‘Massacre de Paraisópolis’: Justiça de SP ouvirá em 2025 testemunhas de defesa dos 12 PMs acusados de matar 9 jovens em baile funk

Sexta audiência do caso está marcada para 31 de janeiro no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste. Réus respondem em liberdade. Essa etapa do processo servirá para juiz decidir se levará acusados a júri. Interrogatório dos policiais militares ainda não foi marcado.

A Justiça de São Paulo marcou para as 10h do dia 31 de janeiro de 2025 a sexta audiência de instrução do caso que ficou conhecido como “Massacre de Paraisópolis”. Estão previstos os depoimentos de oito testemunhas de defesa arroladas pela Justiça.

Elas são testemunhas dos 12 policiais militares acusados pela ação que deixou nove jovens mortos e outros 12 feridos em 1º de dezembro de 2019 durante um baile funk na comunidade da Zona Sul.

“Os réus não serão interrogados”, segundo informou o Tribunal de Justiça (TJ), por meio de nota. Ainda não há data de quando será marcado o interrogatório dos réus.

Os agentes da Polícia Militar (PM) respondem por homicídio por dolo eventual de nove jovens (por terem assumido o risco de matá-las quando as encurralaram num beco em Paraisópolis) e lesão corporal na mesma modalidade eventual de 12 vítimas (por assumirem o risco de feri-las).

Um 13º agente que era acusado de expor pessoas a perigo ao soltar explosivos nelas (quando estavam sem saída) foi beneficiado por medida prevista em lei e teve o processo suspenso por dois anos se cumprir algumas medidas impostas pela Justiça.

Todos os acusados respondem aos crimes em liberdade. Os 12 PMs deverão comparecer à sessão que ocorrerá no plenário dez do Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste da capital.

O processo do homicídio apura as responsabilidades dos PMs pelas mortes das vítimas. Na primeira audiência, em 25 de julho do ano passado, foram ouvidas nove testemunhas de acusação e uma comum às partes.

A segunda audiência ocorreu em 18 de dezembro de 2023 com a participação de três testemunhas, sendo duas pesquisadoras e consultoras forenses e a terceira, protegida.

Na terceira audiência, em 17 de maio de 2024, a Justiça ouviu mais dez testemunhas. Na quarta audiência, em 26 de junho, foram ouvidas mais cinco testemunhas. E na quinta audiência, em 2 de agosto, foram ouvidas duas testemunhas.

A audiência de instrução é uma etapa do processo que serve para a Justiça decidir se há elementos suficientes de que os réus cometeram algum crime. Se isso for confirmado, o juiz Antonio Carlos Pontes de Souza, da 1ª Vara do Júri, levará os acusados a júri popular e marcará uma data para o julgamento.

Indenizações

Segundo a Defensoria Pública, as famílias das vítimas já foram indenizadas pelos assassinatos cometidos pelos PMs. Os pagamentos ocorreram em 2021 por determinação do governo de São Paulo após representação do órgão.

De acordo com o Ministério Público (MP), há quatro anos os agentes da Polícia Militar entraram em Paraisópolis e encurralaram as vítimas num beco sem saída, provocando as mortes de nove jovens. Sendo oito delas por asfixia e um por traumatismo, de acordo com laudo da perícia da Polícia Tecnico-Científica. Nenhum dos mortos morava no bairro. A acusação é feita pela promotora Luciana Jordão.

Os PMs alegaram que perseguiam dois suspeitos de roubo que estavam numa moto — que nunca foram encontrados. Em suas defesas, disseram ainda que as vítimas morreram acidentalmente ao serem pisoteadas após um tumulto provocado pelos bandidos.

Mais de 5 mil pessoas estavam se divertindo no local e saíram correndo após a intervenção policial, segundo mostram vídeos gravados por testemunhas e câmeras de segurança e acabaram compartilhados à época nas redes sociais (veja nesta reportagem).

Segundo a Promotoria, os PMs fecharam as vias de acesso ao baile e impediram os frequentadores de deixar uma viela da comunidade. Depois passaram a agredir os jovens, provocando tumulto.

Vídeos de agressões

Vídeos gravados por moradores mostram as agressões durante a dispersão. Ainda de acordo com a denúncia da Promotoria, os PMs deram golpes de cassetetes, garrafas, bastões de ferro e gás de pimenta. Um dos policiais lançou um morteiro contra a multidão.

Depois os PMs jogaram bombas em direção às vítimas. Muitas pessoas não conseguiram sair do beco e morreram sufocadas, prensadas umas às outras. Laudo necroscópico confirmou que a maioria delas morreu asfixiada por sufocação indireta.

Além da condenação, o MP requer a fixação de valor mínimo para reparação dos danos materiais e morais causados pelas infrações.

Atualmente, todos os PMs réus no caso do Massacre de Paraisópolis estão afastados do patrulhamento de rua, mas continuam trabalhando administrativamente na corporação.

Somente um dos PMs acusados não continua mais na corporação: foi expulso por ter cometido uma infração disciplinar grave que não tem relação com as mortes dos nove jovens. A Polícia Militar não informou qual foi a irregularidade.

12 PMs réus
Veja abaixo quem são os 12 PMs réus acusados de envolvimento nas mortes das vítimas em Paraisópolis e por quais crimes respondem. Um outro PM acabou tendo o processo suspenso por estar envolvido no caso da explosão de uma bomba:

tenente Aline Ferreira Inácio – acusada de homicídio
subtenente Leandro Nonato – homicídio
sargento João Carlos Messias Miron – homicídio
cabo Paulo Roberto do Nascimento Severo – homicídio
Luís Henrique dos Santos Quero – homicídio (ex-cabo da PM; foi expulso da corporação por outros motivos não informados)
cabo Gabriel Luís de Oliveira – homicídio
soldado Anderson da Silva Guilherme – homicídio
soldado Marcelo Viana de Andrade – homicídio
soldado Mateus Augusto Teixeira – homicídio
soldado Rodrigo Almeida Silva Lima – homicídio
soldado José Joaquim Sampaio – homicídio
soldado Marcos Vinicius Silva Costa – homicídio
PM com processo suspenso
soldado José Roberto Pereira Pardim – foi acusado de explosão (mas teve o processo suspenso pelo fato de a pena que poderia receber ser menor do que quatro anos de prisão)

