DOEPE 21/04/2015 - Pág. 24 - Poder Executivo - Diário Oficial do Estado de Pernambuco
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Diário Oficial do Estado de Pernambuco – Poder Executivo
Recife, 21 de abril de 2015
O RENASCER DE UMA ÁRVORE
Pau Brasil e o som
mágico dos violinos
Kátia Pinto
Fabricantes de arcos de violinos da Europa conheceram
a plantação de Pau Brasil, na Estação do Instituto Agronômico de Pernambuco - IPA
de Itapirema, em Goiana, Zona da Mata Norte do Estado.
F OTOS : D IVULGAÇÃO /IPA
A
comitiva da Iniciativa Internacional para Conservação do Pau Brasil - IPCI
contou com a presença de cinco empresários, sendo dois franceses e três alemães, que representam os principais arquetários do
mundo na fabricação de arcos para violinos.
O objetivo foi conhecer o projeto para cultivo
da planta, executado pela Associação de Plantas
do Nordeste - APNE e IPA, que conta com colaboração financeira da IPCI. Na Estação, são cultivados 1,5 hectares de Pau Brasil, que tem a melhor madeira para produção da peça instrumental.
A visita foi acompanhada pelo chefe da estação
Manoel Américo, pelo coordenador do projeto,
Frans Pareyn, pelos técnicos da APNE, Mayara
Jéssica Soares Gomes e José Luiz Vieira da Cruz
Filho, e do técnico da APNE/Universidade Federal
da Paraíba - UFPB, José Roberto de Lima. A estudante alemã, Silke Lichtenberg, também participou
da visita com o propósito de incluir, em sua tese, o
trabalho realizado em Pernambuco. A pesquisa
conta com as experiências da Alemanha e México.
Em junho de 2007, numa convenção em Haia,
Holanda, foi proibida a venda sem autorização
especial da caesalpinia echninata, nome científico
COMITIVA europeia em visita à plantação de Pau Brasil
na Estação de Itapirema em Goiana. Com a madeira da árvore são
produzidos os melhores arcos de violino do mundo
do Pau Brasil. O Pau Brasil, pelo vermelho violácea
do seu cerne e o dourado do alburno, fez a fortuna
dos fabricantes europeus de tinta. Mas o reinado da
árvore acabou por volta de 1850 com o esgotamento da Mata Atlântica e também porque novos pigmentos foram criados pela química. No entanto, no
século 18 o Pau Brasil encontrou uma nova vocação: de todas as madeiras conhecidas, é com ela que
são produzidos os melhores arcos de violino.
Os fabricantes franceses, conscientes de que o
Pau Brasil é um tesouro, apoiaram uma decisão,
em 2000, segundo a qual 80% dos fabricantes de
arcos do planeta direcionariam 2% da sua receita
a um programa em favor da árvore. Quinhentas
mil mudas foram plantadas em cinco anos em
várias partes do mundo, inclusive em Pernambuco. Mas o seu crescimento é lento. É preciso
esperar algumas dezenas de anos para fabricar
arcos capazes de tirar, do fundo mágico dos
Stradivarius, sons de “morrer de prazer”. Daí a
importância do projeto desenvolvido pelo IPA na
Estação Experimental de Itapirema.