bandolim na vida, só tinha ouvido
falar. Trouxe pra casa, e depois dos
trabalhos eu ficava ensaiando, de segunda a sábado. Com isso, não só
aprendi as músicas, como também fiz
uns arranjozinhos”, se vangloria.
“Quando eu fui até a casa do Josué
no dia do ensaio, menti e disse que
não tinha conseguido aprender nada.
Ele ficou meio frustrado, mas fomos
ensaiar com violão e cavaquinho
mesmo. Aí, depois que tomei umas,
eu disse: ‘compadre, me dá esse bandolim aí que não é possível
que a gente não consiga
tocar nada’. Peguei o instrumento e toquei a música
do desafio, e ele ficou rindo
sem acreditar, me xingando
de tudo que é coisa. Foi a
partir daí que larguei o
cavaquinho e fiquei tocando
bandolim”.
Chocho tem na memória
muitas boas lembranças do
lendário grupo Choro UniMESTRE CHOCHO dos dos Guararapes, formado pelos amigos Josué, Ângelo e Cosme, que por mais
no próximo ensaio tocar pra mim a de 30 anos tocaram na Roda de Choro
música Diabinho Maluco, de Jacob do Quintal do Cosme. O local se
do Bandolim, eu vou lhe dar uma ra- tornou um dos pontos de encontro dos
diola portátil e um disco dele de pre- chorões pernambucanos mais impor-

“Uma coisa que pedi
ao Governador foi para
que ele não esquecesse
daqueles que merecem
esse prêmio”

tantes do Recife.
De 2015 pra cá, o mestre recebeu
uma enxurrada de homenagens e premiações. Festival do Choro João Pernambuco; 70 anos de carreira - Chocho: 70 anos de Cordas Musicais; Documentário Chocho: 70 anos de cordas musicais; Patrimônio Vivo de Pernambuco; e, recentemente, o Bloco da
Saudade, grupo em que o mestre
atuou por vários anos, também o homenageou. No entanto, para o mestre,
a mais simbólica foi a feita pela
produtora Naara Santos, em comemoração aos seus 50 anos de música.

PATRIMÔNIO VIVO
Uma das coisas que o Mestre
Chocho disse ao governador Paulo
Câmara na ocasião em que recebeu o
título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, no Teatro de Santa Isabel,
foi que “ele não esquecesse daqueles
que merecem esse prêmio”. E ele
explica o motivo: “pra mim foi muito
importante recebê-lo. Primeiro porque não é qualquer pessoa que recebe. Tem que merecer pra receber.
Dona Isabel, a presidente do Bloco
da Saudade, disse pra mim que ficou
maravilhada com o que eu disse. Mas
é porque é a verdade. A gente tem
que torcer pelos outros também, não
vamos pensar só na gente”.
FOTO: JAN RIBEIRO/SECULT-PE

BANDOLIM E CHORO NO
QUINTAL DO COSME
A volta ao Recife, além de colocar
o mestre em contato com a terra-natal, fez com que ele se aprofundasse
em outros dois instrumentos, o cavaquinho e, finalmente, o bandolim.
“Vendi minhas coisas que tinha lá no
Rio de Janeiro e chegando aqui já ti-

ASSIM como a maioria dos jovens da época
e da atualidade, o artista enveredou pelo caminho
da música, primeiramente com o violão

  • O que procura?
  • Palavras mais buscadas
    123 Milhas Alexandre de Moraes Baixada Fluminense Belo Horizonte Brasília Caixa Econômica Federal Campinas Ceará crime Distrito Federal Eduardo Cunha Empresário Fortaleza Gilmar Mendes INSS Jair Bolsonaro Justiça Lava Jato mdb Minas Gerais Odebrecht Operação Lava Jato PCC Petrobras PL PM PMDB Polícia Polícia Civil Polícia Federal Porto Alegre PP preso prisão PSB PSD PSDB PT PTB Ribeirão Preto Rio Grande do Sul São Paulo Sérgio Cabral Vereador  Rio de Janeiro
  • Categorias
    • Artigos
    • Brasil
    • Celebridades
    • Cotidiano
    • Criminal
    • Criptomoedas
    • Destaques
    • Economia
    • Entretenimento
    • Esporte
    • Esportes
    • Famosos
    • Geral
    • Investimentos
    • Justiça
    • Música
    • Noticia
    • Notícias
    • Novidades
    • Operação
    • Polêmica
    • Polícia
    • Política
    • Saúde
    • TV
O que procura?
Categorias
Artigos Brasil Celebridades Cotidiano Criminal Criptomoedas Destaques Economia Entretenimento Esporte Esportes Famosos Geral Investimentos Justiça Música Noticia Notícias Novidades Operação Polêmica Polícia Política Saúde TV
Agenda
julho 2025
D S T Q Q S S
 12345
6789101112
13141516171819
20212223242526
2728293031  
« mar    
Copyright © 2025 Tribunal Processo