DOEPE 21/08/2021 - Pág. 3 - Poder Executivo - Diário Oficial do Estado de Pernambuco
Ano XCVIII • NÀ 160
Diário Oficial do Estado de Pernambuco - Poder Executivo
Recife, 21 de agosto de 2021 - 3
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Nicácio Belfort
usa a educação
para transformar
a vida de quem
cruza seu
caminho
Além de professor de história
e ativista social, ele é escritor e tem
formação em Direito.
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creditar que a educação pode transformar
vidas e melhorar o
mundo de alguma forma. Este é o lema de Nicácio Belfort, professor da Rede Estadual
de Ensino há 18 anos. Nascido e
criado em Belém do São Francisco, no Sertão do Estado, encontrou
na educação uma trilha a ser desenvolvida, sem descuidar, também, das ações sociais em favor
de quem mais precisa.
Irmão de duas professoras, Nicácio descobriu cedo o amor pela
educação. No Colégio Nossa Senhora do Patrocínio, onde cursou
a 7a série do Ensino Fundamental,
teve aula de história com uma professora que usava da criatividade
como recurso pedagógico e atraiu
a atenção do jovem estudante. Até
hoje a professora Edilene Vilaça é
lembrada com carinho. “Hoje ela
mora em Garanhuns, é professora
da UPE. Naquela época não tínhamos internet, só retroprojetor.
Ela chegava com muitas fotos do
assunto que ia trabalhar na aula,
livros, enciclopédias… Aquilo me
atraía e até digo que me ajudou na
didática que tenho hoje”, lembra
o professor de história, que escolheu a licenciatura por influência
da mestra.
Aprovado no concurso público
aos 24 anos, ele lembra das primeiras aulas após ser nomeado professor da Rede Estadual de Ensino.
“Foi desafiador e ao mesmo tempo
prazeroso saber que, de alguma
forma, ia ajudar alunos e também
ser parte da vida deles, sempre fui
um professor amigo”, conta.
No mesmo período em que começava a carreira na educação,
Nicácio deu início a um projeto
pessoal com a intenção de ajudar
pessoas na comunidade. O projeto
social “Fazendo o Bem” reúne voluntários em ações que promovem
o bem-estar e saúde, além de colaborar com o desenvolvimento da
comunidade. Durante a pandemia,
por exemplo, o projeto doou aparelhos telefônicos para estudantes
poderem acompanhar as aulas remotas.
Alegre, ele comenta que fica
muito feliz ao receber feedbacks
de jovens que foram seus alunos.
“Essa semana encontrei uma aluna
e ela contou que amava as aulas,
gostava de quando eu incentivava
a correrem atrás dos sonhos e que
eles iriam conseguir. Ela também
contou que terminou a graduação e
tem emprego, fiquei emocionado”,
afirmou.
Além de professor e ativista
social, Nicácio é escritor e também tem formação em Direito.
Lançou no ano passado o livro
“João e o cabelo mais lindo do
mundo”, que levanta uma reflexão a ser passada para as crianças
já na primeira infância: um olhar
para o outro com igualdade. A
personagem central é um menino
negro e que não aceita o cabelo.
Mas no decorrer da história, tudo
muda. João acaba conhecendo outras pessoas que o ajudam em sua
trajetória. As pessoas que cruzam
seu caminho têm autismo, vitiligo, são cadeirantes, etc. Esses encontros serão contados em outros
volumes do livro. O segundo está
com estreia prevista para o final
de 2021.
Há cerca de um ano Nicácio
assumiu mais um desafio em sua
carreira: ser o responsável pela
biblioteca da Escola de Referência Ensino Fundamental e Médio
(EREFEM) Doutor Alípio Lustosa, em Belém de São Francisco.
Para ele, o trabalho do coordenador é mostrar que a biblioteca é lugar de muitos projetos. “Só mudou
o local. As aulas modificaram um
pouco, mas o intuito é sempre levar os estudantes um passo à frente”, diz.
Para o futuro, ele pensa em desenvolver uma escola antirracista,
e seguir estimulando nos jovens
a criatividade, em turnos extras.
Mas de onde vem tanta vontade de
mudança? Qual a motivação para
a transformação social que Nicácio busca com seus ensinamentos
e projetos? “Gratidão por todas as
pessoas e mestres que me ajudaram. Sinto que são como uma corrente do bem. Acredito que tudo
que a gente faz, volta pra gente de
alguma forma. Isso é o que me impulsiona a ser uma pessoa melhor
a cada dia”, conclui o educador.