9 mortos após ação da PM

Eles são acusados de participar dos assassinatos de nove pessoas; veja quem são as vítimas e como morreram:

Mateus dos Santos Costa, 23 anos, morreu por traumatismo
Gustavo Xavier,14 anos, morreu por asfixia
Marcos Paulo Oliveira, 16 anos, morreu por asfixia
Gabriel Rogério de Moraes, 20 anos, morreu por asfixia
Eduardo Silva, 21 anos, morreu por asfixia
Denys Henrique Quirino, 16 anos, morreu por asfixia
Dennys Guilherme dos Santos, 16 anos, morreu por asfixia
Luara Victoria de Oliveira, 18 anos, morreu por asfixia
Bruno Gabriel dos Santos, 22 anos, morreu por asfixia
De acordo com o Ministério Público (MP), há quatro anos policiais militares entraram em Paraisópolis e encurralaram as vítimas num beco sem saída, provocando as mortes de oito delas por asfixia e uma por traumatismo. A acusação é feita pela promotora Luciana Jordão.

Os PMs alegaram que perseguiam dois suspeitos de roubo que estavam numa moto — que nunca foram encontrados. Em suas defesas, disseram ainda que as vítimas morreram acidentalmente ao serem pisoteadas após um tumulto provocado pelos bandidos.

Batalhão da PM é mais letal

O batalhão da Polícia Militar responsável pela ação que deixou nove jovens mortos e outros 12 feridos no “Massacre de Paraisópolis” é o mais letal da cidade de São Paulo, segundo relatório do Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos (NECDH) da Defensoria Pública.

Segundo o estudo, ao qual o g1 teve acesso, o 16º Batalhão matou 337 pessoas entre 2013 e 2023. Nenhum dos outros 30 batalhões regulares da capital paulista acumulou tantas “mortes decorrentes de intervenções policiais” (MDIP) como o 16º nos últimos dez anos.

De maneira geral, os PMs réus no processo alegam por meio de suas defesas que dois suspeitos na moto, que nunca foram identificados ou presos, teriam entrado na festa e atirado na direção das viaturas que os perseguiam, provocando pânico entre os frequentadores, que correram para uma viela onde teriam tropeçado uns sobre os outros. O lugar não tem saída e é conhecido como Viela do Louro.

Segundo os policiais, houve resistência dos frequentadores, que teriam agredido os agentes com paus, pedras e garrafadas. Os policiais disseram que, por segurança, foi preciso usar cassetetes, balas de borracha, bombas de gás e de efeito moral para dispersar a multidão que participava do evento.

Entre 5 mil e 8 mil pessoas participavam do tradicional Baile da DZ7 naquela madrugada na comunidade de Paraisópolis. O ritmo do funk ecoava nas caixas de som animando uma juventude que se reuniu para celebrar a vida na periferia em três ruas: Rodolfo Lutze, Iratinga e Ernest Renan.

 

Donos de clínica em SP em que paciente foi torturado e morreu dizem que não estavam no local no dia do crime

Estabelecimento foi interditado pela Vigilância Sanitária de Cotia; segundo a gestão municipal, ele é clandestino. Em 2019, os donos se tornaram réus por maus-tratos contra adolescentes, mas o crime prescreveu. ‘Cobri no cacete’, disse suspeito em áudio.

Os donos da clínica de reabilitação em que um paciente foi torturado e morto na última sexta-feira (5), na Grande São Paulo, afirmam que não estavam no local no dia do crime.

O principal suspeito, Matheus de Camargo Pinto, de 24 anos. Cenas do crime foram registradas em vídeo por ele, que é funcionário do estabelecimento 

Segundo a advogada dos proprietários da clínica, Terezinha Azevedo, Matheus é ex-dependente químico e procurou a Comunidade Terapêutica Efata, em Cotia, em busca de trabalho. Ele atuava na clínica havia uma semana e estava em período de experiência, apontou a defensora.

Azevedo também declarou que seus clientes não iriam comentar a morte do paciente porque estão abalados.

“Nunca aconteceu nada disso [de algum paciente ser agredido e morrer]. Esse Matheus, não estava escrito na testa dele que ele era torturador, né? Ele quer tirar a culpa dele. Ele agride um paciente até a morte e não assume”, relatou a advogada.

A Prefeitura de Cotia informou na terça (9) que a clínica de reabilitação era clandestina. Uma equipe da Vigilância Sanitária esteve no endereço nesta terça-feira (9), interditou o local e atestou que a clínica particular não tem nenhum tipo de autorização para funcionamento.

A gestão municipal disse, ainda, que uma equipe da Secretaria da Saúde identificou sinais de maus-tratos a outros pacientes. E que foi dado início ao trabalho de profilaxia, além da avaliação dos internos para verificar se precisam de atendimento.

A defesa dos donos da clínica informa, no entanto, que, segundo os proprietários, o estabelecimento não é clandestino, está regularizado e tem autorização para funcionar.

O vídeo, que circula nas redes sociais, mostra o paciente com as mãos amarradas para trás, preso a uma cadeira. Na mesma filmagem, aparecem ao menos quatro rapazes rindo da situação. Matheus é quem teria gravado o conteúdo.

Na segunda (8), o paciente foi levado para um posto de saúde em Vargem Grande do Sul, cidade vizinha, na região metropolitana. A equipe médica constatou a morte dele em seguida.

Em 2020 e 2021, em outro caso, os proprietários da clínica foram declarados réus pela Justiça por maus-tratos a quatro adolescentes, mas o crime prescreveu (leia mais abaixo).

Investigação

O paciente foi identificado como Jarmo Celestino de Santana, de 55 anos. Segundo a Guarda Civil Municipal (GCM), que foi acionada para atender a ocorrência, dois funcionários da Comunidade Terapêutica Efata foram levados para a Delegacia Central de Cotia para esclarecer o que ocorreu.

Durante as investigações, a Polícia Civil apurou que Matheus enviou um áudio por WhatsApp para outra pessoa, na qual confirma ter agredido Jarmo (veja abaixo o que foi dito):

“Cobri no cacete, cobri… chegou aqui na unidade… pagar de brabo… cobri no pau. Tô com a mão toda inchada”, disse Matheus, segundo a delegacia que investiga o caso.

