DOEPE 04/08/2018 - Pág. 4 - Poder Executivo - Diário Oficial do Estado de Pernambuco
4 – Ano XCV • N0 143
Diário Oficial do Estado de Pernambuco – Poder Executivo
Recife, 4 de agosto de 2018
LANÇAMENTO
Livro revela artista
em retrospecto
Carolina Botelho / Cepe
A RTE : D IVULGAÇÃO /C EPE
Todas as faces do prolífico pernambucano podem ser
lidas e vistas na publicação Ypiranga Filho, organizada
por Lêda Régis. Sua obra é considerada patrimônio
fundamental da arte de Pernambuco e do Brasil.
F OTO : D IVULGAÇÃO /C EPE
piranga, publicado pela
Cepe Editora e organizado por Lêda Régis, traz
diversos textos curatoriais e vasto acervo fotográfico, para traçar uma retrospectiva
inédita sobre a obra do artista visual pernambucano Ypiranga Filho. O lançamento do livro, que acontece às 19h da
próxima quinta-feira (9), no Museu do
Estado, também contará com exposição
de mais de 100 obras do artista.
Pelas mãos de Ypiranga Filho, 82
anos, a dureza do ferro se fez flexível,
ressignificando o material. O trabalho
com o metal foi pioneiro em Pernambuco, nos anos 1960 e 1970, auge do
modernismo e da predominância do
figurativismo tropicalista no Estado. Daí,
se percebe a relevância de Ypiranga, que
nadou contra a corrente vigente, apostando no experimentalismo característico da
arte contemporânea. Subverteu as linguagens tradicionais da escultura, gravura, desenho e pintura, ao criar com a
fotografia, o filme, a arte xerox e a arte
postal. Sua obra é considerada patrimônio fundamental da arte de Pernambuco e do Brasil.
Todas as faces do prolífico artista
pernambucano podem ser lidas e vistas
no livro Ypiranga Filho, organizado por
Lêda Régis e publicado pela Cepe
Editora. O lançamento conta, ainda, com
exposição de mais de cem obras do
artista, sob curadoria de Joana D’Arc
Lima e Raul Córdula. Os dois assinam
textos curatoriais, presentes no livro de
292 páginas, ao lado de outros grandes
nomes como Marcus Lontra, Adão
Pinheiro e José Cláudio.
Para o presidente da Cepe, Ricardo
Leitão, que assina a apresentação do
livro, os textos curatoriais “formam uma
base teórica e antecedem a retrospectiva
inédita da obra de Ypiranga Filho, que a
Companhia Editora de Pernambuco
(Cepe) tem a honra de agora publicar”.
A publicação também conta com
cronologia biográfica e elenca todas as
exposições do artista, pouco conhecido
nacionalmente, apesar da relevância de
seu trabalho. “Ypiranga se formou na
Y
PELAS MÃOS
de Ypiranga
Filho, a
dureza do
ferro se
fez flexível,
ressignificando
o material
Escola de Belas Artes, em 1969, criando
uma escultura feita com cabos de
vassoura, como se fossem móbiles. Um
marco”, pontuou a curadora.
No prefácio de Raul Córdula, revelase o início da relação de Ypiranga com os
artistas que trabalhavam com máquinas
das fábricas, na Alemanha, onde morou
na década de 1960. “Assim, sua obra pendeu para a expressão que emana das
formas e volumes contidos nas sobras da
“Ypiranga se formou na Escola de
Belas Artes, em 1969, criando uma
escultura feita com cabos de vassoura,
como se fossem móbiles. Um marco.”
Joana D’Arc Lima – curadora da mostra
indústria e na manipulação daqueles materiais”, escreve o artista e crítico de arte.
O também crítico e curador carioca
Marcus Lontra ressalta a preocupação
ética das esculturas de Ypiranga, que
constrói e transforma paisagens sem
deixar de se integrar à natureza. “Ypiranga reforça, com toques sutis de melancolia, a ideia de que o mundo sem ganância
e sem exploração pode ser um terreno
fértil para aflorar a criatividade e o
talento humano”, define Lontra, para
quem o estilo do artista dialoga com o
cubismo, o surrealismo, e, entre os
brasileiros, com as obras de Maria
Martins, de Frans Krajcberg, Mário
Cravo Neto e Boaventura da Silva Filho,
o Louco.
Dentre os trabalhos marcantes da
carreira de Ypiranga, o também artista
Adão Pinheiro recorda O Cangaceiro.
“Eram ferros e jantes, com uma solda
elétrica aparente, brutal”, descreve.
Integrante de vários grupos artísticos
importantes dos anos 1960 e 1970, fez
parte da Cooperativa de Artes e Ofício da
Ribeira, em 1964, com grande papel
político e social naquele período de repressão. Socialista declarado, sempre defendeu a coautoria do artista e do artesão.
“Um trabalhador das artes, consciente de
seu papel social”, escreve Joana.
EXPOSIÇÃO - Na mostra expositiva,
espelho tridimensional do livro, estarão
presentes 11 esculturas, 22 desenhos, 14
pinturas e 53 gravuras, além das obras
chamadas por Joana de Transborda-
mentos, que estarão impressas em um
painel. Buscando transmitir uma ideia de
extrapolação de fronteiras definidas, que
escapam às definições normativas, a
curadora trata como transbordantes os
fazeres artísticos que relacionaram arte e
vida pública, “como no happening intitulado Brigada de Artilharia Leve, proposto pelo artista Daniel Santiago, 1987;
na Brigada Portinari, 1982; Evoé Nelson
Ferreira, Olinda Arte em Toda Parte
(2001-2007), participação na organização da I Mostra de Art-Door do Recife
(1983-1986), entre outros projetos
coletivos e colaborativos, entre os anos
1990 e 2016”, explica.
SERVIÇO:
Lançamento do livro Ypiranga Filho
(Cepe Editora) e exposição
de obras do artista
Quando: 9 de agosto, às 19h
Onde: Museu do Estado (Avenida Rui
Barbosa, 960, Graças)
Preço: R$ 90,00 (livro impresso) / R$ 25,00
(E-book)