DOEPE 26/11/2015 - Pág. 4 - Poder Executivo - Diário Oficial do Estado de Pernambuco
4 – Ano XCII • N0 222
Diário Oficial do Estado de Pernambuco – Poder Executivo
Recife, 26 de novembro de 2015
CIÊNCIA NO CAMPO
Troca de sementes crioulas
incentiva segurança alimentar
Assessoria do IPA
A 2a Feira de Troca de Sementes Crioulas aconteceu, na última semana,
em Garanhuns. O evento reuniu cerca de 350 agricultores, dos 32 municípios
do Agreste Meridional e região, que fizeram a troca de mais de 40 variedades
de sementes. A feira foi realizada no Parque Euclides Dourado.
FOTOS: DIVULGAÇÃO/IPA
VARIEDADES de sementes produzidas
por assentados da reforma agrária e tribos
indígenas são trocadas durante feira
promovida na cidade de Garanhuns
s sementes crioulas, conhecidas como “sementes tradicionais”, são desenvolvidas,
adaptadas ou produzidas por agricultores familiares, assentados da reforma agrária ou
indígenas. As variedades possuem como característica a
adaptabilidade local, independente da qualidade do
solo. O agricultor tem domínio total do processo de
produção, que exige menor utilização de insumos ou
adubo e pouco uso de agrotóxico.
“A conservação desta cultura faz parte de uma campanha mundial de soberania dos povos quanto à posse
de suas sementes, como estratégia de segurança alimentar e de perpetuação da cultura e identidade dos agricultores. Essas sementes possuem história, faz parte da
A
culinária local, geração e representam renda dos agricultores” disse o secretário de Agricultura e Reforma
Agrária, Nilton Mota. Ele reforçou, ainda, que a feira
ajudou na disseminação das espécies em fase de desaparecimento, preservando as raízes históricas das comunidades rurais de Pernambuco.
De acordo com Pedro Balensifer, extensionista do
Instituto Agronômico de Pernambuco - IPA, essas sementes são o contraponto aos grãos transgênicos, que
não podem ser guardados por conta da lei de patentes.
“A semente crioula é uma semente de liberdade e a
transgênica de dependência, já que ela não pode ser
guardada para o replantio no próximo ano. Além disso,
as pessoas ganham na qualidade da alimentação, já que
as sementes crioulas não são modificadas. A saúde começa pela alimentação. As transgênicas não podem ser
armazenadas e o agricultor fica dependente de sempre
precisar comprar, anualmente, comprá-las em lojas
agropecuárias”, pontuou.
Em três anos de trabalho com sementes crioulas, Balensifer já catalogou 25 variedades de feijão, 19 de fava
e seis de milho. O IPA possui um Banco de Sementes
Crioulas para doações e trocas em Garanhuns e o armazenamento pode ser feito em garrafas pet, vasos metálicos ou tambores plásticos. Durante a feira, também houve apresentação de variedades de jerimum, melancia, entre outras sementes, além de mudas frutíferas. O balanço
é que 600 quilos de sementes tem circulado pela feira.