O delegado Adair Marques Correa Junior, da Delegacia Central de Cotia, afirmou que Matheus admitiu em seu interrogatório ter feito uso da “força para conter o paciente que estava muito agitado”.

“Ele também confirmou que quem gravou o vídeo foi ele”, falou o delegado. “Ele não falou sobre o áudio, mas é inquestionável que a mensagem é de Matheus, porque a voz é dele.”

Nesta terça (9), ele passou por audiência de custódia na Justiça, que converteu a prisão em flagrante dele em preventiva, para que fique detido sem prazo para sair.

Outros funcionários da Comunidade Terapêutica Efata serão investigados pela polícia, que tentará saber se eles participaram da tortura ou foram omissos ao não impedi-la. Outros rapazes aparecem na filmagem. A delegacia apura se eles trabalham na clínica ou se são empregados de alguma empresa terceirizada responsável pela remoção do paciente até o local.

Os proprietários da clínica também serão ouvidos na investigação.

Investigação por maus-tratos em 2019
O casal Cleber Silva e Terezinha Conceição, proprietários da clínica, já respondeu criminalmente por maus-tratos contra quatro adolescentes internados em outra unidade terapêutica gerida por eles, em 2019.

Na denúncia, o Ministério Público (MP) apontou que eles ofereciam apenas alimentação básica aos jovens — como sopa, salsicha e ovo —, além de obrigarem os adolescentes a trabalharem como ajudantes de pedreiro para que pudessem ganhar doces e cigarros em troca.

No entanto, o g1 apurou que o crime de maus-tratos prescreveu. Em outras palavras, a Justiça declarou a extinção da punibilidade em razão da prescrição dos crimes. Ou seja, o Estado perdeu o direito de aplicar a pena por conta da inércia ao longo de determinado tempo.

 

Justiça condena dois por estelionato contra Juliana Paes, Murilo Rosa e Luis Fabiano, e determina devolução de R$ 1,3 milhão às vítimas

Vítimas foram atraídas para ‘investimento’ de compra de veículos seminovos que seriam supostamente revendidos a concessionárias, mas o esquema era uma pirâmide financeira, concluiu a Justiça. Um homem e a ex-mulher foram condenados; outros quatro foram absolvidos.

A Justiça de São Paulo condenou um homem e a ex-esposa a 3 anos em regime aberto por estelionato pelo “investimento” que prometia até 8% de lucro ao mês e atraiu famosos, como os atores Juliana Paes, Murilo Rosa e o ex-jogador Luis Fabiano. Cabe recurso da decisão.

O golpe ocorreu em 2017 foi investigado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de São Paulo. A investigação começou em 2019, e a sentença que condenou o ex-casal saiu no dia 29 de janeiro deste ano. Outros quatro réus no caso foram considerados inocentes e absolvidos: Fernando de Souza Silva, Thiago Prado de Santa Barbara, Patrick Rodrigues de Lima e Leandro Rodrigues de Lima.

As vítimas chegaram a receber nos primeiros meses algum retorno financeiro. A investigação acreditou que era para dar credibilidade ao negócio e fazer com que as vítimas trouxessem novos interessados.

As vítimas conheciam os negócios por meio de intermediadores e faziam a aplicação do dinheiro com promessa de retorno na compra de veículos seminovos;
Eram prometidos lucros entre 4% e 8% ao mês;
O investimento previa a suposta aquisição de carros seminovos no mercado a baixos preços;
A associação revenderia esses carros a concessionárias com sobrepreço;
As vítimas recebiam, por alguns meses, o retorno financeiro previsto ou próximo do previsto;
O dinheiro recebido não vinha do investimento, mas de novas vítimas que passavam a integrar o esquema;
Acreditando que era verdadeiro, as vítimas convidavam mais pessoas;
Segundo a Justiça, nunca houve veículo algum.
O juiz José Paulo Camargo Magano, da 11ª Vara Criminal, Foro Central Criminal Barra Funda, afirmou que Alisson Alcoforado de Araújo e a ex-esposa dele Cleide Pereira de Alencar são os autores do crime.

Com a decisão, Alisson e Cleide vão ter que devolver:

R$ 460 mil a Juliana Paes
R$ 460 mil a Murilo Rosa
R$ 280 mil a Luis Fabiano
R$ 84 mil ao consultor financeiro de Juliana Paes e Murilo Rosa
R$ 38 mil a outra vítima
A Justiça absolveu os outros quatro réus no caso com base em laudos periciais, conversas apresentadas e interrogatórios. Eles eram captadores para o negócio que acreditavam ser “sólido e real” e não teriam agido de má-fé, apontou a sentença.

Retorno de 4% a 8% ao mês
O consultor financeiro dos artistas, que também foi considerado vítima na Justiça, foi quem apresentou e recomendou o “investimento” a Murilo Rosa e Juliana Paes com a promessa de retorno de 4% a 8% ao mês. Supostamente, seriam participações em transações de compra e venda de veículos seminovos.

Os “lucros” caíram nas contas dos investidores apenas por dois meses. Todas as transferências dos atores foram para Fernando de Souza, que era réu no processo e foi absolvido.

Juliana Paes contou em juízo que seguiu os conselhos do consultor para entrar no negócio e depois foi informada por ele que tinham sofrido um golpe e perdido o valor de cerca de R$ 380 mil. A atriz não se lembrava de ter recebido o retorno prometido e não sabia sobre o tipo de negócio que era feito.

Já o ex-jogador Luis Fabiano, segundo apurado pelo g1, tratou com Fernando de Souza, que conheceu por meio de outro atleta. Luis confirmou à Justiça que o que tinha sido apresentado a ele era o negócio de compra e revenda de automóveis. A vítima recebeu por dois meses, mas tinha aplicado R$ 420 mil, sem devolução.

Já Murilo Rosa acreditou no negócio por conta do mesmo consultor financeiro de Juliana. O artista desembolsou R$ 500 mil, e teve o “retorno” de R$ 40 mil em dois meses. Rosa indagou Fernando sobre o caso, o qual alegou que também era uma vítima do esquema e que Alisson, uma pessoa até então desconhecida pelo ator, teria desaparecido com o dinheiro.

