DOEPE 12/01/2018 - Pág. 5 - Poder Executivo - Diário Oficial do Estado de Pernambuco
Recife, 12 de janeiro de 2018
Ano XCV • N0 8 – 5
Diário Oficial do Estado de Pernambuco – Poder Executivo
RESSOCIALIZAÇÃO
Detentos ganham a oportunidade
de ministrar oficinas no PIG
Aurélio Duvivier
Atualmente, 200 privados de liberdade participam de oficinas
onde aprendem desenho, pintura, informática e até inglês.
s detentos do Presídio de
Igarassu (PIG), na Região Metropolitana do
Recife (RMR), ganham oportunidade de aprendizado enquanto
pagam a pena. Atualmente, 200
participam de oficinas onde
aprendem desenho, pintura, informática e até inglês. As aulas são
ministradas por outros reeducandos que encontraram no
cárcere uma forma de passar os
conhecimentos aos colegas. A
iniciativa foi elaborada pelo Governo de Pernambuco, por meio
da Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres).
O reeducando Linick Alberes
(25), cumpre pena no PIG há nove
meses e dá aulas de informática
básica e de manutenção de computadores. Os alunos envolvidos
comemoram e enxergam a iniciativa como uma forma de profissionalização. “É uma oportunidade que nunca tive lá fora, nunca
tive condições de pagar um curso,
me preparar para o mercado de
trabalho” relata o apenado Guilherme de Araújo, de 21 anos, aluno da oficina de informática.
Físico e Matemático por formação, o reeducando Rosivaldo
Costa (46), três vezes por semana
dá aulas de inglês onde, além de
ensinar o vocabulário e a gramática da língua estrangeira, o detento compartilha com os alunos
as experiências que viveu quando
morou nos Estados Unidos. “No
passado, cometi crimes que me
fizeram estar aqui, mas hoje me
FOTOS: ANA TRINDADE/SERES
O
AS AULAS
ocorrem no
espaço cultural
do presídio,
destinado
exclusivamente
para esse tipo
de ação
sinto realizado ao ver que consigo
passar para meus colegas minhas
experiências e a bagagem acadêmica que trago comigo” destaca
Rosivaldo.
Guglielmo Leite (30), quando
esteve em liberdade, trabalhou com
grafite, pintura e serigrafia e agora
reparte seu conhecimento com os
alunos da oficina de arte. “É um
recomeço da minha história, passo
para eles tudo que aprendi para
mostrar que o crime não compensa.
Quando sair daqui, quero construir
tudo de novo”frisa o reeducando.
Por ensinarem, os presos são remunerados pelo trabalho. A remuneração equivale a um terço do salário mínimo e os reeducandos têm
diminuição de um dia de pena a
cada três trabalhados. As aulas
ocorrem no espaço cultural do
presídio, destinado exclusivamente
para esse tipo de ação. “O processo
de ressocialização deve ser contínuo e focado principalmente no
trabalho e no estudo, garantindo
oportunidades para os reeducandos
quando ganharem a liberdade. Essa
é uma das grandes prioridades do
sistema penitenciário”, afirma o
secretário-executivo de Ressocialização, Cícero Rodrigues.