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DOEPE - 2 - Ano XCVIII • NÀ 93 - Página 2

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DOEPE 15/05/2021 - Pág. 2 - Poder Executivo - Diário Oficial do Estado de Pernambuco

Poder Executivo ● 15/05/2021 ● Diário Oficial do Estado de Pernambuco

2 - Ano XCVIII • NÀ 93

Diário Oficial do Estado de Pernambuco - Poder Executivo

Recife, 15 de maio de 2021
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Antônio dá lições
de resiliência
Professor brailista do CAP de Casa
Amarela conta, com bom humor, como
aprendeu a superar a falta de políticas
públicas para a deficiência visual

P•$ C#$%"# C#$&•!•

A

história do professor brailista Antônio Muniz da Silva é de
superação. Docente do Centro
de Apoio para Atendimento às
Pessoas com Deficiência Visual (CAP), situado em Casa Amarela, Zona Norte do Recife, ele teve que superar diversos desafios
para realizar seus sonhos, por conta da cegueira. Com dois vínculos no Estado, um
deles como aposentado, aos 66 anos o educador prefere contar os momentos difíceis
com bom humor. pois, segundo ele, “é preciso paciência histórica para encarar a vida”.
A mãe de Antônio, já falecida, era comerciante e artesã. Criou sozinha ele e mais
três filhos, todos nascidos na zona rural de
Guarabira, na Paraíba. Na região, não havia
energia elétrica, e foi graças a um candeeiro a gás que a matriarca da família descobriu a cegueira do filho. “Em certa noite ela
moveu o candeeiro aceso, de um lado para o
outro, e meus olhos não mexiam. Foi quando ela percebeu que eu era cego”, detalha.
Depois da descoberta, Antônio passou por
alguns procedimentos cirúrgicos, sem sucesso, e aos sete anos de idade começou a

aprender braile na escola. “Naquela época,
tudo era mais difícil para mim. Não havia
atendimento especializado como existe hoje nas escolas. Eu fazia provas orais, sempre
dependendo de alguém”, acrescenta.
A família inteira se mudou para a capital
pernambucana quando Antônio tinha 12 anos.
Tempos mais tarde, ele
ingressou em movimentos sociais voltados para
a sua vivência enquanto
cego, e passou a integrar
o corpo de voluntários
da Biblioteca Pública do
Estado (BPE), no Centro
do Recife. Lá, conheceu
o bibliotecário Júlio do
Carmo, já falecido, também deficiente visual,
que cuidava do acervo
em braile. “Ele era o meu mestre e me inspirava bastante. Era quem me dava conselhos
para continuar estudando e entrar na universidade”, relata o educador. Em 1976, Antônio
foi efetivado no Estado como agente administrativo, e no ano seguinte foi aprovado no curso de Biblioteconomia da Universidade Federal de Pernambuco. Logo em seguida, passou

no segundo vestibular, dessa vez em Pedagogia, na mesma instituição.
“Para chegar até aí eu passei por muitas
provações. Da minha família, a única pessoa
que me deu apoio foi a minha mãe e, quando adulto, o mestre Júlio. Eu simplesmente
não tinha perspectiva de nada. Naquele tempo, em que o ensino para
pessoas cegas era muito limitado, parecia que
o futuro não existia para
a gente. Percebi que era
possível sonhar graças
ao incentivo que recebia
dos dois. Durante o curso eu contava com ajuda de colegas de turma,
que gravavam os textos
das aulas e eu passava
tudo para o braile quando chegava em casa à noite, cansado da universidade e do trabalho. Eu não tive apoio
institucional, não existiam políticas públicas
que contemplassem todas as nossas necessidades”, detalha Antônio.
Depois de passar por diversos setores do
Governo do Estado, inclusive a sala de aula
por 15 anos, como professor de braile, An-

tônio se aposentou em 2015 desse primeiro vínculo. Em 2016, passou em um concurso e retornou ao quadro de efetivos, como
professor brailista do Centro de Apoio para Atendimento às Pessoas com Deficiência
Visual (CAPs). “A vida, para mim, foi muito difícil. Não é fácil ser cego numa sociedade que não tem lei que te proteja. Mas isso também serviu de combustível para que
eu pudesse continuar, ingressar na militância e lutar pelos meus direitos”, acrescenta.
Casado, pai de três filhos, avô de um menino e morador do bairro da Iputinga, Zona
Oeste do Recife, Antônio se orgulha da sua
história e acredita que, para uma sociedade mais justa para todos e todas, é necessário mais ativismo político pacífico. “Conto
a minha história com muita alegria, porque
contribuí com o que pude para a educação
e para os movimentos sociais que participei e participo. Acredito que meu bom humor vem de uma qualidade minha que muitos ativistas não têm: paciência histórica. Eu
aprendi logo cedo que não ia conseguir nada
no grito, no berro, chutando a porta. Aprendi a conversar, a entender e ser entendido, e
é isso que precisamos para viver com dignidade na sociedade”, completa.

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