Outras vítimas contaram à Justiça que não chegaram a fazer contrato e que “foi tudo na base da confiança”. Uma delas era amiga de um dos réus, e teria sido prometido um lucro em cima de cada pessoa que conseguisse para investir. Por isso, uma das vítimas envolveu o pai, a irmã, uma amiga, a esposa e o cunhado. Tempos depois, a vítima soube que o negócio tinha “falido” e que o dono seria Alisson, o qual chegou a prometer devolução de valores.

Ao todo, foram ao menos seis testemunhas de acusação no processo. Elas detalharam que chegaram a confrontar Alisson sobre a queda do negócio, mas que ele teria os “tranquilizados” e dito que pagaria o dinheiro devido após a entrada de um novo investidor, que seria Luis Fabiano, na época. A testemunha disse que “tudo não passou de mais uma promessa, que não foi cumprida”.

O que disse o casal
Alisson contou em juízo que trabalhou por anos com venda de carros. Ele disse que teria recebido uma ligação sobre o esquema com seminovos e vendas com lucros que demorariam até 30 dias para chegar.

Contudo, não tinha dinheiro para comprar e procurou investidores para conseguir os supostos veículos. Revelou que os contratos eram informais e que devolveria o dinheiro para as vítimas.

A então mulher dele, Cleide, afirmou no interrogatório que os valores entravam em sua conta com vendas de carros, mas negou que fazia parte do esquema de Alisson e o lucro mensal. Ela teria emprestado a conta bancária para o marido.

‘Clássica pirâmide financeira’
O juiz do caso analisou as provas, depoimentos e interrogatórios e chegou à conclusão de que se tratava de uma “clássica pirâmide financeira”. A estrutura oferece aos associados benefícios que dependem de novos membros.

“Quando a entrada de novos investidores diminuiu, o que impossibilitou o pagamento dos antigos investidores, o negócio ruiu, não havia carros, lojistas e nem divisão de lucro”, descreve o magistrado na sentença.

Segundo a sentença, Alisson era proprietário do esquema e responsável pela suposta intermediação com lojistas de veículos.

“Atraídos pela possibilidade de lucro e também confiantes de que se tratava de negócio real e altamente rentável, Fernando, Thiago e Patrick procuravam potenciais investidores e indicavam a terceiros”, citou o juiz.

“Operou-se uma verdadeira pirâmide financeira, cujo ‘retorno’ do investimento, informado como lucro, seria de montantes já obtidos junto às novas vítimas da estrutura criminosa articulada”, completou.

Sobre o casal Alisson e Cleide, a sentença aponta que o negócio não era real, “já que nada foi comprovado a respeito no processo”.

O documento aponta que o então casal se beneficiou da pirâmide e chegou a fazer viagens para o exterior. Os dois se separaram nos anos seguintes.

Com base em conversas levados ao processo e laudo pericial, a Justiça concluiu que Fernando, Patrick e Thiago eram “captadores de boa-fé”, que acreditavam no investimento.

O que dizem os absolvidos
Em nota, Edson de Menezes Silva, da defesa de Thiago Prado, informou que ele se apresentou ao Poder Judiciário “abertamente com a certeza da própria inocência”.

“Vítima da maldade do sr. Alisson Alcoforado de Araújo e sua esposa perdeu todas as economias próprias e de seus pais para todo o sempre. Agora, mesmo tendo provado sua inocência, o Ministério Público do Estado de São Paulo busca a modificação da decisão judicial tão somente em busca de condenação pelo placar sem se preocupar com a verdade real.”

 

Preso por sequestro em Brás de Pina afirmou que jovem foi executado pelo tráfico, diz polícia

Paulo Victor Vieira de Souza, de 16 anos, é uma das três pessoas sequestradas na Favela do Quitungo, em Brás de Pina. Ele foi levado no domingo (14) quando soltava pipas com amigos perto da estação de trem. Um dos sequestradores foi preso nesta quinta-feira (18).

A Polícia Civil do Rio de Janeiro informou nesta quinta-feira (18) que um dos sequestradores do jovem Paulo Victor Vieira de Souza, de 16 anos, confirmou que ele foi executado por traficantes da Favela do Quitungo, em Brás de Pina. Ele é uma das três pessoas sequestradas recentemente por criminosos da região.

Lucas Bianchini Nunes Borges, conhecido como Gaguinho da Bento, de 27 anos, foi preso nesta quinta. Segundo as investigações, ele pilotava uma das motos (de cor azul) que aparecem nas imagens de câmera de segurança que flagraram o sequestro de Paulo Victor.

Apontado como rival
Após ser levado para a delegacia, Gaguinho permaneceu em silêncio durante o interrogatório feito no local. Contudo, em um relato informal, ele confessou aos policiais que o adolescente foi levado até traficantes do Comando Vermelho (CV), no Complexo da Penha, e lá foi executado.

O motivo seria uma suposta ligação de Paulo Victor com a facção rival, o Terceiro Comando Puro (TCP).

O TCP comanda o tráfico de drogas nas comunidades Cidade Alta, Parada de Lucas e Vigário Geral, onde o adolescente morava. Fotos de redes sociais mostram Paulo Victor em posse de um fuzil, e fazendo um gesto que, segundo os investigadores, remeteria à facção.

A família de Paulo Victor nega que ele tivesse envolvimento com o tráfico.

Outros sequestros
Na terça-feira (16), a polícia identificou o corpo de Wagner Santana Vieira, de 36 anos, que tinha sido levado na rua Guaíba, no dia 8 de janeiro.

Wagner era morador de São Conrado, na Zona Sul, e tinha ido visitar parentes em Brás de Pina. A polícia afirma que traficantes viram no celular dele fotos com pessoas ligadas a facções rivais.

A terceira pessoa sequestrada é o entregador Wagner Motta Neves, de 33 anos. Segundo testemunhas, no último dia 4, ele foi rendido por traficantes na rua Guaporé, durante o trabalho.

Segundo a polícia, o mandante de todos os sequestros seria Thiago do Nascimento Mendes, o Belão, chefe do tráfico de drogas na Favela do Quitungo. Ele já é procurado pela polícia por homicídio e por tentativa de homicídio.

