DOEPE 12/06/2019 - Pág. 1 - Poder Executivo - Diário Oficial do Estado de Pernambuco
Diário Oficial
Estado de Pernambuco
Ano XCVI • N0 110
Poder Executivo
Recife, quarta-feira, 12 de junho de 2019
Festival de Inverno de Garanhuns
homenageará Jackson do Pandeiro
F
Centenário do
músico paraibano,
nascido em 31 de
agosto de 1919, será
festejado em todo o
País, inclusive na 29a
edição do FIG, que
acontece entre os
dias 18 e 27 de julho.
R
espeitando a tradição de
sempre celebrar figuras
expressivas da arte e cultura brasileiras, o 29o Festival de
Inverno de Garanhuns anuncia o
homenageado de sua edição 2019:
o paraibano Jackson do Pandeiro
que, nascido em 31 de agosto de
1919, tem seu centenário festejado
este ano, em todo país. Honrar a
memória e a arte de Jackson é reconhecer sua definitiva influência
para a identidade de uma genuína
música que nasce nas batidas do
cancioneiro nordestino, mas com
tal capilaridade que vai chegar em
modos de cantar e tocar de artistas
de seguidas gerações, movimentos
musicais e territórios. A alcunha
de Rei do Ritmo não foi uma mera
estratégia mercadológica: o suingue, as batidas e as divisões vocais
de Jackson foram tão decisivas
quanto as impressas por outros
:D
O
,
o ritmo e as divisões
vocais de Jackson
influenciaram gerações
de músicos e lhe
garantiram a alcunha
de Rei do Ritmo
grandes do ritmo, como Simonal,
Toni Tornado ou Jorge Ben.
O Governo de Pernambuco,
por meio da Secretaria de Cultura
e da Fundarpe confirma que um
grande concerto está sendo montado para ser apresentado ao público
do 29o FIG, que este ano acontece
de 18 a 27 de julho, em cerca de
vinte polos, distribuídos pelo município de Garanhuns.
“Jackson foi um gênio da nossa música e a escola de ritmos que
criou influenciou e continua a in-
fluenciar gerações de artistas. As
divisões rítmicas que criou com
a voz, somado às batidas do seu
pandeiro, ao mesmo tempo a uma
poética diversificada, lhe conferem
uma sofisticação e um lugar de destaque no hall dos maiores nomes da
MPB. É uma honra realizar o FIG
2019 tendo Jackson como homenageado, no ano do seu centenário”,
destaca o secretário de Cultura de
Pernambuco Gilberto Freyre Neto.
O presidente da Fundarpe Marcelo Canuto destaca que a maestria de Jackson do Pandeiro na
música brasileira alcançou artistas
das mais variadas vertentes e não
apenas os da chamada “música
nordestina”. “De Luiz Gonzaga,
a Alceu Valença, Elba e Geraldo
Azevedo, passando por Gil, Lenine, pernambucanos como Silvério Pessoa e diversos forrozeiros
nossos. Artistas do samba e até do
rock brasileiros têm em Jackson
uma inflluência, um formador. O
que estamos fazendo, trazendo
essa homenagem pro FIG, é também um movimento de reativar
a memória e a obra deste artista
ímpar da nossa música, sobretudo
para o público mais jovem. Jackson do Pandeiro vai dar a tônica do
FIG 2019”, diz Marcelo Canuto.
Marcelo Canuto fez o comunicado oficial à família de Jackson,
através de seu sobrinho, José Gomes, percussionista que também
toca pandeiro, numa influência
incontestável da obra do tio em
sua vida. O único da família, aliás
que deu seguimento ao lado artístico da família.”Meu contato vem
de berço, nasci no berço do forró,
no berço do ritmo, e Jackson é
uma grande influência nacional,
é imenso para vários segmentos
de artistas, até gente do rock, do
samba, do pagode vem me dizer o
quanto o admiram”, relata o sobrinho de Jackson.
H
- Além do centenário, Pernambuco tem outro motivo
bem especial para render homenagem a Jackson. Foi aqui no estado
que o artista consagrou seu nome
e estourou para todo país. Nascido
José Gomes Filho, apesar da infância dura, brincava de ser artista
desde pequeno. Criou um personagem de filme de faroeste, o bandido Jack Perry. Depois que o pai, o
oleiro José Gomes faleceu, ele mudou-se com a mãe, a artista popular, cantadora de cocos Flora Mourão, para Campina Grande. Em
Alagoa Grande, onde nasceu, já
acompanhava Dona Flora em suas
apresentações, tocando zabumba.
Mas foi em Campina que começou
a tocar pandeiro e o nome do Jack,
seu personagem de infância, serviu
bem para codinome artístico: virou
Jack do Pandeiro.
Cinema e música eram o que
dava alegria a Jackson. A feira da cidade era o endereço para se encontrar com os emboladores de coco e
repentistas. Aos 17 anos, a arte falou
mais alto e Jack finalmente foi tocar como percussionista do conjunto musical do Clube Ipiranga, em
Campina Grande. Começou a fazer
sucesso na cidade quando, já se assumindo como um artista solo, Jack
do Pandeiro, começa a fazer dupla
com José Lacerda, irmão mais velho
de Genival Lacerda.
Antes de vir morar no Recife,
passou um tempo em João Pessoa,
onde tocou em cabarés e depois foi
contratado pela Rádio Tabajara,
atuando com o nome artístico de
Zé Jack. A fama só crescia e, quando chegou ao Recife, em 1948, foi
para trabalhar na Rádio Jornal do
Commercio. Jack foi convencido
finalmente a mudar o nome para
Jackson do Pandeiro, que lhe conferia uma maior força sonora.
Foi em Pernambuco, em 1953,
que Jackson, formando dupla com o
já famoso Rosil Cavalcanti, gravou
seu primeiro disco. O compacto 78
rpm, lançado pelo selo Copacabana,
continha as músicas que lançariam
seu nome para todo país: Sebastiana, de autoria de Rosil; e Forró em
Limoeiro, de Edgar Ferreira. Foram muitos os feitos, os marcos, os
discos, os sucessos. O que Jackson
criou foi tão único e grandioso que
permanece vivo, pulsante, irresistível. Salve Jackson do Pandeiro!
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