DOEPE 30/10/2021 - Pág. 2 - Poder Executivo - Diário Oficial do Estado de Pernambuco
2 - Ano XCVIII • NÀ 207
Diário Oficial do Estado de Pernambuco - Poder Executivo
Recife, 30 de outubro de 2021
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G %&!" diz que as crianças
encontraram um porto seguro
no projeto Bopinho, que
evoluiu rápido e já inspira
outras organizações militares.
Gemersom, de quimono
branco (foto ao lado), afirma
que o projeto mudou sua vida
Por trás da farda negra também
bate um coração
Projeto social iniciado pelo sargento Gilson Santos, do BOPE, foi abraçado por toda a unidade e hoje
atende mais de 70 jovens, oferecendo atividades como jiu jitsu, xadrez, música e aulas de reforço.
P•" SD J#••! M•"!•$!
O
símbolo da faca cravada na caveira e o emprego da cor negra
no uniforme dos “operações
especiais” tem efeito psicológico sobre o inimigo em alguns tipos de
ação policial. Na canção do Batalhão de
Operações Policiais Especiais (BOPE), os
homens de preto são chamados de “heróis
anônimos”, e esse título não é por acaso.
Pouca gente sabe, porém, que por trás do
uniforme preto existem homens que inspiram fraternidade, como é o caso do 3o sargento PM Gilson Santos. Na Corporação
há 17 anos, e lotado no BOPE há 16, ele é
faixa preta de jiu jitsu e tem a arte marcial
como lema de vida.
Desde 2010 Gilson pratica o jiu jitsu, e
há cinco anos teve a ideia de convidar jovens e crianças de comunidades próximas
ao batalhão, no Jiquiá, para iniciar nesse esporte. Assim surgiu o Projeto Social Bopi-
nho. “Eu treinava no dojo quando visualizei
dois jovens sentados próximo ao batalhão,
e tive a iniciativa de convidá-los para um
treino. De cara, eles ficaram com receio.
O BOPE causa esse impacto por conta da
caveira, da roupa preta. Chovia muito naquele dia, eu pensei que
eles não viriam mas, para minha grata surpresa,
estavam os dois lá, debaixo de chuva, esperando para iniciar a aula”, conta o sargento.
Todo o efetivo da
unidade, inclusive o comandante, abraçou a
ideia, e hoje o projeto
atende mais de 70 crianças e adolescentes. Além do jiu jitsu, hoje a
unidade oferece aulas de reforço, xadrez e
música. Gilson fala com orgulho dessa iniciativa: “As crianças encontraram aqui um
porto seguro, ancoraram e foram convidan-
do mais gente. O projeto evoluiu rápido e
hoje inspira outras organizações militares”,
comemora.
P !"# $! – Um dos alunos convidados pelo
sargento para participar do projeto, e que estava debaixo de chuva no
primeiro dia, foi Gemersom Freitas, hoje com 20
anos. “O que me fez aceitar o convite foram as horas vagas que eu tinha
dentro da comunidade.
Eu estava de férias escolares, não tinha nada para
fazer e vi uma boa oportunidade de me ocupar,
praticando um esporte
que nunca tinha feito na vida”, revela.
Gemersom diz que estuda para se tornar
policial militar e que o projeto foi transformador. “Mudou minha vida de um jeito que
nunca imaginei. Abriu minha cabeça e mu-
dou minha forma de pensar. Me deu, e vem
me dando, muitas oportunidades de conhecer novos lugares e novas pessoas. O projeto mudou por completo minha vida”, afirma. Morador de uma comunidade próxima,
o jovem fala sobre a visão que tinha da polícia antes de fazer parte do Bopinho. “Eu
tinha uma visão muito diferente da realidade que a polícia representa para nossa sociedade. Assim que conheci melhor o BOPE e passei a conviver com os policiais, meu
pensamento mudou por completo. Vi que a
realidade era totalmente diferente, e que os
policiais que representam a corporação também são heróis”, assegura.
Para o sargento Gilson, esse reconhecimento define bem o projeto. “Essa é uma
missão de Deus, e nós temos que compartilhar o nosso conhecimento com aqueles que
precisam. São pessoas que precisam de um
abraço, de uma força, uma palavra, e nós
usamos o jiu-jitsu como mecanismo de acolhimento”, finaliza.