DOEPE 18/09/2021 - Pág. 2 - Poder Executivo - Diário Oficial do Estado de Pernambuco
2 - Ano XCVIII • NÀ 178
Diário Oficial do Estado de Pernambuco - Poder Executivo
Recife, 18 de setembro de 2021
F•••: A••••!• P"##•$%
S !"#$%!& da educação
desde 1993, Antônia
jamais parou de estudar
e se aperfeiçoar. Hoje,
ela se prepara para o
pós-doutorado, dando
exemplo aos colegas
Antônia incentiva colegas de
profissão a continuar os estudos
Servidora há 28 anos, educadora sonha em melhorar ainda mais a qualidade
do ensino no Sertão, com professores mestres e doutores nas escolas.
P•• C$••&$ C$•'•#•
A
ntônia Maria Medeiros da Cruz,
atual coordenadora da biblioteca
da Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Doutor Valmir Campos Bezerra, em São José do Belmonte, no Sertão Central, trouxe esperança e
autoestima àquela unidade de ensino. Em junho passado, ela defendeu sua tese de doutorado, carregando consigo o desejo de elevar a
qualidade da educação na região. Por incentivo
dela, três professores já concluíram o mestrado e outros três estão em processo de seleção.
Mulher educadora, sertaneja e propulsora
de futuros, Antônia ingressou no serviço público estadual em 1993, e em 1995 entrou na Prefeitura de São José do Belmonte, ambos com
vínculos de professora com magistério. Concluiu a licenciatura em Letras, em 1997, pela Faculdade de Formação de Professores de
Serra Talhada, mas sem incentivo à pesquisa
e a projetos de extensão, ela acreditava, à época, que a graduação era o limite. Com o passar
dos anos em sala de aula, entretanto, a educadora sentiu necessidade de aprimorar o ensino
na sua região.
“Nós, professores, não tínhamos incentivo para seguir a carreira acadêmica. Nossa
formação era voltada somente para o ensino.
Até que eu conheci o programa de mestrado profissional em Letras da Universidade de
Pernambuco (UPE), e me encantei”, conta.
Em 2014, veio a aprovação, e logo após concluir o mestrado, Antônia foi aprovada no doutorado em Linguística da
Universidade Federal de
Alagoas (UFAL). O tema da sua tese diz tudo sobre seus objetivos:
“Letramento literário do
professor de língua portuguesa: articulações entre saberes e prática no
Sertão de Pernambuco”.
Para concluir sua pesquisa, Antônia aplicou, em 2019, um projeto com professores de duas escolas: a EREM
Doutor Valmir Campos Bezerra e a Escola
Manoel de Queiroz, na mesma cidade.
Agora já se preparando para o pós-doutorado, Antônia Maria não acumula conquistas
individuais na educação. Seu objetivo é in-
centivar colegas de profissão a seguir o mesmo caminho, em benefício dos estudantes
sertanejos. Desde que iniciou a carreira acadêmica, ela já estimulou seis pessoas a ingressarem na pós-graduação. “Eu acredito
que são estímulos naturais. Eu sempre compartilho com eles os artigos que publico, os
trabalhos que apresento.
Explico a importância de
seguir estudando, de entrar para um mestrado, de
como se faz um projeto
de pesquisa, quais cursos
são importantes. Ajudo
a cadastrarem o currículo, entre outras orientações. Acho que eu sirvo
de exemplo para eles”,
afirma a educadora.
Paula Maria Alves,
professora de biologia da EREM Doutor Valmir Campos Bezerra e amiga de Antônia, é
uma das seis pessoas que seguiram seu exemplo. Paula se formou em Ciências Biológicas
em 2005, pela UPE. Em 2018, após enfrentar
problemas de saúde, ela viu o sonho de fazer
mestrado ruir, mas Antônia não deixou que a
amiga parasse de estudar. Durante visitas a
Paula no hospital, ela a convenceu a participar da seleção para o mestrado, mesmo convalescente. “Foi ela que fez a minha inscrição, foi atrás de dinheiro e documentação. Eu
digo a todo mundo que me esforcei bastante, mas sem esse incentivo eu não teria forças. Defendi minha dissertação no ano passado e minha amiga estava presente. Eu estava
há mais de 14 anos parada, sem estudar, sem
perspectiva, e hoje sou mestra. Antônia merece todas as homenagens possíveis”, conclui a
professora, emocionada.
“Conhecimento nunca é demais. É importante buscar outros meios. E eu posso sempre facilitar, dialogar com todos sobre isso.
O passo que esses professores estão dando é
bastante positivo para a escola, e quem vai
ganhar é a educação do Sertão, com as contribuições das minhas pesquisas e dos meus
colegas”, observa Antônia. Na sua opinião,
com uma ligação mais forte entre escola e
universidade é possível melhorar os índices
de educação no Sertão, região muito carente de professores qualificados. “Eu sou muito feliz por poder plantar essa sementinha
aqui”, conclui a doutora Antônia.