 

PM que matou esposa a tiros já foi acusado pela ex por agressão, ameaça e estupro

Ex-mulher conseguiu medida protetiva, que proibiu o soldado de se aproximar a menos de 100 metros dela. Thiago Lima foi acusado de usar droga em 2022 e cometer crimes contra mãe de seu filho. Soldado está preso por matar atual esposa, Erika Ferreira, esta semana. Feminicídio foi gravado.

O policial militar Thiago Cesar de Lima, preso neste final de semana em São Paulo por aparecer em vídeo (veja acima) agredindo e matando a tiros a atual esposa, Erika Satelis Ferreira, já foi acusado pela ex-mulher por agressão, ameaça e estupro. A vítima é mãe do filho dele e os crimes teriam ocorrido no ano passado, em Franco da Rocha, na região metropolitana.

Em 18 de agosto de 2022, a ex registrou boletim de ocorrência contra Thiago na delegacia da cidade por lesão corporal, ameaça e estupro, no contexto da violência doméstica. Ela ainda pediu medida protetiva à Polícia Civil contra o ex-marido baseada na Lei Maria da Penha. A Justiça concedeu o benefício para a mulher, proibindo o soldado da Polícia Militar (PM) de se aproximar a menos de 100 metros dela e de sua família.

O relacionamento conturbado de oito anos culminou em violência física e sexual, com a ex-mulher relatando episódios de agressões, ameaças e estupro, inclusive sob o efeito de cocaína, segundo o depoimento da ex à polícia. O inquérito policial desse caso foi arquivado em novembro do ano passado, e a Justiça confirmou o arquivamento em março de 2023.

Até a última atualização desta reportagem o g1 não conseguiu localizar a ex-mulher de Thiago e nem a defesa do soldado para comentarem o assunto e informarem os motivos da extinção do caso.

Em seu depoimento na delegacia de Franco da Rocha, ela disse que, enquanto estavam casados, “houve diversos conflitos, os quais desencadeavam-se em ameaças, lesões corporais e estupros constantes”.

O passado conflituoso de Thiago com a ex-mulher também está no inquérito policial que investiga o soldado pelo assassinato da atual esposa. Erika foi morta na madrugada do último domingo (3) em Perus, na Zona Norte de São Paulo. O caso foi registrado na 4ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), na Zona Norte. Ele acabou indiciado por feminicídio, o homicídio que envolve “violência doméstica e familiar e/ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher”.

A vítima tinha 33 anos, trabalhava como representante comercial e deixou duas filhas, frutos de um relacionamento anterior, segundo policiais ouvidos pela reportagem. Thiago e Erika se conheciam havia dois anos, mas estavam casados há seis meses. O homem tem 36.

Uma câmera de segurança de um imóvel na Rua Bananalzinho gravou o momento em que o soldado da PM, que estava de folga e sem uniforme, dá pelo menos cinco socos no rosto de Erika e depois atira duas vezes no peito dela, que cai no chão.

O casal havia discutido momentos antes dentro de um carro, que era dirigido pela vítima. Após o crime, Thiago entra no veículo e acelera, mas desiste de fugir quando é observado por moradores. Ele arrasta a vítima até o veículo e a leva para o Pronto-Socorro de Taipas, onde a morte dela foi confirmada pelo hospital.

Segundo o boletim de ocorrência do caso, ele confessou ter atirado na esposa, mas alegou que ela havia tentado pegar sua arma e por isso disparou. Mas não é isso o que as imagens mostram.

A pistola de Thiago, uma Glock calibre .40 da Polícia Militar, foi apreendida para perícia. Segundo a delegada titular da 4ª DDM, Marina Cerqueira, o indiciado ficou em silêncio durante a maior parte do interrogatório. Ele disse que não tinha condições de falar sobre o crime.

A Corregedoria da PM foi acionada para apurar a conduta do soldado. Atualmente ele está preso no Presídio Militar Romão Gomes, na Zona Norte. A Justiça converteu a prisão em flagrante dele em preventiva, para que fique preso por tempo indeterminado até que seja julgado pelo crime.

Em 30 de outubro de 2023, cerca de um mês antes de ser morta a tiros pelo marido, Erika registrou um boletim de ocorrência na 4ª DDM por ameaça, e acusou o policial de apontar a arma para a cabeça dela.

Segundo ela relatou à época, Thiago havia discutido por ciúmes após o casal sair de uma casa noturna em São Paulo. Chegando à residência deles, os dois continuaram a discutir. Erika contou que ele ameaçou matá-la quando pegou a arma, apontou para sua cabeça e disse que ela não veria as filhas crescerem.

Em seguida, Erika chamou a Polícia Militar, que levou ela e o marido até a Delegacia de Defesa da Mulher. Lá, Thiago confirmou a discussão, mas negou ter apontado a arma e ameaçado atirar na esposa.

Como o caso envolvia violência doméstica, ela foi orientada pela Polícia Civil a pedir medida protetiva contra o soldado, mas não quis. Também não o representou criminalmente para que ele fosse investigado pelo crime.

O velório e o enterro de Erika aconteceram na segunda-feira (4), no Cemitério Valle das Colinas, em Franco da Rocha, região metropolitana de São Paulo.

Mulher morta a tiros por marido PM registrou boletim de ocorrência por ameaça em outubro

Erika relatou à polícia na época que Thiago Lima apontou a arma para ela durante uma discussão por ciúme. Ele foi preso no domingo (3) após dar 5 socos na esposa e atirar duas vezes nela. Câmera de segurança registrou o crime.

No final de outubro, cerca de um mês antes de ser morta a tiros pelo marido, Erika Satelis Ferreira, a esposa do policial militar Thiago Cesar de Lima, registrou um boletim de ocorrência por ameaça, e acusou o policial de apontar a arma para a cabeça dela.

No domingo (3) o soldado foi preso em flagrante pela Polícia Militar (PM) depois de dar pelo menos cinco socos no rosto de Erika e disparar contra ela em Perus, na Zona Norte de São Paulo.

Ele alegou que a esposa quis retirar a pistola Glock calibre .40 dele e, por isso, deu um tiro de advertência para o alto e depois atirou mais duas vezes nela.

A Polícia Civil o indiciou por feminicídio, o homicídio que envolve “violência doméstica e familiar e/ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher”.

