DOEPE 05/10/2022 - Pág. 1 - Poder Executivo - Diário Oficial do Estado de Pernambuco
Diário Oficial
Estado de Pernambuco
Ano XCIX • No 191
Poder Executivo
Recife, quarta-feira, 5 de outubro de 2022
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Nicácio Belfort usa a educação
para transformar a vida de
quem cruza seu caminho
Na série “Servidores que Inspiram”, conheça esse professor
de história e ativista social de Belém de São Francisco.
A
creditar que a educação pode transformar vidas e melhorar o mundo de
alguma forma. Este é o lema de Nicácio Belfort, professor da Rede Estadual de Ensino há
18 anos. Nascido e criado em Belém
do São Francisco, no Sertão do Estado, encontrou na educação uma trilha
a ser desenvolvida, sem descuidar,
também, das ações sociais em favor
de quem mais precisa.
Irmão de duas professoras, Nicácio
descobriu cedo o amor pelo conhecimento. No Colégio Nossa Senhora do
Patrocínio, onde cursou a 7a série do
Ensino Fundamental, teve aula de história com uma professora que usava
da criatividade como recurso pedagógico e atraiu a atenção do jovem estudante. Até hoje, a professora Edilene
Vilaça é lembrada com carinho. “Naquela época não tínhamos internet, só
retroprojetor. Ela chegava com muitas fotos do assunto que ia trabalhar
na aula, livros, enciclopédias… Aquilo me atraía e até digo que me ajudou
na didática que tenho hoje”, lembra o
professor de história, que escolheu a
licenciatura por influência da mestra.
Aprovado no concurso público
aos 24 anos, ele se lembra das primeiras aulas após ser nomeado professor
da Rede Estadual de Ensino. “Foi desafiador e ao mesmo tempo prazeroso saber que, de alguma forma, ia ajudar alunos e também ser parte da vida
deles. Sempre fui um professor amigo”, conta.
No mesmo período em que começava a carreira na educação, Nicácio
deu início a um projeto pessoal com
a intenção de ajudar pessoas na comunidade. O projeto social “Fazendo
o Bem” reúne voluntários em ações
que promovem o bem-estar e saúde,
além de colaborar com o desenvolvimento da comunidade. Durante a
pandemia, por exemplo, o projeto
doou aparelhos telefônicos para estudantes poderem acompanhar as
aulas remotas.
Alegre, ele comenta que fica ainda mais feliz ao receber feedbacks
de jovens que foram seus alunos.
“Certa vez, encontrei uma aluna e ela contou que amava as aulas, gostava de quando eu incentivava a correrem atrás dos sonhos e
que eles iriam conseguir. Ela também contou que terminou a graduação e tem emprego, fiquei emocionado”, afirmou.
Além de professor e ativista social, Nicácio é escritor e também
tem formação em Direito. Lançou
em 2020 o livro “João e o cabelo
mais lindo do mundo”, que levanta uma reflexão a ser passada para
as crianças já na primeira infância:
um olhar para o outro com igualda-
de. A personagem central é um menino negro e que não aceita o cabelo. Mas no decorrer da história,
tudo muda. João acaba conhecendo outras pessoas que o ajudam em
sua trajetória. As pessoas que cruzam seu caminho têm autismo, vitiligo, pessoas com deficiência, etc.
Esses encontros serão contados em
outros volumes do livro.
Há cerca de dois anos, Nicácio assumiu mais um desafio em
sua carreira: ser o responsável pela biblioteca da Escola de Referência Ensino Fundamental e Médio
(EREFEM) Doutor Alípio Lustosa, em Belém de São Francisco. Para ele, o trabalho do coordenador é
mostrar que a biblioteca é lugar de
muitos projetos. “Só mudou o local.
As aulas modificaram um pouco,
mas o intuito é sempre levar os estudantes um passo à frente”, diz.
Para o futuro, ele pensa em desenvolver uma escola antirracista, e seguir estimulando nos jovens
a criatividade, em turnos extras.
Mas de onde vem tanta vontade de
mudança? Qual a motivação para a transformação social que Nicácio busca com seus ensinamentos e projetos? “Gratidão por todas
as pessoas e mestres que me ajudaram. Sinto que são como uma corrente do bem. Acredito que tudo
que a gente faz, volta pra gente de
alguma forma. Isso é o que me impulsiona a ser uma pessoa melhor a
cada dia”, conclui o educador.
N
também é escritor: em
2020 lançou o livro “João e o
cabelo mais lindo do mundo”, onde
a personagem central é um menino
negro que não gosta do seu cabelo,
mas que vai conhecendo outras
pessoas que o ajudam em sua
trajetória de aceitação
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