DOEPE 27/01/2021 - Pág. 2 - Poder Executivo - Diário Oficial do Estado de Pernambuco
2 - Ano XCVIII • NÀ 17
Diário Oficial do Estado de Pernambuco - Poder Executivo
Recife, 27 de janeiro de 2021
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Cultura perde
Tarcísio Pereira
Livreiro, editor e superintendente de
Marketing e Vendas da Cepe faleceu em
consequência de complicações da Covid-19.
Legenda
T%#&'(!$ foi um amante
dos livros, um entusiasta
dos autores e um defensor
intransigente da cultura
F
aleceu na noite da última
segunda-feira (25.01), aos 73 anos,
vítima de complicações da Covid-19, o livreiro, editor e superintendente de Marketing e Vendas da Cepe, Tarcísio Pereira. Internado no Hospital Português,
ele lutou intensamente por mais de 60 dias contra a doença. Em consequência da Covid-19,
Tarcísio sofreu Acidente Vascular Cerebral
(AVC), o que prolongou sua permanência no
hospital. O corpo foi cremado ainda ontem
(26.01), no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, município do Grande Recife.
Tarcísio Pereira criou a famosa livraria Livro 7 em 1970, no Centro do Recife, ponto de
encontro de intelectuais e estudantes, que fechou em 2000. Profundamente abalado, o presidente da Cepe, jornalista Ricardo Leitão, destacou a amizade de 50 anos que os unia, e a
importância de Tarcísio Pereira para a cultura.
“Conheço Tarcísio desde os anos 70, quando a
Livro 7 ainda era uma pequena livraria em uma
galeria da Rua Sete de Setembro. Sua relação
com escritores e editoras fez dele uma âncora cultural de Pernambuco. Tinha uma grande preocupação em trazer livros de qualidade
do Sudeste do País e sempre teve o cuidado de
treinar seus vendedores para que entendessem
a importância e a qualidade literária do livro”,
afirmou Leitão.
O jornalista disse ainda que Tarcísio Sete –
como também era conhecido – . Não foi uma
pessoa que apenas vendia livros, mas que os
amava, e sabia da importância do seu papel
na produção literária. “Tarcísio foi único. Em
importância, depois dele, ninguém conseguiu
cumprir o papel que ele executou em favor da
literatura pernambucana. Foi em função desse
A L!"#$ 7, nos tempos áureos,
reunia intelectuais, estudantes,
escritores, músicos ou, simplesmente,
apreciadores da boa leitura
perfil, de pessoa que conhecia profundamente
o meio literário, porque amava o que fazia, que
eu o convidei para o Conselho Editorial da Cepe e, logo depois, para assumir a Superintendência de Marketing e Vendas. Perdemos todos com a partida de Tarcísio. Um dia triste
para os amigos e para a cultura de Pernambuco”, acrescentou.
“Ele lutou bravamente, por mais de sessenta dias, como sempre lutou por tudo aquilo em que acreditava – livros, talentos, cultura
nordestina. Continuará conquistando amigos
com seu sorriso e maneiras gentis, mas desta
vez num plano superior”, disse Joana Carolina Lins Pereira, juíza federal e uma das filhas
de Tarcísio. “A pessoa mais generosa que eu
conheci. Me proporcionou uma infância muito feliz, recheada de livros, foi incentivador da
minha carreira e um avô maravilhoso”, emendou Joana Carolina.
Assim como Ricardo Leitão, o governador
Paulo Câmara também lembrou a importância
de Tarcísio e a fundação da Livro 7, que este
ano completaria meio século. “Tarcísio Pereira foi um potiguar que marcou época e influenciou gerações com a sua icônica Livraria na
Boa Vista, no centro do Recife. A Livro 7 abriu
as portas em 1970, num espaço de 20 metros
quadrados, e graças ao amor de Tarcísio pela literatura, se transformou num complexo cultural registrado pelo Guiness Book como a maior
livraria do Brasil”, lembrou Paulo Câmara.
O editor da Cepe, Diogo Guedes, também
lamentou a morte de Tarcísio e ressaltou seu
inestimável legado para a cultura e para o cenário literário pernambucano. “Tarcísio foi um
visionário quando criou a Livro 7, que antecipou em décadas o que se tornaria tendência de
certo modo. Um livreiro que acreditava no livro, nas conversas, nos encontros como algo
essencial para o desenvolvimento da leitura,
da literatura. E continuou esse trabalho na Cepe coordenando nosso marketing, sempre com
a mesma empolgação, mesmo envolvimento,
com a ideia de tornar o livro algo acessível para as pessoas. É uma perda imensa para os pernambucanos. Uma tristeza”, afirmou.
Da mesma forma, o cartunista, chargista e
músico Lailson de Holanda, grande amigo de
Tarcísio, também sentiu a sua partida. “É uma
perda enorme para as possibilidades futuras da
cultura. Tarcísio é um ícone referencial para todo mundo que fez cultura a partir dos anos 70.
É um mecenas e um incentivador. Uma lenda.
Agradeço a presença dele entre nós e fico feliz de tê-lo conhecido pessoalmente”, declarou.
Triste com a notícia, o poeta Juareiz Correya falou sobre a perda do amigo: “Não tenho palavras sobre a morte de Tarcísio Pereira,
o governador dos nossos infinitos 7 livros. Tenho sua lembrança viva, como quem vai daqui
a pouco encontrá-lo na Cepe, trabalhando com
a gente, ou na Rua Sete de Setembro, que ele
reinventou para a história e a geografia do Recife. Tarcísio está vivo entre nós, leitores, escritores, amantes e curtidores de livros, abertos
para sempre na sua presença amiga”, concluiu.