Em 30 de outubro, Erika registrou boletim de ocorrência por ameaça no contexto de violência doméstica. À época, ela não quis fazer representação criminal contra o soldado para que o caso fosse investigado nem pediu medida protetiva contra ele.

O registro policial foi feito na mesma delegacia que atualmente investiga o feminicídio dela: a 4ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), na Zona Norte da capital.

Segundo Erika relatou à época, Thiago havia discutido com ela por ciúmes após o casal sair de uma casa noturna.

Chegando à casa deles, os dois continuaram a discutir. Erika contou que Thiago ameaçou matá-la quando pegou a arma, apontou para sua cabeça e disse que ela não veria as filhas crescerem.

Em seguida, Erika chamou a Polícia Militar, que foi até a residência do casal e o levou até a Delegacia de Defesa da Mulher. Lá, Thiago confirmou a discussão, mas negou ter apontado a arma e ameaçado atirar na esposa.

Nesta segunda-feira (4), o soldado passou por audiência de custódia e a Justiça converteu a prisão em flagrante dele em preventiva para que fique preso por tempo indeterminado até que seja julgado pelo crime.

Thiago foi levado para o Presídio da PM Romão Gomes, na Zona Norte. A reportagem não conseguiu localizar a defesa dele para comentar.

Segundo a delegada titular da 4ª DDM, Marina Cerqueira, o indiciado ficou em silêncio durante a maior parte do interrogatório.

O homem tem 36 anos. A vítima tinha 33 e deixou duas filhas, frutos de um relacionamento anterior. Thiago e Erika estavam casados havia seis meses.

A câmera de segurança de um imóvel na Rua Bananalzinho, em Perus, gravou o assassinato de Erika. As cenas, que circulam nas redes sociais, estão sob análise da polícia.

No vídeo é possível ver que Erika abre a porta da posição de motorista, dá a volta no veículo e abre a porta traseira. No banco de trás está Thiago. Ela tenta tirá-lo de lá, mas não consegue. Ambos saem do automóvel e começam a discutir do lado de fora.

Thiago aparece dando uma série de socos no rosto de Erika. Em seguida, ele atira nela. A mulher cambaleia e bate a cabeça no porta-malas, caindo no chão. O soldado entra no carro e acelera o veículo, mas depois retorna e a arrasta até o veículo. Enquanto isso, moradores saem de suas casas para saber o que aconteceu na rua. E acompanham toda a ação.

O PM levou a vítima até um hospital da região, o Pronto-Socorro de Taipas, onde a morte dela foi confirmada. Segundo o boletim de ocorrência do caso, ele confessou ter atirado na esposa após uma discussão. Alegou que ela havia tentado pegar sua arma e por isso disparou contra a esposa. Mas não é isso o que as imagens mostram.

A pistola do policial militar foi apreendida para perícia. A Corregedoria da PM foi acionada para apurar a conduta de Thiago. Ele também responderá criminalmente na Polícia Civil.

O velório e o enterro de Erika aconteceram na tarde desta segunda, no Cemitério Valle das Colinas, em Franco da Rocha, região metropolitana de São Paulo.

Casos de feminicídios

Os casos de feminicídio cresceram 62% neste ano no estado de São Paulo em comparação com 2018.

Entre janeiro e outubro deste ano, foram registrados 181 casos Em 2018, ano em que a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) passou a categorizar o feminicídio dentro dos dados de casos de violência contra a mulher, foram 112 registros.

O levantamento foi feito pela GloboNews com base em dados da SSP.

Casos de feminicídio em São Paulo entre janeiro e outubro:

2018: 112 casos
2019: 140 casos
2020: 140 casos
2021: 118 casos
2022: 153 casos
2023: 181 casos
 

Justiça marca para esta terça audiência de Suel, réu por homicídio e receptação no caso Marielle

Ex-bombeiro foi condenado em 2021 a 4 anos de prisão por atrapalhar as investigações. Ele foi preso em julho deste ano pela Polícia Federal.

A Justiça do RJ marcou para esta terça-feira (10) a primeira audiência de instrução e julgamento do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, no processo em que ele é réu por homicídio e receptação no caso Marielle. Segundo o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio (MPRJ), e a Polícia Federal, ele recebeu o carro usado no crime.

De acordo com o MPRJ, Maxwell era o dono do carro usado para esconder as armas que estavam em um apartamento de Ronnie Lessa, acusado de ser um dos autores do assassinato e amigo de Suel. O ex-bombeiro também teria ajudado a jogar o armamento no mar.

A audiência acontece às 9h no IV Tribunal do Júri e estão previstos os depoimentos de testemunhas de defesa e de acusação, além do interrogatório do réu.

Lessa, que está preso, e o ex-PM Élcio de Queiroz, também preso por participação no crime, devem ser ouvidos por viodeconferência.

Suel foi condenado em 2021 a 4 anos de prisão por atrapalhar as investigações dos assassinatos de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Ele foi preso em julho deste ano na Operação Élpis, quando a Polícia Federal (PF) ficou à frente do caso. Suel está em uma unidade de segurança máxima fora do estado e também será ouvido por videoconferência.

Antes, ele cumpria a pena em regime aberto.

O nome de Suel foi citado por Élcio de Queiroz em delação premiada com a PF e com o MPRJ, quando deu detalhes do crime.

Na delação, Élcio confessou que dirigiu o carro usado no ataque e confirmou que Ronnie Lessa fez os disparos. Suel teria ajudado a monitorar os passos de Marielle e participado, um dia após o crime, da troca de placas do veículo Cobalt, usado no assassinato, se desfeito das cápsulas e munição usada, assim como providenciado o desmanche do carro.

5 anos sem respostas
Em 2023, o atentado completou 5 anos. Desde fevereiro, o caso é investigado pela PF. Até hoje, ninguém tinha esclarecido quem mandou matar Marielle e qual a motivação da execução.

Apenas a primeira fase do inquérito foi concluída pela Polícia Civil e o MP: a que prendeu e levou ao banco de réus o policial militar reformado Ronnie Lessa — acusado de ter feito os disparos — e o ex-PM Élcio de Queiroz — que estaria dirigindo o Cobalt prata que perseguiu as vítimas. Ambos negam participação no crime.

Os dois estão presos em penitenciárias federais de segurança máxima e serão julgados pelo Tribunal do Júri. O julgamento ainda não tem data marcada.

Lessa já foi condenado por outros crimes: comércio e tráfico internacional de armas, obstrução das investigações e destruição de provas.

 

Polícia persegue na Anhanguera cantor suspeito de matar dentista em Araras

Suspeito não obedeceu comando para parar, fugiu em alta velocidade, depois abandonou o carro e escapou a pé. Bruna Angleri, de 40 anos, foi encontrada com o corpo carbonizado em sua casa. Advogado da família da vítima diz que foi expedido mandado de prisão temporária.

A Polícia Militar tentou prender, na noite de sexta-feira (6), o cantor sertanejo João Vitor Malachias, suspeito de matar a dentista Bruna Angleri, de 40 anos, que foi encontrada carbonizada em sua casa em Araras (SP), em 27 de setembro. Houve perseguição pela rodovia Anhanguera e o suspeito fugiu.

De acordo com informações da Polícia Militar, policiais que estavam em patrulhamento foram informados que havia um mandado de prisão temporária contra Malachias e que ele trafegava pela rodovia Anhanguera com destino a Ribeirão Preto.

Eles aguardaram no pedágio de São Simão e quando o carro passou pelo local, os policais deram início ao acompanhamento e solicitaram ao condutor que parasse o veículo, mas ela não atendeu ao comando e começou a fugir em alta velocidade.

Os policiais pediram reforços e começaram a perseguir o veículo, que parou no canteiro central, na altura de Cravinhos, e o motorista fugiu em meio a um canavial, não sendo encontrado.

A polícia apreendeu o veículo, que irá passar por perícia.

O advogado Daniel Salviato, contratado pela família de Bruna para acompanhar as investigações, confirmou que na sexta-feira (6) foi pedida a prisão temporária do suspeito de ter cometido o crime.

O advogado do cantor, Wagner Moraes, disse que a investigação está sob segredo de Justiça, que não foi informado do mandado de prisão. Ele não quis informar se está em contato com Malachias.

João Vitor Malachias é ex-namorado de Bruna Angleri e apontado como o principal suspeito do seu assassinato. Segundo a família, em agosto, Bruna foi agredida por ele que, por duas vezes chegou a entrar em sua casa. Em uma das vezes, ele teria quebrado vários objetos por não aceitar o fim do relacionamento, que durou alguns meses, e em outra a teria segurado pelo braço, causando uma lesão.

“Ela fez boletim de ocorrência, fez exame de corpo delito e aí um tempo depois ela procurou de novo para fazer [boletim de ocorrência] porque, segundo ela, ele tinha jogado o carro por cima dela e foi aí que a medida protetiva saiu”, contou a cunhada Samira Angleri.

Após o assassinato de Bruna, Malachias se apresentou à polícia com um advogado e, durante interrogatório negou envolvimento no crime. O celular dele foi apreendido para perícia, e ele foi liberado.

O advogado de defesa disse que o seu cliente compareceu à polícia e prestou depoimento, deixou seu celular e está colaborando com as investigações.

O laudo da Polícia Civil apontou que a dentista foi violentamente agredida no rosto e tinha uma costela fraturada. No dia do velório, foi pedido o retorno do corpo ao Instituto Médico Legal de Limeira para um novo exame, para saber se ela morreu mesmo por asfixia ou por causa da fumaça do incêndio.

O advogado da família de Bruna disse que o último registro dela foi quando ela passou pela portaria do condomínio, por volta das 22h da véspera do dia do crime e estacionou o carro na garagem de casa. Ela estaria chorando.

Caso chocou a cidade

Bruna era coordenadora da pós-graduação de odontologia da faculdade São Leopoldo Mandic. Ela era divorciada e, segundo seu irmão, na semana do crime, estava preparando a festa de 7 anos de seu único filho.

O caso chocou os moradores de Araras. No domingo (1º), amigos organizaram uma caminhada da praça central de Araras até a Delegacia de Defesa da Mulher, pedindo que o caso seja investigado e o assassino preso.

 

Justiça condena ex-prefeito de Cabedelo e mais oito réus no caso da Operação Xeque-Mate

O juiz Henrique Jorge Jácome de Figueiredo proferiu sentença nesta sexta-feira (27) no processo nº 0000264-03.2019.815.0731, do caso da Operação Xeque-Mate, em tramitação na 1ª Vara de Cabedelo. Neste processo, foi condenado o ex-prefeito Wellington Viana Franca (Leto Viana) a uma pena de seis anos de reclusão. Além dele foram condenados: Jacqueline Monteiro França (cinco anos e quatro meses de reclusão), Lúcio José do Nascimento Araújo (seis anos e sete meses e seis dias de reclusão), Marcos Antônio Silva dos Santos (cinco anos e quatro meses de reclusão), Inaldo Figueiredo da Silva (cinco anos e quatro meses de reclusão), Tércio de Figueiredo Dornelas Filho (cinco anos e quatro meses de reclusão), Antônio Bezerra do Valle Filho (cinco anos e quatro meses de reclusão), Adeildo Bezerra Duarte (cinco anos e quatro meses de reclusão) e Leila Maria Viana do Amaral (cinco anos e quatro meses de reclusão).

A denúncia oferecida pelo Ministério Público estadual trata da existência da organização criminosa (sua composição e dinâmica de atuação, permeados por dois núcleos maiores de atuação) que se instalou em Cabedelo, desde o ano de 2013, quando da renúncia do ex-prefeito Luceninha, mas com atuação que se protraiu no tempo. O MP aponta para o que chamou de um modelo de governança regado por corrupção e ocorrido nos bastidores dos poderes Executivo e Legislativo do município de Cabedelo, o qual se destacou a partir da compra literal de mandatos políticos outorgados, diretamente, pelo povo, em processos eleitorais supostamente regulares, potencializando-se com o passar dos anos, narrando, desde a sua origem, até o ápice das atividades ilícitas que teriam sido praticadas, detalhando a estrutura da organização criminosa, a divisão de tarefas entre os membros, a chefia/liderança da organização e demais integrantes, entre outros detalhes.

Foram mencionados e relacionados também os ilícitos que teriam sido praticados pela organização criminosa, destacando-os em tópicos intitulados da seguinte forma: a compra do mandato do ex-prefeito José Maria de Lucena Filho (Luceninha); os cargos fantasmas; a Operação Tapa-Buraco; as negociações envolvendo vereadores; doação de terreno, caso Projecta, Shopping Pátio Intermares; laranjas (interpostas pessoas) usados na ocultação patrimonial de Leto; tentativa de homicídio do vereador Eudes; irregularidades na Câmara Municipal de Cabedelo, com o detalhamento de cada um destes eventos

Todos os réus negaram por meio de suas defesas técnicas e também quando ouvidos por ocasião de seus interrogatórios as imputações que foram feitas na denúncia.

Na sentença, com quase 150 páginas, o juiz Henrique Jácome destaca que restou comprovado nos autos a existência de uma organização criminosa que estruturou um verdadeiro e complexo modelo de administração pública impregnado de corrupção e ocorrido no interior dos poderes Executivo e Legislativo do município de Cabedelo, que ganhou contornos e dimensões extraordinários e gravíssimos, destacando-se a partir da real compra dos mandatos políticos outorgado, diretamente, pelo povo, em processos eleitorais aparentemente regulares.

“Ficou devidamente comprovado que o grupo político liderado pelo denunciado Wellington Viana França usou e abusou da prática de condutas no intuito de render aos seus componentes a apropriação de verbas públicas, por meio da prática de fraudes licitatórias, doações irregulares de terrenos públicos, renúncias de receitas, a inserção no quadro funcional de servidores fantasmas, os quais eram verdadeiros instrumentos de diversos agentes políticos e não só do então Prefeito. Além da não prestação dos serviços públicos a que estavam obrigados a realizar, esses agentes tiveram seus rendimentos hipertrofiados, sem olvidar que essa mecânica serviu para acomodar cabos eleitorais, membros de famílias influentes e garantir certas blindagens patrimoniais, tudo inserido no seio da tão conhecida lei do silêncio”, pontuou o magistrado.

Em outro trecho, o juiz afirma que apurou-se um verdadeiro controle do então prefeito de Cabedelo, Leto Viana, sobre os vereadores locais, de modo mais patente a partir das eleições que sucederam a sua investidura no primeiro mandato, na medida em que patrocinou, financeiramente, a eleição de diversos partícipes e futuros membros da ORCRIM para o legislativo mirim. Em seu benefício, o denunciado Leto Viana conseguiria o apoio político incondicional ao seu projeto de poder, consubstanciado em atos de improbidade, tornando perene seu poder e de continuidade do esquema ilegal.

“A instrução processual confirmou a existência de um grupo de pessoas unidas com um objetivo ilícito, uma verdadeira associação de pessoas estruturalmente ordenada, onde se verificou inclusive estratégias para assegurar sua permanência e estabilidade, distinguindo-se do mero concurso de agentes. Mesmo a lei penal não exigindo, verificou-se que a atuação se prolongou no tempo, demonstrando uma maior gravidade”, destacou o juiz Henrique Jácome.

Juiz encontra indícios de que crime contra argentina em Búzios ocorreu ‘por meio cruel’ e leva acusado a júri popular

Florencia Aranguren foi morta a facadas no dia 6 de dezembro, quando passeava com o cachorro em uma trilha para praia. Na decisão, juiz também citou ‘utilização de meio que dificultou a defesa da vítima’.

Carlos José de França, acusado de matar a argentina Florencia Aranguren, em dezembro de 2023, em Armação dos Búzios, na Região dos Lagos do Rio, vai a júri popular. O juiz, Danilo Marques Borges, analisou as provas e ouviu onze testemunhas na primeira audiência de instrução e julgamento realizada nesta terça-feira (30).

De acordo com o texto da decisão do juiz, estavam presentes “indícios de que o crime tenha sido praticado por meio cruel, consistente no golpeamento da vítima com diversas facadas ao longo do corpo, além da utilização de meio que dificultou a defesa da vítima”.

O pai e a irmão da argentina, acompanharam a audiência de forma on-line e receberam a notícia com emoção.

“Ficaram muito satisfeitos com esse primeiro resultado, pois entendem que o pronunciamento do acusado ao Tribunal do Júri é uma resposta do judiciário buziano a sociedade e a morte da Florencia. Também pela manutenção da prisão do acusado, significando que tanto os depoimentos quanto as provas juntadas aos autos são robustas, suficientes para indicar a autoria do mesmo”, disse a advogada da família.

Com a prisão do réu mantida pelo magistrado, agora a família aguarda da data do julgamento.

“O conjunto probatório coligido aos autos indica ser grande a possibilidade do crime ter sido praticado pelo acusado, fato que deverá ser avaliado pelo com maior profundidade pelos jurados, ao longo do julgamento a ser realizado em plenário”, escreveu o juiz na decisão.

A audiência, nesta terça, começou às 14h e terminou às 18h40. Além das onze testemunhas, de acusação e defesa, entre elas, a irmã da vítima, também houve o interrogatório do acusado.

O advogado de defesa do réu pediu a soltura do mesmo, mas o juiz considerou as provas apresentadas pela acusação, mantendo-o preso.

O Movimento Feminista de Búzios realizou protesto durante a tarde em frente ao fórum pedindo justiça e aumento da segurança na cidade. Com cartazes e fotos, os manifestantes também relembraram outros casos de feminicídio registrados na região.

O crime
A argentina Florencia Aranguren, de 31 anos, era trapezista e estava morando há apenas três dias na cidade de Búzios quando foi assassinada, no dia 6 de dezembro de 2023.

A vítima caminhava com o cachorro na trilha que leva à Praia José Gonçalves. Câmera de segurança mostra ela passando por um rua minutos antes do acusado, que seguia de bicicleta.

Foram agentes da Guarda Municipal que encontraram Florencia caída no chão, já sem vida, e com o cachorro dela junto ao corpo.

O cachorro, chamado Tronco, reagiu ao ver Carlos José, que foi preso em flagrante pela Polícia Militar no mesmo dia do crime e levado até o corpo da vítima.

A denúncia, além de citar a reação do cachorro, destaca que o laudo pericial confirmou que as roupas do acusado tinham manchas de sangue humano.